Tuesday, August 26, 2008

Semana 4: Energia e Desenvolvimento: Qual o papel da energia para o desenvolvimento sócioambiental sustentável?

De acordo com as análises de Reis (2005), a história da relação entre energia e desenvolvimento indica que a desarticulação entre setores energéticos, aliados a políticas centralizadoras com foco apenas na oferta de energia, elevados níveis de dependência e danos ao meio ambiente proporcionaram o crescimento autônomo de alguns setores e países, em detrimento de outros, resultando nas disparidades sociais entre esses ou mesmo dentro de um só. Uma ineficaz distribuição de renda compromete a erradicação da pobreza, cujos sujeitos são pessoas excluídas, em sua maioria, das formas de energia comerciais.
Segundo Reis, os crescimentos energético e econômico se influenciam, positiva ou negativamente de acordo com as necessidades estabelecidas pelos padrões de consumo, os quais devem se adaptar a eficiência das novas tecnologias e a forma como serão utilizadas. Todavia, para se atingir um desenvolvimento sustentável faz-se necessário construir uma estrutura capaz de lhe dar suporte, cujos componentes são constituídos pela energia, telecomunicações, transporte, água e saneamento básico.
Contudo, do ponto de vista ambiental, há um paradoxo, pois a busca da sustentabilidade apresenta diversos aspectos que entrarão em conflito com o atual padrão na manutenção da vida, causando desconforto para um grande número de pessoas, as quais desejam ambas as coisas, sem abrir mão de nada em prol da sociedade e do futuro.
A perspectiva da Energia no Mundo (IEA: 2002), contemplou análises em relação ao uso de energia e grau de pobreza nos países em desenvolvimento, descrevendo padrões atuais de uso de energia, tais como as taxas de eletrificação. Em especial, apresenta dados sobre o acesso à eletricidade da população que reside na área rural dos países em desenvolvimento e o modo como esta faz a transição dos combustíveis tradicionais (madeira/lenha, resíduos e esterco agrícolas) para as modernas formas de energia, incluindo estimativas no uso de novas fontes de biomassa. Fornece, ainda, projeções regionais para o ano de 2030, considerando uma análise de cenários com fatores precedentes e tendências avaliadas, nas quais foram contempladas, inclusive, políticas para promover mais investimento no fornecimento de eletricidade com maior disponibilidade para a população menos favorecida, o qual precisará focar várias fontes de energia, inclusive biomassa, para aplicações térmicas e mecânicas, a fim de aumentar a produtividade e as atividades geradoras de renda voltadas para os países em desenvolvimento. Destaca-se que a eletrificação e o acesso aos modernos serviços de energia não garantem a diminuição da pobreza e que, provavelmente, um quarto da população mundial não tenha nenhum acesso à eletricidade. Segundo constatado, quatro entre cinco pessoas 'sem eletricidade' vivem em áreas rurais dos países em desenvolvimento, principalmente, no sul da Ásia e oeste da África. Porém, em virtude do aumento da população que reside em áreas urbanas, este padrão de privação de eletricidade irá mudar, pois para o mesmo período (três décadas) está previsto um crescimento de 95% da população urbana, o que aumentará a demanda e, respectivamente, o consumo de energia elétrica.
Segundo a perspectiva da IEA, o uso extenso de biomassa em modos tradicionais e ineficientes e a disponibilidade limitada dos combustíveis modernos são legitimidades de pobreza nos países em desenvolvimento os quais, também, retêm o desenvolvimento econômico e social, impedindo a maioria das atividades industriais e os trabalhos subseqüentes. (IEA: 2002). As Metas de Desenvolvimento do Milênio (09/2000), fixam objetivos para redução do índice da pobreza, melhorias em saúde e educação e proteção do meio ambiente. O acesso melhorado aos serviços de energia é um componente subjacente ligado à realização destas metas.
Dentre os principais determinantes na transição da biomassa tradicional até o uso de energia moderna deve-se considerar a disponibilidade e as preferências culturais. Até quando as famílias menos favorecidas poderão dispor dos combustíveis modernos? Por um lado, certas residências não poderão usar a energia moderna se esta for muito mais onerosa que a tradicional (nas áreas rurais a biomassa tradicional é freqüentemente vista como algo que está “livre” e prontamente disponível), e por outro, certas tradições determinam a escolha do combustível não importando sua disponibilidade e renda (na Índia, até as casas muito ricas mantêm um fogão à lenha para preparar seu pão tradicional).
De fato, com o aumento da renda familiar, certas escolhas de combustível alargaram. A parte das necessidades básicas no consumo total cai nitidamente quando as famílias prosperam. O consumo da eletricidade é fortemente relacionado com a riqueza. A transição da pobreza de energia até a riqueza relativa é um processo complexo e irregular, variando extensamente de nação à nação, aldeia à aldeia e família à família. De um modo geral, é uma jornada de confiança quase exclusiva na biomassa tradicional para o acesso e uso da eletricidade junto com um alcance de outros combustíveis modernos.
A maioria de países em desenvolvimento têm gás natural e redes de eletricidade inadequados e esta deficiência deve ser obviamente compensada. As pessoas pobres desses países confiam fortemente na biomassa tradicional (lenha) para a culinária e o aquecimento. Então, porque parte da biomassa usada no consumo final tem diminuído desde 1994? Segundo IEA, tem-se a impressão de que está sendo substituída gradualmente por outros combustíveis. Novas indústrias e o setor de transportes dão poder a geração que freqüentemente usa os combustíveis fósseis. Mas madeira (lenha) e outras biomassas continuam a ser usadas em muitas indústrias nos países em desenvolvimento com os mesmos propósitos que as famílias.
Por último, mas não menos importante, Goldemberg faz uma análise do perfil de consumo de energia e as suas perspectivas para as próximas décadas com foco no Brasil. Segundo o autor, energia é um ingrediente essencial para o desenvolvimento, mas assim como no mundo, o consumo de energia no Brasil cresce a cada ano e as principais conseqüências desta evolução são o aumento do consumo de combustíveis fósseis e a resultante poluição ambiental em todos os níveis (local, regional e global).
Mas o Brasil não precisa repetir a trajetória de desenvolvimento seguida pelos países que são hoje industrializados, nos quais o elevado consumo de energia de origem fóssil resultou em sérios problemas ambientais. De um lado, observa-se que houve uma evolução do consumo de energia elétrica e, de outro, que o consumo de petróleo e o de lenha vem se reduzindo em termos percentuais, ao passo que crescem o consumo de cana-de-açúcar e o de energia hidroelétrica. Todavia, o Brasil encontra-se numa situação em que o consumo de energia está crescendo, o que levará certamente à exaustão rápida das reservas de combustíveis fósseis, agravando os problemas ambientais. A pergunta a se fazer é: existem soluções técnicas para este dilema?
A resposta é afirmativa e as soluções são basicamente as seguintes:
i. Melhorar a eficiência com que os combustíveis fósseis são usados, o que reduziria o seu uso e, conseqüentemente, prolongaria a vida das reservas. Com isso, seriam reduzidas as emissões anuais de poluentes.
ii. Aumentar a participação de fontes renováveis de energia, sobretudo as modernas, como a energia eólica e solar;
iii. Acelerar o desenvolvimento e a adoção de novas tecnologias, como células de combustíveis baseadas no uso de hidrogênio, o uso “limpo” de carvão e, eventualmente, energia nuclear em formas que evitem os problemas criados no presente.
Segundo Goldemberg, “a maioria dos equipamentos e processos utilizados nos dias de hoje nos setores de transporte, industrial e residencial foi desenvolvida numa época de energia abundante e barata e quando as preocupações ambientais ou não existiam ou eram pouco compreendidas. Estes são os motivos pelos quais haja tantas oportunidades para melhorias na economia de energia, seja para aumentar a competitividade das empresas, seja para melhorar a imagem pública de indústrias que deixaram de ser poluentes” (2000).
No setor industrial existem diversas “tecnologias horizontais” de conservação de energia que podem ser empregadas, quais sejam: a) componentes básicos (motores/engrenagens, caldeiras de vapor, compressores, etc.) dos equipamentos em todas as áreas da indústria; e b) tecnologias para aplicações individuais (novos sensores, microeletrônica, separação de substâncias a baixas temperaturas ou aquecimento solar para a indústria.
No setor residencial observa-se um consumo de 20% de toda a energia usada. Nos países industrializados, faz-se necessário readaptar as construções existentes à projetos voltados para a economia de energia, porém, nos países em desenvolvimento grandes economias podem ser obtidas melhorando o projeto e a construção de novos prédios, considerando rigorosos códigos de construção para edifícios existentes e novos; certificados energéticos para as construções; incentivos financeiros, tais como redução de impostos e financiamento para os prédios energeticamente eficientes.
Em relação às tecnologias específicas, faz-se necessário atuar com melhorias técnicas junto a aparelhos domésticos, iluminação e aquecimento ambiental, de maneira eficiente e responsável, por exemplo, fabricar somente aparelhos de baixo consumo de energia, sensores que controlam a iluminação de um ambiente de acordo com a sua ocupação e aquecedores solares de água.
Segundo o autor, o setor de transporte “representa 22% do consumo total de energia dos países industrializados, principalmente pelos automóveis. Embora este seja o setor de crescimento mais rápido, a taxa de aumento na demanda por energia no transporte rodoviário tem diminuído na maioria destes países desde o final da década de 60. Isso reflete tanto uma melhoria na eficiência dos veículos quanto uma redução no número de automóveis por moradia”.
Dentre as soluções técnicas para melhorar a eficiência e reduzir as emissões do setor de transporte destaca-se, também, o uso de combustíveis alternativos à gasolina e ao óleo diesel.
Dentre as principais fontes renováveis disponíveis a mais relevante para o Brasil é a energia de biomassa, a qual representa uma contribuição de destaque frente ao consumo de energia no país. De acordo com o texto analisado, “a co-geração de energia, uma prática corrente da produção industrial do etanol no Brasil, reduz os danos ao meio ambiente e poderia ser aumentada significantemente se o desenvolvimento tecnológico acarretasse o uso dos resíduos da cana-de-açúcar, além do bagaço, para a geração de energia”.(Goldemberg: 2000)
Dentre as atividades em novas tecnologias atualmente exploradas para encontrar outros caminhos alternativos para enfrentar a necessidade crescente de energia, bem como reduzir os impactos ambientais do uso de combustíveis fósseis, destacam-se as células de combustível acopladas com turbinas a gás (ou vapor) para a produção de eletricidade ou co-geração de calor e eletricidade e a produção de hidrogênio a partir da redução de combustíveis fósseis (principalmente carvão) e seqüestro de CO2, entre outras.
Conclusão
Considerando o exposto pelos autores em epígrafe, tanto a pesquisa quanto o desenvolvimento voltados para as tecnologias de eficiência energética; aumento da participação de fontes renováveis de energia como a solar, eólica e as 'novas' formas de biomassa, tem papéis relevantes no Brasil e no mundo, pois estas certamente são as novas tecnologias “limpas”, as quais possibilitarão uma distribuição com responsabilidade socioambiental. Portanto, essas iniciativas devem ser sempre incentivadas pelos governos e apoiadas incansavelmente pelas instituições financeiras.
Contudo, vale ressaltar o vínculo entre o uso de energia e a pobreza, considerando o acesso para a eletricidade e outras fontes de energia modernas, como um requisito necessário, mas não suficiente para o desenvolvimento econômico e social. A erradicação da pobreza também exige, entre outras coisas, água limpa, serviço de saúde pública adequados, um bom sistema de ensino e uma rede de comunicação, sendo indispensável o fornecimento e disponibilidade de uma energia com preços acessíveis.
Todos os autores resenhados ressaltam a relação entre os níveis de dependência energéticas entre alguns países, cuja falta de domínio tecnológico-financeiro para exploração os submete à ineficiência no uso da energia e a desigualdade na distribuição dos serviços, bem como as características do consumo da biomassa em regiões à depender da disponibilidade do recurso, acessibilidade aos combustíveis comerciais, preferências e rendas culturais.
Em trinta anos, a biomassa continuará a representar a maior parte da energia residencial disponível em alguns países no leste da Ásia. Em muitos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, o consumo da biomassa continuará a aumentar em condições absolutas, entretanto seu uso necessita de regulamentações específicas e de novas tecnologias de combustão, de modo a melhorar sua eficiência, qualidade e disponibilidade.
Para refletir:
“Nos países onde menos de 5% da população é pobre, o consumo per capita de energia é quatro vezes mais alto que nos países onde mais de 75% da população vive abaixo da linha de pobreza”. (IEA: 2000)


- Lista de referências analisadas:
a) REIS, Lineu Belico dos. Energia, recursos naturais e a prática do desenvolvimento sustentável. SP: Manole, 2005. pp. 23-29, 58-71. b) IEA (Agência Internacional de Energia). Capítulo 13: Energy and Poverty. 2002. 46 páginas.
c) GOLDEMBERG, José. Pesquisa e Desenvolvimento na área de Energia. 2000. pp. 91-97.

9 comments:

itacir said...

Ao final do texto a Claudia faz um questionamento: Até quando as famílias menos favorecidas poderão dispor dos combustíveis modernos? Minha contribuição será uma reflexão a cerca deste questionamento utilizando os dados dos artigos estudados.
O que mais chama a atenção é a exclusão do pobre por falta de condições para arcar com os custos da energia moderna. Sem políticas públicas dos governos o pobre continua à margem do desenvolvimento impulsionado pelas novas fontes de energia. Em alguns países nem a os combustíveis fósseis nem o combustível da biomassa são viáveis pelo alto custo econômico e ambiental. O caminho é investir em novas tecnologias para disponibilizar o aproveitamento da energia solar e outras fontes disponíveis na natureza.
Talvez outros recursos estejam mais ameaçados e precisem de uma ação emergente para garantira a vida dessas populações. Entre os recursos necessários o texto aponta a necessidade de água limpa, saneamento adequado e serviços de saúde. Mesmo em países desenvolvidos com acesso à energia moderna estes recursos estão comprometidos o que comprova que não basta acesso à energia moderna. É preciso criar políticas que garanta o acesso aos bens de sobrevivência. Em todos os países, percebe-se pelos dados estatísticos, a falta de consciência no uso das diferentes fontes de energia. Cada qual pensa a partir do seu conforto e pouco se pensa a partir do coletivo. Quem tem condições econômicas esbanja no uso de energia, pois tem condições de pagar. Falta uma consciência mais global em perceber a energia produzida com fonte coletiva. O uso abusivo de alguns impede o acesso de outros e a pobreza continua presente em países que exportam energia.
Alguns dados do estudo demonstram que a ausência de serviços de energia eficiente e disponível compromete a saúde dos pobres em países em desenvolvimento. Como garantir energia para todos em sistemas capitalistas se aproximadamente 2.8 bilhões das pessoas do mundo vivem com menos de 2 dólares por dia. Os dados revelam que 2.4 bolhões de pessoas confiam na biomassa para cozinhar e se aquecer sem contar os 1.6 bilhões de pessoas que não usam a eletricidade. Entre os países em desenvolvimento que mais cresceram nestes últimos anos em produção e uso de energias fósseis e renováveis foi a China. Por mais que o regime monitore a liberdade das pessoas no uso das energias disponíveis o acesso à energia por parte da população pobre tem aumentado. Falta avaliar os danos ambientais causados por esse aumento brusco de consumo de energia.
Para economistas os 17% da população mundial sem acesso a energia pode ser um dado que instigue a busca de novos consumidores e mais lucros. Para o gestor ambiental é de se pensar quais as fontes de energia que poderiam suprir tal deficiência e causar menor impacto ambiental? Não basta pensar em garantir combustíveis modernos a famílias menos favorecidas. É preciso pensar fontes de energia que garantam a inclusão do pobre, o desenvolvimento a preservação ambiental e a melhora da qualidade de vida das diferentes populações do planeta. O Brasil pode mudar os rumos para um desenvolvimento sustentável com responsabilidade social e ambiental.

Lorena Cristine said...

Entre as principais constatações relatadas no Fórum de Osaka - Japão em setembro de 2002, a Agência Internacional de Energia - IEA, destaca que:
- 1/4 da população mundial não têm acesso à eletricidade;
- 4 em 5 pessoas que não têm acesso à eletricidade vivem no meio rural;
- 2,4 bilhões de pessoas dependem da biomassa tradicional como a lenha para cozinar e se aquecer;

Para Lineu, a questão energética está diretamente relacionada aos seguintes problemas ambientais:
- a poluição do ar urbano;
- a chuva ácida;
- o efeito estufa e mudanças climáticas;
- o desmatamento e a desertificação;
- a degradação marinha e costeira;
- perda de áreas agricultáveis;
- a contaminação radioativa.

Outras fontes de energia, já estão sendo produzidas, como a energia proveniente do lixo. Diante da enorme quantidade de resíduos sólidos gerados pela população das grandes cidades, cerca de 35 países já produzem energia a partir do lixo, através de cerca de 650 usinas de incineração construídas para este fim. No Brasil há uma unidade experimental na Ilha do Fundão no Rio de Janeiro. (Programa Cidades Soluções de André Trigueiro)

Maria da Glória said...

A idéia de crescimento ou desenvolvimento econômico de uma forma sustentável pode até parecer possível, porém a história mostra que para atingir o desenvolvimento os países do primeiro mundo destruiram grande parte de seus recursos naturais. Contudo, o que se espera dos países em desenvolvimento é que os mesmos possam crescer com sustentabilidade, sem cometer os mesmos erros do passado. Todavia, esse parece ser um grande desafio, e uma tarefa um tanto quanto árdua, pois para crescer, tais países países precisarão de energia, e a energia vem dos recursos naturais, e como fazer uso desses recursos sem agredir a naureza? É preciso tecnologia. Porém, tal tecnologia vem de países desenvolvidos. Será que eles estão dispostos a partilhar seus conhecimentos? Dessa forma, além de garantir o acesso dos países pobres à novas tecnologias, é necessário também a universalização do acesso à energia. Só assim, poderemos falar em um desenvolvimento sustentável que busque além do crescimento econômico, uma inclusão social e política da população pobre, por meio do acesso à serviços energéticos, garantidos com comprometimento institucional e políticas públicas efetivas.

Helsio Azevedo said...

A energia é um elemento de extrema importância para o desenvolvimento sócio-econômico de qualquer país. Ela dinamiza as economias de muitos paises e a vida das suas populações. Industrias, transportes, comunicação, dentre outros sectores tem a sua viabilidade de existência através da disponibilidade de energia. A energia contribui de igual modo para o bem estar das populações, pois emprega mão-de-obra, proporciona segurança, reduz o tempo de suas atividades e oferece conforto. Apesar desses benefícios todos, a sua oferta para os diferentes países e estratos sócios não é eqüitativo. Outro aspecto não muito bom prende-se com os danos que o modelo de produção adotada nos países de maior consumo causaram e continuam a causar ao meio ambiente. A história energética mostra que a tendência de suprimento de energia tem favorecido as necessidades dos mais ricos, isto é, historia da relação entre energia e desenvolvimento mostra que elevados índices de dependência, desarticulação entre sectores energéticos, políticas centralizadoras baseadas unicamente na oferta de energia, inadequação as necessidades fundamentais e danos ao meio ambiente proporcionaram o crescimento autônomo de alguns setores e paises em detrimento de outros, fato que resultou em disparidades sociais entre paises e dentre destes (LINEU).
Nos dias atuais há toda uma necessidade de se reduzirem os impactos no meio ambiente e melhorar a distribuição de energias através da introdução de energias “limpas”, que mantenham a qualidade ambiental boa. Esta mudança de comportamento de produção poderá ajudar as sociedades a perspectivarem um desenvolvimento sustentável.
Contribuindo para a questão que a Claudia levanta, saliento que para que as famílias mais pobres possam dispor de combustíveis modernos os paises devem começar a incentivar este tipo de combustíveis através de programas que divulguem estas tecnologias que reduzem os impactos no meio ambiente, porém, os custos relativos a estes combustíveis são elevados e muitas vezes não existem recursos para sua implantação. E neste âmbito que os paises mais desenvolvidos do mundo, que tem vindo a criar impactos através da produção de combustíveis devem apoiar os menos desenvolvidos e carenciados, pois, enquanto estes não tiverem meios para desenvolver tecnologias de produção limpas estarão de igual modo a usar combustíveis que degradam o meio ambiente e deste modo tornando cada vez mais insustentável o meio ambiente.

gmson said...

Ao meu ver, todos estes questionamentos, bem como nossa preocupação com a sustentabilidade dos recursos naturais ao se explorar os meios para se obter energia, gira em torno do consumo. É necessário que o nível de consumo de bens fúteis seja reduzido, para com isso, a quantidade de energia para as condições básicas de vida seja também reduzida.
A partir daí, será possível o acesso das classes economicamente desfavorecidas aos recursos energéticos modernos e renováveis. Pois, nas condições em que estamos caminhando, é notável que a cada dia poucos terão acesso a estas fontes de energia, tendo em vista que estas terão preços cada vez maiores e caberá aos mais pobres a buscarem os poucos recursos energéticos tradicionais acessíveis, tais como, madeira, petróleo e outros.
Este ponto de vista está baseado ao alto custo ainda existente para se obter acesso às fontes de energias renováveis, tal como, a eólica e outras.

Patrícia said...

Dos textos lidos nessa semana gostaria de dar ênfase ao de Lineu B. dos Reis, Capítulo 3 – Energia para um Desenvolvimento Sustentável, nesse o autor enfatiza a necessidade do estabelecimento de processos e procedimentos que permitam uma avaliação integrada de energia com outras utilizações de recursos. Uma importante fonte de geração de energia elétrica (integrada) que vem sendo desperdiçada em quase todas as cidades do país é a energia produzida a partir dos resíduos sólidos urbanos. Para se ter idéia um dos grandes problemas hoje das Estações de Tratamento de Esgotos (ETE) é a destinação final adequada do resíduo sólido, produto final do tratamento, também chamado de biossólido, produto este que depois de ser esterilizado pode ser utilizado na agricultura, como importante insumo agrícola. Uma das maneiras de esterilizá-lo seria submeter o resíduo a uma temperatura altíssima, eliminando os organismos patogênicos. Porém, a grande problemática gira em torno do elevado consumo de energia elétrica que o forno gasta para esterilizá-lo. Tornando economicamente inviável essa forma de esterilização. Uma alternativa ambientalmente sustentável seria utilizar como combustível o próprio gás produzidos nas ETEs e aterros sanitários, através da coleta do gás metano, por meio da decomposição anaeróbia. O que não é feito.
No entanto, práticas de gestão integrada dos resíduos sólidos, como a anteriormente citada, estão longe de serem adotados nos grandes centros urbanos. E toneladas de biossólidos continuam não sendo utilizadas como deveriam.
Hoje, somente as ETEs do Distrito Federal produz cerca de 400 toneladas por dia do referido insumo. Sendo usados na recuperação de cascalheiras. Segundo Lineu a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável, a questão do tratamento dos resíduos sólidos, de qualquer tipo e proveniência, é hoje um dos principais desafios da humanidade. Essa é também uma questão que deve ser tratada de forma integrada no contexto da infra-estrutura, incorporando-se ao saneamento.

Claudia Panizzi said...

O consumo de energia e dos recursos naturais e o desenvolvimento, claramente seguem lado a lado na história da humanidade e esta, confirma que conforme o homem avança em novas tecnologias em nome do crescimento econômico o meio ambiente padece e perde espaço cada vez mais rápido. A preocupação com o consumo e com a economia faz com que se esqueça facilmente que os recursos do planeta são limitados. Evidentemente isso não é um desenvolvimento verdadeiro, pois não representa o desenrolar de potenciais que incentivam a continuidade dos recursos e o seu uso consciente. Os países realmente desenvolvidos já descobriram, a um alto custo, que não é válido o incentivo de um desenvolvimento predatório que beneficia muito mais os industriais e comerciantes do que propriamente a nação. Segundo um artigo do professor José Goldemberg (maio, 1996) os Estados Unidos gastam nada menos do que 400 dólares por indivíduo, por ano com sua preservação e recuperação ambiental. Além disso, a dívida ecológica, social e climática dos países ricos frente aos países pobres deve ser pensada. Uma pesquisa feita por especialistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, revela que o dano ambiental causado pelos países mais ricos do mundo é enorme e as diferenças no consumo fazem com que seja enormemente diferente a responsabilidade dos países ricos e dos pobres no dano ambiental causado no mundo. Os altos níveis de vida dos países industrializados se mantém pela enorme dívida ecológica não reconhecida que têm com os países em desenvolvimento. O avanço das tecnologias limpas que vem se apresentando nos países mais ricos surgiram as custas de uma gigantesca degradação ambiental, a mesma degradação que hoje ocorre nos países em desenvolvimento. A questão é; até que ponto os países pobres vão destruir seus recursos para adquirir uma consciência que já existe em grande parte do planeta?

Wanda Isabel Melo said...

Relacionar o papel da energia para o desenvolvimento sustentável é extremamente complexo uma vez que o sistema informacional no Brasil é precário e não integra os diversos instrumentos fornecedores de dados históricos acerca dessa correlação.

Nesse sentido, o acesso às pesquisas/estudos realizados no âmbito do país são muito importantes para se realizar uma melhor leitura sobre a matéria.

Avaliar a inclusão social nesse contexto torna-se relevante,o que nos remete a verificar as tensões, contradições e complementaridades existentes entre as forças atuantes nesse processo.

O Índice de Gini é um indicador de desigualdade usado para avaliar o grau de concentração de bens, de terra, ou de renda de uma determinada população. Pode ser um instrumento de investigação no fornecimento de dados importantes do contexto ágrícola nacional e balizador das políticas públicas implementads pelo governo.

Em 2000, o índice brasileiro da propriedade da terra foi de 0,802 (fonte: Incra, apud Estatísticas do Meio Rural, 2006), o que caracteriza uma forte desigualdade na distribuição de terras visto que o parâmetro a ser considerado é o seguinte: valor mínimo de ) (zero)= situação de igualdade perfeita da distribuição de rendimentos em uma sociedade, e valor máximo de 1 (um)= situação extrema de desigualdade, em que apenas um indivíduo ou família se apropria de toda renda disponível.

Indicadores retratados no índice gini, no PIB, em dados da expansão da fronteria agrícola brasileira devem ser confrontados com os dados específicos do setor energético expressos no Balanço Energético e na Matriz Energética Nacional para se obter um diagnóstico mais preciso sobre a realidade do Brasil.

karina said...

Produção de energia e desenvolvimento estão intrinsecamente relacionados,uma vez que energia é essencial para que haja desenvolvimento. O consumo de energia per capita pode ser usado como um indicador da importância dos problemas que afetam os países da América Latina, onde se encontram 70% da população mundial.
Na maioria dos países, nos quais o consumo de energia comercial per capita está abaixo de uma tonelada equivalente de petróleo (TEP) por ano, as taxas de analfabetismo, mortalidade infantil e fertilidade total são altas, enquanto a expectativa de vida é baixa. O Brasil se encontra numa posição razoável em releção ao cenário internacional, com um TEP de 1.3 por habitante, com um crescimento de 4.6% por ano desde 1970, chegando tal consumo a triplicar em determinadas épocas.Com toda essa demanda, como estão as ofertas de energia no Brasil? E como está o incremento de fontes limpas e alternativas para produção de energia?
Sabemos que o país dispõe de recursos naturais na área de energia para suprir a demanda na próximas décadas, em linhas gerais, tem-se: 61% da energia usada no Brasil é de origem renovável, portanto, produzida localmente; energia hidroelétrica (37%); produtos de cana-de-açúcar, incluindo álcool (11%); lenha e outros 13%; o restante (39%) é derivado basicamente de petróleo e gás, metade do qual é importado.
O mais importante é saber se a quantidade de energia renovável poderá se manter de modo a atender uma demanda crescente para que não fiquemos dependentes de petróleo e gás natural importados.
Há que se conhecer as reservas energétics disponíveis e quanto tempo poderão ainda durar,sendo necessárias medidas que reduzam o consumo sem prejudicar o crescimento da economia e sem causar grandes impactos negaticos ao meio ambiente.