Tuesday, September 23, 2008

Semana 8 - GÁS NATURAL

O gás natural (GN) é uma fonte de energia não-renovável que é extraída do sub-solo, podendo encontrar-se no mar ou na terra, geralmente, acumulado em rochas porosas, freqüentemente acompanhadas por petróleo, gás associado, ou constituindo um reservatório, gás não associado, (LINEU, 2005).


Santos et al (2007, p.67) e Lineu (2005, p.194) são unânimes em afirmar que o GN é uma mistura de hidrocarbonetos leves, que, a temperatura ambiente e pressão atmosférica, permanece no estado gasoso. Seu principal componente é o metano (CH4), seus principais diluentes são o hidrogênio e o vapor de água e seus principias contaminantes são o dióxido de carbono e o gás sulfídrico. Quando extraído dos poços para produção, através de uma unidade de processamento de gás natural, é denominado rico ou úmido. A presença de hidrocarbonetos no GN é em geral superior a 90%.


Segundo Lineu (2005) o GN úmido contém hidrocarbonetos mais pesados que o metano, os quais devem ser extraídos, seja por motivos comerciais, pois possuem alto valor econômico; seja por motivos operacionais, já que devem ser eliminados em unidades de processamento de gás natural para se tornar gás apropriado à utilização como combustível ou para seu transporte em gasodutos; que é a forma mais convencional de transporte. Por sua vez, o gás seco, aquele que a presença de hidrocarbonetos mais pesados é menor, faz com que não se justifique a extração para fins comerciais, porém pode ser usado como combustível.


O seu processo de consumo envolve três fases distintas, nomeadamente: upstream que consiste na exploração, produção e processamento; o middlestream que consiste no transporte do gás ao revendedor/consumidor e downstream que é a fase de distribuição ao consumidor.

O GN é basicamente usado em indústrias, no comércio, em serviços, em residências e no transporte. Na indústria este serve para fornecimento de calor, como matéria-prima em vários sectores, tais como, químico, de vidros, têxtil, dentre outros. No comercio e serviços, é utilizado em restaurantes, bares, hotéis, hospitais, dentre outros. Em residências serve para aquecimento ambiental das residências e na utilização para cozinha e por fim para deslocação de veículos no transporte de pessoas e mercadorias/bens.


De acordo com Santos et al (2007) o GN tem aumentado seu papel estratégico como fonte de energia para o mundo em virtude de causar menor impacto ao meio ambiente em termos de poluição atmosférica, se comparados com as demais fontes fosseis. Para além de ser menos poluente ele tem a vantagem do seu transporte (por gasodutos ou por navios) ser muito eficiente, visto que registra poucas perdas deste combustivel entre a origem e o destino. O GN apresenta como desvantagens, primeiro, o fato de não ser renovável, segundo, seu transporte é caro incluindo os custos, desde o local de produção à fonte de consumo, pois requer altos investimentos em infra-estrutura e equipamentos para extração na terra e no mar e por ultimo porque apresenta riscos de incêndios e explosões que causam perdas de vidas, bens e propriedades (KLEIN, 2008).


Segundo Lineu (2005) em 2001, as reservas de GN no mundo somavam cerca de 156 trilhões de m³, onde a Europa Oriental e o Oriente Médio lideravam a lista de maiores detentores desta fonte de energia. O Brasil, em 2002 detinha uma reserva de 331,9 bilhões de m³, sendo a bacia de Campos a área de maior registro. Na produção desta energia, a América do Norte e os países da ex-União Soviética produzem cerca de 60% da produção mundial. O Brasil registra uma produção crescente, sendo que em nove anos (1993-2002) aumentou a produção ao dobro, de 7355 para 15568 milhões de m³; a Bacia de Campos é responsável pela produção de 40% da produção total brasileira.


O registro de maior consumo desta fonte de energia vai para a América do Norte, Europa Oriental e os países da ex-União Soviética, que conjuntamente representam 56% do consumo mundial tendo alcançado em 2002 um consumo total de 2529,82 bilhões de m³ de gás natural que provinha de África, Ásia, Oceania e países da ex-União Soviética. O Brasil desde 1987 tem vindo a registrar um consumo crescente, visto que, quintuplicou de 3889 para 15121 milhões de m³ o seu consumo em quinze anos, de 1987 a 2002 (LINEU, 2005).


Para que países que não produzem ou não possuem reservas de GN e precisam desta fonte de energia para garantir o processo de desenvolvimento é feita a importação do gás natural liquefeito (GNL) que consiste na transformação do estado gasoso para o liquido, reduzindo o volume do gás. Segundo Lineu (2005) esta opção depende de uma infra-estrutura de liquefação, de transporte por via marítima ou fluvial e de regaseificação. O primeiro país a exportar o GNL foi a Argélia, em 1965 para a França. A Argélia, Indonésia e Nigéria são os principais produtores de GNL. O transporte do GNL é realizado por via marítima é para tal necessita que se reduza o volume em aproximadamente seiscentas vezes; por razões de segurança e economia, o gás é mantido levemente acima da pressão atmosférica e sua temperatura é reduzida a 162°C negativos. O seu transporte é feito em navios metaneiros (LINEU, 2005).


Santos et al (2007) analisando o futuro do consumo do GN através de cenários traçados pela Agência Internacional de Energia e da empresa Shell, concluem que em 2050 este combustível irá constituir a principal fonte de energia do planeta e seu consumo será equivalente ao do petróleo e carvão juntos, mantendo sua atual posição de terceira mais importante fonte de energia do planeta, superando o carvão, mas sendo superada por outras energias renováveis, incluindo a energia solar e eólica.


CONCLUSÃO

Apesar de deter a terceira posição de energia mais utilizada na terra, o GN continuará a contribuir para o desenvolvimento socioeconômico de muitos países na terra. Esta será a fonte de transição num mundo dominado pelo uso de carvão e petróleo, considerados poluentes e prejudiciais ao meio ambiente, dando espaço para fontes de energia renovaveis. A sua composição química faz do GN uma importante fonte de energia que pouco ou quase nada contribui para o aquecimento global e degradação do meio ambiente. Aliado a isso a sua utilização para o consumo industrial, doméstico e no transporte contribui para que os custos de produção e de sobrevivência sejam viáveis, devido ao baixo valor comercial que apresenta se comparado com o petróleo e o carvão.


Numa era em que se debatem os impactos dos combustíveis fosseis sobre o meio ambiente é extremamente importante pensar na adoção desta fonte de energia de modo a contribuir para o desenvolvimento sustentável. Pesquisas em novas áreas/países e nas técnicas modernas de aproveitamento do gás em lixeiras devem ser incentivadas de modo a garantir um ambiente saudável e satisfatório no planeta terra.


BIBLIOGRÁFIA

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Atlas de energia elétrica do Brasil. 2 ed. Brasília: ANNEL, 2005.

KLEIN, Lucas. Fonte de energia. 2008. Disponível em: .Acessado em 19/09/2008.

REIS, Lineu B. dos; FADIGAS, Eliane A. A; CARVALHO, Cláudio E. Energia, recursos naturais e a prática do desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Manole, 2005.

SANTOS, Edmilson M. et al. Gás natural: a construção de uma nova civilização. São Paulo: Estudos Avançados, 2007.

10 comments:

itacir said...

Gostaria de iniciar meu comentário retomando a posição de Santos que afirma ser o Gás Natural menos poluente que outros combustíveis fósseis como o petróleo. É de se duvidar desta afirmação quando se percebe a quantidade de elementos tóxicos como o metano e outros elementos presentes no gás natural. No quadro de aquecimento global em que nos encontramos é perigoso afirmar que o gás natural praticamente não polui o ambiente. Pelo pouco que se conhece o metano é altamente prejudicial à camada de ozônio e isso não pode ser ignorado.
Enquanto potência energética e poder econômico deve ser aproveitado para possibilitar o desenvolvimento dos países porém, o cuidado deve ser redobrado sobre a qualidade de gás que se importa de outros países e até mesmo sobre a qualidade do gaze que se produz no Brasil.
Outro aspecto que devemos nos preocupar é com o modelo de consumo que move a sociedade capitalista. Se Índia e China seguirem o modelo Norte Americano de consumo mesmo o gás natural aparentemente pouco nocivo será um problema no futuro.
Espera-se que até 2050 o gás natural realmente seja a principal fonte de energia porém, há que se melhorar muito a qualidade do gás para que não traga mais riscos ao equilíbrio do clima da terra.
Itacir

stragliotto said...

O gás natural (GN) pelo fato de ser pouco poluente, apresentar alto poder calorífico e certa disponibilidade aparente se tornou fonte de energia para importantes setores nacionais, como a indústria, comércio e transporte. Mesmo o país ciente de sua dependência com países da América Latina se fundamentou nessa fonte energética. Não somos auto-suficientes e demandamos muito gás natural. As nossas térmicas, utilizadas em caso de panes no sistema elétrico utilizam gás natural também. As esperanças pairam sobre as novas jazidas descobertas, vinculadas ao pré-sal. Acredito que políticas públicas bem elaboradas e acordos diplomáticos eficientes serão viáveis em longo prazo para assegurar o abastecimento. O que preocupa são os possíveis rumores de conflitos em países como Venezuela e Bolívia. Isso sim poderá comprometer nossa segurança energética.

Cleber Stragliotto

gmson said...

Baseado em análises dos diversos textos já realizados por nossa turma, é relevante considerar que algumas fontes energéticas, mesmo sabendo que são não-renováveis e degradantes ao meio ambiente e prejudiciais à saúde humana, são de fundamental importância para o desenvolvimento econômico do mundo, e estas sempre serão utilizadas, pois, dificilmente, as fontes renováveis existentes e as que serão descobertas, não serão capazes de abastecer a demanda. O que não deve deixar de ser cobrado por nós gestores do setor ambiental, é a constante preocupação do setor público e privado em investir em pesquisas para o desenvolvimento de tecnologias que façam reduzir o consumo mundial das fontes não-renováveis.

Wanda Isabel Melo said...

A participação do gás natural na matriz energética brasileira ainda é incipiente, o que pode ser explicado pela particularidade do gás natural nacional ser associado e ser considerado um “subproduto” do petróleo de caráter menos nobre, bem como pela opção política e econômica do governo de ordem predominantemente voltada para a participação de hidrelétricas no sistema elétrico do país.

O direito de exploração desse recurso por parte do setor privado foi marcado pela publicação da Lei de Concessões, nº 8.987, de 13.02.95. Em agosto de 1997, foi aprovada a lei 9.478 que redefiniu a política energética nacional, extinguiu o monopólio da Petrobrás e instituiu a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Com a quebra do monopólio legal da Petrobrás, a indústria do gás natural do país passou a ser disputada por diversas empresas, sobretudo, na atividade de exploração e produção do gás natural por intermédio da participação nos blocos licitados pela ANP. É importante salientar que a competência para regular sobre a matéria cabe às esferas federal e estadual.

Nesse contexto, a indústria brasileira do gás natural conta com uma diversidade de agentes os quais atuam em diferentes atividades da cadeia. Merece destacar que a Petrobrás figura ainda como o agente principal desse processo, mantendo a sua participação em todas as atividades da cadeia. Vale mencionar que a exploração da Bacia de Campos (RJ), a partir de 1980, apesar de ser modesta representou um grande passo para a utilização desse recurso na indústria local.

Considerando-se o panorama internacional e o mercado que se abre à indústria do gás, fonte energética atrativa por ser mais limpa, uma oportunidade financeira se apresenta: a geração de créditos de carbono. Empresas que passam a utilizar o gás natural podem se beneficiar do mercado de crédito de carbono, uma vez que o investimento na modernização de seu processo produtivo mediante a substituição de combustível “carbono-intensivo” por gás natural contribui para o enfrentamento das mudanças climáticas ao reduzir a emissão de particulados e outros gases poluentes (CO, SOX e CO2).


Fonte: MORAIS, Mabel Scianni. Tarifação combinada de redes de gás e eletricidade. Tese apresentada à Universidade Federal de Itajubá (MG) como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Doutor em Ciências em Engenharia Elétrica. Setembro/2005.

Marta Eliza de Oliveira said...

Atualmente, o Brasil importa da Bolívia metade do gás natural que consome, ou 31 milhões de metros cúbicos diários.
A Bolívia tem a segunda maior reserva sul-americana de gás natural, depois da Venezuela, e fornece o produto para Brasil e Argentina.
O acordo entre Brasil e Bolívia para construção do gasoduto foi assinado em 1997. O gasoduto tem 3.150 quilômetros, sendo 557 na Bolívia e 2.593 no Brasil.
O contrato para fornecimento de gás natural da Bolívia para a Petrobras foi assinado em 1999 e tem duração até 2019. O contrato prevê o recebimento entre 30 e 31 milhões de metros cúbicos diários, o equivalente a 200 mil barris diários de petróleo.
Para reduzir a dependência em relação ao país vizinho, a Petrobras decidiu, em 2006, pela construção de dois terminais de Gás Natural Liquefeito (GNL), com capacidade para produzir 28 milhões de metros cúbicos de gás natural a partir de GNL importado.
Esses terminais estão localizados um no Ceará e outro no Rio de Janeiro e já poderão ser acionados a partir do próximo ano.
Importante ressaltar que a Petrobras produz 61 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, mas injeta 10 milhões para aumentar a produtividade em poços; queima 6 milhões e usa 7 milhões para fabricação de fertilizantes e nas suas refinarias.

Fonte: Portal Exame - 11/09/2008 Disponível em: http://portalexame.abril.com.br/agencias/reuters/reuters-negocios/

Lorena Cristine said...

Nesta semana tivemos a oportunidade de aprofundar o conhecimento sobre duas fontes de energia: o carvão mineral e o gás natural.
O carvão mineral teve seu apogeu durante a segunda guerra mundial, nos anos 40 quando houve a escassez do petróleo, passando a substituí-lo como fonte de energia.
A partir da implantação da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN em Santa Catarina começou-se inclusive a exportação de tal minério.
Santa Catarina é considerado um dos Estados que mais sofre com a poluição e degradação ambiental em decorrência da extração do carvão mineral.
Já o Gás Natural é caracterizado por sua eficiência, limpeza e versatilidade.
É mundialmente conhecido por suas vantagens de utilização, tais como:
- baixo impacto ambiental;
- facilidade de transporte e manuseio
- segurança
- vetor de atração de investimentos

Wanda Isabel Melo said...

Colegas, conforme acordado na aula de Energia do dia 25.10.08, transcrevemos abaixo as informações coletadas pelo grupo constituído por Gloria, Patrícia, Wanda e Wilson sobre o Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol).

Como um dos temas dessa semana é o gás natural, obviamente não poderíamos deixar de trazer algumas informações sobre o Gasoduto Bolívia-Brasil. Os primeiros esforços para trazer o gás da Bolívia para o Brasil remontam à primeira metade do século. Várias foram as razões para os sucessivos adiamentos do projeto, entre as quais podem ser destacadas o desconhecimento do tamanho das reservas bolivianas, a falta de tradição do Brasil no consumo de gás e ao mesmo tempo a oferta elástica de energéticos competidores com o gás, sobretudo a energia hidroelétrica e o óleo combustível.

Durante o período de negociações frustradas com o Brasil, a Bolívia passou a exportar gás para a Argentina. Entretanto, com o aumento significativo das reservas de gás natural, ocorrido a partir do final dos anos 70, a Argentina tornou-se auto-suficiente em gás, podendo prescindir do gás boliviano. As negociações entre Brasil e Bolívia começaram a tomar novo rumo com o final do contrato de importação de gás boliviano por parte da Argentina em 1992. A Bolívia é fortemente dependente da exportação de gás natural e, com a Argentina auto-suficiente no suprimento de gás natural, o Brasil aparece, naturalmente, como o principal mercado consumidor para o gás boliviano.

No final dos anos 80 e início da década de 90, contudo, com a comprovação das reservas de gás natural bolivianas, a diminuição do ritmo de expansão do parque hidroelétrico brasileiro, a intensificação das políticas de integração energética no Cone Sul e o avanço mundial do uso da tecnologia de geração de energia elétrica a gás em ciclo combinado, a alternativa de importação do gás boliviano pelo Brasil ganhou força.

Em novembro de 1991, a Petrobras e a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) assinaram, com participação do Ministério de Energia e Hidrocarbonetos da Bolívia, a Carta de Intenções sobre o Processo de Integração Energética entre Bolívia e Brasil, na qual manifestaram a decisão de chegar a um acordo para compra e venda de gás natural boliviano.

Em continuidade às negociações bilaterais, a Petrobras e a YPFB assinaram, em 17.02.93, o Contrato de Compra e Venda, condicionando sua eficácia à obtenção de financiamentos que viabilizassem economicamente o projeto de construção de um gasoduto interligando as áreas de produção bolivianas ao mercado brasileiro.

Contrato - Seus principais termos: (a) ambos os Governos, sob os nomes de Petrobras e YPFB, acordaram o fornecimento de gás natural boliviano ao Brasil no volume inicial de 8 milhões m³/dia até alcançar 16 milhões m³/dia; (b) ambos concordaram que a Petrobras e a YPFB estabelecessem, em contrato preliminar, as condições e termos a serem inseridos no contrato definitivo de compra e venda de gás; (c) os Governos concordaram que a Petrobras e a YPFB, conforme a legislação vigente na Bolívia, fixariam as bases contratuais para a participação da Petrobras, através de suas subsidiárias, nas atividades de exploração, produção, comercialização e transporte de hidrocarbonetos na Bolívia, assim como na distribuição de derivados de petróleo e gás natural no mercado interno boliviano.

Esse contrato concede à Petrobras uma opção de compra, com preferência sobre terceiros, de quantidades adicionais de gás, provenientes ou não de novas descobertas bolivianas até o limite de 30 milhões de m3/dia, desde que tais quantidades estejam disponíveis e não sejam necessárias para atender à demanda do mercado doméstico da Bolívia.

Ele foi aditado diversas vezes para alteração de prazos e volumes. Em 1996, a implantação do gasoduto Bolívia-Brasil foi incluída pelo Governo Brasileiro entre os empreendimentos considerados prioritários no âmbito do Programa Brasil em Ação e, em julho de 1997, com o equacionamento das fontes de recursos do projeto, a obra foi iniciada.

Para os governos do Brasil e da Bolívia, segundo documentos publicados pela Petrobrás, o Gasbol tem amplos propósitos econômicos e políticos. Os principais são:
1) alterar a participação do gás natural na matriz energética brasileira. Hoje o consumo de gás é de aproximadamente 10 milhões de metros cúbicos/dia. Isto eqüivale a 2% da energia consumida no país. Pretende-se chegar ao ano 2010 com 12%;
2) permitir o uso de um combustível mais adequado desde o ponto de vista ambiental. Prevê a redução de emissão de Sox em 20% e de material particulado em 40% na região metropolitana de São Paulo - 17 milhões de habitantes;
3) aumentar a competitividade industrial, em especial em algumas indústrias como as manufatureiras de cerâmicas e de vidro que fazem um uso intensivo da lenha;
4) impulsionar o crescimento do mercado do gás natural no Brasil, criando as condições para a ulterior expansão de dito mercado a partir da importação da Argentina e Peru, e do desenvolvimento das próprias reservas no Brasil, no contexto da crescente integração dos mercados energéticos na região;
5) criar uma grande oportunidade para adiantar aspectos fundamentais da reforma regulatória e institucional do setor, proporcionando ao desenvolvimento do mercado de gás natural possibilidades para maior participação do capital privado em novos projetos de investimento e na operação do setor; e
6) aprofundar a integração energética entre países vizinhos e encontrar novas soluções para seus problemas de balança comercial, atualmente desfavorável a Bolívia.

Investimentos pela Petrobrás - investiu mais de US$ 1,5 bilhão na Bolívia e seus ativos no país correspondem a 3% da sua produção total de petróleo e gás natural. A Petrobras tornou-se ao longo do tempo de permanência no país, a principal contribuinte para a economia boliviana, financiando melhorias em infra-estrutura local, investimentos diretos, arrecadação de impostos, formação de profissionais capacitados, dentre outras ações.

Para a Bolívia a abertura de um mercado como o da região mais desenvolvida do Brasil permitiria a obtenção de valor por suas reservas de gás e o desenvolvimento destas.
A previsão é a de que para a Bolívia o gás irá render US$200 milhões/ano nos volumes atualmente contratados. Este rendimento poderia alcançar até 300 milhões/ano de acordo com a expansão de consumo no Brasil e a descoberta de novas reservas. Considerando que o país tem hoje exportações totais de US$1 bilhão/ano este incremento teria considerável impacto.

Contexto político - em 1997, a onda de privatizações das empresas na América Latina fez da YPFB, uma empresa repartida, já que a maioria das suas ações foi capitalizada e o restante ficou a cargo da própria YPFB. Houve a entrada de empresas internacionais no mercado boliviano, dentre elas a Petrobras. Após quase 10 anos, em 2006, após a eleição de Evo Morales, ressurgiu a nacionalização e as instalações e investimentos realizados de 1997 a 2005 foram tomados pelo governo boliviano e entregue a YPFB.

Conflito Bolívia – Brasil - a região da América do Sul sempre se viu em uma enorme instabilidade política ao longo dos anos. No atual período da história, em que a energia e, particularmente o petróleo e o gás natural, constituem como a principal fonte de conflito político e econômico, os países produtores da América Latina, influenciados por uma onda nacionalista, se vêem sobre enorme pressão popular e buscam apropriar-se de propriedades privadas em seu território violando acordos firmados em governos anteriores. Em 1° de maio de 2006, dia internacional do trabalho, o presidente da Bolívia, Evo Morales, decretou a nacionalização de todo o setor de hidrocarbonetos daquele país. A medida causou desconforto nas relações entre vários países, principalmente o Brasil, cuja Petrobras responde por 18% do PIB e é a maior empresa com capacidade instalada no país. Além do Brasil, Canadá, Coréia do Sul, Espanha, Argentina e Reino Unido têm petrolíferas operando na Bolívia e tiveram os contratos de concessão para a exploração de Gás Natural cancelados nacionalização.

Problemas ambientais - Os maiores problemas ambientais concentram-se do lado brasileiro especificamente no Pantanal mato-grossense. Estes problemas vão desde a retirada de vegetação, do possível uso de explosivos para fragmentação de rochas até a construção de aterros para instalação dos tubos. No Pantanal a construção destes aterros é grave por provocar o barramento ao livre fluxo das águas com repercussão em longas distâncias. Uma faixa com 20 metros de largura foi desmatada em todo trajeto

Gasbol em dados gerais
Início da construção – 1997
Início da operação – 1999
Previsão de operação plena – 2010
Trajeto - o gasoduto tem seu início na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra e seu fim na cidade gaúcha de Canoas, atravessando também os estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, passando por cerca quatro mil propriedades em 135 municípios.
Importância estratégica – no território brasileiro atravessa uma área responsável por 71% do consumo energético brasileiro, 82% da produção industrial do país e 75% do PIB.

Quadro comparativo entre o antigo e o novo acordo - Petrobrás e YPFB

Contrato antigo
1) contrato de risco compartilhado
2) comercialização: por intermédio da YPFB na exportação de gás para Brasil e Argentina; e direta em outros casos
3) remuneração:recebimento de todas as receitas pela Petrobras, cobrindo todas as despesas e tributações
4) propriedade dos HCs: Petrobras
5) propriedade dos ativos: Petrobras e, após o contrato, YPFB
6) permitida a contabilização de reservas
7) pagamento: totalidade dos recursos à Petrobras
8) fiscalização: autoridades com poder de aprovar projetos de desenvolvimento, contratos de exportação e volumes, prevalecendo o controle de preços pelo mercado interno

Contrato novo
1) contrato de operação
2) comercialização: por intermédio da YPFB
3) remuneração: recebimento pela Petrobras da parcela correspondente aos custos, depreciações e lucro; e recebimento pela YPFB da parcela correspondente a sua participação em transporte, impostos e comercialização.
4) propriedade dos HCs: YPFB
5) propriedade dos ativos: existentes: Petrobras e, após o contrato, YPFB; futuros: YPFB, após a depreciação
6) permitida a contabilização de reservas
7) pagamento: parcela dos recursos à Petrobras
8) fiscalização: ampliação do nível de controle com a YPFB tendo o poder de aprovação de planos de trabalho, custos recuperáveis e processos licitatórios

Conclusão - O histórico da exploração de petróleo e gás natural em território boliviano apresenta uma estreita relação com o sistema político do país e suas diversas crises ao longo dos anos. Vale notar que a cada regime adotado, a regulamentação das atividades petrolíferas também é alterada.

Com o Decreto Supremo 28701, Evo Morales acabou criando um clima de desconfiança entre os países investidores, entre eles o Brasil. A Petrobras, que correspondia a 24% do PIB boliviano em tarifas e impostos, foi uma das empresas que mais se prejudicaram com essa medida e, junto com o Governo brasileiro, vem negociando um acordo para que a carga tributária sobre a exploração do petróleo boliviano diminua e seja vantajosa a continuação das atividades da empresa no país.

Vale notar ainda que o contrato assinado pela Petrobras e a YPFB, representando os interesses do governo boliviano, em outubro de 2006, só diz respeito, exclusivamente, às atividades de exploração e produção de gás natural. As atividades de refino, assim como, o contrato de compra e venda do gás boliviano ao Brasil permanece inalterado esperando um projeto de benefício mútuo, nas constantes reuniões para a viabilização do acordo.

Percebe-se que o Governo brasileiro, por sua vez, acatou as exigências bolivianas e permitiu que se mudassem as bases do acordo assinado anteriormente, elevando para cerca de 80% a participação do governo boliviano nas receitas geradas pela exploração de petróleo e gás natural no país. O decreto que deveria ter sido discutido intensivamente entre as partes interessadas, e não simplesmente institucionalizada, fez com que o interesse internacional para investir na Bolívia sofresse um revés considerável no segundo semestre de 2006, diante da insegurança do investimento.

Fontes:

BNDES http://www.bndes.gov.br/conhecimento/infra/g7145.pdf Informe Infra-Estrutura,

SILVA, M. P. Modelo de Transporte em Rede Com Restrições de Capacidade: Estudo de Alternativas na Área de Influência do Gasoduto Bolívia Brasil.

Rios Vivos – www.riosvivos.org.br

DUARTE, Bernardo Pestana M. C.; SARAIVA, Thiago Carvalho; BONE, Rosemarie Broker. Impacto na relação Brasil-Bolívia com a nacionalização doshidrocarbonetos bolivianos em 2006. Trabalho apresentado 4º PDPETRO. Campinas, São Paulo, 2007.

Paulo Ichikawa said...

Entende-se por hidrocarbonetos os combustíveis fósseis formados por matéria orgânica, principalmente pelas algas, que, aprisionados em rochas sedimentares, sofrem perdas de componentes voláteis e concentração de carbono. Para sua utilização como fonte energética, deve de alguma forma o hidrocarboneto ser queimado, o que significa a liberação de dióxido de carbono outrora armazenada no solo, o que o torna um notório causador de danos ambiental (TEIXEIRA el al. 2008. p. 480).
O gás natural é um hidrocarboneto e pode ser encontrado juntamente com óleo nas reservas de petróleo. Em termos globais, a ocorrência do gás natural se dá em grande concentração na Europa Oriental, o que é curioso, uma vez que o petróleo se dá com mais ocorrência no Oriente Médio. Isso se explica pelo fato de que, embora o petróleo e o gás natural coexistam, as quantidades de um sobre o outro varia conforme a temperatura e pressão. Além disso, sua extração, dependendo de sua qualidade, principalmente se são mais pesados que o metano, podem ser economicamente inviável, o que não justifica a extração (REIS, FADIGA & CARVALHO, 2005. p.196) . O consumo e produção do gás natural, no entanto, se concentra nos países da América do Norte, especialmente Estados Unidos e Canadá, apesar de estes terem apenas 5% das reservas mundiais. A América Latina tem também 5% das reservas e produzem 4 %, sendo este também a porcentagem de consumo em nível mundial.

TEIXEIRA, Wilson et al. (Org.). Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 2008

REIS, Lineu Belico dos; FADIGA, Eliane A. Amaral; CARVALHO, Cláudio Elias. Energia, Recursos Naturais e a Prática do Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Manole. 2005

karina said...
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karina said...

O gás natural é uma mistura de hidrocarbonetos leves, que estando em temperatura ambiente e pressão atmosférica, permanece em estado gasoso, sendo incolor, inodoro e atóxico. É uma fonte de energia limpa podendo ser usado na indústria substituindo outros combustíveis mais poluentes. Suas reservas de gás natural são muito grandes e os combustíveis possuem várias aplicações em nosso dia-a-dia, melhorando a qualidade de vida das pessoas.
Em comparação a outros combustíveis o gás natural apresenta uma série de vantagens, como; baixo impacto ambiental, facilidade no transporte e manuseio, vetor de atração de investimentos e segurança. Por ser um combustível fóssil, uma das desvantagens é sua limitação na natureza, sendo portanto, uma fonte de energia não renovável, além de apresentar riscos de asfixia e incêndios, Por ser mais leve que o ar, o gás natural tende a se acumular nas partes mais elevadas quando em ambientes fechados.
A etapa inicial do processo de produção do gás natural é a exploração, que consiste em duas fases; a pesquisa e a perfuração do poço. Na sua produção, o gás deve passar por vasos separadores, que são projetados e equipados para tirar os hidrocarbonetos e a água que estiverem em estado líquido e as partículas sólidas. Caso o gás esteja contaminado por compostos de enxofre, então ele é enviado para Unidades de Dessulfurização, onde esses contaminantes serão removidos. Depois dessa etapa, uma parte do gás é utilizada no próprio sistema de produção, em processos conhecidos como rejeição e gás lift, com o objetivo de aumentar a recuperação de petróleo do reservatório. O gás restante é enviado para processamento, que é separação de seus componentes em produtos especificados e prontos para utilização.
Seu transporte é feito por meio de dutos ou, em alguns casos, em cilindros de alta pressão. Já no estado líquido, o gás é transportado por meio de navios, barcaças e caminhões criogênicos, a -160 ºC, onde seu volume é reduzido em aproximadamente 600 vezes, facilitando o armazenamento.
A distribuição é quando o gás chega ao consumidor. Nesta fase, o gás já deve estar atendendo a padrões rígidos de especificação e praticamente isento de contaminantes, para não causar problemas aos equipamentos onde será utilizado como combustível ou matéria-prima.

Fonte:
WWW.brasilescola/geografia