Tuesday, September 23, 2008

Semana 8 - Carvão Mineral

Semana 8 – Carvão Mineral

Por Marta Eliza

O carvão mineral é um combustível fóssil muito antigo, formado há cerca de 400 milhões de anos, podendo ser encontrado em grandes profundidades ou perto da superfície. É extraído da terra através do processo de mineração.

De acordo com Lineu (2005) é formado com a decomposição da matéria orgânica de vegetais depositados em bacias sedimentares. Esse material soterrado é submetido a elevadas pressões e temperaturas e em contato com o ar, é transformado num produto sólido, de cor escura, que contém carbono, hidrogênio, oxigênio, enxofre e cinzas.

Os carvões são classificados de acordo com o estágio de carbonização do material em: Antracito, Betuminoso, Sub-Betuminoso e Lignito, sendo que o de melhor qualidade é o Antracito. A qualidade do carvão é determinada pelo conteúdo de carbono e no caso do Antracito, apresenta conteúdo carbonífero superior a 90%.

O carvão mineral é a mais abundante fonte de energia primária disponível no planeta, e apesar dos graves impactos ambientais, é bastante explorado mundialmente, principalmente em decorrência da abundância de reservas, da distribuição geográfica das reservas, dos baixos custos e da estabilidade de preços.

Segundo dados contidos no Plano Nacional de Energia 2030, as reservas mundiais de carvão mineral estão concentradas na Ásia e Oceania (32,7%), Eurásia (31,6%) e América do Norte (28,0%), e são suficientes para suportar o consumo mundial por mais de 160 anos. Contudo, o comércio internacional do carvão mineral é relativamente pequeno, apenas 16% da produção mundial.

No Brasil são consumidos dois tipos de carvão mineral: carvão metalúrgico (maior parte), basicamente importado e utilizado na indústria, especialmente em siderurgia, na redução do ferro-gusa para fabricação de aço e o carvão do tipo vapor, destinado principalmente à produção de energia elétrica.

O Brasil possui 0,1% do carvão conhecido no mundo, mas ele é considerado de baixa qualidade, devido aos altos teores de cinza e enxofre (da ordem de 50% e 2,5% respectivamente), principais responsáveis pelo baixo índice de aproveitamento do carvão brasileiro.

As principais reservas estão nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em Santa Catarina, algumas cidades se destacam como Criciúma, Lauro Müller, Siderópolis e Urussanga como produtoras e/ou vias de escoamento desta produção.

De acordo com BEN 2008 (Resultados Preliminares), a Oferta Interna de Energia do Brasil apresenta a participação do Carvão Mineral e Derivados em percentual de 6,2% (ano de 2007). Quanto à Oferta Interna de Energia Elétrica, a participação do Carvão e Derivados é de 1,6%. Na demonstração das Cadeias Energéticas, o Carvão apresentou, em 2007, uma produção de 5.894 ton e importação de 15.245 ton, sendo os seus principais usos a produção de coque – 10.617 ton, e uso industrial – 4.612 ton; quanto à geração de eletricidade, destacou-se 5.225 ton para o serviço público e 119 ton para autoprodutores.

Nas projeções do PNE 2030, o carvão mineral continuará como fonte de energia primária relevante nos próximos anos, sendo considerado como alternativa para a expansão da oferta de energia elétrica, com a possibilidade de instalação de 10.000 MW em termelétricas a carvão importado nas regiões brasileiras do Nordeste e Sudeste.

Quanto ao preço do carvão, estima-se para 2030 cerca de US$ 45,2 por tonelada, sendo que nos últimos 10 anos, o preço situou-se na faixa de US$ 40 a US$ 70 por tonelada.

Dentre os impactos causados pela extração do carvão destacam-se:
- Danos aos recursos hídricos, solo e relevo das áreas exploradas na sua mineração;
- Emissão de óxido de enxofre, óxido de nitrogênio, monóxido de carbono e outros poluentes durante a abertura de poços e uso de máquinas e equipamentos, como retroescavadeiras;
- Elevação das concentrações de sulfatos e de ferro e a redução de pH no local de drenagem das minas, efetuada por bombas;
- Geração de rejeitos sólidos durante o beneficiamento do carvão, criando extensas áreas cobertas de material líquido, as quais são lançadas em barragens de rejeito ou diretamente em cursos d’água;
- Transtornos à saúde humana (doenças respiratórias) provocados pela emissão de materiais e gases poluentes.

Para minimizar os impactos socioambientais decorrentes do uso do carvão mineral, têm-se pesquisado e desenvolvido novas tecnologias visando à eficiência da geração termelétrica a carvão e a adoção de tecnologias limpas.

O Brasil não tem investido em pesquisas na área de carvão há 20 anos, e esse fato reforça a necessidade de aplicação de recursos financeiros na prospecção de alternativas para o atendimento da demanda de energia, conforme ressalta o PNE 2030.

Conclusões:

O carvão mineral continuará, por muitas décadas, sendo a mais importante reserva energética mundial, contudo, são imprescindíveis avanços em pesquisas e desenvolvimento, para maior eficiência energética e mitigação dos impactos ambientais causados pela sua exploração.

Observa-se que as manifestações contra o uso do carvão têm sido cada vez mais intensas, devido aos graves impactos socioambientais causados à natureza e à saúde humana, além das preocupações com o aquecimento global e a redução da camada de ozônio.

As reivindicações são no sentido de um maior controle e redução das emissões de poluentes para a atmosfera.


Referências Bibliográficas:

Atlas de Energia Elétrica do Brasil. Carvão Mineral – Item 8 - 2. Ed. Brasília: ANEEL, 2005. p.119-126.

Balanço Energético Nacional 2008 - Resultados Preliminares Ano Base 2007.

Plano Nacional de Energia 2030. Recursos Energéticos Item 6.1 Rio de Janeiro:EPE, 2007. p.159-166.

Reis, Lineu Belico dos. Energia, recursos naturais e a prática do desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Manole, 2005. p.211-218.

Parejo, Luiz Carlos. Carvão mineral – a fonte energética mais utilizada depois do petróleo. Disponível em < http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1694u298.jhtm>.

Semana 8 - GÁS NATURAL

O gás natural (GN) é uma fonte de energia não-renovável que é extraída do sub-solo, podendo encontrar-se no mar ou na terra, geralmente, acumulado em rochas porosas, freqüentemente acompanhadas por petróleo, gás associado, ou constituindo um reservatório, gás não associado, (LINEU, 2005).


Santos et al (2007, p.67) e Lineu (2005, p.194) são unânimes em afirmar que o GN é uma mistura de hidrocarbonetos leves, que, a temperatura ambiente e pressão atmosférica, permanece no estado gasoso. Seu principal componente é o metano (CH4), seus principais diluentes são o hidrogênio e o vapor de água e seus principias contaminantes são o dióxido de carbono e o gás sulfídrico. Quando extraído dos poços para produção, através de uma unidade de processamento de gás natural, é denominado rico ou úmido. A presença de hidrocarbonetos no GN é em geral superior a 90%.


Segundo Lineu (2005) o GN úmido contém hidrocarbonetos mais pesados que o metano, os quais devem ser extraídos, seja por motivos comerciais, pois possuem alto valor econômico; seja por motivos operacionais, já que devem ser eliminados em unidades de processamento de gás natural para se tornar gás apropriado à utilização como combustível ou para seu transporte em gasodutos; que é a forma mais convencional de transporte. Por sua vez, o gás seco, aquele que a presença de hidrocarbonetos mais pesados é menor, faz com que não se justifique a extração para fins comerciais, porém pode ser usado como combustível.


O seu processo de consumo envolve três fases distintas, nomeadamente: upstream que consiste na exploração, produção e processamento; o middlestream que consiste no transporte do gás ao revendedor/consumidor e downstream que é a fase de distribuição ao consumidor.

O GN é basicamente usado em indústrias, no comércio, em serviços, em residências e no transporte. Na indústria este serve para fornecimento de calor, como matéria-prima em vários sectores, tais como, químico, de vidros, têxtil, dentre outros. No comercio e serviços, é utilizado em restaurantes, bares, hotéis, hospitais, dentre outros. Em residências serve para aquecimento ambiental das residências e na utilização para cozinha e por fim para deslocação de veículos no transporte de pessoas e mercadorias/bens.


De acordo com Santos et al (2007) o GN tem aumentado seu papel estratégico como fonte de energia para o mundo em virtude de causar menor impacto ao meio ambiente em termos de poluição atmosférica, se comparados com as demais fontes fosseis. Para além de ser menos poluente ele tem a vantagem do seu transporte (por gasodutos ou por navios) ser muito eficiente, visto que registra poucas perdas deste combustivel entre a origem e o destino. O GN apresenta como desvantagens, primeiro, o fato de não ser renovável, segundo, seu transporte é caro incluindo os custos, desde o local de produção à fonte de consumo, pois requer altos investimentos em infra-estrutura e equipamentos para extração na terra e no mar e por ultimo porque apresenta riscos de incêndios e explosões que causam perdas de vidas, bens e propriedades (KLEIN, 2008).


Segundo Lineu (2005) em 2001, as reservas de GN no mundo somavam cerca de 156 trilhões de m³, onde a Europa Oriental e o Oriente Médio lideravam a lista de maiores detentores desta fonte de energia. O Brasil, em 2002 detinha uma reserva de 331,9 bilhões de m³, sendo a bacia de Campos a área de maior registro. Na produção desta energia, a América do Norte e os países da ex-União Soviética produzem cerca de 60% da produção mundial. O Brasil registra uma produção crescente, sendo que em nove anos (1993-2002) aumentou a produção ao dobro, de 7355 para 15568 milhões de m³; a Bacia de Campos é responsável pela produção de 40% da produção total brasileira.


O registro de maior consumo desta fonte de energia vai para a América do Norte, Europa Oriental e os países da ex-União Soviética, que conjuntamente representam 56% do consumo mundial tendo alcançado em 2002 um consumo total de 2529,82 bilhões de m³ de gás natural que provinha de África, Ásia, Oceania e países da ex-União Soviética. O Brasil desde 1987 tem vindo a registrar um consumo crescente, visto que, quintuplicou de 3889 para 15121 milhões de m³ o seu consumo em quinze anos, de 1987 a 2002 (LINEU, 2005).


Para que países que não produzem ou não possuem reservas de GN e precisam desta fonte de energia para garantir o processo de desenvolvimento é feita a importação do gás natural liquefeito (GNL) que consiste na transformação do estado gasoso para o liquido, reduzindo o volume do gás. Segundo Lineu (2005) esta opção depende de uma infra-estrutura de liquefação, de transporte por via marítima ou fluvial e de regaseificação. O primeiro país a exportar o GNL foi a Argélia, em 1965 para a França. A Argélia, Indonésia e Nigéria são os principais produtores de GNL. O transporte do GNL é realizado por via marítima é para tal necessita que se reduza o volume em aproximadamente seiscentas vezes; por razões de segurança e economia, o gás é mantido levemente acima da pressão atmosférica e sua temperatura é reduzida a 162°C negativos. O seu transporte é feito em navios metaneiros (LINEU, 2005).


Santos et al (2007) analisando o futuro do consumo do GN através de cenários traçados pela Agência Internacional de Energia e da empresa Shell, concluem que em 2050 este combustível irá constituir a principal fonte de energia do planeta e seu consumo será equivalente ao do petróleo e carvão juntos, mantendo sua atual posição de terceira mais importante fonte de energia do planeta, superando o carvão, mas sendo superada por outras energias renováveis, incluindo a energia solar e eólica.


CONCLUSÃO

Apesar de deter a terceira posição de energia mais utilizada na terra, o GN continuará a contribuir para o desenvolvimento socioeconômico de muitos países na terra. Esta será a fonte de transição num mundo dominado pelo uso de carvão e petróleo, considerados poluentes e prejudiciais ao meio ambiente, dando espaço para fontes de energia renovaveis. A sua composição química faz do GN uma importante fonte de energia que pouco ou quase nada contribui para o aquecimento global e degradação do meio ambiente. Aliado a isso a sua utilização para o consumo industrial, doméstico e no transporte contribui para que os custos de produção e de sobrevivência sejam viáveis, devido ao baixo valor comercial que apresenta se comparado com o petróleo e o carvão.


Numa era em que se debatem os impactos dos combustíveis fosseis sobre o meio ambiente é extremamente importante pensar na adoção desta fonte de energia de modo a contribuir para o desenvolvimento sustentável. Pesquisas em novas áreas/países e nas técnicas modernas de aproveitamento do gás em lixeiras devem ser incentivadas de modo a garantir um ambiente saudável e satisfatório no planeta terra.


BIBLIOGRÁFIA

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Atlas de energia elétrica do Brasil. 2 ed. Brasília: ANNEL, 2005.

KLEIN, Lucas. Fonte de energia. 2008. Disponível em: .Acessado em 19/09/2008.

REIS, Lineu B. dos; FADIGAS, Eliane A. A; CARVALHO, Cláudio E. Energia, recursos naturais e a prática do desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Manole, 2005.

SANTOS, Edmilson M. et al. Gás natural: a construção de uma nova civilização. São Paulo: Estudos Avançados, 2007.

Friday, September 19, 2008

Seminário

Car@s colegas,

No próximo dia 4 de novembro será realizado, no Rio de Janeiro, um seminário de simulação envolvendo especialistas como Ian Hensen e Drury Crawley. Em breve será divulgada a lista dos conferencistas. Temas relacionados ao desempenho térmico, energético, de iluminação, de acústica, de urbanismo e outros serão discutidos. O evento será realizado em inglês SEM tradução. Local a confirmar pela organização da UFSC.

Profissionais e professores: R$ 50,00
Estudantes*: livre
*Com comprovação de matrícula ou declaração da instituição

Apoio: IBPSA-Brasil, Procel/Eletrobrás, CNPq
Realização: LabEEE/UFSC

Maiores informações, como inscrições, hora exata e local serão divulgados ainda em setembro.

Wednesday, September 17, 2008

Semana 7 - Petóleo - velho ouro negro e nossa moderna dependência

Pro Maria da Glória

Depois de analisarmos a papel da energia na sociedade por meio de um breve histórico e de como a mesma moldou e modificou as relações humanas ao longo dos séculos, e fazermos também um estudo sobre o Balanço Energético e a Matriz Energética brasileira 2006, procurando entendê-la como um instrumento fundamental para o planejamento energético, estudando sua composição e principais fontes de energia nela contidas, analisando os avanços alcançados pelo Brasil ao longo dos anos e indicando o caminho a ser percorrido, passaremos a estudar agora os elementos que compõem uma matriz energética, começando pelo petróleo, fonte de energia primária e recurso não renovável, também conhecido como “Velho ouro negro”.


Estudos mostram que o petróleo já era conhecido na antigüidade, pois desde 4000 a.C. os povos da Mesopotâmia já usavam o betume (petróleo) para pavimentação de estradas, calafetação de grandes construções, aquecimento e iluminação de casas, lubrificação e até como laxativo. No início da era cristã, os árabes davam ao petróleo fins bélicos e de iluminação.
Contudo, apesar do petróleo ser conhecido desde os primórdios da civilização humana, a indústria petrolífera data de meados do século XIX, onde ocorreu a sua expansão, com o início da exploração de campos e perfuração de poços de petróleo, tal expansão ocorreu principalmente nos Estados Unidos e na Europa.

O petróleo é uma mistura de hidrocarbonetos (moléculas de carbono, que representam 83 e 86% de sua massa e hidrogênio que representa 11 e 13%) encontrados no subsolo, junto com gás natural e água, onde há também a presença de enxofre e outros elementos químicos.
Segundo Lineu (2005), a teoria mais difundida e aceita é de que o petróleo é o resultado da decomposição de matéria orgânica, depositada em bacias sedimentares, sofrendo com a ação do tempo, calor e pressão das rochas, ao longo de milhões de anos.
O petróleo apresenta três características básicas, variando tais características de acordo com as condições geológicas de sua formação: Base - classifica os óleos em função dos tipos de hidrocarbonetos predominantes; Densidade – classificação dos óleos pela sua densidade, em leves, médios e pesados; e Teor de enxofre - onde os óleos são clasificados como “doces” e “ácidos”.
De acordo com Lineu (2005), o volume que se pode extrair de uma jazida pelos métodos conhecidos, de forma viável economicamente é definida como reserva, já as parcelas que são extraídas, mas economicamente inviáveis, são classificadas como recursos.

Assim, de acordo com o atlas energético brasileiro, após a invenção dos motores a gasolina e a óleo diesel o petróleo ganhou grande projeção no cenário internacional, sendo o grande propulsor da economia mundial, chegando a representar 50% do consumo mundial de energia primária no início dos anos 70, representando atualmente segundo a Agência Internacional de Energia, 43% desse consumo.
No Brasil, as primeiras tentativas de encontrar petróleo são de 1854, porém o primeiro poço de petróleo no Brasil só foi perfurado em 1897. Para tentar organizar e profissionalizar a atividade de perfuração de petróleo os órgãos públicos criaram em 1907 o Serviço Geológico e Minerológico Brasileiro e o Departamento Nacional da Produção Mineral, órgão do Ministério de Agricultura, em 1933. Porém, a falta de recursos, equipamentos e pessoal qualificados dificultaram a chegada de resultados positivos.
Na década de 50, devido ao desenvolviemnto industrial e a construção de rodovias que interligavam as principais cidades brasileiras, o consumo de combustíveis fósseis aumentou. Tal consumo gerou uma intensificação da demanda por petróleo e que juntamente com a pressão exercida pela sociedade, principalmente pelos partidos de esquerda que lançam a campanha “O petróleo é nosso” levam o então presidente Getúlio Vargas a assinar em outubro de 1953 a lei 2004 que instituiu a Petróleo Brasileiro SA (Petrobras) como monopólio estatal de pesquisa e lavra, refino e transporte do petróleo e seus derivados.
Iniciando uma nova fase da indústria petrolífera brasileira nasce a Lei do Petróleo de 6 de agosto de 1997, número 9478, sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Entre as principais mudanças está a criação da Agência Nacional de Petróleo (ANP), responsável em ser o orgão executor de gerenciamento do petróleo no país, e o fim do monopólio. Tal lei permitiu a presença de outras empresas para competir com a Petrobras em atividades petrolíferas.

Com a expansão da indústria petrolífera no final do século XIX, o petróleo foi usado de forma abundante e esse uso exagerado levou o mesmo a passar por algumas crises, motivadas, principalmente por questões políticos. Depois da Segunda Guerra Mundial a crise do petróleo aconteceu em quatro fases:
- A primeira aconteceu em 1956, com o bloqueio do Canal de Suez, que foi nacionalizado pelo presidente do Egito. Esse canal era uma importante passagem para a exportação de produtos para países ocidentais.
- A segunda fase aconteceu em 1973, como forma de protesto dos países árabes ao apoio dos Estados Unidos a Israel durante a guerra do Yom Kippur, onde o petróleo sofreu um aumento de 300%.
- Durante a crise política no Irã e a deposição do Xá Reza Pahlevi aconteceu a terceira fase da crise do petróleo, com um aumento que chegou a 1000%.
- A quarta fase foi em 1991, com a Guerra do Golfo, depois que o Kuwait foi invadido pelo Iraque, governado naquele momento por Saddam Hussein.


A produção de petróleo apresenta três grande áreas, com atividades características, que vão desde a descoberta da fonte primária de energia até a utilização final do produto. São elas:

Upstream – pesquisa ou prospeção; perfuração/recuperação; desenvolvimento/produção(completação).
Middlestream – refino; transporte; importação/exportação.
Downstream – terminais/bases; transporte/distribuição; indústria petroquímica.


Devido a condições específicas das principais regiões que detêm grande parte das reservas mundiais de petróleo, há uma iregularidade na distribuição geográfica dessas reservas, o que faz com que atualmente, os grandes centros produtores de petróleo se encontram bem distantes dos centros consumidores.

Dessa forma, cerca de 64% das reservas mundiais de petóleo estão localizadas no Oriente Médio, 13% na Améria Latina, principalmente México e Venezuela. A América do norte possui 3,5% das reservas mundiais e responde por 30% do consumo mundial.

No continente Americano, após a Venezuela o Brasil possui as segundas maiores reservas de petróleo, onde são produzidas atualmente 1,2 milhões de barris de petróleo por dia.


A produção mundial de Petróleo em 2001 foi cerca de 3.730 Mtep, ocorrendo 42% dessa produção no Oriente Médio(28,5%) e ex União Soviética(13,1%), já o consumo foi de 3.008 Mtep, sendo os Estados Unidos os maiores consumidores(17,5% do consumo mundial).



Segundo a Agência Nacional de Petróleo(2006), as maiores reservas de petróleo brasileiras se encontram no mar. Dessa forma, de um total de 16 bilhões de barris produzidos em 2005, 91,6% das reservas totais se localizam no mar e o restante em campos terrestres. No mar dois estados dominam o setor, Rio de Janeiro(87,41%) e Espirito Santo(9,6%). No continente três estados se destacam: Rio Grande do Norte(24,2%), Sergipe(26,3%) e Bahia (31,3%).
As reservas totais de petróleo brasileiras cresceram sistematicamente na última década, graças às descobertas feitas no mar.
Foi descoberto em 1996 o campo do Roncador, localizado na área norte da Bacia de Campos, que se tornou importante por causa de sua grande extensão e grande volume de hidrocarbonetos, esse campo segundo a Petrobras atingirá seu pico de produção em 2015, com 477.000 barris de petróleo por dia.

No que se refere aos produtos derivados de petróleo, haverá uma redução do consumo de óleo combustível e da nafta na indústria em geral, química e petroquímica, em razão da substituição desses derivados por gás natural. Porém, os principais derivados de petróleo (óleo diesel, gasolina e GLP) ganham mais participação na matriz energética.

A partir da década de 70 descobriu-se que as fontes de petróleo são esgotáveis e que suas reservas possuim uma certa duração. Segundo dados do Atlas de Energia, as reservas mundiais de petróleo, mantendo-se os patamares de produção de 2002 e não levando em consideração novas descobertas, durariam cerca de 40 anos.
Segundo informações do Atlas de energia elétrica do Brasil, as reservas provadas brasileiras são da ordem de 1.100 milhões de toneladas e a produção anual está na faixa dos 74,4 milhões de toneladas, o que significa uma relação reservas/produção de cerca de quinze anos.

Contudo, de acordo com a matriz 2030 brasileira, a longevidade das atuais reservas provadas de petróleo do Brasil se situa em torno de 19 anos(ANP), porém esse prazo de reserva/produção é dependente de alguns fatores, entre eles estão: ritmo de novas descobertas, evolução dos métodos de recuperação do reservatório, alteraçõ dos preços da energia e também ritmo da demanda por derivados de petróleo. Com relação ao ritmo de descobertas, as reservas provadas nacionais têm crescido 9,2% ao ano desde 1980.


O petróleo passou por graves crises no passado e após tais crises o mesmo sempre tinha seu preço aumentado em valores exorbitantes e, atualmente o petróleo continua passando por crises e seu preço conseqüentemente também sobe. Segundo a AEO 2006 (Annual Energy Outlook 2006), as perpectivas do preço mundial do petróleo é de crescimento, indo de US$ 40,49 por barril em 2004 para US$ 54,08 por barril em 2025 e US$ 56,97por barril em 2030.

Contudo, no Brasil, no âmbito do Plano Nacional de Energia 2030 e da Matriz Energética 2030, observa-se uma trajetória um pouco diferente das prospectivas internacionais. A expectativa é de que os preços caiam em relação aos preços atuais, atingindo em 2030 um valor na faixa de US$ 30 a US% 53 por barril. Tal expetativa se dá devido aos seguintes fatores:
- Possível solução da situação de conflitos no Oriente Médio;
- Crescimento moderado da demanda mundial de derivados, ocasionado por uma redução do ritmo econômico de alguns países após 2015;
- efeito moderado da restrição de capacidade de produção da OPEP sobre os preços;
- Diminuição da volatilidade na formação dos preços no mercado futuro.


Com relaçao à demanda, o cenário internacional apresenta um crescimento. Segundo a Internacional Energy Outlook 2006 a demanda crscerá de 80 milhões de barris por dia em 2003 para 98 milhões em 2015 e 118 milhões de barris por dia em 2030.
No Brasil como reflexo da política continuada de investimento em exploração e produção, a expectativa é de que a produção de derivados de petróleo atinja 3,66 milhões de barris por dia, haverá também ao longo do período um superávit no balanço produção-consumo de petróleo. Apesar de manterem liderança entre as fontes de energia, em 2030, o petróleo e seus derivados perderão l0 pontos percentuais com relação à situação de 2005, representando apenas 25% da Matriz Energética Brasileira.
O uso do petróleo é predominante no setor de transporte, porém, em diversos países do mundo o mesmo é usado também para a produção de energia elétrica. Esse tipo de energia é óbtida a partir da queima de alguns derivados de petróleo em caldeiras, turbinas e motores de combustão externa. O petróleo é responsável por aproximadamente 7,9% de toda eletricidade gerada no mundo. Contudo, com exceção de alguns países da OCDE o uso desse tipo de energia elétrica vem caindo desde os anos 70, devido principalmente a mudanças ocorridas no cenário mundial em relação aos meios legais de preservação ambiental e ao surgimento de fonte renováveis de energia.
No Brasil a geração de energia elétrica é predominantemente hídrica, sendo de pouca expressão a geração de energia a partir de derivados de petróleo, sendo usada apenas no atendimento da demanda de pico do sistema elétrico e para suprir energia em alguns municípios e comunidades que não são atendidos pelo sistema interligado.
A geração de energia elétrica a partir de derivados de petróleo pode gerar alguns impactos socioambientais, tais como o aumento da temperatura média do planeta, decorrentes de emissão de poluentes na atmosfera, como o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O), provocando o chamado efeito estufa. Outros poluentes são o dióxido de enxofre (SO2) e o chamado meterial particulado, constituído de pós e cinzas em suspensão nos gases provinientes da queima de combustíveis fósseis. Tais poluentes podem provocar além de alterações na biodiversidade local, distúrbios respiratórios, alergias, lesões no sistema nervos e câncer.
Contudo, com o objetivo de amenisar tais conseqüências, algumas tecnologias e processos podem ser usados na remoção desses poluentes. Dessa forma, para a remoção de partículas são usados os ciclones e os precipitadores eletrostáticos, esses equipamentos podem ainda ser combinados com dispositivos mais eficientes, como os filtros cerâmicos e de mangas que podem remover até 99% do material particulado.



CONCLUSÃO

Desde a perfuração do primeiro poço de petróleo e conseqüente expansão da indústria petrolífera, o petróleo é sinônimo de riqueza e poder no cenário mundial. Esse poder muitas vezes foi demonstrado de uma forma violenta, com guerras e corte na distribuição do petróleo.
Dessa forma, devido a várias crises enfrentadas, o petróleo teve seu preço aumentado de uma forma exorbitante, deixando a maior parte da população do mundo refém daqueles que dominam a produção mundial de petróleo.
Obviamente, o petróleo ainda é a principal fonte de energia do planeta, porém essa fonte de energia é esgotável e não renovável e seu uso é uma das princiapais causas do efeito estufa, que provoca o aquecimento global.
Históricamente, a humanidade sempre conseguiu achar soluções para seus problemas, por isso o homem tem procurado encontrar novas fontes de energia renovável, que agridam menos o meio ambiente e que sejam economicamente mais viáveis.
Segundo previsões da matriz 2030 o Brasil continuará dependente do petróleo, porém em menor escala. Para que isso aconteça, novas fontes de energia têm sido usadas, priorizando as fontes renováveis e mais limpas, como os biocombustíveis. Assim, o país procurará se desenvolver de uma forma mais sustentável, a fim de melhorar a sua efiência energética e promover um maior acesso da população nacional às várias formas de energia existentes.







REFERÊNCIAS
Ministério de Minas e Energia. Atlas Energético. 2ª edição.
Ministério de Minas e Energia. Matriz Energética Nacional 2030. Colaboração Empresa de Pesquisa Energética. Brasília: MME: EPE, 2007.

Reis, Lineu Belico dos, Energia, recursos naturais e a prática do desenvolvimento sustentável. Editora Manoel, 2005.

Wednesday, September 10, 2008

Semana 6: Principais atores, organização, avaliação de custos completos, análise do ciclo de vida

Escrito pela Lorena

Entre os textos indicados para leitura desta semana, destacam-se algumas citações e comentários que não poderíamos deixar de ressaltar, tais como:
Para a elaboração de uma matriz energética é necessário o estudo de várias técnicas, métodos e bancos de dados diante de um cenário brasileiro e mundial.
Na construção da matriz energética nacional 2030 encontram-se alguns atores importantes em sua formatação, tais como:
 MME – Ministério do Meio Ambiente – É o responsável legal pela elaboração da matriz 2030, direciona diretrizes da política para eficiência energética;
 ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica – auxilia na demonstração da evolução histórica do potencial hidrelétrico brasileiro;
 ANP – Agência Nacional do Petróleo – colabora com os dados sobre petróleo e seus derivados;
 CNPE – Conselho Nacional de Política Energética – revê periodicamente a matriz energética nacional;
 DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral – define os critérios de quantificação das reservas minerais;
 EPE – Empresa de Pesquisa energética, vinculada ao MME, realiza estudos e pesquisas no setor energético
 Eletronuclear – subsidiária da Eletrobrás, é responsável pelas usinas nucleares
Lineu (2005), esclarece que um planejamento energético voltado ao desenvolvimento sustentável envolve algumas técnicas avançadas, tais como:
1. PIR – Planejamento Integrado de Recursos – Considera e enfatiza os usos finais de energia, a eficiência energética e a decisão participativa , através do envolvimento dos diversos atores no processo.;
2. GIR – Gestão Integrada de Recursos – Compartilha as visões política, social, econômica e ambiental;
3. ACC – Avaliação de Custos Completos - Esta ferramenta associa os custos internos e externos com impactos das ações sobre o meio ambiente e saúde humana. Produz resultados através de custos ambientais, quando os dados não podem ser precificados, são utilizadas avaliações qualitativas. É balizado por 5 premissas: consideração de recursos e usos de energia eficientes, impactos ambientais, impactos sociais, emprego de fontes de energia renováveis e integridade financeira;
4. ACV – Análise de Ciclo de Vida – Relaciona as causas mais importantes do uso da energia nos impactos ambientais relativos a produtos, processos ou sistemas (procedimento muito apreciado pelos diversos atores sociais). A decisão para o planejamento dependerá do resultado dessa análise.

Percebe-se que a utilização deste ferramental não assegura, mas propicia uma análise mais ampliada de custos e benefícios nas alternativas a serem incorporadas no planejamento energético integrado ao desenvolvimento sustentável.

Relativamente à redução da utilização de combustíveis fósseis, com o objetivo de evitar mudanças climáticas, Sachs (2007), ressalta ”que o Protocolo de Kioto constitui um passo extremamente tímido e totalmente ineficiente nesta direção”.
Alerta ainda que, “o impacto ambiental de produção de bicombustíveis dependerá dos cultivos escolhidos, da maneira como são cultivados e processados” . Segundo a Agência Ambiental Européia de Copenhagen (cf, Rosenthal, 2007), este impacto poderá atingir 90% de redução à 20% de acréscimo de emissões de gases de efeito estufa.

Trazendo ainda o pensamento de Sachs (2007), a Revolução Energética do Século XXI está no início e muito se tem que caminhar para a libertação da utilização do petróleo e seus derivados, muitas tecnologias estão sendo descobertas como a energia solar, eólica, o etanol proveniente da celulose, entre outras; novas tecnologias virão para nos situar, definitivamente, rumo ao desenvolvimento sustentável. Ressalta, também, que este desenvolvimento poderá ser alcançado, a medida em que se analisa o ciclo de vida da energia, como os sistemas integrados de produção de alimento e energia como o biodíesel/pecuária, entre outros.

Fica evidenciado, que através da visão de Bernard Laponche (2007) “o desenvolvimento sustentável não é compatível com o paradigma energético atual”. Sachs complementa que para se alcançar este tal desenvolvimento sustentável, há de se rever comportamentos e estilos de vida da sociedade contemporânea consumista e alienada.

No âmbito do Governo brasileiro foi desenvolvido estudo de planejamento integrado dos recursos energéticos – PNE 2030 – Plano Nacional de Energia. O PNE 2030 subsidia o planejamento energético a longo prazo, principalmente a energia elétrica, o petróleo e seus derivados, o gás natural e os derivados da cana-de-açúcar. Estes estudos revelam que nos anos 70 as principais fontes de energia eram: o petróleo e a lenha; em 2000, além das fontes já citadas acrescentou-se a energia hidráulica; já para 2030 projeta-se 4 fontes de energia para abranger 77% do consumo: petróleo, energia hidráulica, cana-de-açúcar e o gás natural. Neste sentido, em 2030, 45% de toda energia consumida no país será renovável.
Conforme o Plano Nacional de Energia 2030 algumas prospecções foram identificadas: maior eficiência energética; expansão do biodiesel; uso da cana-de-açúcar (aproveitamento do bagaço); crescimento do nível de renda e melhor distribuição; aumento do consumo residencial; queda na utilização de energia hidráulica de 90% em 2005 para 75% na matriz elétrica em 2030; aumento na utilização de energia renovável; aumento nas emissões de gases de efeito estufa, embora este aumento não se deva ao consumo ou a produção de energia, o que subentende-se que se deve ao desmatamento.

Em suma, urge a necessidade de um planejamento energético que abranja as esferas federal, estadual e municipal subsidiadas pelas ferramentas mais avançadas em termos de planejamento energético já conhecidas e vivenciadas em vários países. Para tanto, há a necessidade de um envolvimento participativo dos diversos atores (stakeholders), do governo à sociedade civil rumo a um planejamento energético socialmente equilibrado e ambientalmente sustentável.

Muito embora Sachs faça uma análise sombria do crescimento energético no século que se inicia:
- menor quantidade de reservas de petróleo comparativamente às demandas existentes;
- a percepção tardia de que os gases de efeito estufa provocam efeitos climáticos irreversíveis;
- guerra entre países na busca do poderio econômico do petróleo
Verifica-se que a busca de alternativas energéticas menos agressivas ao planeta e à humanidade poderá, dependendo de nossas atitudes frente a este desafio, encontrar, verdadeiramente, o desenvolvimento energético sustentável.

Lorena


Referências:

Ministério de Minas e Energia. Matriz Energética Nacional 2030. Colaboração Empresa de Pesquisa Energética. Brasília: MME: EPE, 2007.
Ministério de Minas e Energia. Plano Nacional Energético 2030. Colaboração Empresa de Pesquisa Energética. Brasília: MME: EPE, 2007.
Reis, Lineu Belico dos, Energia, recursos naturais e a prática do desenvolvimento sustentável. Editora Manoel, 2005.
Sachs, Ignacy. A revolução energética do Século XXI. 2007.

Sunday, September 7, 2008

Semana 6 - Planejamento de Energia

Caros mestrandos do PGA,

primeiramente quero agradecer a todos que estão blogando e comentando nesta disciplina. Vocês estão construindo um ótimo blog que futuramente será uma referência sobre energia/educação na web!

A partir da próxima semana, iremos iniciar uma nova fase na nossa aula. Peço a todos que tragam o mesmo alto astral para dentro da sala de aula! Isso é fundamental!

Obrigada

Renata

Tuesday, September 2, 2008

Semana 5 - Introdução sobre o Balanço Energético e Matriz Energética no Brasil

A partir da leitura e da análise do material indicado e de outros pertinentes ao tema de reflexão da semana, o Balanço Energético e a Matriz Energética Brasileira como instrumentos fundamentais para o planejamento energético, é importante ressaltar o papel relevante que assumem a geração e o uso da energia na sociedade moderna, constituindo-se em uma das principais fontes de intervenção antropogênica em relação ao meio ambiente.

Verifica-se que o uso das diversas fontes energéticas está fortemente vinculado à
condição socioeconômica da sociedade, o que acarreta uma diversificação do consumo de energia expressa pelas formas e quantidades utilizadas nos mais diferentes países. Essa lógica também se observa entre as classes sociais de um mesmo país, conforme observa Vianna (2001). Nesse sentido, dependendo do estágio de desenvolvimento da sociedade, cada uma das formas de degradação ambiental – como deflorestamento, poluição do ar e das águas – assumem maior ou menor relevância.

Vianna (2001) acredita que devido ao aumento do consumo de energia e da instabilidade ocasionada pelos preços de petróleo houve uma significativa elevação também nos custos de produção desse setor e nos custos ambientais decorrentes desse processo. Considera que o planejamento energético atual, que privilegia o consumo final de energia para atender às necessidades da sociedade de uma forma em geral (indústria, transporte, comércio e demais setores econômicos), apóia-se na melhoria da eficiência energética convencional associada a menores danos ambientais uma vez que o desenvolvimento de fontes renováveis contribui para a proteção do meio ambiente.

Para Vichi e Mello (2008), o setor energético brasileiro encontra-se submetido a decisões políticas, muitas das quais temerárias e catastróficas, visto que sucessivos governos, ao longo dos anos, não têm sido capazes de equacionar a questão energética brasileira a exemplo do que se verificou com a sistemática desvalorização de um grande programa governamental de energia de biomassa como o do Proálcool.

Entretanto, observam que alguns avanços importantes ocorreram nas ultimas duas décadas sob o ponto de vista da regulação e da legislação vigente que contribuíram para a redução de distorções do mercado e da burocracia para a entrada de novos fornecedores, que apesar de ter seguido uma racionalidade econômica, os dados demonstram que a participação das fontes renováveis aumentou na matriz energética nacional.

Nesse mesmo sentido, Reis (2005) destaca que o planejamento energético tem evoluído na direção de incorporar, em sua concepção, questões alinhadas ao desenvolvimento sustentável com ênfase na eficiência energética, na questão ambiental e na participação dos agentes envolvidos.
No Brasil são produzidos os relatórios do Balanço Energético Nacional e da Matriz Energética Nacional com base em dados e informações provenientes de institutos civis e de órgãos governamentais, os quais podem servir para subsidiar a elaboração de políticas públicas e a regulação para o setor energético.

Segundo Reis (2005), os dois relatórios se diferem na medida em que o Balanço efetua uma série histórica do passado e a Matriz, que engloba dados do Balanço, projeta uma visão para o futuro alinhada com os cenários de evolução dos fatores que podem afetar esse setor, sendo que, se devidamente construída, constitui-se em uma poderosa ferramenta de gestão de política nacional.

Ressalta que a matriz energética é um instrumento fundamental para a execução de um planejamento energético nacional adequado que, em uma perspectiva a longo prazo, deve ser apoiada em três pilares de sustentação: acompanhamento tecnológico e de fomento, sistema de integração de informações, avaliações periódicas e monitoramento do cenário de energia, considerando, inclusive, o cenário atual de planejamento.

Tendo em vista que os setores de infra-estrutura são essenciais no contexto econômico atual, a matriz energética viabiliza, nesse sentido, a simulação de diferentes cenários de mercado e a avaliação de seus efeitos, tais como gargalos de infra-estrutura, vulnerabilidades sistêmicas, riscos ambientais, oportunidades de negócios, impactos de políticas públicas, etc. (Matriz Energética Nacional 2030).

O Balanço Energético Nacional se constitui também em um dos mais importantes estudos balizadores do planejamento do setor energético brasileiro e “documenta, anualmente, extensa pesquisa sobre o consumo, produção e comercialização dos diferentes energéticos em âmbito nacional” (Resenha Energética Brasileira 2008).

Para Bajav e Badanhan (2005), a atividade de planejamento energético oferece suporte quantitativo ao governo na formulação de políticas públicas e elementos importantes ao Estado para a execução do exercício de regulação a longo prazo. Daí a necessidade em se realizar estudos prospectivos envolvendo os principais segmentos do setor energético, medida que garantiria maior consistência e confiabilidade a esse procedimento.

Complementam que o planejamento da expansão da capacidade de energia deve propor metas de desenvolvimento para o setor alinhadas às políticas públicas energéticas adotadas, devendo o mesmo possuir certa flexibilidade em relação às metas, uma reavaliação periódica e retratar, sobretudo, os interesses maiores da sociedade.

Reis (2005) destaca que a evolução conceitual ocorrida no processo de planejamento energético, decorrente da atuação marcante de forças na busca da construção de um modelo sustentável de desenvolvimento, tem acarretado consideráveis impactos nessa área como a substituição de um pensamento “voltado intrinsecamente à oferta, para aquele direcionado aos usos finais e intercâmbios de energia”. Também relaciona uma maior adequação à questão ambiental impulsionada pelo estabelecimento de uma cultura multi e interdisciplinar e a “elaboração de modelos mais aptos a tratar de custos e benefícios intangíveis, externalidades e aspectos qualitativos”.

Ao final, elenca a “implementação de um processo participativo e descentralizado de decisão, no qual atuam os diversos atores que poderão ser afetados pelos projetos ou planos sob avaliação“.


Conclusão

Cabe registrar que o planejamento energético é de suma importância para a formulação de políticas públicas e para a regulação a ser promovida no setor, e para tanto, os dados históricos descritos e projetados no Balanço Energético Nacional e na Matriz Energética Nacional devem ser considerados, acompanhados e monitorados pela área responsável pela gestão energética, sobretudo, pelos planejamentos setoriais.

Também se torna relevante alcançar uma maior eficiência energética na utilização das fontes convencionais, adotando-se tecnologias que tornem sua transformação mais limpa, sendo que a substituição dessas fontes por alternativas e mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL) deve integrar as metas governamentais tanto dos países desenvolvidos quanto daqueles não desenvolvidos.

Interessante se faz repensar os modelos de desenvolvimento instalados nas sociedades atuais consubstanciados em padrões insustentáveis de consumo. Em relação às fontes renováveis, os relatórios devem incorporar dados que computam, sistematicamente, os custos ambientais e sociais embutidos no uso e na transformação das diferentes fontes de energia.

O Brasil já dispõe de várias fontes de dados de interesse para o planejamento e a gestão de recursos energéticos. Contudo, é preciso melhorar a articulação entre os agentes do setor, a fim de reduzir a assimetria de informações, evitar a duplicação de recursos e facilitar o acesso a dados e informações consistentes e atualizadas (Atlas de Energia Elétrica do Brasil). Um sistema de informação consolidado, confiável e disponível é essencial para o processo de participação social e de escolhas conscientes.


Referências:

Atlas de energia elétrica do Brasil/Agência Nacional de Energia Elétrica. 2ª Ed. Brasília: ANEEL, 2005.

BAJAV, Sérgio Valdir; BADANHAN, Luís Fernando. Energia no Brasil: Os próximos dez anos. 2005.

GARCEZ, Catherine Aliana Gucciardi. Uma análise da política pública do programa nacional de produção e uso de biodiesel (PNPB). Dissertação de mestrado. Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília. Brasília. 2008. 171p.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Matriz energética nacional 2030. Colaboração Empresa de Pesquisa Energética. Brasília: MME: EPE, 2007.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Balanço energético nacional 2007.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Resenha energética brasileira – exercício de 2007 (Preliminar).

REIS, Lineu Belico dos, Energia, recursos naturais e a prática do desenvolvimento sustentável. Barueri: Editora Manole, 2005.

VIANNA, João Nildo de Souza. Energia e meio ambiente no Brasil. In BURSZTYN, Marcel (org.). A Difícil Sustentabilidade – Política energética e conflitos ambientais. Brasília: Editora Garamond Ltda, 2001, p. 167-186.

VICHI, Flávio Maron; MELLO, Leonardo Freire de. A questão energética no Brasil. In HINRICHS, Roger A; KLEINBACH, Merlin. Energia e Meio Ambiente. Tradução da 3ª ed. norte-americana, São Paulo: Cengage Learning, 2008. p. 479-502.