Wednesday, September 17, 2008

Semana 7 - Petóleo - velho ouro negro e nossa moderna dependência

Pro Maria da Glória

Depois de analisarmos a papel da energia na sociedade por meio de um breve histórico e de como a mesma moldou e modificou as relações humanas ao longo dos séculos, e fazermos também um estudo sobre o Balanço Energético e a Matriz Energética brasileira 2006, procurando entendê-la como um instrumento fundamental para o planejamento energético, estudando sua composição e principais fontes de energia nela contidas, analisando os avanços alcançados pelo Brasil ao longo dos anos e indicando o caminho a ser percorrido, passaremos a estudar agora os elementos que compõem uma matriz energética, começando pelo petróleo, fonte de energia primária e recurso não renovável, também conhecido como “Velho ouro negro”.


Estudos mostram que o petróleo já era conhecido na antigüidade, pois desde 4000 a.C. os povos da Mesopotâmia já usavam o betume (petróleo) para pavimentação de estradas, calafetação de grandes construções, aquecimento e iluminação de casas, lubrificação e até como laxativo. No início da era cristã, os árabes davam ao petróleo fins bélicos e de iluminação.
Contudo, apesar do petróleo ser conhecido desde os primórdios da civilização humana, a indústria petrolífera data de meados do século XIX, onde ocorreu a sua expansão, com o início da exploração de campos e perfuração de poços de petróleo, tal expansão ocorreu principalmente nos Estados Unidos e na Europa.

O petróleo é uma mistura de hidrocarbonetos (moléculas de carbono, que representam 83 e 86% de sua massa e hidrogênio que representa 11 e 13%) encontrados no subsolo, junto com gás natural e água, onde há também a presença de enxofre e outros elementos químicos.
Segundo Lineu (2005), a teoria mais difundida e aceita é de que o petróleo é o resultado da decomposição de matéria orgânica, depositada em bacias sedimentares, sofrendo com a ação do tempo, calor e pressão das rochas, ao longo de milhões de anos.
O petróleo apresenta três características básicas, variando tais características de acordo com as condições geológicas de sua formação: Base - classifica os óleos em função dos tipos de hidrocarbonetos predominantes; Densidade – classificação dos óleos pela sua densidade, em leves, médios e pesados; e Teor de enxofre - onde os óleos são clasificados como “doces” e “ácidos”.
De acordo com Lineu (2005), o volume que se pode extrair de uma jazida pelos métodos conhecidos, de forma viável economicamente é definida como reserva, já as parcelas que são extraídas, mas economicamente inviáveis, são classificadas como recursos.

Assim, de acordo com o atlas energético brasileiro, após a invenção dos motores a gasolina e a óleo diesel o petróleo ganhou grande projeção no cenário internacional, sendo o grande propulsor da economia mundial, chegando a representar 50% do consumo mundial de energia primária no início dos anos 70, representando atualmente segundo a Agência Internacional de Energia, 43% desse consumo.
No Brasil, as primeiras tentativas de encontrar petróleo são de 1854, porém o primeiro poço de petróleo no Brasil só foi perfurado em 1897. Para tentar organizar e profissionalizar a atividade de perfuração de petróleo os órgãos públicos criaram em 1907 o Serviço Geológico e Minerológico Brasileiro e o Departamento Nacional da Produção Mineral, órgão do Ministério de Agricultura, em 1933. Porém, a falta de recursos, equipamentos e pessoal qualificados dificultaram a chegada de resultados positivos.
Na década de 50, devido ao desenvolviemnto industrial e a construção de rodovias que interligavam as principais cidades brasileiras, o consumo de combustíveis fósseis aumentou. Tal consumo gerou uma intensificação da demanda por petróleo e que juntamente com a pressão exercida pela sociedade, principalmente pelos partidos de esquerda que lançam a campanha “O petróleo é nosso” levam o então presidente Getúlio Vargas a assinar em outubro de 1953 a lei 2004 que instituiu a Petróleo Brasileiro SA (Petrobras) como monopólio estatal de pesquisa e lavra, refino e transporte do petróleo e seus derivados.
Iniciando uma nova fase da indústria petrolífera brasileira nasce a Lei do Petróleo de 6 de agosto de 1997, número 9478, sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Entre as principais mudanças está a criação da Agência Nacional de Petróleo (ANP), responsável em ser o orgão executor de gerenciamento do petróleo no país, e o fim do monopólio. Tal lei permitiu a presença de outras empresas para competir com a Petrobras em atividades petrolíferas.

Com a expansão da indústria petrolífera no final do século XIX, o petróleo foi usado de forma abundante e esse uso exagerado levou o mesmo a passar por algumas crises, motivadas, principalmente por questões políticos. Depois da Segunda Guerra Mundial a crise do petróleo aconteceu em quatro fases:
- A primeira aconteceu em 1956, com o bloqueio do Canal de Suez, que foi nacionalizado pelo presidente do Egito. Esse canal era uma importante passagem para a exportação de produtos para países ocidentais.
- A segunda fase aconteceu em 1973, como forma de protesto dos países árabes ao apoio dos Estados Unidos a Israel durante a guerra do Yom Kippur, onde o petróleo sofreu um aumento de 300%.
- Durante a crise política no Irã e a deposição do Xá Reza Pahlevi aconteceu a terceira fase da crise do petróleo, com um aumento que chegou a 1000%.
- A quarta fase foi em 1991, com a Guerra do Golfo, depois que o Kuwait foi invadido pelo Iraque, governado naquele momento por Saddam Hussein.


A produção de petróleo apresenta três grande áreas, com atividades características, que vão desde a descoberta da fonte primária de energia até a utilização final do produto. São elas:

Upstream – pesquisa ou prospeção; perfuração/recuperação; desenvolvimento/produção(completação).
Middlestream – refino; transporte; importação/exportação.
Downstream – terminais/bases; transporte/distribuição; indústria petroquímica.


Devido a condições específicas das principais regiões que detêm grande parte das reservas mundiais de petróleo, há uma iregularidade na distribuição geográfica dessas reservas, o que faz com que atualmente, os grandes centros produtores de petróleo se encontram bem distantes dos centros consumidores.

Dessa forma, cerca de 64% das reservas mundiais de petóleo estão localizadas no Oriente Médio, 13% na Améria Latina, principalmente México e Venezuela. A América do norte possui 3,5% das reservas mundiais e responde por 30% do consumo mundial.

No continente Americano, após a Venezuela o Brasil possui as segundas maiores reservas de petróleo, onde são produzidas atualmente 1,2 milhões de barris de petróleo por dia.


A produção mundial de Petróleo em 2001 foi cerca de 3.730 Mtep, ocorrendo 42% dessa produção no Oriente Médio(28,5%) e ex União Soviética(13,1%), já o consumo foi de 3.008 Mtep, sendo os Estados Unidos os maiores consumidores(17,5% do consumo mundial).



Segundo a Agência Nacional de Petróleo(2006), as maiores reservas de petróleo brasileiras se encontram no mar. Dessa forma, de um total de 16 bilhões de barris produzidos em 2005, 91,6% das reservas totais se localizam no mar e o restante em campos terrestres. No mar dois estados dominam o setor, Rio de Janeiro(87,41%) e Espirito Santo(9,6%). No continente três estados se destacam: Rio Grande do Norte(24,2%), Sergipe(26,3%) e Bahia (31,3%).
As reservas totais de petróleo brasileiras cresceram sistematicamente na última década, graças às descobertas feitas no mar.
Foi descoberto em 1996 o campo do Roncador, localizado na área norte da Bacia de Campos, que se tornou importante por causa de sua grande extensão e grande volume de hidrocarbonetos, esse campo segundo a Petrobras atingirá seu pico de produção em 2015, com 477.000 barris de petróleo por dia.

No que se refere aos produtos derivados de petróleo, haverá uma redução do consumo de óleo combustível e da nafta na indústria em geral, química e petroquímica, em razão da substituição desses derivados por gás natural. Porém, os principais derivados de petróleo (óleo diesel, gasolina e GLP) ganham mais participação na matriz energética.

A partir da década de 70 descobriu-se que as fontes de petróleo são esgotáveis e que suas reservas possuim uma certa duração. Segundo dados do Atlas de Energia, as reservas mundiais de petróleo, mantendo-se os patamares de produção de 2002 e não levando em consideração novas descobertas, durariam cerca de 40 anos.
Segundo informações do Atlas de energia elétrica do Brasil, as reservas provadas brasileiras são da ordem de 1.100 milhões de toneladas e a produção anual está na faixa dos 74,4 milhões de toneladas, o que significa uma relação reservas/produção de cerca de quinze anos.

Contudo, de acordo com a matriz 2030 brasileira, a longevidade das atuais reservas provadas de petróleo do Brasil se situa em torno de 19 anos(ANP), porém esse prazo de reserva/produção é dependente de alguns fatores, entre eles estão: ritmo de novas descobertas, evolução dos métodos de recuperação do reservatório, alteraçõ dos preços da energia e também ritmo da demanda por derivados de petróleo. Com relação ao ritmo de descobertas, as reservas provadas nacionais têm crescido 9,2% ao ano desde 1980.


O petróleo passou por graves crises no passado e após tais crises o mesmo sempre tinha seu preço aumentado em valores exorbitantes e, atualmente o petróleo continua passando por crises e seu preço conseqüentemente também sobe. Segundo a AEO 2006 (Annual Energy Outlook 2006), as perpectivas do preço mundial do petróleo é de crescimento, indo de US$ 40,49 por barril em 2004 para US$ 54,08 por barril em 2025 e US$ 56,97por barril em 2030.

Contudo, no Brasil, no âmbito do Plano Nacional de Energia 2030 e da Matriz Energética 2030, observa-se uma trajetória um pouco diferente das prospectivas internacionais. A expectativa é de que os preços caiam em relação aos preços atuais, atingindo em 2030 um valor na faixa de US$ 30 a US% 53 por barril. Tal expetativa se dá devido aos seguintes fatores:
- Possível solução da situação de conflitos no Oriente Médio;
- Crescimento moderado da demanda mundial de derivados, ocasionado por uma redução do ritmo econômico de alguns países após 2015;
- efeito moderado da restrição de capacidade de produção da OPEP sobre os preços;
- Diminuição da volatilidade na formação dos preços no mercado futuro.


Com relaçao à demanda, o cenário internacional apresenta um crescimento. Segundo a Internacional Energy Outlook 2006 a demanda crscerá de 80 milhões de barris por dia em 2003 para 98 milhões em 2015 e 118 milhões de barris por dia em 2030.
No Brasil como reflexo da política continuada de investimento em exploração e produção, a expectativa é de que a produção de derivados de petróleo atinja 3,66 milhões de barris por dia, haverá também ao longo do período um superávit no balanço produção-consumo de petróleo. Apesar de manterem liderança entre as fontes de energia, em 2030, o petróleo e seus derivados perderão l0 pontos percentuais com relação à situação de 2005, representando apenas 25% da Matriz Energética Brasileira.
O uso do petróleo é predominante no setor de transporte, porém, em diversos países do mundo o mesmo é usado também para a produção de energia elétrica. Esse tipo de energia é óbtida a partir da queima de alguns derivados de petróleo em caldeiras, turbinas e motores de combustão externa. O petróleo é responsável por aproximadamente 7,9% de toda eletricidade gerada no mundo. Contudo, com exceção de alguns países da OCDE o uso desse tipo de energia elétrica vem caindo desde os anos 70, devido principalmente a mudanças ocorridas no cenário mundial em relação aos meios legais de preservação ambiental e ao surgimento de fonte renováveis de energia.
No Brasil a geração de energia elétrica é predominantemente hídrica, sendo de pouca expressão a geração de energia a partir de derivados de petróleo, sendo usada apenas no atendimento da demanda de pico do sistema elétrico e para suprir energia em alguns municípios e comunidades que não são atendidos pelo sistema interligado.
A geração de energia elétrica a partir de derivados de petróleo pode gerar alguns impactos socioambientais, tais como o aumento da temperatura média do planeta, decorrentes de emissão de poluentes na atmosfera, como o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O), provocando o chamado efeito estufa. Outros poluentes são o dióxido de enxofre (SO2) e o chamado meterial particulado, constituído de pós e cinzas em suspensão nos gases provinientes da queima de combustíveis fósseis. Tais poluentes podem provocar além de alterações na biodiversidade local, distúrbios respiratórios, alergias, lesões no sistema nervos e câncer.
Contudo, com o objetivo de amenisar tais conseqüências, algumas tecnologias e processos podem ser usados na remoção desses poluentes. Dessa forma, para a remoção de partículas são usados os ciclones e os precipitadores eletrostáticos, esses equipamentos podem ainda ser combinados com dispositivos mais eficientes, como os filtros cerâmicos e de mangas que podem remover até 99% do material particulado.



CONCLUSÃO

Desde a perfuração do primeiro poço de petróleo e conseqüente expansão da indústria petrolífera, o petróleo é sinônimo de riqueza e poder no cenário mundial. Esse poder muitas vezes foi demonstrado de uma forma violenta, com guerras e corte na distribuição do petróleo.
Dessa forma, devido a várias crises enfrentadas, o petróleo teve seu preço aumentado de uma forma exorbitante, deixando a maior parte da população do mundo refém daqueles que dominam a produção mundial de petróleo.
Obviamente, o petróleo ainda é a principal fonte de energia do planeta, porém essa fonte de energia é esgotável e não renovável e seu uso é uma das princiapais causas do efeito estufa, que provoca o aquecimento global.
Históricamente, a humanidade sempre conseguiu achar soluções para seus problemas, por isso o homem tem procurado encontrar novas fontes de energia renovável, que agridam menos o meio ambiente e que sejam economicamente mais viáveis.
Segundo previsões da matriz 2030 o Brasil continuará dependente do petróleo, porém em menor escala. Para que isso aconteça, novas fontes de energia têm sido usadas, priorizando as fontes renováveis e mais limpas, como os biocombustíveis. Assim, o país procurará se desenvolver de uma forma mais sustentável, a fim de melhorar a sua efiência energética e promover um maior acesso da população nacional às várias formas de energia existentes.







REFERÊNCIAS
Ministério de Minas e Energia. Atlas Energético. 2ª edição.
Ministério de Minas e Energia. Matriz Energética Nacional 2030. Colaboração Empresa de Pesquisa Energética. Brasília: MME: EPE, 2007.

Reis, Lineu Belico dos, Energia, recursos naturais e a prática do desenvolvimento sustentável. Editora Manoel, 2005.

9 comments:

Lorena Cristine said...

Por tráz deste recurso natural escuro e velho conhecido da humanidade, encontra-se a nossa moderna dependência em seus subprodutos. Para que possamos nos libertar desta dependência muito se tem avançado tecnologicamente. De acordo com Lineu (2005), hoje, além da energia proveniente do petróleo, carvão, gás natural, energia nuclear, tem-se dado bastante ênfase às energias renováveis como a eólica, solar, da biomassa, entre outras.
Avaliando-se a quantidade de petróleo existente mundialmente, observa-se que 64% encontra-se localizado no Oriente Médio e apenas 3,5% encontra-se na América do Norte, onde é conhecido pelo seu grande consumo. Já na América Latina tem-se 13% das reservas (Lineu, 2005).
É interessante lembrar que apenas 30% do petróleo encontrado em cada jazida são renováveis. Além disso, a todo um processo de divisão de áreas do setor do petróleo: upstream, middlestream e downstream, que por sua vez, subdividem-se em diversas funções.
Destacam-se alguns derivados do petróleo: gás liquefeito de petróleo (GLP), gasolina, querosene, óleo diesel. óleo combustível, lubrificantes, parafinas, asfaltos.
O que se pode concluir deste mega produto é que, tendo em vista que a sua maior localização encontra-se no Oriente Médio e sua produção requer tecnologia avançada, o Brasil precisa encontrar novas soluções energéticas mais baratas e eficientes, levando em consideração a extensão do território nacional e a população a ser abastecida

Helsio Azevedo said...

A importância econômica do petróleo a nivel mundial é visivel e reconhecida; pois a flutuação do seu valor no mercado internacional contribui para o crescimento econômico de alguns países e o abalo econômico de outros. Esta disparidade de oferta mundial do recurso aliado ao facto de a cada dia estarem a reduzir as reservas mundias, tem trazido diversos problemas políticos e socias em diversos cantos do planeta. Muitos países tornaram-se dependentes do petróleo, mesmo sem possuirem reservas, para impulsionar suas economias. Porém, com a crescente escalada do preços do recurso muitos países com deficits econômicos e/ou pobres começam a sentir-se presionados para buscar alternativas mais viaveis de fonte de energia.
Durante muitos anos este o petróleo ajudou no desenvolvimento econômico de grandes potências mundiais como os EUA por exemplo. Apesar de ser um vetor que impulsionou em várias décadas o desenvolvimento industrial de vários países ele apresenta-se como grande poluidor da atmosfera contribuindo para aquecimento da terra, pois o carbono que liberta polui o meio ambiente e as técnicas de sua obtenção e distribuição muitas vezes se transformam-se em desastres ambientais, como por exemplo os petroleiros que afundaram e poluiram oceanos, rios, regiões costeiras, matando diversas espécies de aves, peixes, mariscos, dentre outros. Trazando diversos impactos sociais também, como aniquilação da pesca, que em certas regiões ainda é o “ganha pão” e subsistência de muitas familias.
Há que se começar-se, sobretudo em países que não dispõem deste recurso e dependem dele, a repensar numa nova abordagem sobre desenvolvimento e energia, visto que, a cada dia que passa o recurso petróleo esta se escasseando. Portanto, mostra-se pertinente a adopção de novas fontes energéticas limpas na perspectiva se se reduzir a dependência do petróleo.

Patrícia said...

Devido ao desenvolvimento econômico e tecnológico, vivenciado nos últimos 100 anos, o petróleo firmou-se como a maior fonte de energia mundial. Ele representa em torno de 95% da energia utilizada no setor de transporte, tem papel importante na geração de eletricidade e serve como matéria-prima na produção de solventes, plásticos, tecidos sintéticos, fertilizantes e outros.
A escassez desse importante combustível aliado a diversos conflitos travados com o perigo de ocorrência de outra crise energética mundial, como a que aconteceu em 1973. Faz com que a matriz energética mundial seja modificada, tornando-a mais diversificada, ou seja, substituindo as fontes não renováveis pelas renováveis e de menor impacto ambiental. Segundo GOODSTEIN, 2004 um fator importante ao substituir o petróleo por outras fontes energéticas é o fato de que essas possuem custos de produção mais elevados e requerem uma quantidade de energia maior para serem produzidas do que a simples extração de petróleo. Desse modo, a energia gerada por esses combustíveis tem de ser maior do que a consumida na sua produção, ou então eles não serão de fato um substituto para o petróleo como fonte de energia.
Outro ponto a ser comentado são os impactos causados ao meio ambiente em decorrência da utilização do petróleo e seus derivados. Segundo o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), A queima vem contribuindo para o aumento da temperatura média da Terra. Isso ocorre principalmente em decorrência da liberação de CO2 à atmosfera, ocasionando o chamado aquecimento global.

Paulo Ichikawa said...

Tomo a liberdade para adicionar e escrever sobre um assunto contido em uma outra bibliografia.
É sobre a Indústria Mundial do Petróleo, IMP, abordada no livro de Adriana Fiorotti Campos, `Indústria do Petróleo: Reestruturação Sul-Americana nos Anos 90`.
O livro versa sobre a IMP e seus impactos na América do Sul, mas traz em seu primeiro capítulo um histórico importante sobre a formação e progresso da IMP, o que é fundamental para se fazer uma leitura mais realista daquilo que acontece sobre o tema Petróleo em nível mundial.
Há algum tempo que se fala sobre a inserção do Brasil na Organização dos Países Exportadores de Petróleo, OPEP. Na última semana, o Brasil recebeu um convite via representação de um dos países que compõem a organização.
No Brasil, como ocorre na literatura ocidental, se pregou a OPEP e a endemonizou como o cartel que trouxe os choques do petróleo na década de 1970.
O que poucos sabem é que a OPEP não é o único nem o primeiro cartel petrolífero no mundo.
Vamos por parte: Há um entendimento que há cinco fases na formação da IMP. A primeira fase surgiu com a prospecção e ascenção de empresas que iniciaram a exploração dessa fonte de energia em escala nos Estados Unidos.
A segunda fase é marcada pelo império logrado por Rockfeller, que teve como resultado a Standard Oil. Esta empresa, já se caracterizava um monopólio, tanto que, em 1911, a Corte Suprema daquele país a dissolveu criando 33 empresas. Foi assim que nasceram algumas das mais conhecidas empresas do ramo, como a Esso, Mobil, Chevron, entre outras.
Na terceira fase é que foi instituída, este sim, o primeiro cartel petrolífero, as 'Sete Irmãs', compostas pelas empresas Exxon, Royal-Dutch-Shell, British Petroleum, Gulf Oil, Chevron, Mobil Oil e Texaco.
Na fase seguinte é que surgiu a OPEP, uma organização multilateral, pois é formada não por empresas, mas por Estados, a saber, Argélia, Indonésia, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, Qatar, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Venezuela. A OPEP surgiu dentro de um contexto em que as grandes empresas petrolíferas estavam sendo acusadas de extraírem o petróleo de outros países deixando poucos ganhos, a despeito de muito lucrarem no comércio de petróleo.
A quinta e última fase é marcada pelo enfraquecimento de ambos os cartéis e o surgimento de mais atores relevantes, tanto como produtores como consumidores. Nessa fase já havia iniciado uma substancial corrente mundial à procura de outras fontes de energia.
É interessante notar que estamos falando de dois cartéis, uma composta por empresas e outra composta por Estados. Esse é um debate interessante, mas que não cabe fazê-lo aqui. O que é válido relevar é que esse embate demonstra como a energia (e consequentemente esse recurso) é fundamental para o crescimento econômico dos países.
Isso é refletido na Resolução 1803/62 da ONU, que reconhece o direito do Estado soberano de dispor livremente de suas riquezas naturais, levando em consideração as suas estratégias de desenvolvimento.
Isso serviria para acirrar mais ainda o debate se seria bom para o Brasil criar mais uma estatal para o pré-sal ou não, outro debate atual.
É importante saber que, independentemente de qual viés escolher, as coisas não são tão simples assim. Fica essa contribuição, para conhecimento.

Marta Eliza de Oliveira said...

Complementando as informações sobre o petróleo, destaco alguns pontos contidos no estudo “Contexto Mundial e Preço do Petróleo: Uma Visão de Longo Prazo”, efetuado pela Empresa de Pesquisa Energética e divulgado nesta semana (16/09/08), o qual discorre sobre o contexto recente e as perpectivas de mercado do setor petrolífero mundial.

Segundo os estudos, o quadro atual do setor petrolífero mundial demonstra um forte crescimento da demanda e fraca expansão da oferta, resultado da redução significativa da capacidade ociosa de produção mundial de petróleo (historicamente mantida pela Arábia Saudita em torno de 4 milhões de barris por dia) e do aumento da oferta de energéticos substitutos no mercado internacional, entre os quais biocombustíveis, combustíveis sintéticos de carvão e óleos sintéticos canadenses.

Um dos pontos enfatizados refere-se à redução da produção mundial de petróleo, cujos principais motivos são:
a) o declínio de várias regiões produtoras, como Reino Unido, Noruega, México e EUA;
b) o ritmo aquém do esperado do desenvolvimento e operação de novas áreas de fronteira, como o Mar Cáspio e a Costa Oeste Africana, e/ou da recuperação de áreas produtoras como a Rússia e o Iraque;
c) a modificação da estratégia de mercado e de investimento da Organização dos Países Exportadores de Petróleo – Opep, a partir de um ritmo de investimento moderado para evitar capacidade ociosa;
d) ocorrência de tensões sociais e interrupções operacionais reduzindo a produção e investimentos em importantes países produtores e agravando a pressão sobre os preços: caso de países como Iraque, Venezuela, Nigéria, Irã, Rússia e Geórgia.

A situação apresentada implica em maior custo marginal e consequentemente reflete no patamar de preço internacional do petróleo, gerando movimentos especulativos a partir de indicações de redução da capacidade de oferta ou variações na demanda de petróleo.

itacir said...

Esta semana comenta-se sobre um dos temas mais polêmicos.
O petróleo visto como ouro negro recebe suas críticas pelos efeitos causados no seu uso.
É importante reconhecer a importância do petróleo no processo de desenvolvimento da nossa sociedade. Sendo a fonte de energia mais difundida no mundo certamente deixaria suas marcas.
Os textos nos ajudam perceber o uso histórico do petróleo e seus benefícios e conseqüências. O livro do Lineu remonta todo este período de industrialização e a força vital do petróleo. Porém hoje fica a preocupação com os efeitos colaterais desse desenvolvimento a todo custo sem prever as conseqüências do uso indiscriminado do petróleo.
A Glória, em seu resumo apresenta a preocupação dos autores com a busca de outras fontes de energia mais limpas. Este é o caminho para descentralizar o monopólio da energia.
A Lorena ressalta a dependência dos sub produtos de petróleo e a dificuldade de abastecer um país tão grande com combustível vindo do outro lado do mundo. Neste contexto o Brasil é obrigado a buscar novas fonte que possibilitem um preço acessível com fontes renováveis.
A mesma ênfase é feita pelo Helsio que indica a saída do país para a busca de novas fontes de energia limpa.
A contribuição do Paulo sobre a Indústria Mundial do Petróleo reforça a existência de cartéis tanto estatais como de grandes multinacionais que manipulam o mercado e os preços.
Neste sentido a Marta observa bem a questão da redução da produção mundial do petróleo. Percebe-se a crise no setor e isso é um bom sinal. Imaginemos o meio ambiente sendo degradado e ninguém prevendo o caos. Isso seria um desastre.
A Patrícia reforça que o petróleo é realmente a maior fonte de energia mundial e justamente por estar concentrada na mão de poucos países tem gerado tanta polêmica e a crise. Não podemos negar os impactos gerados pelas décadas de uso abusivo do petróleo como base do desenvolvimento da maioria dos países do mundo.
Pelo visto não basta reconhecer a crise do petróleo, é necessário manter a saúde do planeta e de todos os serres vivos. Não se pode jogar a culpa no combustível. Precisamos manipulá-lo com mais cuidado e responsabilidade para evitar os impactos negativos sobre o meio ambiente.
Itacir João Piasson

Wanda Isabel Melo said...

Gostaria de tecer comentários acerca do processo político-religioso que envolve o comércio petrolífero. O contexto histórico do final do seculo XIX foi marcado, sobretudo, pelo surgimento de uma nova e revolucionária fonte de energia: o petróleo. A possibilidade de explorar comercialmente os subprodutos decorrentes dos múltiplos usos e aplicações desse recurso desencadeou uma acirrada disputa concorrencial entre as empresas interessadas.

Como já foi comentado pelos colegas, no início do século XX, companhias como a Standard Oil, Shell e Royal Dutch transformaram-se rapidamente, como bem salienta Natale Netto em seu livro "A saga do álcool", em poderosos ícones mercantis ao explorarem a potencialidade dessa fonte de energia e conquistarem teritórios de consumo.

Cabe considerar que ao lado da importância econômica assumida por esse recurso convergiu, também, a orquestração de interesses político-religiosos de seus maiores produtores, as nações do oriente médio, responsáveis por 2/3 da produção mundial de petróleo nas décadas de 50 e 60.

Natale Netto menciona que os países árabes se serviram dessa dependência global para enfrentar o expansionismo Israelense, em reação ao sucesso obtido por este país na Guerra dos Seis Dias, que invalidou a ação das forças terrestres da coligação árabe e rechaçou as principais frentes de combate nesse conflito. Para ele, as nações árabes promoveram a substituição das bombas de artilharia por outras de efeito muito mais danoso causando prejuízos devastadores se desligadas e inoperantes.

A partir de 1956, complementa, o petróleo se revelou como uma poderosa arma de combate e pressão para atingir os países aliados de Israel, sobretudo, mediante a implantação de políticas restritivas de fornecimento, a exemplo do que ocorreu no governo do presidente Nixon com os EUA.

A trajetória histórica do petróleo abarca, assim, além de questões de cunho econômico e desenvolvimentista, outras não menos relevantes, de ordem política e cultural, em que romper com a dependência dessa fonte energética se faz ainda mais necessário para a governabilidade e soberania do Estado.

gmson said...

Sabemos que novas fontes de energia são desenvolvidas, esta que é uma das saídas para que possamos nos desprender da dependência do petróleo, tendo em vista que este produto é fundamental para a sobrevivência e desenvolvimento econômico mundial, outra saída, além de intensificar o investimento em pesquisas de fontes energéticas renováveis, é desenvolver projetos tecnológicos e de infra-estrutura, que utilizem fontes de energia renováveis, bem como, o meio ambiente como base de utilização. Como exemplo do relato acima, é necessário o desenvolvimento de meios de transportes alternativos, tais como o hidroviário e ferroviário, onde diminuirá consideravelmente o consumo do petróleo. Entretanto, o governo brasileiro e em outros países, continuam investindo em obras e planos em infra-estruturas de desenvolvimento econômico e urbano, baseado em transporte rodoviário, aquecendo a pressão sobre os recursos ambientais.

stragliotto said...

As discussões ao redor da longevidade do petróleo em nossa existência terrestre (breve perante a totalidade da história geológica do planeta) estão cada dia mais acirradas. O volume total das reservas mundiais é alterado ao passo que novos campos exploratórios são descobertos. As novas tecnologias de extração auxiliam na sobrevivência das reservas. Mas o grande problema do petróleo, além de sua disponibilidade, é a localização das reservas. Concentradas, segundo Lineu (2005), em sua grande maioria nos países do oriente médio e pontualmente nos demais continentes, viabilizam a formação de monopólios. Assim os grandes consumidores mundiais, como o Estados Unidos, precisam se articular politicamente para tal recurso estar disponível. A forte dependência por petróleo, assegurada ao longo dos tempos e favorecida pelo baixo custo perante outras fontes energéticas alternativas é capaz de desestruturar as economias mundiais e justificar guerras entre os povos. E está tudo por começar (por incrível que pareça), seja uma nova disputa pelo bom e velho petróleo, ou a corrida por novas fontes energéticas que visem a sustentabilidade energética e ambiental de um planeta doente. Basta às nações e seus interesses, escolher os rumos a seguir.

Cleber Stragliotto