Sunday, September 7, 2008

Semana 6 - Planejamento de Energia

Caros mestrandos do PGA,

primeiramente quero agradecer a todos que estão blogando e comentando nesta disciplina. Vocês estão construindo um ótimo blog que futuramente será uma referência sobre energia/educação na web!

A partir da próxima semana, iremos iniciar uma nova fase na nossa aula. Peço a todos que tragam o mesmo alto astral para dentro da sala de aula! Isso é fundamental!

Obrigada

Renata

1 comment:

Lorena Cristine said...

Semana 6: Principais atores, organização, avaliação de custos completos, análise do ciclo de vida

Entre os textos indicados para leitura desta semana, destacam-se algumas citações e comentários que não poderíamos deixar de ressaltar, tais como:
Para a elaboração de uma matriz energética é necessário o estudo de várias técnicas, métodos e bancos de dados diante de um cenário brasileiro e mundial.
Na construção da matriz energética nacional 2030 encontram-se alguns atores importantes em sua formatação, tais como:
 MME – Ministério do Meio Ambiente – É o responsável legal pela elaboração da matriz 2030, direciona diretrizes da política para eficiência energética;
 ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica – auxilia na demonstração da evolução histórica do potencial hidrelétrico brasileiro;
 ANP – Agência Nacional do Petróleo – colabora com os dados sobre petróleo e seus derivados;
 CNPE – Conselho Nacional de Política Energética – revê periodicamente a matriz energética nacional;
 DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral – define os critérios de quantificação das reservas minerais;
 EPE – Empresa de Pesquisa energética, vinculada ao MME, realiza estudos e pesquisas no setor energético
 Eletronuclear – subsidiária da Eletrobrás, é responsável pelas usinas nucleares
Lineu (2005), esclarece que um planejamento energético voltado ao desenvolvimento sustentável envolve algumas técnicas avançadas, tais como:
1. PIR – Planejamento Integrado de Recursos – Considera e enfatiza os usos finais de energia, a eficiência energética e a decisão participativa , através do envolvimento dos diversos atores no processo.;
2. GIR – Gestão Integrada de Recursos – Compartilha as visões política, social, econômica e ambiental;
3. ACC – Avaliação de Custos Completos - Esta ferramenta associa os custos internos e externos com impactos das ações sobre o meio ambiente e saúde humana. Produz resultados através de custos ambientais, quando os dados não podem ser precificados, são utilizadas avaliações qualitativas. É balizado por 5 premissas: consideração de recursos e usos de energia eficientes, impactos ambientais, impactos sociais, emprego de fontes de energia renováveis e integridade financeira;
4. ACV – Análise de Ciclo de Vida – Relaciona as causas mais importantes do uso da energia nos impactos ambientais relativos a produtos, processos ou sistemas (procedimento muito apreciado pelos diversos atores sociais). A decisão para o planejamento dependerá do resultado dessa análise.

Percebe-se que a utilização deste ferramental não assegura, mas propicia uma análise mais ampliada de custos e benefícios nas alternativas a serem incorporadas no planejamento energético integrado ao desenvolvimento sustentável.

Relativamente à redução da utilização de combustíveis fósseis, com o objetivo de evitar mudanças climáticas, Sachs (2007), ressalta ”que o Protocolo de Kioto constitui um passo extremamente tímido e totalmente ineficiente nesta direção”.
Alerta ainda que, “o impacto ambiental de produção de bicombustíveis dependerá dos cultivos escolhidos, da maneira como são cultivados e processados” . Segundo a Agência Ambiental Européia de Copenhagen (cf, Rosenthal, 2007), este impacto poderá atingir 90% de redução à 20% de acréscimo de emissões de gases de efeito estufa.

Trazendo ainda o pensamento de Sachs (2007), a Revolução Energética do Século XXI está no início e muito se tem que caminhar para a libertação da utilização do petróleo e seus derivados, muitas tecnologias estão sendo descobertas como a energia solar, eólica, o etanol proveniente da celulose, entre outras; novas tecnologias virão para nos situar, definitivamente, rumo ao desenvolvimento sustentável. Ressalta, também, que este desenvolvimento poderá ser alcançado, a medida em que se analisa o ciclo de vida da energia, como os sistemas integrados de produção de alimento e energia como o biodíesel/pecuária, entre outros.

Fica evidenciado, que através da visão de Bernard Laponche (2007) “o desenvolvimento sustentável não é compatível com o paradigma energético atual”. Sachs complementa que para se alcançar este tal desenvolvimento sustentável, há de se rever comportamentos e estilos de vida da sociedade contemporânea consumista e alienada.

No âmbito do Governo brasileiro foi desenvolvido estudo de planejamento integrado dos recursos energéticos – PNE 2030 – Plano Nacional de Energia. O PNE 2030 subsidia o planejamento energético a longo prazo, principalmente a energia elétrica, o petróleo e seus derivados, o gás natural e os derivados da cana-de-açúcar. Estes estudos revelam que nos anos 70 as principais fontes de energia eram: o petróleo e a lenha; em 2000, além das fontes já citadas acrescentou-se a energia hidráulica; já para 2030 projeta-se 4 fontes de energia para abranger 77% do consumo: petróleo, energia hidráulica, cana-de-açúcar e o gás natural. Neste sentido, em 2030, 45% de toda energia consumida no país será renovável.
Conforme o Plano Nacional de Energia 2030 algumas prospecções foram identificadas: maior eficiência energética; expansão do biodiesel; uso da cana-de-açúcar (aproveitamento do bagaço); crescimento do nível de renda e melhor distribuição; aumento do consumo residencial; queda na utilização de energia hidráulica de 90% em 2005 para 75% na matriz elétrica em 2030; aumento na utilização de energia renovável; aumento nas emissões de gases de efeito estufa, embora este aumento não se deva ao consumo ou a produção de energia, o que subentende-se que se deve ao desmatamento.

Em suma, urge a necessidade de um planejamento energético que abranja as esferas federal, estadual e municipal subsidiadas pelas ferramentas mais avançadas em termos de planejamento energético já conhecidas e vivenciadas em vários países. Para tanto, há a necessidade de um envolvimento participativo dos diversos atores (stakeholders), do governo à sociedade civil rumo a um planejamento energético socialmente equilibrado e ambientalmente sustentável.

Muito embora Sachs faça uma análise sombria do crescimento energético no século que se inicia:
- menor quantidade de reservas de petróleo comparativamente às demandas existentes;
- a percepção tardia de que os gases de efeito estufa provocam efeitos climáticos irreversíveis;
- guerra entre países na busca do poderio econômico do petróleo
Verifica-se que a busca de alternativas energéticas menos agressivas ao planeta e à humanidade poderá, dependendo de nossas atitudes frente a este desafio, encontrar, verdadeiramente, o desenvolvimento energético sustentável.


Referências:

Ministério de Minas e Energia. Matriz Energética Nacional 2030. Colaboração Empresa de Pesquisa Energética. Brasília: MME: EPE, 2007.
Ministério de Minas e Energia. Plano Nacional Energético 2030. Colaboração Empresa de Pesquisa Energética. Brasília: MME: EPE, 2007.
Reis, Lineu Belico dos, Energia, recursos naturais e a prática do desenvolvimento sustentável. Editora Manoel, 2005.
Sachs, Ignacy. A revolução energética do Século XXI. 2007.