Revisores: Ivan, Marcelo e Hélio.
Energia Nuclear
Introdução
O texto pretende discorrer sobre a energia nuclear, com seus benefícios econômicos e ambientais e suas aplicações, suas propriedades altamente perigosas, que devem ser trabalhadas com muito cuidado. Como o uso pacífico dessa energia pode mudar o mundo e torná-lo um ambiente onde os receios pelas alterações climáticas deixem de ser uma preocupação para a sociedade e se torne uma aliada ao meio ambiente.
Século XX início da era nuclear. Centenas de centrais nucleares produtoras de energia elétrica multiplicaram-se pelo mundo e aumentou a oferta energética mundial moderna.
A energia nuclear é uma espécie de energia gerada durante a fissão ou fusão do átomo nas usinas nucleares. Desse modo, a quebra do átomo produz calor que é transformada em energia elétrica. Para a produção é necessário urânio, que é um minério extremamente radioativo.
O Combustível mais usado é o Urânio, matéria prima base de todo o processo de fabricação, que gera 16% de toda a energia nuclear produzida no mundo. É encontrado em rochas e na água do mar, disponível em grande quantidade para suprir as necessidades energéticas mundiais, tanto em função da sua quantidade disponível na natureza, quanto pela disponibilidade de tecnologias desenvolvidas para o seu uso.
A energia do átomo do urânio enriquecido libera calor e produz o vapor que move as turbinas das usinas nucleares, gerando energia elétrica. Essa energia é limpa, não emite gás carbônico e não contribui para o aquecimento global. É fonte segura, pois todas as etapas de produção são fiscalizadas por organizações nacionais e internacionais.
As usinas nucleares ocupam pequenas áreas (3,5 km², no caso de Angra), podem ficar próximas aos centros consumidores – evitando, assim, perda de energia nas linhas de transmissão devido à longa distancia entre onde é produzida e onde é consumida.
A energia gerada com a tecnologia nuclear é a única que tem as suas etapas monitoradas e sob controle; não liberam nenhum produto nocivo ou tóxico no meio ambiente e não contribui para o efeito estufa. Todos esses fatos têm levado as organizações e lideres de movimentos ambientalistas (antes ferrenhos críticos do desenvolvimento da tecnologia nuclear) a reverem suas posições
Quanto às aplicações:
A utilização da energia nuclear vem crescendo a cada dia. Além de ser uma das alternativas menos poluentes, permitem o fornecimento de energia elétrica às cidades.
Os grandes benefícios da energia nuclear, infelizmente, são pouco divulgados. Novas técnicas nucleares são desenvolvidas nos diversos campos da atividade humana, possibilitando a execução de tarefas impossíveis de serem realizadas pelos meios convencionais.
Na área médica são empregadas cotidianamente técnicas nucleares no diagnóstico; nas máquinas de raios-X; na cura de tumores e de certos tipos de câncer. Nos diferentes setores da indústria, particularmente a farmacêutica, e a agricultura são as mais beneficiadas. Nos raios gama que podem prolongar a vida útil dos alimentos, entre varias outras aplicações.
Acidentes nucleares:
A energia nuclear é perigosa, já causou graves acidentes com muitas mortes. Os mais significativos foram decorrentes de falhas de operação, com intervenções equivocadas ou erros de procedimentos de testes de reatores. Foi assim em Three Miles Island, nos Estados Unidos, em 1979 e em Chernobyl, na Rússia em 1986. (MARTINS, 2007). Ou seja, estes dois acidentes ocorreram, pois os operadores não tinham treinamento quanto às normas internacionais de segurança, não foram obedecidos os cuidados mínimos, o que ocasionou a perda do controle operacional. De uma forma resumida pode-se dizer que os acidentes foram em conseqüência de falha humana.
A utilização desse tipo de tecnologia ainda apresenta graves riscos para a humanidade. Reatores nucleares e instalações complementares geram uma grande quantidade de resíduo nuclear que necessitam ficar sob monitoramento por vários anos.
Segundo Carley Martins, se levarmos em conta os mais de 400 reatores nucleares em funcionamento no mundo e o reduzido número de acidentes ocorridos no passar desses anos, conclui-se que a geração de energia nuclear pela fissão nuclear atômica ainda é muito satisfatória.
A energia nuclear e a segurança:
Vários aspectos de segurança estão envolvidos desde projeto até a construção civil de uma usina nuclear, como também na montagem de equipamentos e operação.
Os sistemas de controle e segurança dos reatores nucleares são dirigidos para que as usinas sejam projetadas, construídas e operadas com os mais elevados padrões internacionais de qualidade e que tenham alta confiabilidade. Isso é o que afirma o autor Carley Martins, que os sistemas de segurança são desenvolvidos utilizando todos os recursos tecnológicos disponíveis durante a sua concepção e obedecem a rígidas normas de fabricação e de certificação estabelecidas por organismos internacionais. Tais estes dispositivos são quase “a prova de falhas”.
Quanto aos resíduos , os autores afirmam que a “solução do problema não apresenta dificuldades tecnológicas, sendo uma questão de decisão política e de aceitação pública”. Para eles a energia nuclear faz parte do futuro energético brasileiro.
No mundo:
A energia elétrica gerada através da fissão nuclear vive uma nova era de expansão. Além da construção de várias novas unidades, também aumentam o número de países que buscam o desenvolvimento dessa tecnologia para expandir o parque já instalado.
O principal fator dessa tendência tem sido o caráter ambiental. Ou seja, da necessidade de diversificação da matriz energética. A energia nuclear vem sendo considerada como uma das alternativas para a expansão e a diversificação dessa matriz, de forma a atender ao crescente consumo de energia, economizar os combustíveis fósseis e enfrentar o aquecimento global.
Atualmente, no mundo, estão em operação 440 reatores nucleares voltados para a geração de energia em 31 países, e em construção cerca de outros 33 reatores. Por volta de 17% da energia elétrica mundial gerada é de origem nuclear, a mesma proporção do uso de energia hidroelétrica e de energia produzida por gás, é o que afirma Odair Gonçalves, presidente da CNEN .
Alguns países têm seu abastecimento de energia elétrica com um alto percentual oriunda de geração nuclear, a França com 78%, Bélgica 57%, Japão 39%, Coréia do Sul 39%, Alemanha 30%, a Suécia 46% e a Suíça 40%. (CNEN, 2007).
No Brasil:
A era da energia nuclear no Brasil inicia-se na década 50, com o pioneiro nesta área, Almirante Álvaro Alberto, que criou o Conselho Nacional de Pesquisa, em 1951, e que importou duas ultra-centrifugadoras da Alemanha para o enriquecimento do urânio, em 1953.
A instalação de uma usina nuclear em território nacional aconteceu em 1969. Assim, o Governo Federal pretendia adquirir conhecimento sobre a nova tecnologia que se expandia rapidamente pelo mundo.
A ocorrência de urânio conhecidas no Brasil, o faz ser o detentor da 6ª reserva mundial, assegurando uma excelente reserva e a garantia do suprimento de combustível. 70% destas reservas estão situadas nos Estados da Bahia e do Ceara.
O Brasil é um dos poucos países do mundo a ter o domínio de todo o processo de enriquecimento do urânio para a fabricação de combustível para usinas nucleares.
O plano nuclear brasileiro é amplo e de uso pacifico. Atualmente é incentivado pelo governo com o inicio da retomada da construção de Angra III, com PAC. A idéia é iniciar 2010 com 15 a 20 locais possíveis para o empreendimento de centrais nucleares, os gastos previstos são de ate 6 milhões de reais por usina, com um total de investimento previsto de 2009 a 2025 de 20 a 25 bilhões de reais.
Angras:
Angra - Inicio da construção - Ano de operação - Geração
Angra I - 1972 - 1985 - 657 MW
Angra II- 1972 - (julho) 2000 - 1.350 MW
Angra III - 1972 - 2010 (previsto) - 1.350 MW
Com o funcionamento de Angra I, II e III a capacidade nuclear instalada no Brasil deve passar de 1,98% (2,007 GW) para 2,5% (3,357 GW) da capacidade instalada total.
Com isto a consolidação de Angra II torna-se muito bem vinda para o desenvolvimento e crescimento do país, sem aumentar o risco à população de Angra dos Reis, e que afirma Carly Martins: “não há riscos significativos para a população de Angra dos Reis decorrentes da construção de uma nova usina, pois a tecnologia existente permite reduzir valores desprezíveis a probabilidade de ocorrência de falhas graves no núcleo, nos sistemas de controle e de operação dos reatores.”
Quanto à economia:
Sob a perspectiva econômica as vantagens começam logo na fase “embrionária” dos reatores: com construções, que produzem projetos em série que significa baixo custo e com equipamentos também com baixo custo, permitem construções de unidades de grande dimensão num tempo cada vez mais reduzido.
Uma vez que os recursos de urânio se encontram em território nacional, com opção nuclear é possível produzir energia com os seus próprios meios, evitando-se assim a dependência, do petróleo.
Segundo o autor Carlos Alvim e outros, dentro das premissas de comparação dos custos nas formas de geração de energia, o custo da geração da energia nuclear é competitivo com os custos da geração a partir dos derivados de petróleo e com o gás natural. A opção nuclear passa a ser competitiva economicamente mesmo quando se considera um custo, ainda que modesto, para a supressão das emissões de CO2.
Quanto ao meio ambiente:
Com o aquecimento global, um desafio foi imposto às sociedades modernas: usar fontes de energia mais limpa, que não lancem gases causadores de efeito estufa para a atmosfera. Por isso a energia nuclear é uma alternativa que cada vez mais ganha defensores. Como no caso de James Lovelock (criador nos anos 60 da hipótese de Gaia) – “defende hoje com vigor e realismo a energia nuclear para, antes que seja tarde demais, enfrentar a mudança climática. É preciso substituir no menor prazo possível o uso de combustíveis fosseis. A energia nuclear se apresenta como opção factível: as demais fontes de energia não estão suficientemente desenvolvidas para satisfazer à demanda energética mundial.”
Conclusão:
A tecnologia nuclear como fonte complementar dessa fonte de energia limpa e segura, tem mudado a opinião pública que já reflete sobre essa opção energética de forma menos emocional, tornando as discussões a respeito do assunto mais serenas e mais realistas.
Assim deve-se preparar um mercado cada vez mais exigente em segurança, garantia da qualidade e o uso da energia nuclear como ferramenta de preservação da natureza e da vida.
Com relação à situação brasileira que precisará de energia para avançar rumo ao seu futuro desenvolvimento, é necessário concentrar esforços para avançar continuamente no campo da ciência e tecnologia e inovação. O país não poderá renunciar à evolução do conhecimento da tecnologia nuclear, pois ela apresenta perspectivas futuras e promissoras para o desenvolvimento nacional, em vários campos tão diversos como a agricultura, a medicina e a propulsão nuclear.
Bibliografia
MARTINS, Carley, Controle e segurança dos reatores nucleares. Estudos avançados nº 59, volume 21, 2007 – Dossiê Energia, Instituto de Estudos Avançados – IEA- USP, 392 p.
ALVIM, Carlos Feu, EIDELMA, Frida; MAFRA, Olga e FERREIRA, Omar Campos. Energia nuclear em um cenário de trinta anos. Estudos avançados – online-. 2007, vol 21, nº 59, PP 197-220. ISSn 01034014.
REIS, Lineu Bélico dos, energia, recursos naturais e a pratica do desenvolvimento sustentável /Eliane A. Amaral Fadigas, Claudio Elias Carvalho – Barueri, SP: manoele, 2005. 415p.
GONCALVES, Odair Dias e Ivan Pedro Almeida – a energia nuclear – revista ciência hoje vol. 37 n 220 p 36- 44.
CNEN - www.cnen.gov.br/cnen_99/educar/energia.htm#porque
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – disponível em:
Eletronuclear – disponível em:
Indústrias Nucleares do Brasil (INB) – disponível em: