Friday, October 2, 2009

ENERGIA NUCLEAR


Prezados colegas, Saudações


Começo esse pequeno comentário explicando que a energia nuclear consiste no uso controlado das reações nucleares para a obtenção de energia para realizar movimento, calor e geração de eletricidade. Alguns isótopos de certos elementos apresentam a capacidade de, através de reações nucleares, emitirem energia durante o processo. Baseia-se no princípio (demonstrado por Albert Einstein) que nas reações nucleares ocorre uma transformação de massa em energia. A reação nuclear é a modificação da composição do núcleo atômico de um elemento, podendo transformar-se em outro ou em outros elementos. Esse processo ocorre espontaneamente em alguns elementos; em outros deve-se provocar a reação mediante técnicas de bombardeamento de nêutrons ou outras. Só que o uso dessa energia é assunto para intensas discussões entre cientistas e a população. Segundo Carlos Feu Alvim, Frida Eidelman, Olga Mafra e Omar Campos Ferreira, da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, Economia e Energia, defendem o seu uso afirmando que o custo da geração nuclear é competitivo com o da geração a partir dos derivados de petróleo e com o gás natural, e que o risco de acidentes deve ser comparado com os demais ciclos de combustíveis. Quanto aos resíduos, afirmam que a “solução do problema não apresenta dificuldades tecnológicas, sendo uma questão de decisão política e de aceitação pública”. Para eles, “certamente” a energia nuclear faz parte do futuro energético brasileiro. Mas a situação não parece tão simples assim, pois, segundo o relatório preparado para o Greenpeace Internacional, o combustível descartado, altamente radioativo, geralmente é armazenado com resfriamento contínuo. Se o resfriamento falhar, poderia haver um grande vazamento de radioatividade, bem mais grave do que o do acidente em Chernobyl, em 1986, sem contar que os reatores não podem ser suficientemente protegidos contra uma ameaça terrorista. Há diversos cenários, como a colisão de um avião com o reator que poderia causar um acidente grave; Impactos das mudanças climáticas, como enchentes, elevação do nível do mar e estiagem extrema, aumentam seriamente os riscos de um acidente nuclear. Sem contar que um grande acidente em um reator de água leve. (a grande maioria dos reatores em operação no mundo utilizam esta tecnologia) pode levar à liberação de radioatividade equivalente a centenas de vezes o que foi liberado em Chernobyl, é cerca de mil vezes o que é liberado por uma arma de fissão nuclear. A remoção da população pode se tornar necessária para grandes áreas (de até 100.000 km2). O número de mortes por câncer poderia exceder um milhão de casos. Essas dúvidas provocam uma grande insegurança em toda população, que na maioria das vezes não têm fundamentação teórica suficiente para opinar e contribuir para o avanço dessa fonte alternativa de energia, um exemplo bem próximo é a construção de Angra 3, que possivelmente levantará vários questionamentos sobre sua segurança mas, Carley Martins, professor do Departamento de Física Nuclear e Altas Energias da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), afirma que “não há riscos significativos para a população de Angra dos Reis decorrentes da construção de uma nova usina”, pois “a tecnologia existente permite reduzir a valores desprezíveis a probabilidade de ocorrência de falhas graves no núcleo, nos sistemas de controle e de operação dos reatores”. Para muitos estudiosos no ramo de energia o Brasil tem que investir em energias renováveis, pois, os padrões atuais de exploração, são baseados em fontes fósseis, aumentando assim significativamente a emissão de poluentes na atmosfera. Mas e a decisão a respeito do futuro da energia nuclear não pode ser deixada unicamente aos cientistas: é um processo que “requer o debate e a participação ampla dos cidadãos”, afirma Ignacy Sachs.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Energia Nuclear em um Cenário de 30 Anos — Carlos Feu Alvim, Frida Eidelman, Olga Mafra e Omar Campos Ferreira

Controle e a Segurança dos Reatores Nucleares — Carley Martins

Perigos dos Reatores Nucleares — Riscos na Operação da Tecnologia Nuclear no Século 21 — Helmut Hirsch, Oda Becker, Mycle Schneider e Antony Froggatt

Riscos na operação da tecnologia nuclear no século 21:Relatório preparado para o Greenpeace Internacional

10 comments:

Alexandre Moura said...

A questão energética é realmente complexa, por mais que se diga que as tecnologias reduzem muito o risco de um acidente nuclear, esse risco por menor que seja é grande já que se ocorrer trará enormes danos. Não sei se o Brasil ou mundo estão preparados para esse tipo de energia, pois o lixo, resultado do processo, dever ser tratado de forma cuidadosa, mas sabemos que os outros tipos de lixos são tratados de forma errada, não há política de cuidados com o lixo, será que realmente vamos conseguir cuidar do radioativo?

Raimundo P. Barbosa said...

Caros colegas,
A produção da energia nuclear necessita de muita tecnologia, é excessivamente cara, e, no Brasil temos a impressão de que se gastou muito dinheiro com o projeto nuclear para pouco resultado.
Mas eu gostaria de comentar sobre a questão dos resíduos. O texto diz que quanto aos resíduos não existe dificuldades tecnológicas e que a solução depende de decisão política e de aceitação pública. Seria realmente tão simples assim? Eu acredito que não. É sabido que todos os países que utilizam a energia nuclear desenvolveram tecnologia para a estocagem dos resíduos, contudo, não sabem onde descartá-los. Sem contar que se convive com o medo de acidentes como o Chernobyl e suas conseqüências. Até hoje não temos certeza do número de pessoas vitimadas já que as informações não foram divulgadas.
O comentário evidencia que o uso da energia nuclear pressupõe riscos ao meio ambiente e à população, que existe tecnologias que reduzem as falhas, mas não dão a garantia de que os acidentes não venham a ocorrer.

Raimundo Pereira Barbosa

EDNA said...

As estimativas sobre o número de pessoas que morreram ou ainda vão morrer em conseqüência do acidente variam muito. As Nações Unidas prevêem que até 9 mil mortes por câncer estejam ligadas a Chernobyl.

Mas um relatório do Greenpeace estima que esse número chegue a 93 mil, e que outras doenças também decorrentes do acidente podem elevar esse número para 200 mil. Somados a isso ainda teve as mortes de animais que sequer foi computado, acredito que nada justifica um risco tão grande para a humanidade.

Angélica said...

Concordo plenamente com o Raimundo e o Alexandre, no que se refere a estocagem desses resíduos nucleares,vários autores dizem ser seguro esse tipo de energia e que o risco de contaminação é mínimo, mas e quanto ao estoque nuclear senão tiver mais lugar para ser estocado? E se houver contaminação? Vazamento do urânio no ar? O Brasil não tem políticas públicas que consiguam erradicar a dengue e coléra em todos os seus estados e munincípios, que são questões que já possuem soluções quem dirá se ocorrer vazamento desse metal. Imagino que realmente a questão energética deve a ser diversificada, ou seja, possuir várias fontes energéticas, desde que os benefícios sejam maiores do que os custos a serem pagos para a obtenção dessa energia.

Willem said...

A discussão em torno da utilização de energia nuclear é vasta. De um lado os governos afirmam que esta é uma alternativa segura, eficiente e que não polui. De outro, encontram-se alguns ambientalistas que alertam sobre o perigo da poluição nuclear e de possíveis desvios dos materiais físseis por terroristas, além dos acidentes com o transporte de materiais radioativos.
Na prática, o resíduo nuclear polui menos do que o resíduo produzido pelas indústrias e residências porque o resíduo nuclear possui um rigoroso controle de destinação e gerenciamento enquanto que o segundo encontra-se em qualquer lugar e, embora legalmente devesse, não é bem gerenciado. A grande e importante diferença é que o resíduo nuclear possui a capacidade de permanecer ativo por milhares de anos exigindo o monitoramento constante e, no caso de acidentes as conseqüências são muito piores podendo, inclusive, causar danos por várias gerações, como no caso do acidente com o Césio-137 em Goiânia para o qual foi criada uma Superintendência permanente para tratar das vítimas do acidente (Superintendência Leide das Neves).
O principal argumento da corrente contra a energia nuclear é justamente o perigo de que acidentes como esse, voltem a acontecer.

boa reflexao

Carol Alarcão said...

A indústria nuclear gera uma enorme quantidade de lixo radioativo. Nenhum país do mundo encontrou até hoje uma solução satisfatória e definitiva para esse problema.
A exploração de urânio nas minas também produz enormes quantidades de resíduos, inclusive partículas radioativas que podem contaminar a água e os alimentos. Além disso, no processo de enriquecimento de urânio, são gerados, para cada metro cúbico de dejetos altamente radioativos, mil metros cúbicos de lixo de baixo nível radioativo.
A Alemanha abandonou, recentemente, a energia nuclear não somente pelos custos imprevisíveis dos processos de decomissionamento e armazenamento do lixo radioativo, mas também por apreensão quanto à questão de segurança. Sob nenhum aspecto parece que para o Brasil deva ser a energia nuclear preferível. Em primeiro lugar sob o aspecto financeiro. Ela é mais cara que qualquer outra fonte de energia, tanto para grandes blocos de eletricidade, quanto para geração localizada. Apesar de não emitir os gases do efeito estufa, existe o problema dos resíduos radioadioativos, requer solução para o armazenamento em longo prazo e investimentos em segurança, além de implicarem no alto risco de acidente nuclear.

Stefan said...

Prezados colegas,

a crescente demanda por eletricidade nos Estados Unidos pode ser considerada o combustível, ou seja, a forca que impulsiona a competição entre fontes de energia.

Considerando as incertezas na demanda futura, regulamentação sobre as emissões de carbono e os preços dos combustíveis fósseis, explorar a energia nuclear continua sendo uma opção comercialmente válida.

É certo que a confiança na utilização de energia nuclear para geração de energia elétrica foi abalada, desde a década de 1980, devido aos dois acidentes. Passou-se algum tempo, parte em função desses acidentes, até que se voltasse a investir em centrais nucleares.

A energia nuclear, ao se tornar conhecida através das bombas de Hiroshima e Nagasaki e dos acidentes ocorridos, assimilou um estigma que ainda hoje prejudica discussões ponderadas na análise de riscos e benefícios. A energia elétrica produzida em reatores nucleares é uma das áreas de geração de energia que mais se preocupam com a segurança.

Fernando Wirthmann said...

A utilização da energia nuclear é uma questão altamente complexa devido aos seus riscos, tanto na fase de construção da usina, assim como durante a sua implantação e funcionamento, mas principalmente pela destinação dos resíduos radioativos.
Outra questão polêmica é a necessidade de tecnologia estrangeira para a implantação de usinas nucleares no Brasil, assim como a necessidade de mão de obra especializada, que muitas vezes não estão disponíveis nas regiões que se busca implantar a usina (como é o caso de Angra).
Além dos pontos abordados anteriormente, não podemos esquecer da enorme degradação ambiental que é necessária para que seja retirado o "combustível" radioativo que em grande parte dos casos é o urânio. Lembre-se que o Brasil possui grandes reservas de urânio que estão localizadas na região amazônica.

marcus said...

A questão da energia nuclear é muita controversa, pois apresenta como energia limpa porem produz lixo que requer maiores cuidado tais como armazenamento contínuo. Aparece como se o custo fosse semelhante ao do petróleo, contudo o custo de armazenamento do lixo é alto e precisa de monitoramento constante. A preocupação com falhas é maior do que nos demais tipos de produção de energia, pois o efeito causado por um problema na usina abrange uma área maior do que as demais formas de produção de energia alem de levar anos causando danos, o exemplo do efeito de um acidente é a bomba de Hiroshima que até hoje tem feito vitimas. Contudo, não podemos descarta como se fosse a única vilã, pois como qualquer outra forma de produção de energia ela esta sujeito a riscos.

Ágatha said...

Falar de energia nuclear, em especial no Brasil, exige argumentos que corroborem o uso de tal tecnologia em detrimento de outras fontes muito mais seguras e acessíveis para as condições geográficas do país.
Acredito que, para além de vontade política e convencimento da população, o uso da energia nuclear tem de ser considerado em regiões onde a energia promovida por outras fontes é dificultada.
Apesar das controvérsias advindas dessa discussão, alguns especialistas apontam que a segurança na produção da energia e no trato com resíduos asseguraria a necessidade crescente de eletricidade. Mesmo assim, ainda falta a credibilidade referente À fonte de obtenção desse tipo de energia, já que os acidentes nucleares são sempre as catástrofes mais lembradas, no ramo da energia.