Professora Renata e colegas,
Segundo Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o petróleo é um óleo inflamável, formado a partir da decomposição, durante milhões de anos, de matéria orgânica como plantas, animais marinhos e vegetação típica das regiões alagadiças, e encontrado apenas em terreno sedimentar.
A base de sua composição é o hidrocarboneto, substância composta por carbono e hidrogênio, à qual podem se juntar átomos de oxigênio, nitrogênio e enxofre, além de íons metálicos, principalmente de níquel e vanádio.
Para encontrar e dimensionar o volume de reservas existentes (medidas em quantidades de barris, que correspondem a 159 litros), são realizados estudos exploratórios, que utilizam tanto a geologia quanto a geofísica. Depois disso, vem à fase da perfuração, que tem início com a abertura de um poço mediante o uso de uma sonda para comprovar a existência do petróleo. Em caso positivo, outros poços são perfurados a fim de se avaliar a extensão da jazida.
Esta tecnologia sofisticada foi desenvolvida principalmente ao longo do século XX quando, em função da exploração crescente, as jazidas mais próximas do solo se esgotaram. No final do século XIX, não era incomum o petróleo jorrar naturalmente, como ocorreu em algumas regiões dos Estados Unidos. Dessa época, há histórias de fortunas feitas da noite para o dia por obra do acaso.
É dessa época, também, que data a constituição das maiores companhias petrolíferas multinacionais hoje em operação. O petróleo cru não tem aplicação direta. A sua utilização exige o processo de refino, do qual se obtém os derivados que são distribuídos a um mercado consumidor pulverizado e diversificado.
Assim, além da extração, a cadeia produtiva compreende mais três etapas: transporte do óleo cru (geralmente por oleodutos ou navios), refino e distribuição (entrega dos derivados ao consumidor final, geralmente por caminhões-tanques).
Nas refinarias, o petróleo é colocado em ebulição para fracionamento de seus componentes e conseqüente obtenção de derivados. Os derivados mais conhecidos são: gás liquefeito (GLP, ou gás de cozinha), gasolina, nafta, óleo diesel, querosene de aviação e de iluminação, óleo combustível, asfalto, lubrificante, combustível marítimo, solventes, parafinas e coque de petróleo. Para produção de energia elétrica, utiliza-se o óleo diesel e o óleo combustível e, em menor proporção, o óleo superviscoso.
O tipo de derivado obtido depende da qualidade do petróleo: leve, médio ou pesado, de acordo com o tipo de solo do qual foi extraído e a composição química. O petróleo leve, como aquele produzido no Oriente Médio, dá origem a maior volume de gasolina, GLP e naftas. Por isso é, também, o mais valorizado no mercado. As densidades médias produzem principalmente óleo diesel e querosene. As mais pesadas características da Venezuela e Brasil produzem mais óleos combustíveis e asfaltos.
Conforme o Balanço Energético Nacional (BEN) 2009 Com relação aos combustíveis líquidos destaca-se a continuada expansão no consumo de etanol (+ 17,7%). Também foi significativo o aumento no consumo de óleo diesel (+ 7,7%), refletindo o dinamismo da economia nacional nos primeiros 10 meses do ano, impactando a atividade de transporte rodoviário.
Ainda conforme o BEN 2009 a produção de Petróleo que era de 1.832,7 em 2007 passou para 1.898,6 em 2008, tendo uma produção dia de 103 bbl/dia (1 bbl = barril; inclui líquidos de gás natural) demonstrando um crescimento de 3,6%. Apesar do crescimento na oferta, a participação fontes não renováveis na oferta de energia caiu de 59% para 54,7%. O Petróleo e derivados que participam na oferta interna de energia no qual em 2007 representava 37,4% teve uma queda para 36,37% em 2008 e a oferta interna de energia elétrica através dos Derivados de Petróleo que era o equivalente a 13,4% em 2007 subiu para 15,1% em 2008, conforme tabela a seguir.
Petróleo e Derivados
Petróleo
Descrição / Unidade / 2008 / 2007 / Diferença%
Petróleo / 10³ bbl/dia / 1.815 / 1.753 / 3,5%
Produção / 10³ bbl/dia / 375 / 416 / -9,8%
Importação / 10³ bbl/dia / 396 / 421 / -6,0%
Exportação / 10³ bbl/dia / 253 / 250 / 1,2%
Produção de Derivados
Óleo Diesel / 10³ m³ / 40.804 / 39.164 / 4,2%
Gasolina / 10³ m³ / 20.291 / 20.772 / -2,3%
Óleo combustível / 10³ m³ / 16.222 / 16.531 / -1,9%
Nafta / 10³ m³ / 8.772 / 9.293 / -5,6%
GLP / 10³ m³ / 10.667 / 10.622 / 0,4%
Querosene / 10³ m³ / 3.817 / 4.051 / -5,8%
Coque de Petróleo /10³ m³ / 2.811 / 2.563 / 9,7%
Asfalto / 10³ m³ / 2.126 / 1.680 / 26,5%
Lubrificantes / 10³ m³ / 756 / 646 / 17,2%
Principais usos
Veicular / 10³ m³ / 54.175 / 51.268 / 5,7%
Matéria prima / 10³ m³ / 15.966 / 15.823 / 0,9%
Industrial / 10³ m³ / 15.717 / 14.670 / 7,1%
Residencial / 10³ m³ / 9.925 / 9.661 / 2,7%
Geração de eletricidade
· Serviço público / 10³ m³ / 2.200 / 2.364 / -6,5%
· Autoprodutores / 10³ m³ / 1.187 / 1.157 / 2,6%
· Comércio / setor público / 10³ m³ / 1.603 / 1.572 / 2,0%
Conforme PNE 2030
Expansão da Oferta
Petróleo
Como reflexo da política continuada de investimento em exploração e produção, estima-se que a produção de petróleo possa atingir 3 milhões de barris por dia nos próximos 10 ou 15 anos. Mesmo que se fixe a produção nesse patamar até 2030, hipótese em que a continuidade dos investimentos teria como resultado principal o aumento das reservas com vistas a uma confortável relação R/P1, a auto-suficiência atingida em 2006 é mantida no longo prazo.
Do lado da demanda, o consumo de petróleo deverá seguir trajetória de crescimento, acompanhando as condicionantes dos cenários macroeconômicos. Os estudos da EPE prevêem que a produção de derivados de petróleo possa superar 3,6 milhões de barris por dia em 2030, em razão da expansão da capacidade de refino, necessária para atender à demanda doméstica.
Alterações estruturais são esperadas no balanço de produção e consumo de derivados, na medida em que a expansão do refino deverá privilegiar a produção de derivados leves (GLP, gasolina) e médios (diesel e querosene de aviação), que constituem hoje – com exceção da gasolina – o drive do refino nacional. No caso do diesel, essa estratégia, aliada à expansão da oferta biodiesel, pode tornar o balanço superavitário no longo prazo. Em adição, expandirá a produção de diesel a partir de óleos vegetais (H-Bio2), que contribui para a redução da demanda de óleo cru.
A gasolina, em razão da presença do etanol e do aumento da frota de automóveis flexfuel, deverá manter o balanço superavitário que apresenta hoje, embora o crescimento do consumo e a definição dos perfis das futuras refinarias sugiram a possibilidade de reversão em mais longo prazo. Também no caso do GLP, a estratégia indicada para a expansão do refino pode modificar a situação atual de importação, equilibrando o balanço produção/consumo, eventualmente com pequenos superávits. A produção de GLP tende a pressionar menos a demanda de óleo cru com a utilização de líquidos de gás natural.
Desta forma, os principais derivados de petróleo (óleo diesel, gasolina e GLP) ganham participação na matriz de consumo de derivados, em detrimento do óleo combustível e da nafta, cujos consumos devem se reduzir em decorrência da substituição por gás natural na indústria em geral (óleo combustível) e na química e petroquímica (nafta).
Embora mantenha posição de liderança na matriz energética brasileira, o petróleo e seus derivados devem reduzir participação para cerca de 30% em 2030, perdendo nove pontos percentuais em relação a 2005, acentuando a tendência que tem se verificado nos últimos anos.
No primeiro semestre de 2008, a Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras), controlada pelo Governo Federal, anunciou a descoberta de um campo de petróleo na camada pré-sal (abaixo da camada de sal) na Bacia de Santos, litoral brasileiro. O campo de Júpiter foi a segunda grande descoberta anunciada pela empresa e a estimativa de suas reservas ainda está em fase de cálculo.
A primeira foi o Poço de Tupi, também na Bacia de Santos, com reservas estimadas entre 5 e 8 bilhões de barris. A expectativa é de que todo o pré-sal tenha mais de 30 bilhões de barris.
A exploração exigirá elevados investimentos, desenvolvimento tecnológico específico e não tem data marcada para ser iniciada. Mesmo assim, a descoberta provocou forte impacto positivo na opinião pública, pois tem potencial para fazer com que o país aumente significativamente o volume de suas reservas, de 12,6 bilhões de barris. Além disso, as descobertas na camada pré-sal da Bacia de Santos colocam o Brasil, que durante anos buscou a auto-suficiência no recurso, no mesmo nível dos grandes produtores mundiais. Tanto que o país foi convidado pelo Irã para integrar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Descobertas como estas têm importância estratégica para qualquer país no mercado internacional. Isto porque o petróleo e seus derivados transformaram-se, ao longo do século XX, não só na principal fonte primária da matriz energética mundial, mas, também, em insumo para praticamente todos os setores industriais.
Portanto, entre as vantagens estratégicas do país que detém e controla as reservas de petróleo e as estruturas de refino estão: importância geopolítica; segurança interna em setores vitais como transporte e produção de eletricidade; e aumento da participação no comércio internacional, seja por meio da exportação direta do óleo e seus derivados, seja pelo custo e, portanto, pela competitividade dos produtos industrializados.
BIBLIOGRAFIA
ANEEL, Atlas de Energia
http://www.aneel.gov.br/EPE, Balanço Energético Nacional 2009
http://www.epe.gov.br/http://economia.uol.com.br/ultnot/valor/2007/11/08/ult1913u78565.jhtmhttp://www.anp.gov.br/http://www.mme.gov.br/