Friday, September 4, 2009

PLANEJAMENTO DE ENERGIA

Professora Renata, Caros Colegas,

Para se elaborar a matriz energética é necessário que se tenha um banco de dados com informações sobre o cenário de desenvolvimento econômico global e nacional, que se recorra a vários métodos e técnicas para elaboração do planejamento e que se faça a simulação de cenários baseados em séries históricas sobre a oferta e o consumo de energia como bem demonstra o Balanço Energético Nacional.
Para se elaborar ou organizar o Planejamento Nacional de Energia (PNE 2030) foi definido um cenário de crescimento econômico para o Brasil entre 2010 e 2030. Projetou-se através desse cenário a capacidade de produção e a demanda para cada matriz energética.
Os dados levantados propiciaram a formulação de um balanço energético simplificado que identificará em quais fontes energéticas o país terá deficiência e de que forma ela deverá ser suprida por meio de fontes alternativas. Hoje a energia do petróleo e da hidroeletricidade são muito utilizadas e demandam investimentos a curto prazo. O gás natural aumentará sua participação no fornecimento de energia. Em outro momento a energia eólica e solar aumentará sua participação no quadro da matriz energética por serem renováveis, bem como a cana de açúcar e o biodiesel que também apresentam grande potencial de crescimento.
Portanto, o PNE 2030 projeta: a produção de energia de forma sustentável; busca a eficiência no uso da energia; prevê a expansão do uso do biodiesel e da cana de açúcar e seus derivados; aumento do consumo domiciliar de energia elétrica; crescimento e melhor distribuição de renda; diminuição da utilização de energia hidráulica entre 2005 e 2030.
Para se construir a matriz energética nacional para 2030 participaram os seguintes atores:
- Ministério das Minas e Energia (MME) que tem responsabilidade legal na elaboração da matriz energética e tem a competência de direcionar diretrizes com o objetivo de alcançar uma política de eficiência energética;
- Agencia Nacional do Petróleo (ANP) tem a competência de fornecer dados sobra a produção de petróleo e seus derivados:
- Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) órgão encarregado de atualizar periodicamente os dados da matriz energética;
- Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) define critérios para determinar quantificar as reservas minerais;
- Empresa de Pesquisa Energética (EPE) ligada ao Ministério das Minas e Energia, desenvolve estudos e pesquisas sobre o setor energético;
Eletronuclear - subsidiária da Eletrobrás é responsável pelas usinas nucleares.
Lineu (2005), enfatiza que o planejamento energético tem evoluído em consonância com forças atuantes no sentido da construção de um modelo de desenvolvimento sustentável que envolve a aplicação de algumas ferramentas metodológicas como:
- Planejamento Integrado de Recursos (PIR) que se sustenta com o aumento da preocupação com o uso eficiente da energia, e, com a ênfase nos usos finais. Seu objetivo básico de acordo com o mesmo autor foi expandir até um novo limite, o cenário de planejamento, para que ele contivesse e avaliasse, de forma integrada, os projetos focalizados na oferta, ações de aumento da eficiência e conservação de energia.
– Gestão Integrada de Recursos (GIR) – trata da aplicação de recursos à infraestrutura para o desenvolvimento, como uma importante forma de orientar o planejamento energético aos rumos do desenvolvimento sustentável.
A GIR procura fomentar alianças e parcerias que tragam vantagens na implantação e operação de componentes da infraestrutura. Busca nessas parcerias obter vantagens que garantam a competitividade econômica e a viabilização do investimento.
A GIR leva em conta critérios políticos, sociais, econômicos e ambientais;
– Avaliação de Custos Completos (ACC) – Para Lineu (2005) É uma ferramenta, a qual incorpora custos ambientais e custos internos, com dados de impactos externos e custos-benefícios de atividades sobre o meio ambiente e a saúde humana. Nos casos em que os impactos não podem ser monetarizados, são usadas avaliações qualitativas. Tem dois objetivos: definir e alocar custos ambientais internos; e, definir e avaliar as externalidades associadas com as nossas atividades.
Está calcada em cinco premissas: consideração de recursos e usos de energia eficientes, impactos sociais; emprego de fontes de energia renováveis. E integridade financeira.
- Análise do Ciclo de Vida (ACV) – é definido como um processo para avaliar a carga ambiental associada com um sistema ou atividade, através da identificação e descrição quantitativa da energia e materiais usados e resíduos lançados ao meio ambiente, além de avaliar os impactos do uso da energia e materiais e das liberações para o meio ambiente. A avaliação inclui o ciclo de vida completo do produto ou atividade considerando a extração, uso, re-uso, reciclagem e descarte final, e todos os transportes envolvidos. A ACV dirige-se a impactos ambientais do sistema pelo estudo nas áreas de sistema ecológico, saúde humana e depleção de recursos. Ela não se dirige a efeitos econômicos ou sociais (LINEU, (2005), apud Consoli et al. (1993) e Lindfords (1995)).
A ACV é aplicada na avaliação e elaboração de políticas; educação pública; tomada de decisão interna; revelação pública de informações.
A utilização dessas ferramentas facilita a análise ampliada dos dados para a construção do planejamento de energia.

Raimundo Pereira Barbosa

Referências:
Reis, Lineu Belico dos, Energia, recursos naturais e a prática do desenvolvimento sustentável. Editora Manoel, 2005.
Ministério de Minas e Energia. Matriz Energética Nacional 2030. EPE, 2007.
Ministério de Minas e Energia. Plano Nacional Energético 2030.

13 comments:

Alexandre Moura said...
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Alexandre Moura said...

Os aumentos no gasto de energia em residências têm relação direta com as facilidades de compras, e conseqüentemente, aquisição de novas tecnologias por parte da população. Acredito que se há tendência de aumentar o consumo, governo e as empresas poderiam investir cada vez mais em eletrodomésticos econômicos e incentivar a utilização de energia alternativa , parece que o governo começa a fazer de forma tímida mas começa. Tenho a sensação que a idéia é expandir a oferta energética e não considerar a conservação da mesma. Parece-me que o Brasil começa a surgir como um grande mercado consumidor desenfreado o que torna o planejamento pensado mais ausente. Acho que poderíamos estipular metas de economia de forma mais firme dentro desses documentos.

EDNA said...

Penso que o Brasil não tem necessidade de construir mais usinas nucleares para atingir a meta do PNE 2030. Fonte de energia elétrica ambientalmente incorreta por causa dos riscos de acidentes e pela produção de resíduos radioativos, deveria ser definitivamente descartada. Acredito que existem formas de aumentar a eficiência e a conservação de energia, e se encontrar fontes renováveis para se resolver os problemas energéticos do país.
Segundo consta o Brasil tem hoje aproximadamente 70 usinas hidrelétricas com mais de 20 anos de construção, que poderiam sofrer uma repotenciação (troca de equipamentos, por ex. substituição do rotor do gerador, ou modernização de componentes e sistemas). O custo é bem menor comparado à construção de novas usinas, que absorvem a maior parte dos investimentos somente em obras civis.

Stefan said...

O que temos pela frente é uma corrida contra o tempo no esforço de minimizar a deterioração ambiental e “energia” é uma palavra que expressa grande preocupação em todo o mundo.

Energia alternativa é o sonho que, aos poucos, começa a se tornar realidade por toda parte, buscando refazer as feições do planeta Terra: desperdícios reconsiderados e sistemas energeticamente eficientes, operando em harmonia com a natureza.

Hoje, infelizmente, o grande investimento, associado a fontes alternativas, é a fusão nuclear. Mas até o aprofundamento e o aprimoramento de outras alternativas, seria necessário conviver com a fissão e seus inconvenientes, como os rejeitos radioativos...

marcus said...

Pensar em planejamento energético é algo complexo, a produção de energia de forma sustentável e a busca da eficiência no uso da energia é algo que precisa ser discutido, pois envolve interesses opostos tais como: produtor e consumidor, governo e sociedade privada, crescimento e degradação ambiental ou estagnação. Pode-se afirmar que o grande desafio na elaboração do planejamento do setor elétrico nacional está pautado em alcançar o equilíbrio entre os interesses dos agentes privados e os interesses da sociedade e do meio ambiente, buscando assim, a obtenção de amplos benefícios para todos os envolvidos. Para que ocorra tal equilíbrio se faz necessário o envolvimento de todos para elaboração de metas, a lucratividade é o principal objetivo das empresas que fazem com se tenha um aumento no consumo, dessa forma não adianta planejar sozinho e esperar que todos os setores executem o planejamento.

Willem said...

Prezados,
fatos mostram que muitas das questões de suprimento de energia passam pela necessidade do País contar com um Plano Nacional de Desenvolvimento Energético, Econômico e Social, que não contemple apenas os anos de um mandato, como os PPAs – Planos Plurianuais de Atividades, mas sim, períodos mais longos, que permitam ao Setor Energético planejar a expansão com base em variáveis mais sólidas e em ambiente de forte interação com o Ministério de Planejamento, da Fazenda, do Desenvolvimento, dos Transportes, etc.

Anonymous said...

Simpáticos,

Achei interessante as ferramentas utilizadas para a elaboração dos cenários e consequentemente do PNE, especialmente o PIR, no que diz respeito ao uso final da energia e sua eficiência; o ACC, por avaliar as externalidades e, por fim, a ACV, no que tange a avaliação da carga ambiental associada ao sistema. Em última análise, ao discutirmos de um modo geral qual fonte energética é mais apropriada estamos, na verdade e de modo empírico, nos referindo ao ciclo de vida de cada sistema. O quanto o sistema polui, como ele polui e a quantidade de resíduos gerados são avaliados na ACV e preocupação de todos, daí os comentários de dois colegas sobre a utópica fissão nuclear e a brincadeira perigosa da fusão.

Grato,

Thiago Costa

Carol Alarcão said...

O banco de dados do Balanço energético é fundamental na construção do cenário do Planejamento de energia para o período de 2010-2030. Já que tem grande contribuição nas projeções da capacidade de produção e demanda da matriz energética para o período de 2010-2030. Estas projeções permitem retratar melhor quais fontes de energia que o país precisa investir para minimizar as deficiências do setor com o objetivo de aperfeiçoar as ofertas de energia e estimular o estudo da disponibilidade de novas tecnologias para as fontes alternativas em beneficio da sustentabilidade.
A aplicação das ferramentas metodológicas possibilita uma avaliação abrangente de custos e benefícios propiciando o planejamento energético.
O PNE 2030 demonstra um planejamento estratégico de longo prazo e apresenta as políticas energéticas com os programas e ações específicas para a Conservação e a eficiência energética no Brasil.

Angélica said...

Não é o meu comentário ainda mais achei interessante essa iniciativa da Embrapa Agroenergia.
Falando do óleo de fritura virando fonte de renda.

"Óleo de fritura saiu do esgoto e vira fonte de renda.
Óleo de fritura saiu do esgoto e vira fonte de renda

Parceria entre instituições pública e privada vai transformar óleo de fritura usado em biodiesel

O projeto “Sistema produtivo de biodiesel a partir de misturas de óleos vegetais virgens e usados”, proposto pela Embrapa Agroenergia, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento foi aprovado pela Financiadora de Estudos e Projetos, FINEP, no início do mês de junho, com valor de 2,5 milhões de reais.

Com tecnologia voltada à produção de biodiesel será reaproveitado o óleo de fritura usado em bares e restaurantes de Brasília pra abastecer parte da frota local. Esta é a proposta a ser executada durante os três anos do projeto, de acordo com o líder do projeto e pesquisador da Embrapa Agroenergia, José Dilcio Rocha.

Para isso, a Embrapa e a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) irão desenvolver o projeto, em parceira com a Emater/DF, Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília e a Centro Federal de Educação Tecnológica de Brasília (CEFET/DF). A preocupação maior da Embrapa e dos parceiros é evitar a contaminação das estações de tratamento de água, visto que, grandes volumes de recursos são gastos com produtos químicos para neutralização dos óleos residuais provenientes de frituras que chegam aos esgotos. A eliminação destes resíduos proporcionará redução de custos com o tratamento de água, além de significativo ganho para a sociedade visto que elimina-se um passivo ambiental resultante da emissão de produtos químicos ao meio ambiente. “A idéia da reciclagem é tirar o produto do esgoto”, afirma o pesquisador.

O aproveitamento do óleo residual de fritura será transformado em combustível, misturado a óleos provenientes da agricultura familiar do entorno do Distrito Federal, a partir de oleaginosas como girassol, soja e mamona, formando o biodiesel. Nesta proposta, também está incluída a construção de uma fábrica escola, no Instituto Federal de Educação, financiada pela Finep, com capacidade de processamento de até 5 mil litros/dia. A proposta também tem como desafio desenvolver uma logística viável de coleta do óleo usado.

Hoje no DF

De acordo com Dilcio, O descarte de óleos de frituras do saturados na rede de esgotos do Distrito Federal é grande, o que ocasiona constantes entupimentos na rede, bem como o aumento da poluição de cursos d’agua e aumento no custo final no tratamento dos efluentes. A estimativa é que atualmente quatro milhões de litros de óleo sejam consumidos por ano e despejados na rede de esgotos do DF.

A implementação desse projeto, salienta o pesquisador, dará uso ao óleo residual como biodiesel e a substituição parcial do diesel em frotas que circulam nas ruas do DF. Além disso, proporciona oportunidades para agricultura familiar na produção de óleos vegetais como matéria-prima para o biodiesel.

Terra Saudável

No quadro Terra Saudável, do Dia de Campo na TV, que vai ao ar na sexta-feira, 19, o tema Biodiesel de Óleo de Fritura será apresentado pelo pesquisador da Embrapa Agroenergia. O quadro mostra tecnologias da Empresa ou instituições parceiras na área de sustentabilidade ambiental. O programa é exibido na sexta-feira pelo Canal Rural (NET/SKY) a partir das 9h30 e no domingo (21), às 7h pela NBR (TV do Governo Federal, captada por cabo ou por parabólica). A produção deste programa é da Embrapa Informação Tecnológica (Brasília–DF).

Embrapa Agroenergia

Agroenergia: foco em soluções - da biomassa à energia

Internet: www.cnpae.embrapa.br

Jornalista responsável: Daniela Garcia Collares (MTb/114/01 RR)

Embrapa Agroenergia

Angélica said...

Para complementar o meu comentário anterior. Recentemente, eu estava pesquisando sobre hidroelétricas no You Tube e vi um vídeo no qual pesquisadores do norte do país estavam estudando a emissão de metano nas águas do reservatório e da barragem de uma das hidroelétricas. O metano é oriundo da madeira podre das árvores que foram imundadas na época da construção dessa mesma hidroelétrica.Esse pesquisador estava também estudando sobre a possibilidade de se utilizar esse gás para fornecimento de energia. Outro caso que vi foi o uso de bagaço de cana para a combustão de energia. Achei super interessante. Com esses dois casos e mais o anterior devo dizer que alternativas estão sendo pensadas, falta agora pesquisar qual delas seria mais viável economicamente ou qual custo teria para o meio ambiente. Ou ainda se todas elas poderiam ser integradas e ser fornecedoras de energia. Já pensaram que interessante se implementassem também lixo para a fabricação de energia? Com certeza, seria proveitoso, principalmente para o Meio Ambiente.

Pedro Rodrigues said...

A cada ano temos uma nova idéia do crescimento do país, já se falou em um crescimento de até 6% ao ano ( coisa de louco), o que provocaria a necessidade de uma carga de energia extremamente grade, para podermos dar sustentabilidade ao parque industrial e de serviços que apareceria.
O que, e como faríamos para produzir toda essa energia necessária, fica difícil de imaginar, mas se tem a certeza que o meio ambiente pagará com juros as necessidades do crescimento imposto. Não tem como ampliar tamanho parque energético sem destruir ou danificar os ambientes.
O problema é quando a correria leva a imperfeições que não tem retorno, como o caso de Balbina, onde uma área imensa foi completamente destruída para formação de um lago que não vai ter a duração para pagar a sua construção.

Ágatha said...

Ao se tratar de planejamento energético a discussão que deve ser feita, antes, é sobre a integração da discussão em todos os Ministérios: de Minas e Energia, da Fazenda, do Meio Ambiente, do Planejamento... O planejamento estratégico de energia deve considerar que, invariavelmente, construir a matriz energética - seja ela sobre quais tipos de fontes forem - exige a participação de toda a governança ambiental, que acesse todas as condições necessárias para o futuro que responda ao crescimento calculado, conforme o cenário previsto. Por isso, a diversificação da matriz ou a decisão frente à exploração da camada pré sal devem ser dicutidas de modo abrangente, considerando todas as nuances que perpassam a questão do planejamento energético.

Prof. Cleber Alves da Costa said...

A energia limpa é a atual busca de companhias de petróleo que ao se reestruturarem para atender um novo perfil de empresas de energia, visualizam a perspectiva da finitude dos combustíveis fósseis e cada vez mais a urgência em zelar por questões ambientais. Neste cenário aparece o biodiesel, também chamado “combustível verde”, uma evolução na tentativa de substituição do óleo diesel mineral por um óleo originário da biomassa, através do aproveitamento de óleos vegetais “in natura”. Hoje, a matriz energética do Brasil é o petróleo com 43,1% e o óleo diesel a matriz dos combustíveis líquidos com 57,9%, havendo destes, 10% de dependência externa. Assim, o biodiesel passa a ser do ponto de vista econômico a oportunidade de substituição das importações pela possibilidade de exportação viabilizada inicialmente através do grão da mamona que possui 75% de óleo extraível, podendo assim contribuir de forma direta e expressiva para a independência energética brasileira.