Wednesday, August 20, 2008

A produção do etanol segundo o BEN e problemas nas usinas nacionais

O Balanço Energético Nacional (BEN) é apresentado anualmente, sendo uma base de dados energéticos de forma sistematizada e que serve como uma ferramenta fundamental para os estudos do planejamento energético no país, além de apresentar as tendências de oferta e consumo de energia. Ele é produzido pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE –, e a edição de 2007 reflete o balanço energético de 2006.
Chamou-me a atenção, segundo a unidade de medida OIE, Oferta Interna de Energia (que reflete o somatório da produção e das importações de todas as fontes disponíveis no país, subtraídas as exportações e as perdas), que os derivados da cana-de-açúcar passaram de 13,8%, em 2005, para 14,4% em 2006. Isso significa que o peso dos derivados da cana na matriz energética já se encontrava em ascensão, aumentado significativamente, ao se aproximar dos 14,6% da energia hidráulica/eletricidade, ainda em 2007. Estamos falando de fonte energética renovável, e não foi editado o OIE de 2007, contudo, em termos de oferta interna, segundo os dados preliminares do BEN 2008, durante 2007 os derivados da cana alcançaram 16% enquanto que a energia hidráulica e eletricidade atingiram a marca de 14,7 %, o que consolida a tendência de essa matriz suplantar a produção de energia hidráulica/eletricidade.
Nesse momento, acho oportuno levantar um debate. É preciso frisar que, apesar do avanço que o Brasil tem impetrado nessa matriz energética, a subsistência de um setor produtivo que favoreça de fato a economia brasileira depende de políticas mais ousadas e agressivas do país no contexto internacional. Explicitando melhor, em uma oportunidade de conversar com um engenheiro de uma "pequena" usina de etanol, ele, experiente engenheiro e responsável pela produção do etanol naquela destilaria, me disse que o futuro da usina dependia da exportação do etanol, excedente esse que estaria sofrendo restrições no mercado externo, notoriamente divulgado pelos jornais. O que chama a atenção é de que nesse contexto, essas usinas, uma vez fragilizadas e sem condições de se sustentar, acabam sendo compradas por empresas, muitas delas de capital externo. Assim, a história da manutenção do subdesenvolvimento parece se repetir: a empresa agora estrangeira continua a gerar emprego e continua a pagar seus impostos, porém, os lucros são remetidos ao exterior, sem ser investido no Brasil. Enquanto que essa pequena usina, assim como outras tenta sobreviver, resta-nos as indagações de como devemos proceder, em termos de políticas de governo, criar um ambiente favorável à continuidade do sistema produtivo nacional. Essa é uma sugestão para debate.

Paulo E. Ichikawa

2 comments:

Wanda Isabel Melo said...

Paulo,

Considero que realmente há necessidade em se adotar uma política mais consistente para o setor sucroalcooleiro que possa suplantar as dificuldades enfrentadas pelos pequenos produtores. Essa política governamental deverá contemplar a capacidade de suporte de produção da região, para issó torna-se fundamental ajustá-la ao Zoneamento Ecológico-Econômico.

Nota-se também que esse setor se depara com a política adotada para o petróleo uma vez que também deverá se ter uma política de incentivos para a fabricação de carros com motores adaptados ao alcool, visto que segundo dados mencionados por Natale Netto, em A Saga do Alcool, a produção atual não alcança a 1% do total nacional.

Lorena Cristine said...

Dentre os estudos mais importantes do Ministério de Minas e Energia (MME) encontra-se o BEN - Balanço Energético Nacional que segundo Lineu completa 28 anos de existência, Para uma melhor compreensão do BEN é necessário se identificar os diversos conceitos básicos, já descritos pelo Gmson. A metodologia utilizada se baseia na descrição das diversas etapas do processo energético: produção,transformação e consumo, que compõe quatro partes: energia primária, transformação, energia secundária e consumo final.

Segundo revela a revista Veja desta semana, especialistas da USP e Unicamp,comentam que tecnologias estão sendo desenvolvidas para que os carros,no futuro, possam ser sem gasolina, ou seja, não dependam de combustíveis poluentes:
Hidrogênio, que funciona com uma bateria que recebe hidrogênio e o transforma em energia que o envia ao motor.
Energia Elétrica, para carregar é necessário plugá-la à tomada.

É certo que ainda temos alguns dificultadores na produção destes veículos, mas acredita-se que se houvesse uma Política Energética Nacional que estimulasse estas pesquisas, muito já teria se avançado neste sentido.