Thursday, October 30, 2008

inserção de fontes alternativas de energia renovável

Oportunidades e lacunas no processo de inserção das fontes alternativas de energia renováveis:

- Lacunas:

1- políticas públicas de incentivo;
2- regulamentação;
3- pesquisas tecnológicas;
4 - investimento do setor privado;
5- oferta pequena;
6- comunidades isoladas;
7- centros urbanos (prédios públicos)
pouco acesso da população de baixa renda;
8- unidades de conservação

- Oportunidades:

1-potencial eólico expressivo;
2- potencial solar, dias longos com muitas horas de irradiação solar
3- desenvolvimento sustentável;
4- crescimento do consumo, relacioanado a produção de energia limpa;
5- bombeamento de água;
6- iluminação;
7- aquecimento de água

Semana 13 - Energia Solar e Eólica

Por Wilson Azevedo
O homem sempre olhou para o céu adorava o sol como um deus, e este sempre teve papel preponderante na vida de todos seres vivos. Um dos motivos da extinção dos dinossauros foi a falta de luz solar um meteorito que colidiu com a terra, levantando uma nuvem de poeira que impediu a penetração de luz solar, com isso as plantas não realizaram a fotossíntese e os animais herbívoros morreram de fome e seus predadores ficaram sem alimentos.
Por milhares de anos o homem sobreviveu do trabalho braçal, quando descobriu a roda deu-se um passo importante, chegando à roda d’água, as chamadas rodas hidráulicas e depois os moinhos de vento que deu um incremento significativo a quantidade do regime de trabalho, ou potência. A tabela abaixo dá uma noção da potência de cada uma das fontes energéticas (realizadores de trabalho):
FONTE ENERGÉTICA POTÊNCIA OBSERVAÇÕES
Homem 80 W
Boi 500 W
Cavalo 750 W
Moinho de água 1,5 a 1,8 kW Roda com diâmetro superior a 5m
Moinho de vento 1,5 a 1,6 kW Moinho de vento típico
Automóvel de 1000cc 45 a 60 kW
O desenvolvimento de novas tecnologias ao longo do tempo foi agregando potência às diversas maquinas de produção, aumentando sua capacidade, mas isso levou o homem a aumentar seu consumo de energia.
No atual estagio tecnológico do homem é praticamente impossível interromper este consumo de energia, mas ao mesmo tempo é insustentável o ritmo atual de consumo. É necessário que novas fontes de energia sejam descobertas e utilizadas e o ideal que estas novas fontes sejam renováveis.
Devemos ter em mente que todo o processo de desenvolvimento é um processo de apropriação de energia1, em ultima análise todas fontes de energia - hidráulica, biomassa, combustíveis fósseis, energia dos oceanos, eólica - são formas indiretas de energia solar.
A energia que chega à terra anualmente, enviada pelo sol é equivalente a 10 mil vezes o consumo da população neste período. As equações abaixo mostra a quantidade de energia total que a terra recebe:

Área projetada da Terra = (6.3x106)2 x 3,14 = 124x1012 m2;
Constante Solar = 1395 W/m2;
Energia recebida = 124x1012 x 1395 = 173x1015 W (2)

Uma das primeiras aplicações para a energia solar que se tem noticia, foi descrito na antiguidade quando a esquadra romana fez um cerco a cidade de Siracusa, a tal distância que as flechas não atingiam os navios, então Arquimedes com o uso de espelhos côncavos concentrou os raios solares sobre estes navios, o que levou eles a incendiarem.
O aproveitamento da luz solar na era moderna só iniciou em 1959 nos EUA como forma de geração de energia elétrica para os satélites. É uma forma de energia muito utilizada em lugares isolados, onde a rede de energia elétrica convencional esta distante dos pontos consumidores.
Existe três tipos para se obter energia solar, o primeiro é através de iluminação natural e do calor para aquecer os ambientes, denominado de aquecimento passivo, que vem da penetração ou absorção da radiação solar nas edificações, reduzindo assim a necessidade de iluminação artificial ou de aquecimento e isso é feito através de um estudo de arquitetura adequado, a chamada arquitetura bioclimática.
O segundo modo de obter energia solar é fototérmica, que utiliza a capacidade de um corpo absorver calor a partir da radiação solar e com isso aquecer fluidos, são os chamados coletores ou concentradores solares. Os coletores (figura 1) usados nas residências, hotéis, restaurantes, hospitais, etc., com finalidade de aquecer água para usos diversos, utilizados para temperaturas inferiores a 100ºC.
Já os concentradores (figura 2), captam energia solar de grandes áreas e concentra em uma área menor. São mais utilizados em instalações onde requer temperaturas mais elevadas, (podendo chegar até 3800ºC), tais como secagem de grãos, produção de vapor.

Placas coletoras fototérmicas (figura 1)
No terceiro modo temos a energia solar fotovoltaica (figura 3) que transforma energia solar diretamente em energia elétrica (denominado efeito fotovoltaico), neste processo a célula fotovoltaica é a unidade principal para conversão e requer uma alta tecnologia para sua confecção, são células fabricadas de silício.
Neste tipo de conversão o problema é o custo da célula fotovoltaica e o seu baixo rendimento ao converter energia solar em elétrica, chegando atualmente a uma eficiência de 25%, o que impede a sua larga utilização.

Células fotovoltaicas (figura 3)
Além das condições atmosféricas a o local e posição no tempo, como hora e dia do ano, devido a inclinação da terra em torno do seu eixo de rotação tem importância sobre o rendimento. No Brasil grande parte do território esta próximo à linha do equador, tendo assim grande incidência de irradiação solar. Então para usá-los devemos ter a mão o Atlas Solarimétrico do Brasil, ou o Atlas de Irradiação Solar no Brasil.
ENERGIA SOLAR NO BRASIL
No Brasil a Empresa Pesquisa Energética (EPE) foi criada com a finalidade de prestar serviços na área de estudo e pesquisas destinada a subsidiar o planejamento do setor energético.
A elaboração da Matriz Energética Nacional (MEN) é a base para definir as políticas energéticas que orientará o Planejamento Energético Nacional, que é um instrumento para planejamento a longo prazo das políticas energéticas do país, orientando tendências futuras.
Mas o que observamos é que Plano Nacional de Energia – 2030, não dão muita ênfase nas chamadas energias de fontes alternativas. Isso se deve em parte aos gestores do setor de energia privilegiar as fontes tradicionais como hidroeletricidade, petróleo, gás natural, carvão, nuclear, e biomassa, etc.
A Matriz Energética Nacional mostra que o crescimento de oferta interna de energia cresceu 5,9% em 2007, taxa superior ao crescimento da economia que foi de 5,4% conforme dados do IBGE.
Segundo a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA, 2001) existiam 500.000 coletores instalados em residências, com um crescimento anual por volta de 35% a 50%, e existe uma expansão significativa em estabelecimento como hotéis, hospitais, restaurantes industriais, motéis, para aquecimento de água.
Na geração de energia os sistemas fotovoltaicos estão sendo empregados em comunidades rurais e/ou isoladas do Norte e Nordeste do Brasil, basicamente em bombeamento de água para abastecimento doméstico, irrigação e piscicultura, eletrificação de escolas e postos de saúde, estações de telefonia, etc.
ENERGIA EÓLICA NO BRASIL
A conversão de energia cinética dos ventos em energia mecânica já é utilizado pela humanidade a mais de 3000 anos, com inicio na Pérsia. Eles usaram os moinhos de vento para bombear água para irrigação.
Praticamente não mudaram desde então, uma hélice ou pá atingida pelo vento que gira um eixo que por sua vez movimenta uma bomba ou gerador de eletricidade.
As primeiras aplicações da energia eólica para produzir eletricidade iniciaram na Dinamarca em 1980, com as primeira turbinas com capacidade de gerar de 30 a 55 kW. Hoje a capacidade de geração chega a 6000kW, para rotores com diâmetro de 114m e uma altura da torre de 120m com peso total de 480t.
Atualmente os EUA são lideres na incorporação de capacidade de geração, tendo uma política agressiva de incentivos, seja via créditos tributários ou fundos de investimentos em tecnologia. Eles tem como objetivo chegar em 2030 com 20% de sua capacidade atendida por energia eólica. Como objetivo secundário melhorar a qualidade do meio ambiente e revitalizar áreas rurais através de pagamento royalties pelo uso da terra.
Considerando o crescimento do PIB em 4,2% e a população crescendo 2,0 milhões/ano e consumo de energia elétrica aumentando em 5,1% ao ano, isto leva a uma demanda de 41.800MW de capacidade a ser instalada em nos próximos 10 anos a um custo estimado de US$ 40 bilhões na geração e US$ 16 bilhões na transmissão.
Comparando com os demais países em instalação de energia eólica no ano de 2007 o Brasil esta engatinhando neste tipo de energia, pois a potência mundial instalada é de 75.000MW, enquanto Brasil tem 1.423MW.
Hoje o parque industrial do Brasil esta com sua capacidade operacional em torno de 82%, e como energia é um insumo importante na produção e considerando que o governo espera um crescimento de 5% ao ano, não haverá energia suficiente para atender esta demanda.
Diante desta realidade faz-se necessário diversificar a matriz energética do país, e é neste contexto que a energia eólica tem papel importante, pois com um potencial de geração da ordem de 143,5GW (ou seja, mais que 10 Itaipu), enquanto o parque gerador brasileiro hoje produz 96GW.
O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (PROINFA), instituído pela lei 10.438 de 04/2202 e modificado pela lei 10.762 de 11/2003, visando incentivar a produção de energia de fontes eólicas, PCH e biomassa de produtores independentes autônomos e esta energia ser conectada ao Sistema Interligado Nacional.
Uma das vantagens do Brasil para tornar um grande produtor de energia eólica, é que 70% da população esta no litoral e é ali que se encontra o maior potencial eólico, os ventos são em média estáveis e comportados e de velocidade alta. Esta energia pode complementar a sazonalidade de hidrelétricas durante os baixos níveis dos reservatórios, a figura abaixo demonstra isso claramente.



Poluição visual de um parque gerador eólico

CONCLUSÃO
O Brasil para continuar produzindo e gerando emprego tem necessidade de energia, e esta necessidade implica elevados custos sociais e ambientais. Isto é fato. O que perguntamos é se a sociedade esta disposta a pagar este preço para produzir a energia necessária para este desenvolvimento?
Com certeza a resposta é sim, pois o consumo de energia cresce dia a dia, então o que pode ser feito é minimizar estes impactos. É nesta hora que entra as chamadas energias de fonte alternativas, mas não esquecendo que mesmo estas produzem degradações. Os moinhos de ventos para produzir energia elétrica produzem ruídos, devendo portanto serem instalados em lugares desabitados. Também tem um impacto muito grande no visual da região onde estão, devem ser instalados longe das rotas de migração de aves e provoca interferência eletromagnética nas telecomunicações.
Os coletores solares mesmo utilizando tecnologias de última geração ainda são caros e de pouco rendimento para geração de energia elétrica. No entanto são ideais para zonas distante das linhas de distribuição de energia elétricas, onde os coletores cumprem bem seu papel. Mas devem ser subsidiados pela sociedade, pois de outro modo esta populações jamais teriam acesso aos benefícios que a eletricidade trás.
Os coletores ainda podem ser utilizados com aquecedores de água, e o aquecimento de água é o item que mais trás impacto nas contas de energia, principalmente da população de baixa renda
No que se refere a energia eólica o Brasil detém tecnologia para implementar a utilização deste tipo de energia, mas para isso deve ter uma regulamentação clara, afim de garantir retorno do investimento aplicado, assim ganhará a sociedade e o meio ambiente.

Links interessantes sobre utilização de energia solar:
- http://kottke.org/08/03/solar-furnaces
- http://www.ut.uz/eng/today/uzbek_scientists_created_a_powerful_solar_laser.mgr
- http://www.solar.ufrgs.br/ Laboratório de energia solar da UFRGS
- http://www.cresesb.cepel.br/faq/faq_solar.htm Perguntas sobre energia solar
- www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/esolar/esolar.htm Fac. Eng. Mec.- Unicamp
- www.fcmc.es.gov.br/
- www.sciencemag.org.
- educar.sc.usp.br/licenciatura/1999/solar.html
- http://www.les.ufpb.br/portal/ Laboratório de energia solar da UFPB
- http://www.abens.com.br/ associação brasileira energia solar


Referências Bibliográficas:
Reis, Lineu Belico dos. Energia, recursos naturais e a prática do desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Manole, 2005. p.78.
GREEN, M. A. et al. Solar celi efficiency tables: version 16. Progress in Photovoltaics: Research and Applications, Sydney, v. 8, p. 377-384, 2000 (Adaptado).
Lei 10.438 de 26 de abril de 2002
http://www.seplan.go.gov.br/energias/livro/cap06.pdf - acessado em 11/10/2008
http://www.seplan.go.gov.br/energias/livro/cap06.pdf - acessado em 11/10/2008
http://www.seplan.go.gov.br/energias/livro/cap09.pdf - acessado em 11/10/2008
http://www.seplan.go.gov.br/energias/livro/cap10.pdf - acessado em 11/10/2008
http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/esolar/esolar.html
www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/Info7_pag8-9.PDF - acessado em 11/10/2008
www.cresesb.cepel.br/atlas_eolico_brasil/atlas-web.htm - acessado em 11/10/2008
http://www.mme.gov.br/programs_display.do?chn=914&pag=13060 – acessado em 11/10/2008
Plano Nacional de Energia 2030. Recursos Energéticos Rio de Janeiro:EPE, 2007
Atlas de Energia Elétrica do Brasil. Energia Eólica – Item 6. Ed. Brasília: ANEEL, 2005. p. 93-110.
Atlas de Energia Elétrica do Brasil. Carvão Mineral – Item 3. Ed. Brasília: ANEEL, 2005. p. 29-42.
Balanço Energético Nacional 2008 - Resultados Preliminares Ano Base 2007
libdigi.unicamp.br/document/?view=1033 - acessado em 11/10/2008
www.senado.gov.br/web/comissoes/cma/ap/AP20080619_EnergiaEolica_CNI.pdf - acessado em 11/10/2008
www.mme.gov.br/download.do?attachmentId=9744&download – acessado em 11/10/2008
www.fcmc.es.gov.br/download/energia_eolica.pdf - acessado em 12/10/2008
www.fcmc.es.gov.br/download/energia_solar.pdf - acessado em 12/10/2008
www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./energia/index.html&conteudo=./energia/solar.html - acessado em 12/10/2008
www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/031109.pdf - acessado em 10/10/2008
mtc-m17.sid.inpe.br/rep-/sid.inpe.br/mtc-m17@80/2007/05.03.14.09 - acessado em 12/10/2008
www.nuca.ie.ufrj.br/gesel/seminariointernacional/2008/arquivos/P_ArmindoMonica_EnergiaEolica.pdf - acessado em 10/10/2008
www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/301304.pdf - acessado em 11/10/2008
http://www.les.ufpb.br/portal/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=21&Itemid=30

Wednesday, October 29, 2008

A força do vento

Essa história começa com uma idéia: produzir energia com o vento. A firma Enercon surgiu assim em 1984, com seu primeiro cata-vento. Atualmente, é a número 1 incontestável na Alemanha e líder mundial nessa tecnologia.

No início dos anos 80, o fundador e proprietário da Enercon teve a idéia de produzir energia a partir do vento. uma idéia visionária, pois naquela época não havia nem soluções técnicas para isto, nem um mercado para a energia eólica. com o passar dos anos investiu em aperfeiçoamentos tecnológicos. seu triunfo foi logrado com o desenvolvimento da instalação de energia eólica sem engrenagem de transmissão- até hoje, uma característica exclusiva da Enercon. Vantagens: menos desgaste, maior vida útil e menos manutenção.
Em vez dos 55 quilowatts do E-15, primeiro modelo de série pequeno, o E-126- com uma altura de 198 metros- fornece hoje 18 milhões de quilowatts-hora por ano: eletricidade suficiente para mais de 4500 residências. A empresa possui diversos modelos, os quais são adquiridos de acordo com as características climáticas e territoriais.

A Enercon possui mais de 13 mil cata-ventos em todo o mundo, com subsidiárias na Índia, no Brasil, Turquia, Suécia e Portugal. Produz mais de 14 GW mundialmente. ocupa a terceira posição no mercado internacional com uma área de produção com mais de 450 mil metros quadrados.

A força impulsora do desenvolvimento das energias renováveis na Alemanha é a
Lei das Energias Renováveis (EEG), a qual entrou em vigor no ano 2000 e garante um ressarcimento com taxas fixas aos produtores. O objetivo é aumentar a participação das energias renováveis no consumo de eletricidade, dos 14,3% atuais para a meta estabelecida de 25 até 30% no ano de 2020. Em seus princípios básicos, a EEG já foi adotada por 47 países.

Offshore
Já que é limitado o espaço para expansão da energia eólica em terra, são explorados cada vez mais os potenciais no mar. o governo alemão considera realista que os parques eólicos offshore venham a alcançar um rendimento de 20 a 25 mil megawatts até os anos 2025/2030.

Dena
A Agência Alemã de Energia (Dena) é o centro de competência para as energias renováveis. Com uma potência instalada de 22248 megawatts, a Alemanha é o maior mercado mundial da energia eólica (2007), o que corresponde a quase 30% da capacidade eólica mundial.

Componentes e técnica
As modernas instalações de energia eólica são compostas de alicerce, torre, casa de máquinas e rotor eólico. um cubo transmite a energia do rotor- diretamente ou através de engrenagem- para o gerador. a gôndola e o rotor são posicionados eletricamente na direção do vento. a velocidade do vento aumenta e as turbulências diminuem com a altura. Assim, é maior o desempenho energético das torres mais altas.

Conclusão
Seja energia eólica no Egito, hidrelética na Indonénia, biomassa no Nepal, geotermia no Quênia ou fotovoltaica na China: a Alemanha apoia em muitos países o abastecimento energético sustentável. A necessidade de energia dos países em desenvolvimento deverá duplicar nos próximos 20 anos. Se for suprida com combustíveis fósseis, isso acarreterá numa enorme poluição ambiental.

Referência:
- Periódico alemão Deutschland n. 4/2008.

Thursday, October 23, 2008

Semana 12 - Biocombustíveis Noticias de outro blog

Para aqueles interessados em expandir a discussão e ter uma idéia da pesquisa sendo realizada pelo grupo de governança de biocombustíveis da Católica de Brasília e de UC Berkeley, visite os sites abaixo:

http://www.energybiosciencesinstitute.org/index.php?option=com_content&task=blogcategory&id=19&Itemid=26

http://biofuelbrazil.blogspot.com

http://nugobio.blogspot.com

Renata

Semana 12 - Biocombustíveis. Estado de Goiás expansão do Etanol

Semana 12 - Biocombustíveis.

Questão Principal: O Ciclo de vida e o papel na sociedade.

Por Itacir João Piasson



Referências:
1. Reis, Lineu B. dos; Fadigas, Elaine A. Amaral; Carvalho, Cláudio E. 2005.Energia, Recursos Naturais e a Prática do Desenvolvimento Sustentável. Monole. São Paulo.



2.Matriz Energética Brasileira

http://www.iar-pole.com/presentationbresil/MME%20Biocombust%EDveis%20- %20Encontro%20Franco-Brasileiro%20-%2027-nov-2006%20RIcardo.pdf



3. Plano Nacional de Energia - 2030

http://www.mme.gov.br/site/menu/select_main_menu_item.do?channelId=8213



4. Relatório da CPT.pdf

Notícias da Terra e da Água, Edição nº 8 de 23 de abril a 7 de maio de 2008.



5. Energia na indústria de Açúcar e Álcool

www.cenbio.org.br

http://www.nest.unifei.edu.br/portugues/Novidades/curso%20CYTED/PDF/Tema%205%20-%20Producao%20e%20Uso%20do%20Etanol%20como%20Combustivel/Externalidades.PDF



6. Situação atual e perspectiva do etanol - Isaias Carvalho Macedo

http://www.mre.gov.br/dc/temas/Biocombustiveis_05-situacaoatualetanol.pdf




7. NUGOBIO Mesa redonda 2008.







Conceito de biocombustíveis




Segundo Lineu os biocombustíveis são os provenientes da biomassa que podem ser classificados em três grupos diferentes: "Biomassa oriunda das florestas nativas e plantadas; Biocombustíveis não-florestais-agroindústria e resíduos urbanos." (Lineu, 2005, p. 255).




Biocombustíveis na Matriz Energética Brasileira




Ricardo Borges Gomes do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, apresenta em 27 de novembro de 2006, gráficos e dados da Matriz Energética Brasileira para incentivar a expansão dos biocombustíveis.

Entre os dados apresentados destaca-se o mapa que indica a área tropical adequada para produção de biocombustível. No contexto energético mundial o Brasil é pressionado a investir em biocombustíveis pelos seguintes fatores:

"Avanço da economia Mundial; crescimento da demanda; condições climáticas em alteração; preços altos dos energéticos; capacidade de refino no limite; instabilidade geopolítica e conflitos bélicos em importantes países supridores de energia; forte dependência em energéticos não-renováveis".(MEB, p. 4).

O contexto é crítico e exige alguns desafios em longo prazo. Entre os desafios assumidos destacam-se: "Segurança no suprimento energético de longo prazo; Modicidade dos preços dos energéticos; manutenção da competitividade da indústria local; mudança climática e meio ambiente" ".(MEB, p. 5).

Para garantir que tais objetivos sejam alcançados sem comprometer o meio ambiente e o desenvolvimento socioeconômico, criou-se a lei nº 9478/97 que estabeleceu os seguinte objetivos: " Incrementar a participação dos Biocombustíveis na Matriz Energética Nacional; proteger o Meio ambiente; Proteger a segurança energética com menor dependência externa; proteger os interesses do consumidor através de regulação e fiscalização do órgão regulador e promover a livre concorrência. ".(MEB, p. 6).

Os dados gerais mostram que a produção de biocombustíveis em 2005 gerou 3.6 milhões de empregos diretos e indiretos na produção de 16 bilhões de litros. Além dos dados sociais, a economia efetiva acumulada de 7 anos e 9 meses de consumo de gasolina chegou a US$ 61 bilhões. Segundo Especialistas, neste mesmo período foi evitada a emissão de 644 milhões de toneladas de CO2 somando mais US$ 16 bilhões. As perspectivas futuras sobre o biocumbustível são otimistas prevendo: "demanda crescente no mundo; preocupações ambientais mais rigorosa; aumento do comércio internacional e avanço na produtividade e no balanço energético dos Biocombustíveis" (MEB, p. 27).




Biocombustíveis no Plano Nacional de Energia - 2030




O Plano Nacional de Energia - 2030, elaborado pela Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, prevê um quadro otimista sobre a oferta interna de energia entre 2005 e 2030.

Os gráficos da página 76 do PNE 2030 demonstram a seguinte evolução na oferta de energia da cana-de-açúcar nos próximos 30 anos:

Figura 2- Oferta interna de energia - 2000 (103 tep)

Derivados de cana-de-açucar 20761; 10,9%



Figura 3 - Oferta interna de energia - 2030 (103 tep)

Derivados de cana-de-açucar 101. 373; 17,9%



Quanto à participação dos biocombustíveis e consumo no setor de transporte de 2005 para 2030 passa de 52,5 milhões tep para 139.0 milhões tep. Um aumento percentual de 13% para 24% em 25 anos. (PNE 2030 p. 90)

A evolução dos preços do litro do álcool produzido no mercado nacional passa de 0,80 em 2005 para 0,60 em 2030, (PNE 2030 p.84).

O quadro da expansão energética não está pautado em avaliações rígidas do Ciclo de Vida do produto pois demonstra mudança pouco expressiva diante do quadro de mudanças climáticas que acontecerão nestes próximos anos. A preocupação parece estar centrada na autonomia energética e na viabilidade econômica sem medir os impactos reais do Plano.





Ciclo de Vida e o papel da sociedade




Segundo Lineu (2005, p.342 apud Consoli et al,1993 e Lindfords, 1995, a Análise de Ciclo de Vida pode ser definida como:

" Um processo para avaliar a carga ambiental associada com um sistema ou atividade, através da identificação e descrição qualitativa da energia e materiais usados e resíduos lançados ao meio ambiente, além de avaliar os impactos do uso da energia e materiais e das liberações para o meio ambiente. A avaliação inclui o ciclo de vida completo do produto ou atividade, considerando a extração e processamento de matérias-primas, fabricação, distribuição, uso, re-uso, reciclagem e descarte final e todos os transportes envolvidos". (Lineu, 2005, p. 342).



Sem dúvida esta avaliação é necessária para garantir um desenvolvimento sustentável com responsabilidade ambiental e social.

Segundo Lineu (2005, p. 337) "seu objetivo é a avaliação comparativa de sistemas, sob o aspecto ambiental. Essas informações, quando incorporadas no planejamento energético, podem resultar em internalizações futuras".



Mesmo que se utilize o métodos ACV para garantir a sustentabilidade do produto, a relação entre os representantes do Governo, as empresas e os trabalhadores envolvidos na produção de biocombustíveis nem sempre é de parceria e de respeito à dignidade dos trabalhadores. Vejamos uma das reportagens que denunciam esta dicotomia de interesses:

"Segundo dados da CPT, a expansão das lavouras da canas-de-açúcar foi a principal causa para o crescimento do trabalho escravo no Brasil, durante o ano de 2007. Para o ministro Reinhold Stephanes, a expansão acontece paralelamente à mecanização da produção, o que dispensaria a mão-de-obra. Na região Sudeste se deu o maior crescimento no número de trabalhadores submetidos a condições análogas à de escravidão. A região também concentra as maiores plantações de cana-de-açúcar do país. Dos quase seis mil trabalhadores libertados em 2007, mais da metade foram retirados de usinas do setor sucroalcooleiro." (Fonte:CPT e Agência Brasil)



Se a ACV é uma técnica capaz de avaliar o desempenho ambiental de um produto ao longo de todo o seu ciclo de vida compreendendo a extração do produto, a manufatura o uso e a disposição final mais o transporte, deve ser feita em conjunto com todos os envolvidos no processo. Não basta as empresas e o governo apresentarem a Avaliação do Ciclo de Vida dos biocombustíveis justificando a viabilidade econômica e ambiental sem levar em conta a qualidade de vida de seus trabalhadores. Se a sociedade quer uma produção de energia sustentável e ambientalmente responsável deve acompanhar a avaliação e participar das mudanças.



Avaliação de Ciclo de Vida



Até então Vice-secretária da Secretaria de Meio Ambiente do São Paulo Dr. Suani Teixeira Coelho em Curso de Energia na Indústria de Açúcar e Álcool, realizado na Universidade Federal de Itajubá , de 12 a 16 de junho de 2004, tratou da Avaliação de Ciclo de Vida dos biocombustíveis. Segundo a autora a ACV é definida pela ISO 14.040 que avalia as entradas, saídas e impacto ambiental potencial de um sistema de produção ao longo de seu ciclo de vida. Segundo Prof. Coelho uma ACV deve incluir: Definição dos objetivos e escopo, análise e inventário, avaliação de impactos e interpretação dos resultados.

Segundo depoimento da autora a avaliação de impactos no Ciclo de Vida tem como propósito avaliar um sistema de produto para entender sua importância ambiental porém, a interpretação destes dados devem identificar e qualificar, verificar e avaliar as informações geradas para tomar decisões acertadas com responsabilidade social e ambiental. (Coelho, 2004, p.12)

ISO 14025



Segundo depoimento de Armando Caldas na mesa redonda do Nugobio do PGA/UCB, a ISO 14025, traça os princípios e procedimentos que orientam os programas de rotulagem o qual pretendem padronizar o Ciclo de Vida e certificar o padrão de Ciclo de Vida, garantindo dados coretos sobre os impactos causados. Facilitando assim um controle maior sobre a sustentabilidade do produto (NUGOBIO Mesa redonda 2008




Situação e perspectiva do Etanol




Segundo DOSSIE sobre Situação atual e Perspectivas do Etanol apresentado por Isaias Carvalho Macedo em 2006 foram processadas 425 milhões de tonelada de cana demonstrando caracterizando uma tendência de crescimento do consumo de etanol nos próximos anos. Neste mesmo dossiê apresenta dados em que o Brasil é o maior produtor mundial de cana com 33,9%. Deste total 18,5% são de produção de açúcar e 36,4% na produção de etanol. Estes dados demonstram que existe uma tendência de crescimento na produção de biocombustíveis porém, é preciso continuar avançando para obter um uso mais eficiente da energia provinda da biomassa. Neste processo a cana-de-açúcar é apontada como o melhor investimento com melhor retorno financeiro. (Macedo, 2006 p.1)




Conclusão



Não se pode buscar o lucro sem medir os impactos sociais e ambientais de todo o processo de produção dos biocombustíveis.

Acompanhando a expansão do etanol pelo estado de Goiás no ano de 2007, constatou-se investimentos milionários em novas tecnologias, em compra de propriedades, na preparação do terreno e no plantio e cultivo da cana. Porém os problemas sociais se agravaram e o governo procura encobrir os fatos em nome de expansão energética.

Entre os problemas sociais ligados à expansão dos biocombustíveis destaca-se a mão de obra escrava, o inchaço das pequenas cidades próximas às usinas, a vida ociosa de trabalhadores contratados por empreitada, as condições precárias de saúde dos trabalhadores braçais na coleta de cana e outros tantos problemas denunciados pelos sindicatos rurais e pela Comissão Pastoral da Terra.

Nestes casos a Avaliação do Ciclo de Vida dos biocombustíveis deve ir além do Marqueting e incorporar os custos sociais propiciando um desenvolvimento ético econômico e ambientalmente sustentável.

No momento o Brasil sofre a pressão de grandes potências econômicas que buscam o lucro na exploração do biocombustível sem incorporas os custos ambientais e sociais do processo de exploração.

Não se pode permitir uma segunda colonização com degradação das terras, contaminação das águas e mão de obra escrava em nome do crescimento econômico e da autonomia energética.

Por Itacir Piasson

Wednesday, October 22, 2008

Semana 12 - Biocombustíveis - Ciclo de Vida e o papel na sociedade

Semana 12

Tópico: Biocombustíveis.
Questão Principal: O Ciclo de vida e o papel na sociedade.

Por Itacir João Piasson

Referências:1. Reis, Lineu B. dos; Fadigas, Elaine A. Amaral; Carvalho, Cláudio E. 2005.Energia, Recursos Naturais e a Prática do Desenvolvimento Sustentável. Monole. São Paulo.

2.Matriz Energética Brasileira
https://supra.ucb.br/exchweb/bin/redir.asp?URL=http://www.iar-pole.com/presentationbresil/MME%2520Biocombust%25EDveis%2520-%2520Encontro%2520Franco-Brasileiro%2520-%252027-nov-2006%2520RIcardo.pdf

3. Plano Nacional de Energia – 2030
https://supra.ucb.br/exchweb/bin/redir.asp?URL=http://www.mme.gov.br/site/menu/select_main_menu_item.do?channelId=8213

4. Relatório da CPT.pdf
Notícias da Terra e da Água, Edição nº 8 de 23 de abril a 7 de maio de 2008.

5. Energia na indústria de Açúcar e Álcool
http://www.cenbio.org.br/
http://www.nest.unifei.edu.br/portugues/Novidades/curso%20CYTED/PDF/Tema%205%20-%20Producao%20e%20Uso%20do%20Etanol%20como%20Combustivel/Externalidades.PDF

6. Situação atual e perspectiva do etanol – Isaias Carvalho Macedo
http://www.mre.gov.br/dc/temas/Biocombustiveis_05-situacaoatualetanol.pdf

7. NUGOBIO Mesa redonda 2008.


Conceito de biocombustíveis

Segundo Lineu os biocombustíveis são os provenientes da biomassa que podem ser classificados em três grupos diferentes: “Biomassa oriunda das florestas nativas e plantadas; Biocombustíveis não-florestais-agroindústria e resíduos urbanos.” (Lineu, 2005, p. 255).

Biocombustíveis na Matriz Energética Brasileira

Ricardo Borges Gomes do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, apresenta em 27 de novembro de 2006, gráficos e dados da Matriz Energética Brasileira para incentivar a expansão dos biocombustíveis.
Entre os dados apresentados destaca-se o mapa que indica a área tropical adequada para produção de biocombustível. No contexto energético mundial o Brasil é pressionado a investir em biocombustíveis pelos seguintes fatores:
“Avanço da economia Mundial; crescimento da demanda; condições climáticas em alteração; preços altos dos energéticos; capacidade de refino no limite; instabilidade geopolítica e conflitos bélicos em importantes países supridores de energia; forte dependência em energéticos não-renováveis”.(MEB, p. 4).
O contexto é crítico e exige alguns desafios em longo prazo. Entre os desafios assumidos destacam-se: “Segurança no suprimento energético de longo prazo; Modicidade dos preços dos energéticos; manutenção da competitividade da indústria local; mudança climática e meio ambiente” ”.(MEB, p. 5).
Para garantir que tais objetivos sejam alcançados sem comprometer o meio ambiente e o desenvolvimento socioeconômico, criou-se a lei nº 9478/97 que estabeleceu os seguinte objetivos: “ Incrementar a participação dos Biocombustíveis na Matriz Energética Nacional; proteger o Meio ambiente; Proteger a segurança energética com menor dependência externa; proteger os interesses do consumidor através de regulação e fiscalização do órgão regulador e promover a livre concorrência. ”.(MEB, p. 6).
Os dados gerais mostram que a produção de biocombustíveis em 2005 gerou 3.6 milhões de empregos diretos e indiretos na produção de 16 bilhões de litros. Além dos dados sociais, a economia efetiva acumulada de 7 anos e 9 meses de consumo de gasolina chegou a US$ 61 bilhões. Segundo Especialistas, neste mesmo período foi evitada a emissão de 644 milhões de toneladas de CO2 somando mais US$ 16 bilhões. As perspectivas futuras sobre o biocumbustível são otimistas prevendo: “demanda crescente no mundo; preocupações ambientais mais rigorosa; aumento do comércio internacional e avanço na produtividade e no balanço energético dos Biocombustíveis” (MEB, p. 27).

Biocombustíveis no Plano Nacional de Energia - 2030

O Plano Nacional de Energia – 2030, elaborado pela Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, prevê um quadro otimista sobre a oferta interna de energia entre 2005 e 2030.
Os gráficos da página 76 do PNE 2030 demonstram a seguinte evolução na oferta de energia da cana-de-açúcar nos próximos 30 anos:
Figura 2- Oferta interna de energia – 2000 (103 tep)
Derivados de cana-de-açucar 20761; 10,9%

Figura 3 - Oferta interna de energia – 2030 (103 tep)
Derivados de cana-de-açucar 101. 373; 17,9%

Quanto à participação dos biocombustíveis e consumo no setor de transporte de 2005 para 2030 passa de 52,5 milhões tep para 139.0 milhões tep. Um aumento percentual de 13% para 24% em 25 anos. (PNE 2030 p. 90)
A evolução dos preços do litro do álcool produzido no mercado nacional passa de 0,80 em 2005 para 0,60 em 2030, (PNE 2030 p.84).
O quadro da expansão energética não está pautado em avaliações rígidas do Ciclo de Vida do produto pois demonstra mudança pouco expressiva diante do quadro de mudanças climáticas que acontecerão nestes próximos anos. A preocupação parece estar centrada na autonomia energética e na viabilidade econômica sem medir os impactos reais do Plano.

Ciclo de Vida e o papel da sociedade

Segundo Lineu (2005, p.342 apud Consoli et al,1993 e Lindfords, 1995, a Análise de Ciclo de Vida pode ser definida como:
“ Um processo para avaliar a carga ambiental associada com um sistema ou atividade, através da identificação e descrição qualitativa da energia e materiais usados e resíduos lançados ao meio ambiente, além de avaliar os impactos do uso da energia e materiais e das liberações para o meio ambiente. A avaliação inclui o ciclo de vida completo do produto ou atividade, considerando a extração e processamento de matérias-primas, fabricação, distribuição, uso, re-uso, reciclagem e descarte final e todos os transportes envolvidos”. (Lineu, 2005, p. 342).

Sem dúvida esta avaliação é necessária para garantir um desenvolvimento sustentável com responsabilidade ambiental e social.
Segundo Lineu (2005, p. 337) “seu objetivo é a avaliação comparativa de sistemas, sob o aspecto ambiental. Essas informações, quando incorporadas no planejamento energético, podem resultar em internalizações futuras”.

Mesmo que se utilize o métodos ACV para garantir a sustentabilidade do produto, a relação entre os representantes do Governo, as empresas e os trabalhadores envolvidos na produção de biocombustíveis nem sempre é de parceria e de respeito à dignidade dos trabalhadores. Vejamos uma das reportagens que denunciam esta dicotomia de interesses:
“Segundo dados da CPT, a expansão das lavouras da canas-de-açúcar foi a principal causa para o crescimento do trabalho escravo no Brasil, durante o ano de 2007. Para o ministro Reinhold Stephanes, a expansão acontece paralelamente à mecanização da produção, o que dispensaria a mão-de-obra. Na região Sudeste se deu o maior crescimento no número de trabalhadores submetidos a condições análogas à de escravidão. A região também concentra as maiores plantações de cana-de-açúcar do país. Dos quase seis mil trabalhadores libertados em 2007, mais da metade foram retirados de usinas do setor sucroalcooleiro.” (Fonte:CPT e Agência Brasil)

Se a ACV é uma técnica capaz de avaliar o desempenho ambiental de um produto ao longo de todo o seu ciclo de vida compreendendo a extração do produto, a manufatura o uso e a disposição final mais o transporte, deve ser feita em conjunto com todos os envolvidos no processo. Não basta as empresas e o governo apresentarem a Avaliação do Ciclo de Vida dos biocombustíveis justificando a viabilidade econômica e ambiental sem levar em conta a qualidade de vida de seus trabalhadores. Se a sociedade quer uma produção de energia sustentável e ambientalmente responsável deve acompanhar a avaliação e participar das mudanças.

Avaliação de Ciclo de Vida

A Vice-secretária da Secretaria de Meio Ambiente do São Paulo Dr. Suani Teixeira Coelho em Curso de Energia na Indústria de Açúcar e Álcool, realizado na Universidade Federal de Itajubá , de 12 a 16 de junho de 2004, trata da Avaliação de Ciclo de Vida dos biocombustíveis. Segundo a autora a ACV é definida pela ISSO 14.040 que avalia as entradas, saídas e impacto ambiental potencial de um sistema de produção ao longo de seu ciclo de vida. Segundo Suani uma ACV deve incluir: Definição dos objetivos e escopo, análise e inventário, avaliação de impactos e interpretação dos resultados.
Segundo depoimento da autora a avaliação de impactos no Ciclo de Vida tem como propósito avaliar um sistema de produto para entender sua importância ambiental porém, a interpretação destes dados devem identificar e qualificar, verificar e avaliar as informações geradas para tomar decisões acertadas com responsabilidade social e ambiental. (Coelho, 2004, p.12)

Situação e perspectiva do Etanol

Segundo DOSSIE sobre Situação atual e Perspectivas do Etanol apresentado por Isaias Carvalho Macedo em 2006 foram processadas 425 milhões de tonelada de cana demonstrando caracterizando uma tendência de crescimento do consumo de etanol nos próximos anos. Neste mesmo dossiê apresenta dados em que o Brasil é o maior produtor mundial de cana com 33,9%. Deste total 18,5% são de produção de açúcar e 36,4% na produção de etanol. Estes dados demonstram que existe uma tendência de crescimento na produção de bioconbustíveis porém, é preciso avançar precisa continuar avançando para obter um uso mais eficiente da energia provinda da biomassa. Neste processo a cana-de-açúcar é apontada como o melhor investimento com melhore retorno financeiro. (Macedo, 2006 p.1)

ISSO 14025

Segundo depoimento de Armando caldas na mesa redonda do Nucobio, a ISO 14025, traça os princípios e procedimentos que orientam os programas de rotulagem o qual pretendem padronizar o Ciclo de Vida e certificar o padrão de Ciclo de Vida, garantindo dados coretos sobre os impactos causados. Facilitando assim um controle maior sobre a sustentabilidade do produto (NUGOBIO Mesa redonda 2008

Conclusão

Não se pode buscar o lucro sem medir os impactos sociais e ambientais de todo o processo de produção dos biocombustíveis.
Acompanhando a expansão do etanol pelo estado de Goiás no ano de 2007, constatou-se investimentos milionários em novas tecnologias, em compra de propriedades, na preparação do terreno e no plantio e cultivo da cana. Porém os problemas sociais se agravaram e o governo procura encobrir os fatos em nome de expansão energética.
Entre os problemas sociais ligados à expansão dos biocombustíveis destaca-se a mão de obra escrava, o inchaço das pequenas cidades próximas às usinas, a vida ociosa de trabalhadores contratados por empreitada, as condições precárias de saúde dos trabalhadores braçais na coleta de cana e outros tantos problemas denunciados pelos sindicatos rurais e pela Comissão Pastoral da Terra.
Nestes casos a Avaliação do Ciclo de Vida dos biocombustíveis deve ir além do Marqueting e incorporar os custos sociais propiciando um desenvolvimento ético econômico e ambientalmente sustentável.
No momento o Brasil sofre a pressão de grandes potências econômicas que buscam o lucro na exploração do biocombustível sem incorporas os custos ambientais e sociais do processo de exploração.
Não se pode permitir uma segunda colonização com degradação das terras, contaminação das águas e mão de obra escrava em nome do crescimento econômico e da autonomia energética.

Tuesday, October 14, 2008

Semana 11 - Biomassa

Por Ana Cláudia


Referência analisadas:
1. Reis, Lineu B. dos; Fadigas, Eliane A. Amaral; Carvalho, Cláudio E. 2005. Energia, Recursos Naturais e a Prática do Desenvolvimento Sustentável. Monole. São Paulo.
2. HTTP://www.aneel.gov.br/aplicações/Atlas/index.html
3. Implicações Jurídicas da Bioenergia - Luiz Antônio Sanches
4. O Uso Energético da Madeira José Otávio Brito
5. Perspectivas da Agroenergia no Centro- Oeste - Ângelo Bressan


principal questão analisada:

O tema biomassa abordado sob diferentes aspectos.

pequena introdução ao tema:

Para definir biomassa, usarei o conceito de Lineu, 2005 que a define como uma série de vegetais presentes na natureza e formados através do processo de fotossíntese como também resíduos gerados a partir da utilização dos mesmos. A classifica como uma das formas em que a energia solar se manifesta. A energia armazenada nas plantas é reciclada naturalmente por uma série de processos físicos e químicos de conversão. A importância desse processo cíclico é que se pode aproveitar, na forma de combustível, a energia química armazenada.



resenha crítica do texto 1,

Lineu inicia seu texto definindo biomassa, citado acima, e segue explicando como esse processo ocorre: “as plantas absorvem a energia solar, a água e o dióxido de carbono do ar transformando todo esse potencial em energia química. Esta energia química pode ser liberada por combustão ou outro processo de conversão em diversos derivados energéticos.” A seguir faz uma análise da participação da biomassa na oferta total de energia no mundo em torno de 13%, destacando sua importância nos países em desenvolvidos devido a preocupação com o Meio Ambiente e o uso de fontes renováveis de energia. Cita Johamsson TB et al, que estima que a biomassa poderá oferecer 17% da eletricidade e de 38% do consumo direto de combustíveis no mundo em 2050. E fala ainda da dificuldade de se levantar esses dados devido as dificuldades encontradas para contabilizar esse uso em transações não comerciais. Cita: a oferta de energia e o consumo final da biomassa por setores no Brasil em 2000 segundo o BEN 2001:

Petróleo e derivados – 47%
Hidráulica e eletricidade – 15%
Lenha e carvão vegetal – 12%
Derivados da cana de açúcar – 10%
Carvão mineral e derivados – 8%
Gás natural - 5%
Outros renováveis – 2%
Urânio e derivados – 1%
Totalizando 22% do consumo energético brasileiro.
Industrial – 51%
Residencial 17,9%
Setor energético – 14%
Transporte – 12,4%
Agropecuário 4,3 %
Comercial e Público 0,4 %

O Brasil tem utilizado as formas mais modernas de aproveitamento da biomassa, com o uso do álcool etílico no setor de transporte e queima do bagaço da cana de açúcar nas usinas de cogeração.
Comenta sobre a criação do Pró-alcool em 1975, com o objetivo de substituir a gasolina em veículos leves, como iniciativa para reduzir os impactos da elevação dos preço internacionais do petróleo. O programa começou a declinar na década de 90, tendo como um dos motivos a diminuição da oferta deste combustível pelos produtores em função dos preços mais atrativos do açúcar no mercado internacional.
Levanta ainda a potencialidade do aproveitamento eficiente do bagaço de cana, onde, hoje, apenas 4,8% é utilizado para gerar eletricidade. Cita a existência do interesse do Ministério das Mina se Energia em criar condições para ouso do bagaço em processos de cogeração eficiente e viabilizara a comercialização da energia excedente para o sistema elétrico brasileiro, o que poderia produzir uma quantidade de energia adicional de 12.00MW, utilizando-se apenas de tecnologia disponível.
Finaliza seu texto levantando as iniciativas implantadas no Brasil no que diz respeito ao aproveitamento dos resíduos agrícolas. Fala das pequenas unidades gerando energia elétrica pela queima de casca de arroz que visam a produção de energia elétrica e ao aumento da produtividade (com o fornecimento contínuo de energia elétrica com maior qualidade) ao invés de queima dos dejetos e o conseqüente impacto negativo sobre o ambiente. Lembrar ainda que o Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade, possui uma variedade muito grande de oleaginosas que podem ser utilizadas na produção do chamado “biodisel”. O biodisel pode substituir inteiramente o diesel derivado do petróleo ou pode ser adicionado ao mesmo. Por fim levanta a questão do lixo, cuja destinação hoje, constitui-se em um dos maiores problemas dos grandes conglomerados urbanos. A não utilização dessa espécie de biomassa como fonte de energia renovável já é, em si, um grave problema ambiental, existe um custo financeiro e ecológico do gerenciamento do lixo urbano.

resenha crítica do texto 2:

Esse texto também é iniciado com o conceito de biomassa o qual o faz sob o ponto de vista energético, para fim de outorga de empreendimentos do setor elétrico, definindo biomassa como sendo todo recurso renovável oriundo de matéria orgânica (de origem animal ou vegetal) que pode ser utilizada na produção de energia. É uma forma indireta de energia solar, esta é convertida em energia química, através da fotossíntese, base dos processos biológicos de todos os seres vivos. Segue levantando que a quantidade de biomassa existente na terra é da ordem de dois trilhões de toneladas; o que significa cerca de 400 toneladas per capita (oito vezes o consumo mundial de energia primária). Cita Estimativas da Agência Internacional de Energia (AIE) que indicam que, futuramente, a biomassa ocupará uma menor proporção na matriz energética mundial – cerca de 11% em 2020 (AIE, 1998). Fala do bagaço de cana-de-açúcar como sendo o recurso de maior potencial para geração de energia elétrica no País e suas vantagens pois o período de colheita da cana-de-açúcar coincide com o de estiagem das principais bacias hidrográficas do parque hidrelétrico brasileiro. Fala da produção de etanol, onde cerca de 28% da cana é transformada em bagaço, equivalendo este, em termos energéticos, a 49,5%, o etanol a 43,2% e o vinhoto a 7,3%. O autor segue falando sobre as tecnologias de aprimoramento do uso da biomassa, onde conceitua cada uma delas, e finaliza seu texto falando dos aspectos sócios-ambientais, onde destaca os entraves do uso da biomassa na geração de energia elétrica, baixa eficiência termodinâmica e custo alto de produção e transporte, e o uso e ocupação do solo, criação de monoculturas, a perda da biodiversidade e o uso intensivo de defensivos agrícolas.
Resenha do texto 3

Esse texto fala sobre as implicações jurídicas da bioenergia e destaca que a energia elétrica virou sinônimo de desenvolvimento e que o desenvolvimento nos países é, hoje, medido por meio de energia. Afirma que a bioenergia deixou de ser um subproduto e passou a ser produto determinante das políticas ou das estratégias empresariais de cada um dos investidores nesses segmentos. Fala do conceito de Monopólio Natural do fornecimento de energia elétrica, originado em 1904 por Rui Barbosa, então consultor jurídico do consorcio que hoje viria ser a Light, afirmou que era impossível defender a livre concorrência para o setor de distribuição de energia elétrica, por que a exploração desse setor econômico só poderia ser realizado mediante monopólio de fato, criando implicações jurídica que influenciam nossas relações até os dias de hj. Somente a concessionária do estado poderia distribuir energia elétrica. Fala sobre a taxação do ICMS porque muitos Estados têm cobrado o tributo em cima da energia elétrica pelo teto, 30%, e não pela base, 18%. Ou seja, um bem essencial está sendo taxado pelo teto, quando deveria ser pelo piso. Finaliza levantando os desafios jurídicos da Cogeração com biomassa, onde cita: os aspectos ambientais como EIA-RIMA, LP, LI e LO; o relacionamento com os órgãos ambientais e regulatórios; os aspectos regulatórios, tributários, societários e cíveis.

Resenha do texto 4

Nesse texto o autor destaca que apenas parte da energia da cana é aproveitada, a biomassa é descartada ou queimada. Que o potencial energético da biomassa corresponde a aproximadamente 2/3 da energia acumulada na cana. Afirma ainda que o Brasil poderá dobrar a produção de etanol , sem aumento da área plantada, se todo o bagaço for convertido em etanol, usando variedades da cana hoje existentes. Refere-se ao aproveitamento dos ponteiros e folhas (1/3 do carbono fixado) que hoje são deixados no campo e do bagaço (1/3 do carbono fixado) disponíveis nas usinas. Afirma ainda que outro aumento correspondente a duas vezes ao aproveitamento atual, poderia ser obtido se fossem usadas variedades de cana selecionadas para produzir biomassa ao invés de apenas sacarose. Conclui dizendo que a tecnologia para a produção de etanol a partir de celulose e hemicelulose do bagaço e da palha da cana, associada ao uso da “cana biomassa” ou da “cana energia”, tem a capacidade de quadruplicar a produção de álcool por hectare, havendo uma grande redução da necessidade da disponibilidade de terras para plantio.

Resenha to texto 5

Esse último texto fala sobre as perspectivas da agroenergia no Centro-oeste, a autora inicia conceituando agroenergia como sendo toda energia proveniente da biomassa ou seja de atividades agropecuárias. Cita o etanol e o biodiesel, caracteriza o biodiesel como sendo um éster extraído a partir de material graxo, que também pode ser produzido de resíduos agropecuários como o sebo bovino. Fala de outras agroenergias como a co-geração de energia elétrica a partir da queima de resíduos vegetais como o bagaço da cana e a produção do gás metano gerado a partir de resíduos de suinocultura.
Fala ainda que se o Brasil quiser lançar um programa consistente de uso de biomassa para produzir combustível é preciso que a liderança do processo seja, no primeiro momento, do governo para que este crie as regras para que o setor privado tenha seguranças suficiente para fazer os investimentos. Defende a idéia de um estado parceiro, inteligente, que discuta o assunto.
Fala do álcool combustível como sendo um produto consolidado no mundo inteiro.
Fala ainda dos problemas e benefícios que a implantação de uma indústria de produção de etanol e toda sua cadeia de produção, trazem para uma pequena população.
Discute sobre o mercado interno e possíveis mercados exportadores do etanol brasileiro, fala do carro com uso de combustível flexível, das vantagens deste e da importância da tecnologia nacional do álcool hidratado como combustível. Classifica os Estados Unidos como o segundo pais, após o Brasil, em produção e consumo do álcool combustível. Fala da preocupação européia com o meio ambiente e suas indagação quanto ao plantio de cana na Amazônia, explica as desvantagens do plantio de cana nessa região devido ao excesso de umidade que faz com que a cana cresça bonita, mas sem concentrar a sacarose dando uma baixa produção por hectare. Fala do programa de uso crescente de biodiesel na Europa onde se espera em 2010 estar com 5,75% de participação de biocombustíveis na matriz de combustíveis líquidos. Fala ainda da possibilidade de exportação do Brasil para o Japão de álcool e questiona se o Brasil terá condições de garantir essa exportação, pois 85% do nosso álcool é consumido domesticamente e 90% dos nossos veículos novos, são flex, destaca a grande quantidade de usinas em fase de implantação no Brasil. São 47 usinas em montagem e mais 56 em fase de projeto. Finaliza questionando como se constrói um mundo novo, e sugere que sejam necessários conceitos novos e idéias novas onde é preciso pensar diferente, não só pensar no álcool mas também na cogeração da energia elétrica para vender para a rede e nos créditos de carbono que estão aí, além do açúcar.


conclusão: A produção e o consumo de energia proveniente da biomassa cresce em todo o mundo. Seu custo de produção ainda é considerado alto, mas se os gastos provenientes dos custos relacionados aos impactos sócio-ambientais forem computados, essa fonte de energia pode se tornar bem mais atrativa. Também deve se levar em conta que essa fonte pode ser uma boa opção de fonte energética para comunidades isoladas e que a mesma ainda pode contribuir de forma significativa para diminuir a dependência dos países importadores de combustíveis fosseis, dos exportadores.
Acredito que outra questão que deva ser levantada é sobre a racionalização do uso energético em todo o mundo. A questão a ser levantada não seria a de como aumentar a produção energética no mundo, mas sim a de racionalização da produção atual.


Por Ana Claudia

Tuesday, October 7, 2008

Semana 10 : Energia Nuclear: desafios de uma tecnologia quase perfeita e limpa:

A utilização da fonte nuclear na produção de eletricidade é assunto de divergências no mundo inteiro, o qual se divide entre países favoráveis e contra a sua adoção. A Alemanha, por exemplo, decidiu não desenvolver seu programa nuclear, passando a depender de fontes de energia da Rússia, o que não é bom para o país, ainda mais nesse momento que a Europa vive uma retomada do crescimento.

Recentemente, no Brasil, discute-se o projeto de retomada da construção de Angra 3, em Angra dos Reis – RJ, assim como seu licenciamento ambiental. O início das operações da Usina está previsto para o ano de 2013, o que alimenta debates entre ambientalistas, cientistas e órgãos do governo. Para que nosso país dê seqüência aos planos de uso da energia nuclear, duas medidas são fundamentais: a construção de um repositório nacional de rejeitos radioativos provenientes das fontes geradoras (mineradoras, reatores de usinas, centros de pesquisa); e a estruturação de um novo Fundo Nacional de Rejeitos Radioativos.

Segundo dados das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), nosso país possui a sexta maior reserva geológica de urânio do planeta, o que permite ao Brasil ser auto-suficiente em geração de energia nuclear e um possível exportador do minério que serve de combustível para as usinas.

O alto custo para construção das instalações , é um dos fatores que depõe contra essa opção energética. Apesar de ter ocorrido uma expansão do uso dessa fonte energética para geração de eletricidade na década de 70, o setor nuclear teve que conviver com o estigma das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, e voltou a decrescer em seguida.Para piorar a imagem do setor, ainda ocorreram trágicos acidentes, como o da Usina de Chernobil (na Ucrânia, que integrava a antiga União Soviética), em 1986; e o de Goiânia, Goiás, um ano depois. Acontecimentos como estes mantêm vivo no imaginário da população mundial o medo relacionado à radioatividade. Além dos acidentes, um outro impasse para a aceitação da energia nuclear é a questão do gerenciamento do lixo radioativo. Havendo a necessidade de monitoramento constante desses rejeitos, além de prover seu isolamento correto, de acordo com os níveis de atividade do mesmo.

Segundo Lineu et al. (2005), energia nuclear é a energia armazenada no núcleo dos átomos, mantendo prótons e nêutrons juntos. É considerada uma energia fóssil pois os elementos foram formados cerca de oito bilhões de anos. A vantagem da produção de energia nuclear por meio da fissão é que não há consumo de combustíveis fósseis, diminuindo assim lançamento de gases do efeito estufa na natureza.

A energia nuclear é liberada de duas formas; fusão, quando dois ou mais núcleos atômicos se unem para produzir um novo núcleo, gerando uma reação em cadeia, que produz energia; e fissão ou quebra desses núcleos atômicos, que também produz energia, decorrente desse processo.

O elemento químico urânio é um metal branco-níquel, em que, no seu estado natural é encontrado nas rochas da crosta terrestre. O urânio na natureza é formado de uma mistura de três isótopos, sendo 99,3% com massa 238; 0,7% com massa 235; e traços com massa 234, sendo um elemento radioativo. Suas maiores aplicações são na geração de energia elétrica e na produção de material radioativo para uso na medicina, arqueologia, geologia, hidrologia, indústrias e agricultura.

Nos reatores nucleares não é a radioatividade do urânio que é aproveitada e sim sua propriedade de fissionar-se, ou seja, quebrar-se ou partir-se, produzindo energia através de uma reação em cadeia.

Para ser utilizado como combustível num reator nuclear para geração de eletricidade, o urânio passa por algumas etapas, denominadas ciclo de combustível nuclear.

Ciclo do combustível nuclear: extração do urânio na crosta terrestre – trituração e moagem do minério – lixiviação em acido sulfúrico para retirada do urânio da rocha residual – recuperação do urânio – precipitação como um concentrado de ácido de urânio (U3C38) conhecido como yellow cake.

Para que seja enriquecido o urânio necessita estar em forma de gás, o hexafluoreto de urânio (U3O8), que é obtido na usina de conversão. O processo de conversão separa o gás em dois feixes, sendo que um será enriquecido U238 e o outro empobrecido em U235. Após o enriquecimento do isótopo, o urânio é transportado para uma usina de fabricação de combustível, onde será convertido em pó de dióxido de urânio (UO2), este pó é prensado em pequenas pastilhas cilíndricas (pellets), sendo essas pastilhas inseridas em varetas de material apropriado, seladas e montadas em conjunto, constituindo assim, o elemento combustível para o uso no reator nuclear.

O urânio que foi usado no reator torna-se combustível queimado e passa por uma série de etapas adicionais:
- estocagem: o combustível queimado torna-se muito radioativo quando retirado do núcleo do reator, portanto, são armazenados em piscinas especiais para diminuição da temperatura e radioatividade.
- reprocessamento e disposição dos resíduos: 96% do combustível queimado contém urânio fissionável que pode ser reutilizado no reator, após sua recuperação, o urânio pode ser retornado à usina de conversão, onde será feita a reconversão em hexafluoreto de urânio, e todo o processo se repete.
- Vitrificaçao: como todo processo de produção de energia gera vários resíduos, a parte líquida resultante é calcinada produzindo um pó seco que será incorporado em vidro para imobilização desses mesmos resíduos.
- Disposição final: após vitrificação os resíduos são selados em contêineres de aço inoxidável e as varetas de combustível queimado encapsulados em metais resistentes e enterrados em profundidade no subsolo em estruturas rochosas estáveis.

Energia nuclear no mundo e no Brasil:

Existe grande quantidade de urânio disponível tanto nas rochas quanto na água do mar, para a produção de energia e outras atividades, bem como tecnologia avançada para o seu uso.

As reservas são medidas em função das quantidades recuperáveis a custos atrativos, Lineu et al (2005). Austrália, Kasaquistão e Canadá possuem 57% das reservas mundiais recuperáveis com custo abaixo de US$80/kg U, e são capazes de suprir as necessidades atuais por mais cinqüenta anos.

Da análise de custos da geração nuclear nos Estados Unidos, infere-se que a energia nuclear tende a ser competitiva com a gerada a partir do gás natural se os preços do petróleo (que servem de referência para o gás) se mantiverem em um patamar superior a US$40/barril, o preço do barril está por volta de U$80 atualmente). Na medida em que os preços brasileiros se aproximem dos internacionais, o quadro daqui deve refletir o internacional. Alvim et al. (2007).



Brasil:

Segundo análise de prospecção para demanda de energia até 2030 (Estudos Avançados: energia nuclear em um cenário de trinta anos, p. 2), o aumento da produção de energia, como a nuclear, está intrinsecamente relacionado a disponibilidade de fontes de urânio e ao PIB dos países que investem na produção.

O custo para produção de energia nuclear é alto, tanto para construção das instalações, quanto para mão-de-obra especializada, por não haver pessoal qualificado para a atividade. Mas há compensações no que concerne aos passivos ambientais, como a falta de emissão de CO2, resultantes de outras formas de produção energética, como a geração a carvão por exemplo.

Em uma análise, a energia hídrica ainda leva vantagem do ponto de vista de custo de geração sobre as demais. No entanto, as dificuldades impostas pelos entraves ambientais limitam o potencial a ser utilizado. As grandes usinas hidrelétricas planejadas encontram-se na Amazônia onde as dificuldades ambientais ainda são maiores. Foram incluídos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) as usinas de Belo Monte e as do Rio Madeira. Para tornar os projetos aceitáveis pela sociedade, as áreas inundadas foram consideravelmente reduzidas nos dois projetos. No caso do Rio Madeira, houve ainda a necessidade de evitar que o reservatório incluísse o território boliviano, o que tornaria o empreendimento ainda mais complexo. Portanto, com todas essas limitações, a produção de energia nuclear deixa de ter um papel complementar na geração de energia, podendo vir a ter uma maior participação na matriz energética nacional.

No planejamento oficial (Plano 2030) o potencial nuclear em 2030 será de 7,2 GW, que abrangeria mais quatro unidades de 1 GW além de Angra 3.

Riscos Ambientais: angra 3

A retomada da construção da usina nuclear Angra 3, tem gerado muita discussão, no que tange os interesses políticos, econômicos, sociais e ambientais. Projeto concebido originalmente na década de 1970, no auge da ditadura militar, e desde então ressuscitado ou engavetado ciclicamente ao sabor dos ventos políticos. Persistem, no entanto, grandes questionamentos relacionados ao projeto, que incluem desde dúvidas quanto à racionalidade econômica do investimento nesse tipo de energia até às conhecidas críticas sobre seus problemas ambientais - ainda que alguns dos principais defensores da energia atômica da atualidade tenham "berço" ambiental. Além disso, a própria estrutura do programa nuclear nacional desperta freqüentes suspeitas em relação à falta de transparência e fiscalização.

Os riscos ambientais da energia nuclear abrangem quatros aspectos:
1. Riscos na operação normal da usina;
2. Riscos em casos de acidentes;
3. Risco no ciclo do combustível (processo de produção);
4. Riscos no armazenamento dos rejeitos (disposição final).

No modelo de reator tipo PWR (Pressurized Water Reactor) utilizado nas usinas no Brasil, não foi registrado nenhum acidente com danos ambientais e sociais significativos. Mas ainda temos insuficiência de recursos financeiros e humanos para o licenciamento e fiscalização da atividade. Tendo ainda um problema de incompatibilidade de interesses em que o mesmo organismo regulatório nuclear (Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEM) tem responsabilidade na gestão das Indústrias Nucleares Brasileiras (INB).
Quanto aos rejeitos de baixa e média atividades, atualmente armazenados no próprio local da Usina Angra, terão uma solução definitiva, antes da expansão do Programa Nuclear. A solução do problema não apresenta dificuldades tecnológicas, e sim entraves nas políticas voltadas para a atividade e aceitação pública.

Em entrevista à revista Estudos Avançados (2007), o cientista e professor Carley Martins analisa a questão dos acidentes nucleares, elucidando algumas dúvidas.

Segundo fala do cientista, a população de Angra dos Reis não corre riscos significativos decorrentes da construção de uma nova usina no Complexo Nuclear Almirante Álvaro Alberto. Ainda segundo Carley, a tecnologia existente, permite reduzir a valores desprezíveis a probabilidade de ocorrência de falhas graves no núcleo. Os sistemas de controle de segurança são desenvolvidos utilizando todos os recursos tecnológicos disponíveis à época de sua concepção e obedecem a normas rígidas de fabricação e certificação.

Fazendo uma rápida consulta à história da energia nuclear (Estudos avançados: controle e segurança dos reatores nucleares, p.3), observamos que os acidentes mais significativos que ocorreram com reatores nucleares foram decorrentes de falhas de operação, com intervenções equivocadas e erros em procedimentos de teste do reator. Foi assim com Three Mile Island, nos Estados Unidos , em 1979 e com Chernobyl, na Rússia, em 1986.
Carley diz que não vê nenhuma entrave na questão da fiscalização e gestão da energia nuclear, uma vez que a operadora dos reatores da central nuclear de Angra é a Eletronuclear vinculada ao MME, e o órgão licenciador, regulador e fiscalizador de toda atividade nuclear no Brasil é a Comissão Nacional de Energia Nuclear, vinculada ao MCT. São empresas vinculadas a ministérios distintos, então, podemos entendê-las como empresas independentes.

Conclusão
Concluímos que a energia nuclear pode ser usada para o desenvolvimento, produzindo energia com tecnologia limpa em relação a emissão de gases do efeito estufa e diminuição nos impactos negativos ao meio ambiente, entretanto, pode causar várias acidentes graves devido a erros de operação.
Conclui-se também, que ainda há controvérsias relativas a fiscalização e gestão do setor nuclear, uma vez que os próprios especialistas do setor divergem sobre que fiscaliza e quem gere o setor de energia nuclear no Brasil.



Símbolo da presença de radiação*.
Deve ser respeitado, e não temido.

Referências Bibliográficas

REIS, Lineu Belico dos.; FADIGAS, Eliane A. Amaral.; CARVALHO,Elias.Cláudio:
Energia, recursos naturais e a prática do desenvolvimento sustentável. São Paulo:
Manole, 2005. P.218-228.
ALVIM, Carlos Feu; EILDEMAN, Frida; MAFRA, Olga; FERREIRA, Omar Campos:
Energia nuclear em um cenário de trinta anos. Estudos avançados. Vol.21 nº 59.
São Paulo Jan./Abr.2007
MARTINS, Carle: Controle e segurança dos reatores nucleares. Estudos avançados.
Vol.21 nº 59. São Paulo Jan./Abr.2007

Na internet:

www.cnen.gov.br/cnen_99/educar/energia.htm
www.comciencia.br/reportagens/nuclear/nuclear02.htm
www.projectpioneer.com/mars/how/energiapt.htm
Comissão Nacional de Energia Nuclear: http://www.cnen.gov/
http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=1241
http://www.opalc.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1041&Itemid=2

Eletronuclear: Angra 1 e 2