Monday, August 18, 2008

SEMANA 3 - Métodos de Análise de Energia

A energia extraída da natureza não se encontra na forma mais adequada, para os usos finais, necessitando, na maioria dos casos de passar por processo de transformação, tais como as refinarias, que transformam o petróleo em óleo diesel e gasolina; as usinas hidrelétricas que aproveitam a energia mecânica da água para produzir energia elétrica; as carvoarias que transformam a lenha em carvão vegetal. Conforme veremos com detalhes abaixo, esses processos acarretam em perdas de energia.

O Balanço Energético Nacional (BEN) foi elaborado segundo metodologia que propõe uma estrutura energética, de forma a permitir a obtenção de adequada configuração das variáveis físicas próprias do setor energético.

O processo energético é constituído pela produção, transformação e consumo, subdivididos em:

· Energia Primária: São produtos energéticos providos pela natureza na sua forma direta, tais como, petróleo, gás natural, carvão mineral, resíduos vegetais e animais, energia solar e eólica.

· Energia Secundária: São produtos energéticos resultantes dos diferentes centros de transformação e são destinados aos diversos setores de consumo. Tais como, óleo diesel, óleo combustível, gasolina, GLP, nafta, querosene, gás de cozinha, eletricidade, carvão vegetal e álcool etílico.

· Oferta: A quantidade de energia que se coloca à disposição para ser transformada, assim como, para consumo final.
O Brasil detêm alta participação da energia hidráulica na geração de eletricidade, em decorrência disso, há uma vantagem complementada por grande utilização de biomassa, apresentando baixa taxa de emissão de CO² no setor.
Os produtos de cana, que incluem o álcool e o bagaço de cana, este utilizado para a produção de calor na indústria, ganham considerável participação a partir de 1975 a 1985, estabilizando a partir deste período.


· Transformação: Se trata dos centros onde ocorre o processamento das energias primárias e secundárias e as perdas decorrentes deste processo.

· Perdas: São ocorridas durante as atividades de produção, transporte, distribuição e armazenamento de energia. Como exemplo, as perdas em gasodutos, oleodutos, linhas de transmissão de eletricidade e redes de distribuição elétrica.

· Consumo final: São praticados pelos diferentes setores da atividade socioeconômica do país, para onde convergem as energias primária e secundária.
Com um resultado de 202,9 milhões toneladas equivalentes de petróleo (tep) em 2006, o consumo final de energia apresentou taxa de crescimento de 3,6% em relação a 2005, aumento próximo da OIE (3,4%). Com isso, podemos concluir que as perdas de energia na transformação e na distribuição mantiveram-se estáveis.
De acordo com as informações colhidas no BEN, a década de 80 foi marcada pela estagnação das indústrias voltadas para o consumo interno, geradoras de empregos, poucas intensivas em capital e poucas intensivas em energia, tais como, têxteis, alimentos, calçados, eletroeletrônica, mecânica, construção civil e o setor móveis.
Entre os consumidores de derivados de petróleo, o segmento mais importante é o setor de transportes, que representa no período em estudo por 50,7%, seguida da indústria, que incluindo o setor energético responde por 18,5%.
No que diz respeito, que inclui o consumo do bagaço de cana, lenha e carvão vegetal, álcool e outras fontes primárias renováveis, os principais setores consumidores são as indústrias (54%), residências (15%) e transportes (11%). O alto incremento do uso industrial de biomassa, na primeira metade da década de 80, se deve ao carvão vegetal em substituição ao óleo combustível; ao bagaço de cana utilizada na produção de álcool e à expansão da siderurgia a carvão vegetal.
Com relação à lenha, os maiores consumidores são as residências e o setor agropecuário.

· Operações Básicas da Matriz Balanço Energético:

- OFERTA TOTAL = Produção + Importação + ou – Variações de Estoque.
- PRODUÇÃO DE ENERGIA SECUNDÁRIA = Transformação Primária + Transformação Secundária – Perdas na Transformação.
- CONSUMO FINAL = Cons. Final Primário + Cons. Final Secundário.
Cons. Final não-energético + Cons. Final energético.

Baseado nas informações acima, apesar da notável carência de dados, o BEN é uma das mais completas bases continuadas de dados e estatísticas energéticas disponível no país, e pode ser uma referência fundamental para qualquer estudo do planejamento do setor energético brasileiro.

As fontes consultadas para a elaboração do Balanço Energético Nacional (BEN), bem como para demais consultas pertinentes aos itens mencionados acima são:

1. Agência Nacional de Petróleo – ANP
2. Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRÁS
3. Companhias Distribuidoras de Derivados
4. Entidades de Classe e Grandes Indústrias
5. Agência Nacional de Energia Elétrica
6. Centrais Elétricas Brasileira S.A. – ELETROBRÁS
7. Concessionárias de Energia Elétrica
8. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
9. Projeto Matriz Energética Brasileira – MEB – MME / IPEA
10. Departamento do Álcool e Açúcar – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA
11. Companhias Distribuidoras de Gás
12. Indústrias Nucleares do Brasil
13. Associação Brasileira de Celulose e Papel – BRACELPA
14. Associação Brasileira dos Produtores de Ferroligas – ABRAFE
15. Instituto Brasileira de Siderurgia – IBS
16. Associação Brasileira de Fundição – ABIFA
17. Associação Brasileira de Alumínio – ABAL
18. Sindicato da Indústria de Ferro no Estado de Minas Gerais – SINDIFER
19. Sindicato Nacional da Indústria de Extração do Carvão
20. Sindicato Nacional da Indústria de Cimento – SNIC
21. Sindicato Nacional da indústria e Extração de Estanho

Gmson Gonçalves Silva
Fonte: Balanço Energético Nacional (BEN - 2007)

8 comments:

itacir said...

O Balanço Energético Nacional de 2007, ano base 2006, revela dados importantes para a tomada de decisão de gestores ambientais e empresas produtoras de energia. O crescimento de consumo energético tem uma dimensão positiva para o crescimento econômico, porém aumenta os riscos de impactos ambientais. A estatística que surpreende é que os combustíveis renováveis no Brasil cresceram mais que os fósseis. Um bom sinal para quem pensa em preservar o meio ambiente. Outros fatores importantes são os setores autoprodutores de eletricidade, uma prática muito comum nos países desenvolvidos. Além dos dados sobre energia, contêm informações sobre as reservas de recursos energéticos, o indicador sócio econômicos ligado à energia, análise de resultados e a metodologia utilizada e uma matriz com vários setores e 47 tipos diferentes de energia. Este Balanço Energético nacional é uma das principais fontes de dados de energia usada para calcular a emissão dos gases que formam o efeito estufa.
Alguns aspectos acrescentados neste último balanço foram dados sobre a geração e consumo de energia na geração por fonte e setor autoprodutor. Constata-se que o aumento da demanda de energia em geral se deu em recursos renováveis como a hidráulica e biomassa com baixo índice de emissão de CO2. A estatística mostra que a queda na participação da energia não renovável em 2006 se deve ao fraco crescimento dos derivados de petróleo.
As informações adquirem uma importância muito grande para fazer um diagnóstico energético prevendo a projeção das emissões de gases de efeito estufa e o planejamento energético futuro.
Diante do diagnóstico constata-se que o balanço oferece aos gestores dados sólidos sobre a oferta e o consumo de energia, a produção, transformação e consumo bem como uma avaliação sobre os recursos, as reservas e a capacidade de produção de energia. Estes dados são essenciais para que se possa avaliar os rumos políticos e econômicos de um país na produção de energia e na preservação do meio ambiente e da qualidade de vida.
Itacir João Piasson

Wanda Isabel Melo said...

O diagnóstico apresentado pelo BEN 2007, ano-base 2006, assume um papel relevante para os diversos setores envolvidos com o planejamento energético no país.

O documento apresenta dados que revelam a redução da dependência externa do Brasil no tocante a energia uma vez que, segundo as informações disponibilizadas, tem ocorrido uma crescente produção nacional de petróleo, impulsionada por investimentos em prospecção e exploração desse recurso, avanços na produção do alcool e o desenvolvimento da indústria de energia elétrica.

Esse cenário imbute uma perspectiva otimista em relação ao setor energético nacional pela expressiva participação de fontes renováveis e limpas na matriz energetica brasileira, 45,1% do total.Índice que supera a média mundial de 12%.

Entretanto, é necessário realizar uma leitura mais pormenorizada em relação à cadeia produtiva e aos impactos socioambientais que envolvem o processo produtivo desses recursos de biomassa responsáveis pelos resultados positivos apresentados. Algumas pesquisas e estudos retratam questões ambientais importantes provenientes da expansão da fronteira agrícola para atender à produção de cana de açucar e de outros vegetais utilizados na fabricação de combustíveis alternativos ao diesel convencional, como por exemplo a desertificação de solo que vem ocorrendo no estado de São Paulo.

O planejamento governamental, sobretudo, deve considerar as informações disponíveis sobre o setor e, a partir do levantamento encontrado desenvolver medidas que possam conciliar os interesses econômicos e ambientais em questão de energia utilizando-se de instrumentos da política nacional de meio ambiente que auxiliam na melhor adequação das atividades produtivas a exemplo do ZEE.

Maria da Glória said...

Os dados apresentados no Balanço Energético Nacional de 2007, ano base 2006, são dados muito importantes, à medida que mostram que áreas do setor energético cresceram mais e onde houve um maior consumo.Outro ponto interessante é que o balanço apresenta uma estrutura dividida em quatro partes:Energia Primária; transformação; energia secundária e consumo final, mostrando qual produto é usado ou produzido em cada etapa e em qual setor da sociedade a energia será usada , o que facilita a compreensão dos dados apresentados na matriz.Dessa forma, o que se pode concluir é que o Brasil tem dado passos muito importantes no que se refere ao uso de energias mais limpas e renováveis, porém ainda há muito a ser feito.

Helsio Azevedo said...

Os pontos em análise do Balanço Energético Nacional de 2007, ano base 2006 começa por fazer uma síntese do panorama mundial em relação à oferta e consumo dos diferentes tipos de energia existentes. É possível verificar que se de um lado a oferta diminui o consumo tendeu a aumentar entre o ano 1973 a 2005; destacando-se o petróleo como a tipo de energia mais consumido. É importante notar que durante este período somente a energia nuclear registrou significado avanço dentro das energias renováveis, fato que mostra o fraco interesse por fontes de energia mais sustentáveis, isto é, que não prejudiquem o meio ambiente e de igual modo pode-se ver que as não-renováveis tendem a reduzir bastante. O maior consumo setorial de energia de modo geral é verificado nas industrias que deste 1973 a 2005 manteve índices altos. Este Balanço de igual modo expõe os métodos para análise do sistema energético, em relação à oferta, o consumo e a distribuição, fator muito importante para atividade de planejamento e gestão ambiental de determinada área. Por fim expõe a lista com as instituições onde se podem coletar dados relativos a energia e traz conceitos e unidades de medidas utilizadas na área energética.

Patrícia said...

O Balanço Energético Nacional (BEN) é um conjunto de dados energéticos do balanço energético brasileiro. É um documento que vem sendo editado por mais de trinta anos, sua publicação é de responsabilidade da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), uma empresa pública vinculada ao Ministério das Minas e Energia (MME).
O BEN é um instrumento estatístico, nele contém fontes de dados utilizadas nas análises e projeções da área energética. Essa fonte de dados é também usada no cálculo de emissões de gases de efeito estufa. O documento apresenta uma matriz que tem a dimensão de 49 setores por 27 tipos de energia.
O documento mostra que o aumento na demanda total por energia se deu com incremento no uso das fontes renováveis (hidráulica, biomassa e outras) que cresceu 4,2%, enquanto que as não renováveis cresceram 2,4% (petróleo e derivados, gás natural, carvão mineral e urânio). Com isso, a energia renovável passou a representar 44,9% da Matriz Energética Brasileira, em 2006.
A expressiva participação da energia hidráulica e o uso ainda não representativo de biomassa no Brasil apresentam indicadores de emissões de CO2 bem menores que a média dos países desenvolvidos. No país, a emissão é de 1,57 toneladas de CO2 por tep, enquanto nos países da OCDE a emissão é de 2,37 toneladas de CO2 por tep, ou seja, 51% maior.
Contudo, pode-se afirmar que o BEN se configura numa ferramenta indispensável para os estudos de expansão do suprimento de energia do País, permitindo entender as interfaces entre a oferta e demanda de cada setor energético e as relações entre eles.

Claudia Franco said...

De fato, o BEN disponibiliza informações que possibilitam a tomada de decisões voltadas para a produção de energia no cenário brasileiro. Contudo, além das tendências econômicas e, supostamente, sustentáveis como no caso da produção do Etanol, deve-se considerar todo universo envolvido nesta produção, o qual é composto pelas relações Homem X Natureza, onde o grau de comprometimento sócio-cultural da região especulada, bem como as consequencias advindas deste processo e seu grau de manifestação junto as populações envolvidas voluntárias ou involuntárias)consistem em dados igualmente importantes.
Há, ainda, uma enorme necessidade de se esclarecer que os ditos recursos renováveis, salvo as energias solar, eólica e das marés, estão cada vez mais vulneráveis em relação a sua sustentabilidade, pois necessitam cada vez mais de interferências antrópicas, tais como manejo, beneficiamento/investimentos, fertilizações, entre outros, para manterem-se nesta categoria.
Segundo estudos divulgados nos sítios da EMBRAPA e do IPEA, os 3 principais elementos responsáveis pela fertilização artificial do solo, no qual se produz a biomassa, são:
1. O Nitrogênio, cuja base de obtenção é a petroquímica (fóssil);
2. O Potássio, cujas fontes nacionais são insignificantes, sendo necessária sua importação (Rússia);
3. O Fósforo, assim como o Potássio necessita de importação (Argélia, Israel, etc.)

Com base nestas informações faz-se necessária uma reflexão para além dos dados divulgados, considerando-se, principalmente, informações não divulgadas como no caso dos elementos necessários para a produção da biomassa serem manipulados pelo mercado internacional, ou ainda, que no processo industrial a cana de açucar (bagaço queimado-combustão) libera CO2, ou, que apesar dos inúmeros estudos e investimentos americanos, ainda falta desenvolver uma tecnologia apropriada para a obtenção de bioenergia da celulose (considerada a mais limpa, pois haverá o aproveitamento de todos os produtos clorofilados/celulose), etc........enfim, inúmeros fatores precisam e deveriam ser considerados nestes documentos de análise energética.

Claudia Panizzi said...

O Balanço Energético Nacional de 2007 com ano base 2006, possui um relevante papel relacionado a energia e seu consumo. Ele nos apresenta importantes dados de uso e produção de energia e estabelece setores onde o consumo está crescendo cada vez mais ou setores onde a utilização da energia esta estabilizada. O crescimento no uso da energia muitas vezes está relacionado ao crescimento econômico de um determinado setor, podendo ser analizado crescimento x consumo de energia.

Porém, a relação crescimento econômico e aumento no consumo de energia muitas vezes pode se tornar uma "faca de dois gumes", pois apesar do desenvolvimento econômico ser visto por alguns com bons olhos, o exagerado aumento do consumo da energia nos trará graves problemas no futuro.

Portanto, a importância da utilização de energias mais limpas como a eólica ou solar se destacam neste cenário, porém, estas ainda são pouquíssimo utilizadas e merecem maior atenção, principalmete em um país como o Brasil, rico em possibilidades de uso deste tipo de energia.

karina said...

As reservas mundiais de petróleo estão se escasseando cada vez mais.Portanto é imperativo procurar desde já, substitutos para o petróleo como matéria-prima tanto para produção de energia, quanto para produção de combustíveis.O alto preço do petróleo torna substitutos como etanol e biodiesel economicamente viáveis no setor energético. Segundo previsões, o consumo de petróleo irá aumentar significativamente até por volta do ano 2014, quando então o preço do barril deverá subir tanto que forçará a diminuição do consumo. Nessa ocasião seria recomendável que possuíssemos tecnologia para a substituição do petróleo como fonte de insumos e energia.Para um país tropical como o Brasil, o substituto natural para o petróleo é a biomassa. Além de ser renovável ela reduz a poluição, pois é formada a partir de CO2 e H2O, aproveitando a energia solar3. Consideremos que 1 ton de biomassa corresponde a aproximadamente 2,9 barris de petróleo (valor calorífico médio do petróleo = 10000 kcal/kg; biomassa base seca = 4000 kcal/kg)4 e que o Brasil precisa atualmente de 1.800.000 barris de petróleo por dia (90 x 106 ton de petróleo por ano)4,5. Isso poderia ser suprido por 225 x 106 ton de biomassa por ano.
O BEN 2007, ano base 2006 tem nos mostrado dados importantes na tomada de decisões, principalmente dos gestores, no que concerne um incremento na matriz energética do país, com fontes alternativas e limpas de produção de energia e combustíveis.No cenário atual há uma perspectiva otimista em relação ao setor energético nacional pela expressiva participação de fontes renováveis e limpas na matriz energetica brasileira, 45,1% do total.Índice que supera a média mundial de 12%.
O BEN tem sido uma imprescindível ferramenta para os gestores tomarem decisões que sejam pertinentes no que diz respeito a produção de energia com fontes limpas e renováveis e sua distribuição. Num país que infelizmente ainda há grandes discrepâncias sociais, econômicas e ambientais.