Tuesday, August 26, 2008

Semana 4: Energia e Desenvolvimento: Qual o papel da energia para o desenvolvimento sócioambiental sustentável?

De acordo com as análises de Reis (2005), a história da relação entre energia e desenvolvimento indica que a desarticulação entre setores energéticos, aliados a políticas centralizadoras com foco apenas na oferta de energia, elevados níveis de dependência e danos ao meio ambiente proporcionaram o crescimento autônomo de alguns setores e países, em detrimento de outros, resultando nas disparidades sociais entre esses ou mesmo dentro de um só. Uma ineficaz distribuição de renda compromete a erradicação da pobreza, cujos sujeitos são pessoas excluídas, em sua maioria, das formas de energia comerciais.
Segundo Reis, os crescimentos energético e econômico se influenciam, positiva ou negativamente de acordo com as necessidades estabelecidas pelos padrões de consumo, os quais devem se adaptar a eficiência das novas tecnologias e a forma como serão utilizadas. Todavia, para se atingir um desenvolvimento sustentável faz-se necessário construir uma estrutura capaz de lhe dar suporte, cujos componentes são constituídos pela energia, telecomunicações, transporte, água e saneamento básico.
Contudo, do ponto de vista ambiental, há um paradoxo, pois a busca da sustentabilidade apresenta diversos aspectos que entrarão em conflito com o atual padrão na manutenção da vida, causando desconforto para um grande número de pessoas, as quais desejam ambas as coisas, sem abrir mão de nada em prol da sociedade e do futuro.
A perspectiva da Energia no Mundo (IEA: 2002), contemplou análises em relação ao uso de energia e grau de pobreza nos países em desenvolvimento, descrevendo padrões atuais de uso de energia, tais como as taxas de eletrificação. Em especial, apresenta dados sobre o acesso à eletricidade da população que reside na área rural dos países em desenvolvimento e o modo como esta faz a transição dos combustíveis tradicionais (madeira/lenha, resíduos e esterco agrícolas) para as modernas formas de energia, incluindo estimativas no uso de novas fontes de biomassa. Fornece, ainda, projeções regionais para o ano de 2030, considerando uma análise de cenários com fatores precedentes e tendências avaliadas, nas quais foram contempladas, inclusive, políticas para promover mais investimento no fornecimento de eletricidade com maior disponibilidade para a população menos favorecida, o qual precisará focar várias fontes de energia, inclusive biomassa, para aplicações térmicas e mecânicas, a fim de aumentar a produtividade e as atividades geradoras de renda voltadas para os países em desenvolvimento. Destaca-se que a eletrificação e o acesso aos modernos serviços de energia não garantem a diminuição da pobreza e que, provavelmente, um quarto da população mundial não tenha nenhum acesso à eletricidade. Segundo constatado, quatro entre cinco pessoas 'sem eletricidade' vivem em áreas rurais dos países em desenvolvimento, principalmente, no sul da Ásia e oeste da África. Porém, em virtude do aumento da população que reside em áreas urbanas, este padrão de privação de eletricidade irá mudar, pois para o mesmo período (três décadas) está previsto um crescimento de 95% da população urbana, o que aumentará a demanda e, respectivamente, o consumo de energia elétrica.
Segundo a perspectiva da IEA, o uso extenso de biomassa em modos tradicionais e ineficientes e a disponibilidade limitada dos combustíveis modernos são legitimidades de pobreza nos países em desenvolvimento os quais, também, retêm o desenvolvimento econômico e social, impedindo a maioria das atividades industriais e os trabalhos subseqüentes. (IEA: 2002). As Metas de Desenvolvimento do Milênio (09/2000), fixam objetivos para redução do índice da pobreza, melhorias em saúde e educação e proteção do meio ambiente. O acesso melhorado aos serviços de energia é um componente subjacente ligado à realização destas metas.
Dentre os principais determinantes na transição da biomassa tradicional até o uso de energia moderna deve-se considerar a disponibilidade e as preferências culturais. Até quando as famílias menos favorecidas poderão dispor dos combustíveis modernos? Por um lado, certas residências não poderão usar a energia moderna se esta for muito mais onerosa que a tradicional (nas áreas rurais a biomassa tradicional é freqüentemente vista como algo que está “livre” e prontamente disponível), e por outro, certas tradições determinam a escolha do combustível não importando sua disponibilidade e renda (na Índia, até as casas muito ricas mantêm um fogão à lenha para preparar seu pão tradicional).
De fato, com o aumento da renda familiar, certas escolhas de combustível alargaram. A parte das necessidades básicas no consumo total cai nitidamente quando as famílias prosperam. O consumo da eletricidade é fortemente relacionado com a riqueza. A transição da pobreza de energia até a riqueza relativa é um processo complexo e irregular, variando extensamente de nação à nação, aldeia à aldeia e família à família. De um modo geral, é uma jornada de confiança quase exclusiva na biomassa tradicional para o acesso e uso da eletricidade junto com um alcance de outros combustíveis modernos.
A maioria de países em desenvolvimento têm gás natural e redes de eletricidade inadequados e esta deficiência deve ser obviamente compensada. As pessoas pobres desses países confiam fortemente na biomassa tradicional (lenha) para a culinária e o aquecimento. Então, porque parte da biomassa usada no consumo final tem diminuído desde 1994? Segundo IEA, tem-se a impressão de que está sendo substituída gradualmente por outros combustíveis. Novas indústrias e o setor de transportes dão poder a geração que freqüentemente usa os combustíveis fósseis. Mas madeira (lenha) e outras biomassas continuam a ser usadas em muitas indústrias nos países em desenvolvimento com os mesmos propósitos que as famílias.
Por último, mas não menos importante, Goldemberg faz uma análise do perfil de consumo de energia e as suas perspectivas para as próximas décadas com foco no Brasil. Segundo o autor, energia é um ingrediente essencial para o desenvolvimento, mas assim como no mundo, o consumo de energia no Brasil cresce a cada ano e as principais conseqüências desta evolução são o aumento do consumo de combustíveis fósseis e a resultante poluição ambiental em todos os níveis (local, regional e global).
Mas o Brasil não precisa repetir a trajetória de desenvolvimento seguida pelos países que são hoje industrializados, nos quais o elevado consumo de energia de origem fóssil resultou em sérios problemas ambientais. De um lado, observa-se que houve uma evolução do consumo de energia elétrica e, de outro, que o consumo de petróleo e o de lenha vem se reduzindo em termos percentuais, ao passo que crescem o consumo de cana-de-açúcar e o de energia hidroelétrica. Todavia, o Brasil encontra-se numa situação em que o consumo de energia está crescendo, o que levará certamente à exaustão rápida das reservas de combustíveis fósseis, agravando os problemas ambientais. A pergunta a se fazer é: existem soluções técnicas para este dilema?
A resposta é afirmativa e as soluções são basicamente as seguintes:
i. Melhorar a eficiência com que os combustíveis fósseis são usados, o que reduziria o seu uso e, conseqüentemente, prolongaria a vida das reservas. Com isso, seriam reduzidas as emissões anuais de poluentes.
ii. Aumentar a participação de fontes renováveis de energia, sobretudo as modernas, como a energia eólica e solar;
iii. Acelerar o desenvolvimento e a adoção de novas tecnologias, como células de combustíveis baseadas no uso de hidrogênio, o uso “limpo” de carvão e, eventualmente, energia nuclear em formas que evitem os problemas criados no presente.
Segundo Goldemberg, “a maioria dos equipamentos e processos utilizados nos dias de hoje nos setores de transporte, industrial e residencial foi desenvolvida numa época de energia abundante e barata e quando as preocupações ambientais ou não existiam ou eram pouco compreendidas. Estes são os motivos pelos quais haja tantas oportunidades para melhorias na economia de energia, seja para aumentar a competitividade das empresas, seja para melhorar a imagem pública de indústrias que deixaram de ser poluentes” (2000).
No setor industrial existem diversas “tecnologias horizontais” de conservação de energia que podem ser empregadas, quais sejam: a) componentes básicos (motores/engrenagens, caldeiras de vapor, compressores, etc.) dos equipamentos em todas as áreas da indústria; e b) tecnologias para aplicações individuais (novos sensores, microeletrônica, separação de substâncias a baixas temperaturas ou aquecimento solar para a indústria.
No setor residencial observa-se um consumo de 20% de toda a energia usada. Nos países industrializados, faz-se necessário readaptar as construções existentes à projetos voltados para a economia de energia, porém, nos países em desenvolvimento grandes economias podem ser obtidas melhorando o projeto e a construção de novos prédios, considerando rigorosos códigos de construção para edifícios existentes e novos; certificados energéticos para as construções; incentivos financeiros, tais como redução de impostos e financiamento para os prédios energeticamente eficientes.
Em relação às tecnologias específicas, faz-se necessário atuar com melhorias técnicas junto a aparelhos domésticos, iluminação e aquecimento ambiental, de maneira eficiente e responsável, por exemplo, fabricar somente aparelhos de baixo consumo de energia, sensores que controlam a iluminação de um ambiente de acordo com a sua ocupação e aquecedores solares de água.
Segundo o autor, o setor de transporte “representa 22% do consumo total de energia dos países industrializados, principalmente pelos automóveis. Embora este seja o setor de crescimento mais rápido, a taxa de aumento na demanda por energia no transporte rodoviário tem diminuído na maioria destes países desde o final da década de 60. Isso reflete tanto uma melhoria na eficiência dos veículos quanto uma redução no número de automóveis por moradia”.
Dentre as soluções técnicas para melhorar a eficiência e reduzir as emissões do setor de transporte destaca-se, também, o uso de combustíveis alternativos à gasolina e ao óleo diesel.
Dentre as principais fontes renováveis disponíveis a mais relevante para o Brasil é a energia de biomassa, a qual representa uma contribuição de destaque frente ao consumo de energia no país. De acordo com o texto analisado, “a co-geração de energia, uma prática corrente da produção industrial do etanol no Brasil, reduz os danos ao meio ambiente e poderia ser aumentada significantemente se o desenvolvimento tecnológico acarretasse o uso dos resíduos da cana-de-açúcar, além do bagaço, para a geração de energia”.(Goldemberg: 2000)
Dentre as atividades em novas tecnologias atualmente exploradas para encontrar outros caminhos alternativos para enfrentar a necessidade crescente de energia, bem como reduzir os impactos ambientais do uso de combustíveis fósseis, destacam-se as células de combustível acopladas com turbinas a gás (ou vapor) para a produção de eletricidade ou co-geração de calor e eletricidade e a produção de hidrogênio a partir da redução de combustíveis fósseis (principalmente carvão) e seqüestro de CO2, entre outras.
Conclusão
Considerando o exposto pelos autores em epígrafe, tanto a pesquisa quanto o desenvolvimento voltados para as tecnologias de eficiência energética; aumento da participação de fontes renováveis de energia como a solar, eólica e as 'novas' formas de biomassa, tem papéis relevantes no Brasil e no mundo, pois estas certamente são as novas tecnologias “limpas”, as quais possibilitarão uma distribuição com responsabilidade socioambiental. Portanto, essas iniciativas devem ser sempre incentivadas pelos governos e apoiadas incansavelmente pelas instituições financeiras.
Contudo, vale ressaltar o vínculo entre o uso de energia e a pobreza, considerando o acesso para a eletricidade e outras fontes de energia modernas, como um requisito necessário, mas não suficiente para o desenvolvimento econômico e social. A erradicação da pobreza também exige, entre outras coisas, água limpa, serviço de saúde pública adequados, um bom sistema de ensino e uma rede de comunicação, sendo indispensável o fornecimento e disponibilidade de uma energia com preços acessíveis.
Todos os autores resenhados ressaltam a relação entre os níveis de dependência energéticas entre alguns países, cuja falta de domínio tecnológico-financeiro para exploração os submete à ineficiência no uso da energia e a desigualdade na distribuição dos serviços, bem como as características do consumo da biomassa em regiões à depender da disponibilidade do recurso, acessibilidade aos combustíveis comerciais, preferências e rendas culturais.
Em trinta anos, a biomassa continuará a representar a maior parte da energia residencial disponível em alguns países no leste da Ásia. Em muitos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, o consumo da biomassa continuará a aumentar em condições absolutas, entretanto seu uso necessita de regulamentações específicas e de novas tecnologias de combustão, de modo a melhorar sua eficiência, qualidade e disponibilidade.
Para refletir:
“Nos países onde menos de 5% da população é pobre, o consumo per capita de energia é quatro vezes mais alto que nos países onde mais de 75% da população vive abaixo da linha de pobreza”. (IEA: 2000)


- Lista de referências analisadas:
a) REIS, Lineu Belico dos. Energia, recursos naturais e a prática do desenvolvimento sustentável. SP: Manole, 2005. pp. 23-29, 58-71. b) IEA (Agência Internacional de Energia). Capítulo 13: Energy and Poverty. 2002. 46 páginas.
c) GOLDEMBERG, José. Pesquisa e Desenvolvimento na área de Energia. 2000. pp. 91-97.

Sunday, August 24, 2008

Projeto do Atlas de Consumo Final Campus 2

Olá a todos,

somente confirmando que teremos o laboratório a nossa disposição a partir desta semana das 5 - 7 da noite, todas as quintas-feiras.

Cada grupo terá - 1 técnico de iluminação
1 técnico de computadores e equipamentos de comunicação
1 a 2 técnico(s) em outros equipamentos elétricos.

Um abraço

Renata

Wednesday, August 20, 2008

A produção do etanol segundo o BEN e problemas nas usinas nacionais

O Balanço Energético Nacional (BEN) é apresentado anualmente, sendo uma base de dados energéticos de forma sistematizada e que serve como uma ferramenta fundamental para os estudos do planejamento energético no país, além de apresentar as tendências de oferta e consumo de energia. Ele é produzido pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE –, e a edição de 2007 reflete o balanço energético de 2006.
Chamou-me a atenção, segundo a unidade de medida OIE, Oferta Interna de Energia (que reflete o somatório da produção e das importações de todas as fontes disponíveis no país, subtraídas as exportações e as perdas), que os derivados da cana-de-açúcar passaram de 13,8%, em 2005, para 14,4% em 2006. Isso significa que o peso dos derivados da cana na matriz energética já se encontrava em ascensão, aumentado significativamente, ao se aproximar dos 14,6% da energia hidráulica/eletricidade, ainda em 2007. Estamos falando de fonte energética renovável, e não foi editado o OIE de 2007, contudo, em termos de oferta interna, segundo os dados preliminares do BEN 2008, durante 2007 os derivados da cana alcançaram 16% enquanto que a energia hidráulica e eletricidade atingiram a marca de 14,7 %, o que consolida a tendência de essa matriz suplantar a produção de energia hidráulica/eletricidade.
Nesse momento, acho oportuno levantar um debate. É preciso frisar que, apesar do avanço que o Brasil tem impetrado nessa matriz energética, a subsistência de um setor produtivo que favoreça de fato a economia brasileira depende de políticas mais ousadas e agressivas do país no contexto internacional. Explicitando melhor, em uma oportunidade de conversar com um engenheiro de uma "pequena" usina de etanol, ele, experiente engenheiro e responsável pela produção do etanol naquela destilaria, me disse que o futuro da usina dependia da exportação do etanol, excedente esse que estaria sofrendo restrições no mercado externo, notoriamente divulgado pelos jornais. O que chama a atenção é de que nesse contexto, essas usinas, uma vez fragilizadas e sem condições de se sustentar, acabam sendo compradas por empresas, muitas delas de capital externo. Assim, a história da manutenção do subdesenvolvimento parece se repetir: a empresa agora estrangeira continua a gerar emprego e continua a pagar seus impostos, porém, os lucros são remetidos ao exterior, sem ser investido no Brasil. Enquanto que essa pequena usina, assim como outras tenta sobreviver, resta-nos as indagações de como devemos proceder, em termos de políticas de governo, criar um ambiente favorável à continuidade do sistema produtivo nacional. Essa é uma sugestão para debate.

Paulo E. Ichikawa

Monday, August 18, 2008

SEMANA 3 - Métodos de Análise de Energia

A energia extraída da natureza não se encontra na forma mais adequada, para os usos finais, necessitando, na maioria dos casos de passar por processo de transformação, tais como as refinarias, que transformam o petróleo em óleo diesel e gasolina; as usinas hidrelétricas que aproveitam a energia mecânica da água para produzir energia elétrica; as carvoarias que transformam a lenha em carvão vegetal. Conforme veremos com detalhes abaixo, esses processos acarretam em perdas de energia.

O Balanço Energético Nacional (BEN) foi elaborado segundo metodologia que propõe uma estrutura energética, de forma a permitir a obtenção de adequada configuração das variáveis físicas próprias do setor energético.

O processo energético é constituído pela produção, transformação e consumo, subdivididos em:

· Energia Primária: São produtos energéticos providos pela natureza na sua forma direta, tais como, petróleo, gás natural, carvão mineral, resíduos vegetais e animais, energia solar e eólica.

· Energia Secundária: São produtos energéticos resultantes dos diferentes centros de transformação e são destinados aos diversos setores de consumo. Tais como, óleo diesel, óleo combustível, gasolina, GLP, nafta, querosene, gás de cozinha, eletricidade, carvão vegetal e álcool etílico.

· Oferta: A quantidade de energia que se coloca à disposição para ser transformada, assim como, para consumo final.
O Brasil detêm alta participação da energia hidráulica na geração de eletricidade, em decorrência disso, há uma vantagem complementada por grande utilização de biomassa, apresentando baixa taxa de emissão de CO² no setor.
Os produtos de cana, que incluem o álcool e o bagaço de cana, este utilizado para a produção de calor na indústria, ganham considerável participação a partir de 1975 a 1985, estabilizando a partir deste período.


· Transformação: Se trata dos centros onde ocorre o processamento das energias primárias e secundárias e as perdas decorrentes deste processo.

· Perdas: São ocorridas durante as atividades de produção, transporte, distribuição e armazenamento de energia. Como exemplo, as perdas em gasodutos, oleodutos, linhas de transmissão de eletricidade e redes de distribuição elétrica.

· Consumo final: São praticados pelos diferentes setores da atividade socioeconômica do país, para onde convergem as energias primária e secundária.
Com um resultado de 202,9 milhões toneladas equivalentes de petróleo (tep) em 2006, o consumo final de energia apresentou taxa de crescimento de 3,6% em relação a 2005, aumento próximo da OIE (3,4%). Com isso, podemos concluir que as perdas de energia na transformação e na distribuição mantiveram-se estáveis.
De acordo com as informações colhidas no BEN, a década de 80 foi marcada pela estagnação das indústrias voltadas para o consumo interno, geradoras de empregos, poucas intensivas em capital e poucas intensivas em energia, tais como, têxteis, alimentos, calçados, eletroeletrônica, mecânica, construção civil e o setor móveis.
Entre os consumidores de derivados de petróleo, o segmento mais importante é o setor de transportes, que representa no período em estudo por 50,7%, seguida da indústria, que incluindo o setor energético responde por 18,5%.
No que diz respeito, que inclui o consumo do bagaço de cana, lenha e carvão vegetal, álcool e outras fontes primárias renováveis, os principais setores consumidores são as indústrias (54%), residências (15%) e transportes (11%). O alto incremento do uso industrial de biomassa, na primeira metade da década de 80, se deve ao carvão vegetal em substituição ao óleo combustível; ao bagaço de cana utilizada na produção de álcool e à expansão da siderurgia a carvão vegetal.
Com relação à lenha, os maiores consumidores são as residências e o setor agropecuário.

· Operações Básicas da Matriz Balanço Energético:

- OFERTA TOTAL = Produção + Importação + ou – Variações de Estoque.
- PRODUÇÃO DE ENERGIA SECUNDÁRIA = Transformação Primária + Transformação Secundária – Perdas na Transformação.
- CONSUMO FINAL = Cons. Final Primário + Cons. Final Secundário.
Cons. Final não-energético + Cons. Final energético.

Baseado nas informações acima, apesar da notável carência de dados, o BEN é uma das mais completas bases continuadas de dados e estatísticas energéticas disponível no país, e pode ser uma referência fundamental para qualquer estudo do planejamento do setor energético brasileiro.

As fontes consultadas para a elaboração do Balanço Energético Nacional (BEN), bem como para demais consultas pertinentes aos itens mencionados acima são:

1. Agência Nacional de Petróleo – ANP
2. Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRÁS
3. Companhias Distribuidoras de Derivados
4. Entidades de Classe e Grandes Indústrias
5. Agência Nacional de Energia Elétrica
6. Centrais Elétricas Brasileira S.A. – ELETROBRÁS
7. Concessionárias de Energia Elétrica
8. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
9. Projeto Matriz Energética Brasileira – MEB – MME / IPEA
10. Departamento do Álcool e Açúcar – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA
11. Companhias Distribuidoras de Gás
12. Indústrias Nucleares do Brasil
13. Associação Brasileira de Celulose e Papel – BRACELPA
14. Associação Brasileira dos Produtores de Ferroligas – ABRAFE
15. Instituto Brasileira de Siderurgia – IBS
16. Associação Brasileira de Fundição – ABIFA
17. Associação Brasileira de Alumínio – ABAL
18. Sindicato da Indústria de Ferro no Estado de Minas Gerais – SINDIFER
19. Sindicato Nacional da Indústria de Extração do Carvão
20. Sindicato Nacional da Indústria de Cimento – SNIC
21. Sindicato Nacional da indústria e Extração de Estanho

Gmson Gonçalves Silva
Fonte: Balanço Energético Nacional (BEN - 2007)
Energia e meio ambiente no Brasil
JOSÉ GOLDEMBERG e OSWALDO LUCON

É interessante que no texto, Goldemberg e Lucon descrevem em linhas gerais o modelo de desenvolvimento energético traçado historicamente no Brasil desde os anos de 1940, o que faz chamar a atenção sobre a importância do papel do governo na produção de energia e sua preocupação sobre o desenvolvimento do país.
Em primeiro momento, os autores evidenciam os anos de 1940 a 1980, período em que, apesar de o Brasil ter adotado uma geração de energia de forma centralizada, onde empresas estatais como a Petrobrás e Eletrobrás gerissem com baixo custo a produção e distribuição de energia, o modelo fez criar um contexto impróprio do ponto de vista político e oneroso no sentido econômico.
Para tanto, o sistema foi reorganizado, privatizando parcialmente as estatais, criando as agências reguladoras e desverticalizando as produção, transmissão e distribuição de energia. Mesmo assim, o Brasil em 2001 sofreu um ‘apagão’ devido principalmente à deficiência do setor hidrelétrico. Em 2002 foi então criada a Empresa de Planejamento Energético – EPE –, vinculada ao Ministério das Minas e Energia, e diversificadas as formas de geração de eletricidade, tais como as termelétricas. Contudo, para os autores, a vocação do Brasil estaria na geração de energia por hidrelétricas, ressaltando o cumprimento das normas ambientais em exercício no país. No entanto, como pode ser observado no dia-a-dia da política, há um debate que beira uma miríade entre conservadores e desenvolvimentistas.
Nesse sentido, os autores ressaltam a importância de se ter, através da máquina pública, programas direcionados à conservação de energia, o que contornaria de forma substancial esforços sobre a sociedade e sua forma de ver a energia. Os autores destacam dois programas que poderiam ser otimizados os resultados, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – Procel –, coordenado pela Eletrobrás e que promove ações de educação, e o Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural – Conpet –, coordenado pela Petrobras e que promove ações de etiquetagem de produtos e em transporte.
Obviamente que também pode ser feito mais, e parece razoável que o poder público possa fazer algo para que a população tenha mais informações para que ela contribua para a valoração da energia e, com isso, tenha menos impactos negativos ao meio ambiente e que não comprometa com o desenvolvimento econômico.

Tuesday, August 12, 2008

Semana 2 - Energia e sociedade - Um breve histórico

Como a energia molda a sociedade e vice-versa?

O aumento do consumo de energia esta claramente relacionado com a evolução do homem. Desde a era da descoberta do fogo e a utilização da madeira para sustentar esta descoberta, a humanidade vem crescendo seu consumo de energia de forma gigantesca. Segundo Lineu, a partir do homem caçador, a cem mil anos atrás, o mais importante recurso energético explorado pelo homem foi a madeira, para aquecer e cozer os alimentos. Quando este recurso se tornava escasso, os povos eram obrigados a migrar ou estariam condenados ao desaparecimento.

O uso da energia mecânica de animais como cavalos e bois se desenvolveu, e foi a partir do séc.X que o uso da energia cinética dos ventos ganhou impulso. “O uso de animais no transporte e nas lavouras, durante milênios foi a principal fonte de energia mecânica, durando até metade do séc. XVIII” ( Lineu, p.13). Nesta época, o homem, que consumia cerca de 2.000kcal/dia passou a consumir 40.000kcal/dia, segundo Lineu. Aos poucos, porém, o consumo de energia foi crescendo tanto que outras fontes se tornaram necessárias. Durante a Idade Média, as energias de cursos d’água e dos ventos foram utilizadas, mas em quantidades insuficientes para suprir as necessidades de populações crescentes, sobretudo nas cidades.

A população humana aumenta e os recursos como a madeira, começam a se tornar escassos, foi então que, a partir da segunda metade do séc.XVIII o uso do carvão mineral se desenvolveu em larga escala, e com ele surgia a sofisticação das máquinas a vapor. Isto resultou em um crescimento das cidades, do comércio, da indústria e o aumento da potência das máquinas, resultando em um grande aumento de consumo do carvão mineral, que passou a dominar a matriz energética mundial, participando, segundo Lineu com 53% no consumo da energia primária total. O ser humano então dobra o seu consumo de energia, passando de 40.000kcal/dia para 80.000kcal/dia.

Na segunda metade do séc. XIX ocorre um aumento de exploração do pretróleo, que já era conhecido desde a antiguidade. Após a Revolução Industrial, foi preciso usar mais carvão, petróleo e gás, que têm um custo elevado para a produção e transporte até os centros consumidores. O petróleo foi então uma alternativa, sendo utilizado inicialmente da mesma forma que o carvão, sendo queimado para gerar luz e calor e no aquecimento de caldeiras gerando energia mecânica e termoelétrica, até que foi descoberto a capacidade de explosão de algumas frações do petróleo, constituindo por si mesma uma forma de energia mecânica que poderia ser usada em um pistão. E este foi o princípio básico do motor de explosão, que veio revolucionar mais uma vez os processos de transformação de energia térmica em mecânica.

Embora os primeiros automóveis fossem movidos por máquinas a vapor, o motor de explosão ocupou rapidamente seu lugar, gradativamente os navios também tiveram suas máquinas substituídas pelos motores a óleo diesel. Ocorreu então, novamente um aumento no consumo de energia e o início da revolução industrial, porém, a principal etapa da revolução industrial só se deu no final do séc. XIX e início do séc. XX com a implantação das grandes centrais produtoras de energia elétrica. Esta forma de energia tinha a grande vantagem de poder ser levada a grandes distâncias, por meio de fios, não tendo que ser consumida no próprio local onde foi produzida, ela representa apenas uma etapa intermediária na transmissão de energia mecânica. A partir da energia elétrica ocorreu o grande avanço industrial e de novas tecnologias. O homem pode ampliar consideravelmente qualquer tipo de produção e foi a partir daí que o consumo da energia do planeta aumentou consideravelmente. Porém, segundo Lineu, até o fim da década de 1960, o mundo não conhecia a palavra “raridade energética”, havia oferta de recursos energéticos em abundância, e a demanda crescente criava grandes economias de escala que faziam com que preços baixos pudessem ser praticados.

Chegando aos dias mais atuais, no ano de 2003, quando a população mundial era de 6,27 bilhões de habitantes, o consumo médio total de energia era de 1,69 tonelada equivalentes de petróleo per capitã segundo Goldemberg e Lucon 2007. Uma tonelada de petróleo equivale a 10 milhões de quilocalorias (kcal), e o consumo diário médio de energia é de 46.300 kcal por pessoa. Como comparação, vale a pena mencionar que 2.000 kcal é a energia que obtemos dos alimentos e que permite que nos mantenhamos vivos e funcionando plenamente. O restante é usado em transporte, gastos residenciais e industriais e perdas nos processos de transformação energética.

Os padrões atuais de produção e consumo de energia são baseados nas fontes fósseis, o que gera emissões de poluentes locais, gases de efeito estufa e põem em risco o suprimento de longo prazo no planeta. (Goldemberg e Lucon 2007). Os resíduos gasosos resultantes da queima do petróleo são muito complexos e variados, além dos compostos de nitrogênio e enxofre, a queima de gasolina é particularmente nociva pela quantidade de monóxido de carbono que produz. A concentração excessiva de veículos nos centros das grandes cidades representa um grande problema ambiental na atualidade.

É preciso mudar esses padrões estimulando as energias renováveis, e, nesse sentido, o Brasil apresenta uma condição bastante favorável em relação ao resto do mundo. É um país grande, repleto de recursos naturais, porém tudo no planeta está conectado e na natureza não existem fronteiras nem países, por isso, todo o planeta deveria estar se preocupando cada vez mais em controlar o consumo de energia. Porém, como será possível freiar a economia mundial em prol do meio ambiente?

Cláudia Renata Panizzi Queiroz

Baseado nos seguintes textos:

Goldemberg & Lucon 2007

Lineu, p.16-23

Atlas, Cap. 01

Friday, August 8, 2008

Semana 1 - Intro

Grupos editoriais

G1 - Lorena, Wanda, Maria da Glória

G2 - Itacir, Helsio e Marta

G3 - Ana Cláudia, Cláudia R. e Gemson

G4 - Cleber, Cláudia T. e Paulo

G5 - Karina, Patrícia e Adriano

Cada grupo editorial faz um rodízio interno de blogueiros, e cada grupo fica responsável por blogar três semanas. O texto de 1000 palavras sobre o material lido equivale a nota individual e deve ser postado até meia-noite da terça-feira, dois dias antes da nossa aula a fim de termos tempo de contribuir com comentários.

Nós iremos criar critérios de qualidade do texto e de comentários postados. A nota de participação individual equivale ao nível de interpretação crítica das leituras recomendadas em sala, avaliadas de acordo com o texto postado no blog, os comentários efetuados e a participação em sala de aula.




Boa discussão!!!

Obrigada

Renata

Semana 1 - Intro

Bem-vindos ao Blog Energia PGA.

Esperamos que todos os autores colaboradores possam contribuir enormemente na construção deste espaço de discussão sobre energia.

Um abraço

Renata