Wednesday, April 28, 2010

Autora: Débora Freitas
Revisores: Ivan, Marcelo e Hélio.

Energia Nuclear

Introdução
O texto pretende discorrer sobre a energia nuclear, com seus benefícios econômicos e ambientais e suas aplicações, suas propriedades altamente perigosas, que devem ser trabalhadas com muito cuidado. Como o uso pacífico dessa energia pode mudar o mundo e torná-lo um ambiente onde os receios pelas alterações climáticas deixem de ser uma preocupação para a sociedade e se torne uma aliada ao meio ambiente.
Século XX início da era nuclear. Centenas de centrais nucleares produtoras de energia elétrica multiplicaram-se pelo mundo e aumentou a oferta energética mundial moderna.
A energia nuclear é uma espécie de energia gerada durante a fissão ou fusão do átomo nas usinas nucleares. Desse modo, a quebra do átomo produz calor que é transformada em energia elétrica. Para a produção é necessário urânio, que é um minério extremamente radioativo.
O Combustível mais usado é o Urânio, matéria prima base de todo o processo de fabricação, que gera 16% de toda a energia nuclear produzida no mundo. É encontrado em rochas e na água do mar, disponível em grande quantidade para suprir as necessidades energéticas mundiais, tanto em função da sua quantidade disponível na natureza, quanto pela disponibilidade de tecnologias desenvolvidas para o seu uso.
A energia do átomo do urânio enriquecido libera calor e produz o vapor que move as turbinas das usinas nucleares, gerando energia elétrica. Essa energia é limpa, não emite gás carbônico e não contribui para o aquecimento global. É fonte segura, pois todas as etapas de produção são fiscalizadas por organizações nacionais e internacionais.
As usinas nucleares ocupam pequenas áreas (3,5 km², no caso de Angra), podem ficar próximas aos centros consumidores – evitando, assim, perda de energia nas linhas de transmissão devido à longa distancia entre onde é produzida e onde é consumida.
A energia gerada com a tecnologia nuclear é a única que tem as suas etapas monitoradas e sob controle; não liberam nenhum produto nocivo ou tóxico no meio ambiente e não contribui para o efeito estufa. Todos esses fatos têm levado as organizações e lideres de movimentos ambientalistas (antes ferrenhos críticos do desenvolvimento da tecnologia nuclear) a reverem suas posições
Quanto às aplicações:
A utilização da energia nuclear vem crescendo a cada dia. Além de ser uma das alternativas menos poluentes, permitem o fornecimento de energia elétrica às cidades.
Os grandes benefícios da energia nuclear, infelizmente, são pouco divulgados. Novas técnicas nucleares são desenvolvidas nos diversos campos da atividade humana, possibilitando a execução de tarefas impossíveis de serem realizadas pelos meios convencionais.
Na área médica são empregadas cotidianamente técnicas nucleares no diagnóstico; nas máquinas de raios-X; na cura de tumores e de certos tipos de câncer. Nos diferentes setores da indústria, particularmente a farmacêutica, e a agricultura são as mais beneficiadas. Nos raios gama que podem prolongar a vida útil dos alimentos, entre varias outras aplicações.
Acidentes nucleares:
A energia nuclear é perigosa, já causou graves acidentes com muitas mortes. Os mais significativos foram decorrentes de falhas de operação, com intervenções equivocadas ou erros de procedimentos de testes de reatores. Foi assim em Three Miles Island, nos Estados Unidos, em 1979 e em Chernobyl, na Rússia em 1986. (MARTINS, 2007). Ou seja, estes dois acidentes ocorreram, pois os operadores não tinham treinamento quanto às normas internacionais de segurança, não foram obedecidos os cuidados mínimos, o que ocasionou a perda do controle operacional. De uma forma resumida pode-se dizer que os acidentes foram em conseqüência de falha humana.
A utilização desse tipo de tecnologia ainda apresenta graves riscos para a humanidade. Reatores nucleares e instalações complementares geram uma grande quantidade de resíduo nuclear que necessitam ficar sob monitoramento por vários anos.
Segundo Carley Martins, se levarmos em conta os mais de 400 reatores nucleares em funcionamento no mundo e o reduzido número de acidentes ocorridos no passar desses anos, conclui-se que a geração de energia nuclear pela fissão nuclear atômica ainda é muito satisfatória.
A energia nuclear e a segurança:
Vários aspectos de segurança estão envolvidos desde projeto até a construção civil de uma usina nuclear, como também na montagem de equipamentos e operação.
Os sistemas de controle e segurança dos reatores nucleares são dirigidos para que as usinas sejam projetadas, construídas e operadas com os mais elevados padrões internacionais de qualidade e que tenham alta confiabilidade. Isso é o que afirma o autor Carley Martins, que os sistemas de segurança são desenvolvidos utilizando todos os recursos tecnológicos disponíveis durante a sua concepção e obedecem a rígidas normas de fabricação e de certificação estabelecidas por organismos internacionais. Tais estes dispositivos são quase “a prova de falhas”.
Quanto aos resíduos , os autores afirmam que a “solução do problema não apresenta dificuldades tecnológicas, sendo uma questão de decisão política e de aceitação pública”. Para eles a energia nuclear faz parte do futuro energético brasileiro.
No mundo:
A energia elétrica gerada através da fissão nuclear vive uma nova era de expansão. Além da construção de várias novas unidades, também aumentam o número de países que buscam o desenvolvimento dessa tecnologia para expandir o parque já instalado.
O principal fator dessa tendência tem sido o caráter ambiental. Ou seja, da necessidade de diversificação da matriz energética. A energia nuclear vem sendo considerada como uma das alternativas para a expansão e a diversificação dessa matriz, de forma a atender ao crescente consumo de energia, economizar os combustíveis fósseis e enfrentar o aquecimento global.
Atualmente, no mundo, estão em operação 440 reatores nucleares voltados para a geração de energia em 31 países, e em construção cerca de outros 33 reatores. Por volta de 17% da energia elétrica mundial gerada é de origem nuclear, a mesma proporção do uso de energia hidroelétrica e de energia produzida por gás, é o que afirma Odair Gonçalves, presidente da CNEN .
Alguns países têm seu abastecimento de energia elétrica com um alto percentual oriunda de geração nuclear, a França com 78%, Bélgica 57%, Japão 39%, Coréia do Sul 39%, Alemanha 30%, a Suécia 46% e a Suíça 40%. (CNEN, 2007).
No Brasil:
A era da energia nuclear no Brasil inicia-se na década 50, com o pioneiro nesta área, Almirante Álvaro Alberto, que criou o Conselho Nacional de Pesquisa, em 1951, e que importou duas ultra-centrifugadoras da Alemanha para o enriquecimento do urânio, em 1953.
A instalação de uma usina nuclear em território nacional aconteceu em 1969. Assim, o Governo Federal pretendia adquirir conhecimento sobre a nova tecnologia que se expandia rapidamente pelo mundo.
A ocorrência de urânio conhecidas no Brasil, o faz ser o detentor da 6ª reserva mundial, assegurando uma excelente reserva e a garantia do suprimento de combustível. 70% destas reservas estão situadas nos Estados da Bahia e do Ceara.
O Brasil é um dos poucos países do mundo a ter o domínio de todo o processo de enriquecimento do urânio para a fabricação de combustível para usinas nucleares.
O plano nuclear brasileiro é amplo e de uso pacifico. Atualmente é incentivado pelo governo com o inicio da retomada da construção de Angra III, com PAC. A idéia é iniciar 2010 com 15 a 20 locais possíveis para o empreendimento de centrais nucleares, os gastos previstos são de ate 6 milhões de reais por usina, com um total de investimento previsto de 2009 a 2025 de 20 a 25 bilhões de reais.

Angras:
Angra - Inicio da construção - Ano de operação - Geração

Angra I - 1972 - 1985 - 657 MW
Angra II- 1972 - (julho) 2000 - 1.350 MW
Angra III - 1972 - 2010 (previsto) - 1.350 MW

Com o funcionamento de Angra I, II e III a capacidade nuclear instalada no Brasil deve passar de 1,98% (2,007 GW) para 2,5% (3,357 GW) da capacidade instalada total.
Com isto a consolidação de Angra II torna-se muito bem vinda para o desenvolvimento e crescimento do país, sem aumentar o risco à população de Angra dos Reis, e que afirma Carly Martins: “não há riscos significativos para a população de Angra dos Reis decorrentes da construção de uma nova usina, pois a tecnologia existente permite reduzir valores desprezíveis a probabilidade de ocorrência de falhas graves no núcleo, nos sistemas de controle e de operação dos reatores.”
Quanto à economia:
Sob a perspectiva econômica as vantagens começam logo na fase “embrionária” dos reatores: com construções, que produzem projetos em série que significa baixo custo e com equipamentos também com baixo custo, permitem construções de unidades de grande dimensão num tempo cada vez mais reduzido.
Uma vez que os recursos de urânio se encontram em território nacional, com opção nuclear é possível produzir energia com os seus próprios meios, evitando-se assim a dependência, do petróleo.
Segundo o autor Carlos Alvim e outros, dentro das premissas de comparação dos custos nas formas de geração de energia, o custo da geração da energia nuclear é competitivo com os custos da geração a partir dos derivados de petróleo e com o gás natural. A opção nuclear passa a ser competitiva economicamente mesmo quando se considera um custo, ainda que modesto, para a supressão das emissões de CO2.
Quanto ao meio ambiente:
Com o aquecimento global, um desafio foi imposto às sociedades modernas: usar fontes de energia mais limpa, que não lancem gases causadores de efeito estufa para a atmosfera. Por isso a energia nuclear é uma alternativa que cada vez mais ganha defensores. Como no caso de James Lovelock (criador nos anos 60 da hipótese de Gaia) – “defende hoje com vigor e realismo a energia nuclear para, antes que seja tarde demais, enfrentar a mudança climática. É preciso substituir no menor prazo possível o uso de combustíveis fosseis. A energia nuclear se apresenta como opção factível: as demais fontes de energia não estão suficientemente desenvolvidas para satisfazer à demanda energética mundial.”
Conclusão:
A tecnologia nuclear como fonte complementar dessa fonte de energia limpa e segura, tem mudado a opinião pública que já reflete sobre essa opção energética de forma menos emocional, tornando as discussões a respeito do assunto mais serenas e mais realistas.
Assim deve-se preparar um mercado cada vez mais exigente em segurança, garantia da qualidade e o uso da energia nuclear como ferramenta de preservação da natureza e da vida.
Com relação à situação brasileira que precisará de energia para avançar rumo ao seu futuro desenvolvimento, é necessário concentrar esforços para avançar continuamente no campo da ciência e tecnologia e inovação. O país não poderá renunciar à evolução do conhecimento da tecnologia nuclear, pois ela apresenta perspectivas futuras e promissoras para o desenvolvimento nacional, em vários campos tão diversos como a agricultura, a medicina e a propulsão nuclear.

Bibliografia

MARTINS, Carley, Controle e segurança dos reatores nucleares. Estudos avançados nº 59, volume 21, 2007 – Dossiê Energia, Instituto de Estudos Avançados – IEA- USP, 392 p.

ALVIM, Carlos Feu, EIDELMA, Frida; MAFRA, Olga e FERREIRA, Omar Campos. Energia nuclear em um cenário de trinta anos. Estudos avançados – online-. 2007, vol 21, nº 59, PP 197-220. ISSn 01034014.

REIS, Lineu Bélico dos, energia, recursos naturais e a pratica do desenvolvimento sustentável /Eliane A. Amaral Fadigas, Claudio Elias Carvalho – Barueri, SP: manoele, 2005. 415p.

GONCALVES, Odair Dias e Ivan Pedro Almeida – a energia nuclear – revista ciência hoje vol. 37 n 220 p 36- 44.

CNEN - www.cnen.gov.br/cnen_99/educar/energia.htm#porque

Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – disponível em:

Eletronuclear – disponível em:

Indústrias Nucleares do Brasil (INB) – disponível em:


Sunday, April 25, 2010

HIDRÁULICA

Grupo 02

Autor: Adilson dos Santos Miranda

Revisores: Eric R.M., Luciano Fonseca e Villi Seilert


Desde tempos imemoriais, a água tem para o homem uma importância capital, seja para sua existência, seja para manutenção da vida. Além de sua relevância biológica, também se destaca seu valor social e econômico. O uso da água como recurso energético remonta aos primórdios do primeiro milênio, sendo que esse recurso passou a ser usado na geração de eletricidade no final do século XIX após a descoberta dessa. (REIS, 2003). Por fim, para entendermos um pouco mais o estado da arte da energia hidráulica no mundo e, sobretudo, no Brasil, faremos uma breve visita aos aspectos técnico-econômicos, sociais e ambientais.


Aspectos técnico-econômicos


O uso da energia hidráulica como meio para a geração de eletricidade só é possível porque a energia gravitacional potencial é transformada em energia cinética que, por sua vez, transforma energia mecânica em energia elétrica (REIS, 2003). Além disso, para que essa transformação seja possível em grande escala, faz-se necessário construção de barragens para a capitação da água dos rios e da chuva. Nesse sentido, para geração de energia elétrica, dois elementos são decisivos: o índice pluviométrico da região e a topografia (ATLAS).

Segundo dados na ONU, a quantidade de recursos hidráulicos teoricamente aproveitáveis para a geração de energia elétrica no mundo está na ordem de 10.000 a 20.000 TWh/ano (ATLAS), sendo que esse potencial tem uma relação direta com a quantidade de precipitação de chuva. Ademais, 65% desse percentual estão concentrados em apenas 10 países, o Brasil ocupar a terceira posição, ficando atrás de China e Estados Unidos respectivamente. No caso do Brasil, seu potencial está entre 501 e 2000 TWh/ano. No mundo, a energia elétrica gerada pela energia hidráulica corresponde a 19% do total, sendo que no Brasil ela corresponde a 70% (MATRIZ).

Quanto à possibilidade de transformação desse potencial hidráulico em energia elétrica, o Brasil teria um potencial hidrelétrico em torno de 260,1 TW, sendo que a capacidade instalada está por volta de 74.000 MW, não representando mais do que 28,4% de nosso potencial. Nesse sentido, temos um potencial não aproveitado (estimado e inventariado) em torno de 186.000 MW, dos quais apenas 68% foram inventariados. Há de se destacar que boa parte desse potencial se concentra na região amazônica com 50,2% e nas bacias dos rios Paraná e Uruguai com 29%. No entanto, a expansão da produção de energia nesses locais se esbarra em problemas de ordem distintas, neste o problema diz respeito à densidade populacional das áreas rurais; naquela se referem às questões ambientais (manutenção da biodiversidade) e às questões sociais (terras indígenas) (BERMANN, 2007). O restante desse total está no potencial estimado (feito em escritório), a saber, é a soma dos potenciais remanesceste e individualizado (ATLAS). Vejamos a divisão desse potencial para cada região brasileira (MATRIZ):
















Fonte: PDEE (2006-2015), MME/EPE (2006, SIPOT. Eletrobrás (2005).


Como podemos observar, está nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste a maior boa parte do parque gerador brasileiro, sendo que nas regiões Centro-Oeste e Norte se concentram a maior parte do potencial não aproveitado. Nesse sentido, a expansão do parque gerador brasileiro se iniciou em 1950 a partir da região Sudeste e foi se irradiando para outras regiões, ditado pelo ritmo do crescimento econômico brasileiro. Esse quadro aponta que de acordo com as necessidades enérgicas brasileiras, haverá uma forte tendência para expandir da produção de energia para região centro-norte (MATRIZ).

Segundo a Matriz, em 2030 mesmo havendo a utilização de quase todos os recursos hidrelétricos potenciais, algo em torno de 120 mil MW, não haverá energia elétrica o suficiente para atender a demanda, isto é, um aumento do consumo entre 950 e 1.250 TWh/ano, isto sinaliza que essa fonte se esgotará e que o país indubitavelmente recorrerá a outras fontes enérgicas para na geração de energia elétrica. O sentido desejável dessa expansão se daria inicialmente do potencial inventariado ao potencial estimado e do potencial das regiões sudeste-sul e somente depois ao potencial das regiões centro-norte, sendo que Amazônia se tornaria a última fronteira de exploração, a última alternativa. Todavia, o leilão de Belo Monte pode significar que as prioridades são relativas e que essa agenda pode ser alterada de acordo com os interesses em jogo.

A expansão apontada acima está atrelada ao crescimento da economia, pois existe uma relação direta entre o consumo de energia e o crescimento econômico, isto é, este determinará aquele. Assim se o crescimento do PIB for alto, haverá um incremento na demanda de energia. Em vista disso, o documento a Matriz 2030, estabelece alguns cenários os quais de acordo com o crescimento do PIB, haverá crescimento da demanda de energia. Esses cenários refletem como as condições macroeconômicas do mundo atingiram o Brasil e cobrem o período de 2005 a 2030, determinando qual seria a taxa média de crescimento do PIB para cada um deles. No caso, são vislumbrados três cenários: “A”, “B” subdividido em B1 e B2 e “C”. O cenário “A”, o melhor, caracteriza um mundo globalizado (Mundo uno) e o Brasil se aproveitando do bom momento, o qual a taxa média de crescimento do país ficaria em torno de 5,1%; o cenário “B”, o intermediário, caracteriza por um mundo dividido em blocos econômicos (Arquipélago), sendo que no cenário B1, o Brasil cresceria em média 4,1% e no B2, 3,2%; o cenário “C”, o pior, caracterizado por mundo isolamento e protecionista (Ilha), cresceríamos em média 2,2%. Desse modo, é a configuração de um desses cenários que determinará o incremento ou não do nosso parque gerador elétrico brasileiro.

Por outro lado, Bermann (2007) sugere a partir de outros autores que a política enérgica brasileira caminha lado a lado com o lucro de agente privados, sendo que os projetos de construção de barragem são pautados pela lógica do mercado, não levando em conta os aspectos ambientais e sociais em sua estação. Um exemplo disso foi a construção de Tucuruí, pois os investidores alegaram que não seria viável a exportação de alumínio pelo custo que a energia elétrica representaria ao preço final, contudo que o Estado subsidiou a produção desse minério, reduzindo o preço da energia elétrica. Ou seja, Tucuruí foi construída para atender essa indústria e não a sociedade como um todo. A decisão de fazer do Brasil um exportador de produtos eletrointensivos fez parte dos planos de desenvolvimento dos governos militares (VAINER, 2007), algo que não está muito distante da realidade presente, haja vista que entre as empresas do grupo que arrematou Belo Monte, há empresa do ramo da mineração.



Aspectos sociais e ambientais

Como todo lado tem seu verso, o verso do uso do potencial hidráulico brasileiro são as questões sociais e ambientais que, como parece, seus custos não são externalizados. Segundo Bermann, até o ano de 2007, 200 mil famílias foram expulsas ou deslocadas das áreas inundadas para a formação dos reservatórios, isso corresponde a uma área de 34. 000 km². Em outras palavras, essas pessoas são expulsas de suas áreas sem a devida indenização, quando recebem, uma vez que não é possível reproduzir seu modo de vida, perdendo para sempre cultura, memória e identidade construídos no local em nome de um chamado ‘desenvolvimento’. Assim, além dos problemas sociais causados, há um grande prejuízo ao meio ambiente como: “alteração do regime hidrológico”, “comprometimento da qualidade da água”, “assoreamento dos reservatórios”, “emissão de gases de efeito estufas”, “problemas de saúde pública”, “dificuldades de assegurar o uso múltiplo das águas” entre outros (BERMANN, 2007).

Portanto, para se fazer uso ‘racional’ de nosso potencial hidráulico, os aspectos sociais e ambientais devem ter o mesmo peso para a construção ou não de um reservatório, pois transformar grandes áreas de nossos territórios em “jazidas energéticas” para a exportação de energia elétrica embutida em produtos e o favorecimento de alguns, não justifica os prejuízos às populações ribeirinhas e ao meio ambiente, já que esses são geralmente irreparáveis.


Conclusão


Segundo o Ministério das Minas e Energia (2010), a entrada de Belo Monte em operação vai significar 4.571 MW médios de energia elétrica acrescentado ao Brasil, sendo que sua capacidade instalada será de 11.233 MW atingidos somente no período de chuvas. Portanto, o Brasil só poderá conta de fato com 4.571 MW, o que não justificaria um projeto de tamanha envergadura, pois apenas com a “repotenciação das usinas” em operação, poder-se-ia aumentar a capacidade de geração de energia em 12%, ou seja, fazendo a repotenciação pesada, ter-se-ia 8.093 MW a nossa disposição sem a construção de uma única usina. Além dessa possibilidade, a “complementação da motorizarão”, acrescentaria ao sistema elétrico algo em torno de 4,4 MW (BERMANN, 2007), também sem a inundação de um único km². A soma dessas duas possibilidades superaria o potencial instalado de Belo Monte a um custo bem menor em todos os sentidos.

Devemos estar atentos para o plexo de interesses envolvidos na questão de produção de energia elétrica no Brasil, pois muitas das vezes se alega o interesse público como justificativa, mas o fim da geração da energia acaba não sendo a sociedade.


Referências


BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Usina de Belo Monte é licitada com deságio de 6%. Disponível em <http://www.mme.gov.br/mme/noticias/destaque_foto/destaque_0082.html>. Acessado em: 25 de abril de 2010

BRASIL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Atlas de energia elétrica do Brasil.

Brasília: Aneel, 2008.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Matriz Energética Nacional 2030 / Ministério de Minas Energia; colaboração Empresa de Pesquisa Energética. _ Brasília: MME: EPE, 2007.

BERMANN, C.. Impasses e controvérsias da hidreletricidade. Estud. av. [online]. 2007, vol.21, n.59, pp. 139-153. ISSN 0103-4014.

REIS, L. B.; FADIGAS, E. A. A.; CARVALHO, C. E.. Energia, Recursos Naturais e a Prática do Desenvolvimento Sustentável. Monole. São Paulo, 2005.

VAINER, C. B.. Recursos hidráulicos: questões sociais e ambientais. Estud. av. [online]. 2007, vol.21, n.59, pp. 119-137. ISSN 0103-4014.

Friday, April 23, 2010

terças ambientais - 27/04

ocê está convidado para as palestras das Terças Ambientais do Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília irão começar. A série "Terças Ambientais" abre o espaço para palestrantes convidados de diversos setores da sociedade civil, universidade, indústria e governo debaterem com o público acadêmico e em geral sobre assuntos relevantes ligados a planejamento e gestão ambiental. Contamos com sua presença!

Apresentamos Saulo Rodrigues Filho, professor adjunto e coordenador do Programa de Pós-Graduação do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS-UnB).

Tìtulo da palestra: Um passeio pelo aquecimento global – do alarmismo ao ceticismo, passando pela sensatez
Local:Sala B-205
Horário: 7:30-8:45 da noite
SGAN 916 Campus 2 da Universidade Catolica de Brasili
Data: 27/04/2010
Local:Sala B-205
Horário: 7:10-8:45 da noite
SGAN 916 Campus 2 da Universidade Catolica de Brasili
O tema central das Terças Ambientais neste primeiro semestre de 2010 é muito controverso e extremamente relevante: Mudança Climática e Políticas de Planejamento e Gestão. A estratégia de planejar e gerir a Mitigação das causas do aumento das emissões de gases do efeito estufa tem sido considerada prioritária para muitos países. Nos últimos anos, porém, a estratégia de Adaptação aos efeitos da mudança climática ficaram somente restritos aos debates entre cientistas e formuladores de políticas. Em 2009, o Brasil apresentou o Plano Nacional de Mudança Climática no encontro de Coppenhagen, com políticas de redução de GEF e um plano de mitigação por setores econômicos bem definidos, porém com um plano de Adaptação que deixa muitos espaços em branco. A adaptação se configura como necessária para responder, de forma eficaz e eqüitativa, aos impactos esperados não apenas pelas mudanças climáticas, mas também pela variabilidade do sistema do clima. Assim, estará o PNMC de fato contemplando os desafios e preparado para uma política orquestrada de Adaptação?


Monday, April 19, 2010

O papel da eletricidade na sociedade. Postagem "B"

Energia - 7 – 20/04/2010
Postagem “B”

Autor: Paulo Silva
Revisores (as): Andrea Bartonelli, Cilma Paula de Azevedo João Batista de Freitas Brasil e Nanci Gharib Shehata.

O papel da eletricidade na sociedade.

Ficando claro que ao acionarmos o interruptor de luz da nossa casa, facilitando nossas vidas no mundo de hoje, estamos utilizando um serviço essencial, que é o resultado de um complexo sistema interligado, que utiliza recursos naturais, promovendo a conversão e o transporte da energia elétrica que move o desenvolvimento e possibilita à modernidade participar do nosso cotidiano, é importante destacar que no Brasil, utilizamos cerca de 30% do nosso potencial hidrelétrico, enquanto que Europa e Estados Unidos, já utilizam quase todo seu potencial.

Segundo o Atlas de Energia da ANEEL, 95% da população é atendida pelo mais universalizado dos serviços, a eletricidade.
Nosso sistema, que utiliza em sua quase totalidade a energia hidrelétrica, dispõe de mais de 90 mil quilômetros de linhas de transmissão que são operadas por 64 concessionárias. Na geração de energia o Brasil conta com 1768 usinas em operação, sendo 159 hidrelétricas, 320 pequenas hidrelétricas (PCHs), 2 usinas nucleares, 1.048 termoelétricas ( gás, biomassa, óleo diesel e combustível), 227 centrais hidrelétricas - 1 solar, que correspondem a uma capacidade instalada de 104816 MW ( mega watts).

Novas e polêmicas obras estão projetadas, e em processo de implantação, o que tem gerado atritos entre a União, responsável pela política energética, e os atingidos por essa ação, geralmente ribeirinhos e pequenos proprietários, ou índios , que habitam as proximidades das áreas atingidas pela inundação, e formação do lago acumulador do potencial hidrelétrico. E, também, de movimentos ambientalistas.

Nesse universo de grande contencioso, Nogueira (2007) busca inspiração na experiência de países que esgotaram seus potenciais e investiram, nos últimos anos, na conservação de energia. O autor chama de fonte oculta de energia, o equacionamento das perdas e o uso racional da energia gerada.

Os efeitos termodinâmicos da conversão, acumulação e transmissão, produzem inevitáveis perdas, intrínsecas aos sistemas elétricos. Nogueira (2007) propõe classificar suas causas, separando-as em três grupos:
1- Projeto Deficiente: Concepção errônea do desempenho de materiais, do processo de fabricação, etc.
2- Operação Ineficiente: Operadas de forma perdulária ou irresponsável.
3- Manutenção Inadequada: procedimentos inadequados de manutenção corretiva e preventiva, com corretas regulagens e controle dos sistemas.

Os estudos preliminares que projetam cenários energéticos para o ano 2030, indicam valores expressivos resultantes das ações que poderão ser implementadas objetivando a conservação de energia, minimizando o descompasso entre as disponibilidades e as demandas do setor elétrico.

Esses estudos sugerem medidas para o incremento de ações que busquem eficiência energética classificando o mecanismo de fomento em dois perfis:
A- Mecanismo de base tecnológica: que implica na implementação de novos processos e na utilização de novos equipamentos que permitam reduzir as perdas de energia;
B- Mecanismos de base comportamental: que se fundamenta nas mudanças de hábitos e padrões de utilização, reduzindo o consumo energético sem alterar o parque de equipamentos conversores de energia.

Imagina poder obter de 15 a 30% de economia junto ao setor residencial, somente por alterações de hábitos de impacto energético, como ajuste dos termostatos das geladeiras e dos aparelhos de ar condicionados. A freqüência do uso de ferros elétricos de passar roupas e máquinas de lavar.

Numa outra vertente, a busca do conhecimento mais aprofundado dos sistemas energéticos, no tempo e no espaço, conceito que extrapola os equipamentos considerando os insumos e os efeitos de suas fabricações, operações e disposições finais. Essa abordagem que utiliza como instrumento a análise do “ciclo de vida”.
Entender a importância do uso irracional e da gestão da demanda de energia tem promovido importantes decisões governamentais em diversos países, principalmente os mais desenvolvidos, que atingiram um patamar limítrofe do uso de seus potenciais e que obtiveram significativos resultados sobretudo benefícios ambientais decorrentes do consumo energético.

Usaram a estratégica da propaganda e sensibilização por vários meios de comunicação objetivando a conscientização da sociedade para o uso eficiente da energia, estabelecendo normas, incentivos financeiros para produtos equipamentos e serviços que possibilitassem melhorias na eficiência energética.

No Brasil o primeiro programa denominado CONSERVE, de 1981, promoveu diagnósticos em estabelecimentos industriais e comerciais para identificar o potencial de redução das perdas de energia. E, em 1984, o INMETRO, iniciou um programa voltado para a avaliação de desempenho e informação aos consumidores, que possibilitou uma importante articulação entre fabricantes e fornecedores. Em 1985 foi criado o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, com ampla ação em diversos setores, obtendo expressivos resultados e de modo complementar a Agencia Nacional de Energia Elétrica - em 1999-, promoveu o Programa de Eficiência Energética (PEE), que orienta a aplicação de 0,5% do faturamento das concessionárias de energia elétrica, na conservação e eficiência energética. O programa possibilitou a redução de 20% do consumo de energia.

No entanto, Nogueira (2007) enxerga a cogeração de energia como importante fator de potencial ignorado do uso eficiente dos recursos energéticos, pois passa despercebida pela maioria dos consumidores de combustível em aquecedores, fornos e caldeiras. Ao utilizar de forma simplificada os balanços para avaliação de desempenhos desses equipamentos térmicos, é usual determinar rendimentos elevados, dando a impressão que as perdas de energia observadas pelas chaminés representam uma pequena parcela associada ao processo de combustão e transferência de calor.
Entretanto, ao aplicar corretamente os princípios da termodinâmica, observa-se que utilizar um combustível com temperaturas de chama superior a 1200°C, para atender demanda térmica a temperaturas inferiores a 200°C, perde-se importante capacidade de produzir potência útil.

Como exemplo de emprego satisfatório de cogeração, o autor cita as usinas de açúcar e etanol, que queimam o bagaço da cana em caldeiras, gerando vapor de alta pressão que se expande em turbinas até a pressão utilizada no processo industrial, gerando grande quantidade de energia elétrica e alcançando a auto-suficiência do consumo. Também a indústria química, têxtil, centros comerciais, hotéis, aeroportos, hospitais, dentre outros, poderão com eficiência adotar a cogeração promovendo assim, uma grande mudança no sistema energético brasileiro.

Em muitos países industrializados a combinação energia elétrica mais calor útil, tem sido estimulada com significativos ganhos econômicos e sobretudo ganhos ambientais. Nos Estados Unidos, só em cogeração estimulada nos últimos 15 anos, a capacidade instalada é igual à capacidade instalada de todo sistema hidrelétrico brasileiro. Baseado em dado como esse, Nogueira (2007), propõe a revisão dos marcos regulatórios da política brasileira, para que ao buscarmos a eficiência e conservação de energia possamos compreender que ela é um meio e não um fim.

Referências Bibliográficas

NOGUEIRA, Luiz A. H. Uso racional: a fonte energética oculta. Estudos Avançados.São Paulo, vol.21, n°59, Jan./Apr. 2007

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Matriz Energética Nacional 2030. Brasília, 2007.

Atlas da Energia Elétrica no Brasil, 2008. ANEEL. 3ª Edição. 236p. il.

Sunday, April 18, 2010

O Papel da eletricidade na sociedade - Postagem A

Energia - 7 – 20/04/2010
Postagem “A”

Autora: Cilma Paula de Azevedo
Revisores (as): Andrea Bartonelli, João Batista de Freitas Brasil, Nanci Gharib Shehata e Paulo Tarso.

O Papel da eletricidade na sociedade.

A sociedade deve participar ativamente na definição do modelo de desenvolvimento que será utilizada em sua nação.
No Brasil observa-se que os governantes apresentam dificuldades em focar as suas políticas no desenvolvimento sustentável. Isto contribui para o aumento da utilização de energias não renováveis tais como as termelétricas que utilizam combustíveis fosseis como carvão, derivados do petróleo e gás natural. Os fatores que contribuem para isso foram: o racionamento de energia elétrica que ocorreu em 2001 devido às questões meteorológicas e ao investimento inadequado do Estado; o tempo de construção das termelétricas serem três anos – enquanto as hidrelétricas são cinco anos; o licenciamento ambiental das termelétricas é realizado em poucos meses, enquanto as hidrelétricas demoram alguns anos.
O Brasil possui condições favoráveis para a utilização das hidrelétricas. Segundo Rosa (2007), ocupamos a primeira posição mundial em recursos hídricos, 8,2 Km³ / ano. No entanto, utilizamos aproximadamente 25% do potencial hidrelétrico, já os EUA utilizam 80% mesmo sendo o sexto país no ranking de recursos hídricos tendo 2 Km³ / ano.

Observa-se que a tendência de abandono da hidroeletricidade é ocasionada pelos aspectos ambientais e dos movimentos contra grandes represas. O que falta por parte do Estado é habilidade e interesse em negociar com a sociedade, especialmente os movimentos ambientalistas, para mostrar a qualidade dos seus projetos e quando houver embasamento no posicionamento da sociedade civil rever as dimensões das áreas inundadas. Temos o exemplo da Eletrobrás que reduziu a área inundada de Belo Monte para diminuir os impactos ambientais.

Já na utilização da geração nuclear de energia elétrica no Brasil, as construções foram iniciadas no governo militar (1970/1980), onde foi assinado um Acordo Nuclear em 1975 com a Alemanha e o objetivo era de construir oito reatores de 1.300 MW e, ainda, realizar a transferência da tecnologia do ciclo de combustível. Hoje somente um reator do Acordo foi construído, o de Angra II. Embora a energia nuclear não emita gases de efeito estufa, comparada as termelétricas, apresenta-se as seguintes críticas: o passivo ambiental alto; a falta de solução mundial na destinação dos rejeitos de radioatividade; e a insuficiência do plano de evacuação da população vizinha.

Diante deste contexto a WWF, ONG - Organização Não Governamental, e outros parceiros encomendaram, aos pesquisadores da Unicamp e do International Energy Initiative, o estudo intitulado “Agenda Elétrica Sustentável 2020” que faz a recomendação que a segurança energética e a climática no Brasil, seja realizada por meio de uma política mais agressiva em eficiência e da implantação de mais fontes de energia renovável.

Foram comparados dois cenários: o Tendencial que segue as tendências atuais a partir de dados oficiais e o Elétrico Sustentável que busca a sustentabilidade. Ambos os cenários tiveram as mesmas hipóteses de crescimento e condições de desenvolvimento da população.

Caso seja colocado em prática a Agenda Elétrica Sustentável serão alcançados os seguintes resultados em 2020: haverá a redução de demanda de eletricidade em até 40%; ocorrerá a economia de 33 bilhões de reais na conta nacional de eletricidade; as emissões de CO2 se estabilizam na faixa de 20 milhões de toneladas CO2; as emissões de óxido de nitrogênio (NOx) poderão ser reduzidas de 7 milhões em 2004 para 5,5 milhões de toneladas de NOx para o ano 2020, mas poderiam atingir 17 milhões de toneladas em 2020 no cenário Tendencial; quanto a comercialização dos créditos de carbono resultantes do cenário Elétrico Sustentável – utilizando a projeção para 2020 de 32 euros / ton CO2 - haveria um crédito de R$5,6 bilhões ou cerca de 2% do seu custo total; serão evitadas a emissão de 413 milhões de toneladas CO2, superando a marca de 403 milhões de toneladas de CO2 evitadas pelo Proálcool de 1975 e 2000.

O Plano para a Agenda Elétrica Sustentável 2020 indica as seguintes medidas:

Leilões de eficiência energética: determinando a quantidade certa de energia a ser conservada e a sua respectiva comercialização;

Padrões de eficiência energética: A Lei de Eficiência Energética deve ter sua implementação priorizada, por meio de aprovação acelerada de padrões de desempenho energético para equipamentos com índices mais agressivos de redução de consumo, com a promoção de tecnologias e processos mais eficientes em toda a cadeia produtiva e implementar políticas dirigidas para redução de perdas técnicas de transmissão e distribuição;

Licitações tecnológicas: O setor público representa cerca de 10% do consumo total de eletricidade e podem especificar padrões de desempenho para estimular o desenvolvimento e oferta de produto para atender a demanda;

Metas para investimentos em eficiência: Os investimentos compulsórios das empresas de eletricidade em seus programas de eficiência energética e Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), além de melhorar a coordenação do Fundo Setorial de Energia (CTEnerg) e definir metas para os resultados de investimentos em eficiência com o fortalecimento do monitoramento, a verificação e avaliação de resultados em termos de MWh conservados e MW evitados, resultantes da aplicação desses recursos;

Programa Nacional de Geração Distribuída (Progedis): neste programa estariam previstos incentivos estáveis, transparentes e que permitam o aproveitamento do potencial dessas tecnologias;

Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica. Segunda fase (Proinfa II): O anúncio e a implementação de uma segunda fase do Proinfa têm como objetivo garantir 10% da produção de eletricidade a partir de fontes renováveis, até 2010, e chegar a 20% em 2020;

Programa Nacional para a Energia Solar Térmica (Prosolter): aproveitar efetivamente o potencial da energia solar térmica no Brasil, criando um programa nacional para essa fonte de energia limpa e barata;

Redução dos subsídios para as fontes convencionais de energia: É necessária uma redução e eventual eliminação de subsídios para fontes convencionais, como a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) que distorce o mercado em favor de combustíveis fósseis como carvão e diesel;

Disseminação constante de informação: fortalecer os programas de informação, tais como o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), o Programa Nacional de Racionalização do Uso de Derivados do Petróleo e do Gás Natural (Conpet) e das próprias companhias de energia, mantendo continuadamente e regularmente a disseminação de informações atualizadas sobre tecnologias de energia e maneiras mais eficientes de sua utilização.

O desafio é grande e muitas pessoas podem achar uma utopia a Agenda Elétrica Sustentável 2020, mas se houver interesse de todos na utilização de uma matriz energética mais limpa o Brasil - tendo como referência a Agenda ou/e outras propostas - poderá fortalecer seu papel nas negociações internacionais sobre energias renováveis e mudanças climáticas.

Referências Bibliográficas


ROSA, Luiz P. Geração hidrelétrica, termelétrica e nuclear. Estudos Avançados.São Paulo, vol.21, n°59, Jan./Apr. 2007

WWF – Brasil, Cenários para um setor elétrico eficiente, seguro e competitivo. Estudos Avançados.São Paulo, vol.21, n°59, Jan./Apr. 2007

Friday, April 16, 2010

Quando a ficção constrói a realidade?

Mais uma sobre Belo Monte!!!



Por Luiz Antônio Gaulia*, da Plurale




James Cameron, diretor de cinema canadense e criador do épico ambientalista Avatar – monumental sucesso de bilheteria nos cinemas, colocou o Brasil na rota do lançamento da versão em DVD de seu filme. Cameron já tinha participado como palestrante do 1º Fórum Internacional de Sustentabilidade, em Manaus (AM). No Brasil, mais uma vez, plantou árvore em São Paulo e em seguida juntou-se a uma manifestação em Brasília contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.

Como vivemos numa democracia, ainda bem, até visitantes estrangeiros podem fazer barulho para demonstrar sua insatisfação contra um projeto que, com certeza, é polêmico desde sua concepção. A obra vai gerar impacto ambiental de peso, alagando uma área da floresta amazônica equivalente a 70 mil campos de futebol, segundo previsão da ONG Greenpeace.

Cameron veio acompanhado da atriz Sigourney Weaver que atua em Avatar como uma cientista ambiental e politicamente correta, que defende os “bons selvagens” que vivem numa floresta exuberante do distante planeta de Pandora. Ou seja, nada mais comercialmente válido para o lançamento de um produto de entretenimento do que misturar realidade e ficção. Com todo respeito à causa (eu concordo que vale a pena chamar a atenção para os riscos de uma obra da envergadura de Belo Monte) pergunto, entretanto o quanto de oportunismo não existe nesse tipo de estratégia de marketing e promoção. Aonde quer chegar o famoso cineasta com todo esse espetáculo – dentro e fora dos cinemas?

Numa entrevista para a revista Veja (edição de 14 de abril, 2010) James Cameron coloca: “Avatar 2 e Avatar 3 precisam responder: a humanidade pode ser salva? (...) Os seres humanos serão capazes de absorver as idéias poderosas de Pandora e aplicá-las à própria vida, de maneira a recuperar tudo o que perderam? (...) O primeiro Avatar é apenas um tiro inaugural de uma gigantesca batalha de idéias e civilizações”. Ou seja, nunca foi tão atual ter “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça” como armas de convencimento e sedução.

E Avatar tem um enorme apelo emocional. A começar pela nova tecnologia empregada. Além de produzido com sensacionais efeitos visuais, traz a mais recente tecnologia em terceira dimensão e alta definição. Na sala escura do cinema qualquer espectador vivencia a ficção quase como a própria realidade. Se não fosse a passividade com que recebe as mensagens do filme, a experiência seria completa.

Como Hollywood já fez muitas vezes, Avatar coloca mocinhos e bandidos em confronto numa nova fronteira do velho oeste. O bang bang entre os bons e os maus é recheado com um singelo e puro romance de um soldado e uma nativa de Pandora. Uma repetição da conhecida história de amor entre a índia Pocahontas e o Capitão John Smith ou, para os brasileiros, uma releitura modernosa de “Iracema – A Virgem dos Lábios de Mel”. Com a diferença: a Iracema de Avatar guarda os segredos das exuberantes florestas de Pandora ao invés dos segredos do licor de Jurema, da tribo Tabajara.

Assim, mais uma vez, a ficção nos enche de esperança e sonhos, a imaginação quer conquistar o poder e nas três horas de filme ganhamos a primeira batalha na defesa da natureza. Como prega James Cameron em sua entrevista, meio que fascinado com sua criação e inebriado com sua missão salvadora.

Maravilha. Mas voltemos para Belo Monte. Deixemos o espaço sideral e mergulhemos nas terras e na vida real do Brasil. Sei que o impacto das mudanças climáticas não pode mais ser negado ou desmerecido. Entendo que a Amazônia - se não é o “pulmão do mundo”, é com certeza um grande condicionador de ar, influenciando temperaturas e regime de chuvas. Contudo, percebo que o discurso da defesa do meio ambiente pode ser usado para o bem ou para o mal e que questões econômicas e políticas embalam todo esse movimento.
Também devemos reconhecer que obras feitas através de um estilo “Prá Frente Brasil”, muito semelhante aos tempos do regime militar, buscando o crescimento econômico a qualquer preço são geradoras potenciais de conflitos e ações jurídicas após sua execução. Lembremos da Transamazônica e da usina de Balbina, além das centrais nucleares construídas entre dois centros populacionais urbanos como o Rio de Janeiro e São Paulo, num dos mais belos litorais do Brasil.

Impossível ainda fugir da constatação de que é preciso dar conta das demandas energéticas que o país precisa para manter seu crescimento econômico. Todo mundo quer ligar sua televisão, seu computador, sua geladeira, não é mesmo? Até mesmo muitas tribos indígenas da Amazônia já querem esse tipo de progresso.

Por isso, o que busco pontuar nessa análise é que o projeto de Belo Monte deve ser discutido com muita atenção por parte do Congresso Nacional, do Ministério Público, dos órgãos reguladores e fiscalizadores, do IBAMA, do MMA, do MME e das universidades. A imprensa deve fazer sua parte na divulgação dos diferentes pontos de vista. E as comunidades locais devem ser ouvidas – pois serão diretamente afetadas. Os riscos são grandes de se produzir energia com um impagável custo socioambiental.

Dessa forma, o que menos precisamos é de show, espetáculo e “marqueteiros” em torno de um assunto tão sério. Porque filme a gente vê no cinema e em obra de ficção cabe de tudo. Já a vida fora do telão e da telinha é totalmente diferente. Não vamos confundir as coisas para não correr o risco de ficarmos com a cabeça e os pés nas nuvens.

Além do mais, o Brasil já tem muito diretor de cinema para subir em palanque. Não precisamos de mais um vendedor de sonhos “bem intencionado”. Com uma caixa de DVDs made in Pandora debaixo do braço, repleta de delírios espetaculares.

(*) Luiz Antônio Gaulia é especialista em Comunicação Empresarial e Comunicação para a Sustentabilidade. Atualmente é consultor da Rebouças&Associados trabalhando com Comunicação para Transformação em empresas como Petrobras, Light. entre outras. http://gaulia.blogspot.com/




(Envolverde/Plurale)

Mentiras e verdades sobre Belo Monte

Achei esse texto, e acho que será de muita valia para nossa discussão em sala a respeito da implantação da Usina de Belo Monte.



Por Telma Monteiro*, para o Mercado Ético




1. Saiba por que a energia gerada por Belo Monte não poderia ser considerada de uma fonte limpa

Mentira – as autoridades do governo dizem que construir grandes hidrelétricas na Amazônia pode gerar uma energia limpa

Verdade – a energia hidrelétrica não pode ser considerada limpa porque põe em risco a vida dos povos indígenas e das populações tradicionais; ameaça a biodiversidade e os ecossistemas;

Mentira – a energia gerada por hidrelétricas é renovável

Verdade – a energia gerada por hidrelétricas não é renovável como não é renovável a vida dos povos indígenas, a vida das populações tradicionais e a biodiversidade que sofrem os impactos de barragens;

Mentira – o trecho do rio Xingu chamado Volta Grande não vai sofrer alterações com a vazão reduzida

Verdade – na Volta Grande do Xingu a escassez da água em conseqüência da barragem no sítio Pimental vai levar à extinção de espécies de peixes, impedir a navegação dos ribeirinhos e indígenas, destruir a mata ciliar e criar pequenos lagos de águas paradas onde mosquitos e larvas de doenças como dengue e malária se multiplicarão facilmente.

Mentira – depois de construída a barragem e do enchimento dos reservatórios os impactos cessarão

Verdade – os impactos começam antes das obras com o aumento de população em busca de oportunidades; em seguida vêm os impactos decorrentes do desmatamento, da construção de canteiros de obras e barragens, das escavações, da presença de operários, depredação da caça e da pesca, da violência, das doenças e da prostituição infantil; após as obras civis vem o enchimento dos reservatórios que contribui com o aquecimento global com a emissão de gás metano e, finalmente, depois de autorizada a operação da usina, os impactos continuarão por toda a sua vida útil e mais além, após sua desativação;

Mentira – os povos indígenas e as comunidades foram consultados sobre a usina

Verdade – faltou transparência das autoridades que tomaram a decisão de fazer Belo Monte e faltou diálogo com os povos indígenas e os ribeirinhos; as audiências públicas não foram suficientes para discutir o projeto e só serviram para que as autoridades do governo, Ibama e os responsáveis pelos estudos ambientais tivessem a oportunidade de “enfiar Belo Monte goela abaixo da sociedade”; a Constituição Federal diz que tem que haver o consentimento livre, prévio e informado dos povos indígenas.

Mentira – vai faltar energia elétrica para a população

Verdade – a energia que o governo pretende gerar em Belo Monte será direcionada para as grandes empresas produtoras de alumínio para exportação e vai beneficiar apenas os grandes empresários desse setor; as indústrias são automatizadas e a quantidade de trabalhadores necessários é pequena;

Mentira – Belo Monte será a terceira maior hidrelétrica do mundo

Verdade – Belo Monte será a maior obra de barragem do mundo e a mais complexa, mas vai gerar apenas um terço da energia que as autoridades estão prometendo; o rio Xingu não é apropriado para gerar energia o ano inteiro devido aos períodos de cheias curtos e de secas prolongadas; para que Belo Monte gerasse a energia que estão prometendo seria necessária a construção de mais cinco hidrelétricas.

Mentira – os estudos ambientais foram aprovados pelo Ibama

Verdade – os estudos ambientais não foram aprovados pelos técnicos do Ibama, eles foram aprovados pelo seu presidente sob pressão política do governo; alguns foram demitidos porque se recusaram a atestar a viabilidade ambiental de Belo Monte; a Licença Prévia que foi concedida contrariou o parecer dos técnicos e foi dada devido às pressões políticas do governo federal; os técnicos apontaram 40 irregularidades no projeto de Belo Monte e essas irregularidades foram transformadas em condições a serem cumpridas futuramente sem que se saiba quem vai fiscalizar seu cumprimento;

2. Saiba por que Belo Monte não seria um investimento necessário para o desenvolvimento do Brasil

Mentira – governo diz que a energia de Belo Monte será barata

Verdade – o governo vai comprar por 30 anos a energia de Belo Monte e dar desconto de 75% no imposto de renda por dez anos para o consórcio que for vencedor e isentar os empreendedores da obrigação de pagamento de PIS e COFINS durante as obras civis; o BNDES, banco do governo, vai financiar a construção de Belo Monte com juros mais baixos que os de mercado; com o desconto do IR, a isenção dos impostos e o financiamento de 80% de Belo Monte por um banco público, a energia comprada ficará muito mais cara;

Mentira – Belo Monte é viável economicamente

Verdade – Belo Monte vai custar tão caro e tem tantas incertezas sobre quanto iria realmente gerar de energia que torna inviável sua construção; o próprio Tribunal de Contas questionou os valores apresentados pelas autoridades do governo e os custos ambientais e sociais para construir a hidrelétrica; seria impossível contabilizar os custos de todos os impactos que destruiriam aquela região do Xingu onde pretendem construir Belo Monte; seria impossível contabilizar também os custos das medidas necessárias para corrigir os impactos que afetariam a sobrevivência dos povos indígenas e dos ribeirinhos, como a perda do turismo, da atividade pesqueira, da cultura, dos laços sociais e familiares; problemas como contaminação dos poços, da perda da biodiversidade, de enchentes graves ou de secas piores que podem alterar para sempre os rios da região e levar à extinção da flora e da fauna.

Mentira – as obras de Belo Monte vão criar empregos

Verdade – os trabalhadores das grandes empreiteiras que fazem usinas hidrelétricas são terceirizados – funcionários de outras empresas pequenas com sedes em outros Estados do Brasil – essas empresas já treinaram seus funcionários que são removidos para onde estão as obras; a mão de obra necessária não qualificada local é pouca e é utilizada durante a fase de desmatamento; são serviços temporários de curta duração; algumas empresas terceirizadas acabam admitindo pessoal sem registro em carteira e em condições quase de escravidão como aconteceu nas obras do rio Madeira em Rondônia.

Mentira – as empresas do consórcio vencedor do leilão vão resolver os problemas da região

Verdade – esses problemas – saúde, educação, esgoto, água, estradas – devem ser resolvidos pelas prefeituras e pelo Estado do Pará, pois há recursos dos impostos para isso; quando as empresas dizem que vão resolver essas deficiências, na verdade estão pondo isso nos custos do empreendimento que pretendem construir; o cidadão então paga duas vezes: uma quando paga seus impostos embutidos nos preços dos alimentos, eletrodomésticos ou do desconto do IR na fonte e outra quando o governo está pagando uma energia mais cara para que as empresas falsamente façam o papel dos administradores públicos e construam escolas, postos de saúde, hospitais; essas são promessas que acabam no final não sendo cumpridas e os cidadãos da região pagaram duas vezes por aquilo que não receberam.

3. Saiba quais seriam as alternativas para substituir a energia de Belo Monte

Mentira – sem Belo Monte vai ter apagão

Verdade – não vai haver apagão; o governo usa essa história do apagão como desculpa para construir grandes hidrelétricas que só serão importantes para grandes empresas que exploram os recursos naturais para exportar produtos que precisam ser fabricados com o uso de muita energia; essas obras de grandes barragens são importantes para as grandes construtoras e fabricantes de cimento que acabam financiando campanhas eleitorais.

Mentira – sem Belo Monte terão que construir usinas a carvão

Verdade – o crescimento da economia não depende da construção de hidrelétricas; a sociedade ainda precisa discutir como quer que seja o desenvolvimento da economia: com energia realmente limpa como aquela gerada pelos ventos – eólica ou pelo sol – fotovoltaica; não é preciso construir usinas termelétricas a carvão e a óleo diesel se forem feitos investimentos em manutenção das linhas de transmissão, recuperação das antigas usinas hidrelétricas que já perderam sua capacidade de geração e se houver campanhas de combate ao desperdício;

Telma D. Monteiro, Coordenadora de Energia e Infra-Estrutura Amazônia da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé



(Envolverde/Mercado Ético)

Belo Monte poderá ter melhores condições de financiamento do BNDES que outras usinas

Por Alana Gandra, da Agência Brasil

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve anunciar nesta quinta-feira (15) as condições financeiras de crédito ao projeto da hidrelétrica de Belo Monte, que será construída no Rio Xingu, no Pará. A informação foi dada nesta quarta-feira (14) pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

"O banco irá financiar a hidrelétrica dentro do seu limite de prudência em relação ao patrimônio de referência, hoje de R$ 13 bilhões, no máximo, em financiamento direto”, explicou Coutinho. Esse limite equivale a 25% do patrimônio de referência do banco.

Segundo o diretor da Área de Infra-Estrutura do BNDES, Wagner Bittencourt, isso não descarta, porém, a possibilidade de o banco financiar os ganhadores do leilão por meio da rede de agentes bancários. “Vai depender da capacidade do projeto de absorver dívida”, afirmou Bittencourt.

Luciano Coutinho admitiu que as condições de financiamento para a Usina de Belo Monte poderão ser melhores do que as concedidas para as usinas de Jirau e de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia. De acordo com Coutinho, isso se explica porque “Belo Monte é um projeto pelo menos duas vezes maior e tem mais riscos do ponto de vista geológico”.

Ele reconheceu que o BNDES está um pouco atrasado na divulgação das condições financeiras, porque “queria aumentar a competitividade no processo”. De acordo com Coutinho, o BNDES está trabalhando para viabilizar o leilão, programado para o próximo dia 20.

Coutinho ressaltou que o projeto tem demanda e licenciamento ambiental com salvaguardas estabelecidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “É uma oferta de energia mais limpa. Não fazê-lo significa, eventualmente, ter de lançar mão de termelétricas e de outras fontes mais poluentes”, afirmou.

Ele disse ainda que o banco vai trabalhar junto com os municípios e governos locais para cuidar da eficiência do projeto de maneira “mais engajada e preocupada”. Em todos os leilões de energia hidrelétrica, a participação do BNDES no financiamento dos projetos chega, em média, a 70%.

(Envolverde/Agência Brasil)

Thursday, April 15, 2010

Alemanha 09.03.2010
Alemanha é primeira na UE a criar sistema de certificação para biocombustível


Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Toda a cadeia de produção de biocombustível terá que ser certificada
País é o primeiro a criar sistema de certificação para empresas da cadeia de biocombustível. Para ambientalistas, regras ainda são tímidas.

A Alemanha largou na frente da União Europeia como primeiro país do bloco a aprovar um sistema de certificação para biomassa e bioenergia.
A partir de julho de 2010, as empresas envolvidas do ramo terão que provar que o sistema de produção causa o mínimo impacto possível no meio ambiente. Na Alemanha, a produção de bionergia é feita especialmente a partir dos óleos de canola, palma e soja.
As regras estão sendo elaboradas pelo International Sustentability and Carbon Certification, ISCC. O órgão recebeu autorização para atuar no começo de março e ditará as normas para quem pretenda obter o selo de produção sustentável.
As empresas que quiserem se candidatar ao programa de redução de impostos do governo alemão terão, obrigatoriamente, que ser certificadas. "Isso tem um impacto claro no lucro dessas empresas", disse à Deutsche Welle o representante da ISCC Jan Henke, sobre o programa de certificação.
Caminho para certificação
Segundo as diretrizes da União Europeia, os países do bloco precisam garantir que a produção de biomassa não acarrete a degradação ambiental em outras nações. Em países como Paraguai e Malásia, por exemplo, grandes áreas de floresta tropical foram transformadas em plantações de palma, para a extração de óleo.
Outra exigência do bloco é que a produção de biocombustível reduza as emissões de gases do efeito estufa em até 35%, em comparação com o combustível fóssil.
"Com a aprovação do ISCC, somos o primeiro país a ter capacidade de seguir as regras sustentáveis de produção de biomassa", defende Julia Klöckner, do ministério alemão da Agricultura.
Efeito reverso
O sistema de certificação foi bem aceito pelas associações ambientalistas na Alemanha – como WWF e Nabu (Federação de Proteção Ambiental da Alemanha) – mas com ressalvas.
"Nós achamos que os critérios mínimos estipulados pela União Europeia são relativamente fracos", disse Dietmar Geliger, da Nabu. Para o ambientalista, não é preciso muito esforço para aderir ao percentual de 35% de redução de emissão.
Grit Ludwig, pesquisadora do Centro Helmholtz para Pesquisa Ambiental (UFZ), em Leipizig, acredita que as diretrizes da UE ainda são pouco para preservar ambientes naturais. "Elas não oferecem diretivas para quando a terra que produzirá biomassa já foi usada anteriormente para outros fins."
A preocupação dos ambientalistas é que a indústria de biomassa possa deslocar a produção de alimentos para áreas ecologicamente ricas – e assim causar danos ao meio ambiente e aumento das emissões que deveriam ser minimizadas pelos biocombustíveis.
Controle efetivo
Como a Alemanha não tem capacidade para produzir biomassa para suprir toda a demanda interna, o país precisa recorrer à importação – principalmente a nações em desenvolvimento. Este é um desafio considerável, já que todas as fornecedoras, inclusive as estrangeiras, precisarão do selo de certificação.
O próprio Jan Henke, do ISCC, ressalta as dificuldades: as agências particulares encarregadas de emitir geralmente não operam nos locais de produção e seus controles são esporádicos. "É questionável, por exemplo, se o avaliador conseguirá visitar fazendas extensas de países em desenvolvimento em poucos dias e checar se todos os critérios estão sendo seguidos."
Na Alemanha, cerca de 2 mil empresas estão na fila para conseguir a certificação e provar que são sustentáveis. Segundo Henke, será um desafio completar todo o processo até julho próximo, mas muitas companhias estão preparadas.
Autoras: Sabina Casagrande / Nádia PontesRevisão: Augusto Valente

Tuesday, April 13, 2010

Energia produzida a partir do tabaco

Cientistas da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA) conseguiram um aproveitamento para o tabaco que não prejudica a saúde: depois de infectarem a planta com um vírus geneticamente modificado, produziram com ela células fotoquímicas e fotovoltaicas.

Apresentada na publicação ACS Nano Letters, a técnica, mais amiga do meio ambiente do que os métodos tradicionais de fabricação de baterias solares, pode levar ao desenvolvimento de células mais baratas e biodegradáveis.

Fonte: Revista Planeta

Sunday, April 11, 2010

A revolução energética do século XXI

Autora: Emanuele Abreu
Revisores: Armando Teixeira, Antônio Guillermo, Bruno Dias e José Carlos A. Júnior


O começo do século coincide com o início de mais uma revolução energética desencadeada pelo encarecimento do petróleo e condicionada por três fatores:

· A proximidade do “pico do petróleo”, que se traduz pelo desnível entre o volume da sua produção e o das reservas recém-descobertas.

· A realização tardia de que a comunidade internacional deve promover uma política voluntarista e rigorosa de redução do consumo de energias fósseis para evitar mudanças climáticas deletérias e irreversíveis, causadas pela emissão excessiva de gases de efeito estufa.

· As incertezas e ameaças crescentes à paz decorrentes da geopolítica explosiva do petróleo.

Nenhuma das transições energéticas do passado se fez por causa do esgotamento físico de uma fonte de energia. A história da humanidade pode ser sintetizada como a história da produção e alocação do excedente econômico, ritmada por revoluções energéticas sucessivas. Todas elas ocorreram graças à identificação de uma nova fonte de energia com qualidades superiores a custos inferiores.

A nossa matriz energética reúne ainda hoje todas essas energias, embora os 150 anos da ascendência fulgurante do petróleo tenham transformado de uma maneira radical os estilos de vida e de consumo, imprimindo à nossa civilização feições perversas caracterizadas por um desperdício de energia, sobretudo no transporte, mas também no aquecimento e na climatização residencial.

Na revolução energética atual, nenhuma das energias alternativas oferece vantagens econômicas claras com relação ao petróleo e seus derivados. Ao mesmo tempo, o imperativo ecológico vai atuar com uma força cada vez maior, à medida que se afinam os contornos da crise desencadeada pelas mudanças climáticas.

Quer nos parecer ainda que no debate atual sobre as mudanças climáticas haja uma ênfase excessiva na busca de soluções de mercado e na incorporação nos preços dos custos ambientais. O princípio “poluidor pagador” não discrimina entre o pagamento de multa, de uma compensação às vítimas da poluição ou da reestruturação do aparelho produtivo de maneira a evitar poluições futuras. O mercado de créditos de carbono é objeto de críticas por parte dos movimentos ambientalistas, que contestam a possibilidade dada aos países industrializados do norte de se omitirem quanto à obrigação de reduzir as emissões de gases de efeito estufa mediante apoio a projetos às vezes duvidosos, financiados nos países do Sul, mediante Mecanismo de produção Limpa. A predileção pelos instrumentos econômicos não tem levado à adoção universal de taxas sobre o carbono, embora essas pudessem ter um efeito incontestável sobre o nível de consumo de energias fósseis.

As feições da revolução energética em marcha vão depender, portanto, da capacidade dos estados nacionais e da Organização das Nações Unidas de definir políticas públicas de âmbitos nacional e internacional voltadas ao tríplice objetivo da redução do perfil da demanda energética, do aumento da eficiência na produção e uso final das energias e da substituição das energia fósseis por energias renováveis, sem descartar o uso “limpo” das energias fósseis abundantes como o carvão, mediante o seqüestro dos gases de efeito estufa.

Sobriedade, eficiência e substituição

A energia que menos polui e que geralmente menos custa é aquela que deixa de ser produzida graças à adoção de um perfil mais sóbrio da demanda energética e à maior eficiência no uso final das energias produzidas. Os ecologistas enfatizam a necessidade de reduzir o volume do consumo material. Porém, o entrave principal está nas abissais desigualdades sociais.

A redução do perfil energético passa também pela produção de equipamentos mais eficientes, porém, a introdução de novas tecnologias requer tempo. No que diz respeito á substituição das energias fósseis por energias renováveis, as soluções hão de ser diversas, com proporções diferentes atribuídas às diversas fontes de energia, em razão das configurações de dotação em recursos naturais, de climas e do ritmo do progresso técnico.

Biocombustíveis: ouro verde?

O plano nacional de agroenergia do Ministério da Agricultura brasileiro prevê uma rápida expansão da produção do etanol e um ritmo mais lento para o biodiesel. O plano postula que as metas sejam alcançadas sem pôr em xeque a segurança alimentar, as exportações agrícolas, e sem recorrer ao desmatamento para criar novas áreas de cultivo.

Embora a substituição dos derivados de petróleo por biocombustíveis contribuía em princípio para a redução das emissões dos gases de efeito estufa, é necessário atentar às condições de sua produção. Essas podem ter impactos tão negativos sobre o meio ambiente que o saldo da operação seja negativo.

O impacto ambiental da produção de biocombustíveis vai depender dos cultivos escolhidos, da maneira como são cultivados e processados. O resultado pode levar tanto a uma redução de 90% das emissões de gases estufa quanto a um aumento de 20%.

À guisa de conclusão

A revolução energética do século XX mal está começando. O que pode afirmar é que a transição da era do petróleo ao pós-petróleo será longa e que é difícil antecipar o seu transcurso.

A extrapolação das tendências de consumo de energias fósseis poderá levar a catástrofes naturais de proporções desconhecidas. Daí a importância de conseguir simultaneamente a redução drástica do perfil da demanda energética, a substituição significativa das energias fósseis por energias não poluentes e, o sequestro de uma parcela significativa dos gases com efeito estufa.

Ao entrarmos na fase da promoção intensiva dos biocombustíveis, devemos desenhar políticas públicas que aproveitem as margens de liberdade existentes para direcionar a agroenergia e a indústria dos biocombustíveis. Dessa forma, os projetos de bioenergia devem ser selecionados com base em critérios ambientais e sociais que transcendendo o custo/benefício tradicional.

SACHS, Ignacy. A revolução energética do século XXI. Estudos Avançados. São Paulo, v. 21, n. 59, Apr. 2007.

Saturday, April 10, 2010

Análise evolutiva do consumo de energia - BEN 2009 e Matriz Energética Nacional 2030

Autor: Weeberb J. Réquia Jr.
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       A seguir, serão apresentados alguns dados do consumo final de energia no Brasil, do ano de 2008 e projeção para o ano de 2030 . O objetivo dessa apresentação será a análise da evolução do consumo de energia, nesse espaço de tempo (2008 - 2030).  Os documentos (Balanço Energético Nacional - BEN 2009 e Matriz Energética Nacional 2030) serviram como referência bibliográfica.

       Na Tabela 1, é possível perceber o consumo final de energia em milhões de tep, dividido por cada setor.



Tabela 1 - Consumo Final por Setores

SETORES
2008
2030
Residencial
22.738
40.461
Transporte
62.444
139.119
Comercial / Público
9.621
26.955
Agropecuário
9.905
21.356
Industrial
82.327
174.930


       A Matriz Energética Nacional 2030 criou alguns cenários para o consumo final de energia no Brasil. Cenários A, B1, B2 e C. Os cenários se diferenciam nas metodologias de projeções. Na Tabela 2, está sendo exposto o consumo total de energia do ano de 2008, em comparação com os respectivos cenários criados pela Matriz Energética 2030.


 Tabela 2 -Consumo Final de Energia  (milhões de tep)

2008
2030
Cenários
A
B1
B2
C
187.035
474.00
402.8
356.3
309.3

       A Tabela 3 apresenta os dados conforme cada fonte de energia.


Tabela 3 -Consumo final de energia por fonte (milhões de tep)

FONTES
2008
2030
Cenários
A
B1
B2
C
Derivados de petróleo
*
160
144
126
111
Eletricidade
36.830
106
85
80
72
Produtos da cana
*
69
60
52
38
Gás natural
16.652
40
32
27
24
Carvão Mineral
3.840
35
26
25
23
Lenha e carvão vegetal
16.859
27
25
25
24
Biodiesel
*
17
15
5
4
Outros
*
18
12
11
9

* a caracterização desses setores, no ano de 2008 e projeção de 2030, são diferentes. Sendo assim, não foi possível estabelecer um dado numérico para comparação.