Tuesday, October 7, 2008

Semana 10 : Energia Nuclear: desafios de uma tecnologia quase perfeita e limpa:

A utilização da fonte nuclear na produção de eletricidade é assunto de divergências no mundo inteiro, o qual se divide entre países favoráveis e contra a sua adoção. A Alemanha, por exemplo, decidiu não desenvolver seu programa nuclear, passando a depender de fontes de energia da Rússia, o que não é bom para o país, ainda mais nesse momento que a Europa vive uma retomada do crescimento.

Recentemente, no Brasil, discute-se o projeto de retomada da construção de Angra 3, em Angra dos Reis – RJ, assim como seu licenciamento ambiental. O início das operações da Usina está previsto para o ano de 2013, o que alimenta debates entre ambientalistas, cientistas e órgãos do governo. Para que nosso país dê seqüência aos planos de uso da energia nuclear, duas medidas são fundamentais: a construção de um repositório nacional de rejeitos radioativos provenientes das fontes geradoras (mineradoras, reatores de usinas, centros de pesquisa); e a estruturação de um novo Fundo Nacional de Rejeitos Radioativos.

Segundo dados das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), nosso país possui a sexta maior reserva geológica de urânio do planeta, o que permite ao Brasil ser auto-suficiente em geração de energia nuclear e um possível exportador do minério que serve de combustível para as usinas.

O alto custo para construção das instalações , é um dos fatores que depõe contra essa opção energética. Apesar de ter ocorrido uma expansão do uso dessa fonte energética para geração de eletricidade na década de 70, o setor nuclear teve que conviver com o estigma das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, e voltou a decrescer em seguida.Para piorar a imagem do setor, ainda ocorreram trágicos acidentes, como o da Usina de Chernobil (na Ucrânia, que integrava a antiga União Soviética), em 1986; e o de Goiânia, Goiás, um ano depois. Acontecimentos como estes mantêm vivo no imaginário da população mundial o medo relacionado à radioatividade. Além dos acidentes, um outro impasse para a aceitação da energia nuclear é a questão do gerenciamento do lixo radioativo. Havendo a necessidade de monitoramento constante desses rejeitos, além de prover seu isolamento correto, de acordo com os níveis de atividade do mesmo.

Segundo Lineu et al. (2005), energia nuclear é a energia armazenada no núcleo dos átomos, mantendo prótons e nêutrons juntos. É considerada uma energia fóssil pois os elementos foram formados cerca de oito bilhões de anos. A vantagem da produção de energia nuclear por meio da fissão é que não há consumo de combustíveis fósseis, diminuindo assim lançamento de gases do efeito estufa na natureza.

A energia nuclear é liberada de duas formas; fusão, quando dois ou mais núcleos atômicos se unem para produzir um novo núcleo, gerando uma reação em cadeia, que produz energia; e fissão ou quebra desses núcleos atômicos, que também produz energia, decorrente desse processo.

O elemento químico urânio é um metal branco-níquel, em que, no seu estado natural é encontrado nas rochas da crosta terrestre. O urânio na natureza é formado de uma mistura de três isótopos, sendo 99,3% com massa 238; 0,7% com massa 235; e traços com massa 234, sendo um elemento radioativo. Suas maiores aplicações são na geração de energia elétrica e na produção de material radioativo para uso na medicina, arqueologia, geologia, hidrologia, indústrias e agricultura.

Nos reatores nucleares não é a radioatividade do urânio que é aproveitada e sim sua propriedade de fissionar-se, ou seja, quebrar-se ou partir-se, produzindo energia através de uma reação em cadeia.

Para ser utilizado como combustível num reator nuclear para geração de eletricidade, o urânio passa por algumas etapas, denominadas ciclo de combustível nuclear.

Ciclo do combustível nuclear: extração do urânio na crosta terrestre – trituração e moagem do minério – lixiviação em acido sulfúrico para retirada do urânio da rocha residual – recuperação do urânio – precipitação como um concentrado de ácido de urânio (U3C38) conhecido como yellow cake.

Para que seja enriquecido o urânio necessita estar em forma de gás, o hexafluoreto de urânio (U3O8), que é obtido na usina de conversão. O processo de conversão separa o gás em dois feixes, sendo que um será enriquecido U238 e o outro empobrecido em U235. Após o enriquecimento do isótopo, o urânio é transportado para uma usina de fabricação de combustível, onde será convertido em pó de dióxido de urânio (UO2), este pó é prensado em pequenas pastilhas cilíndricas (pellets), sendo essas pastilhas inseridas em varetas de material apropriado, seladas e montadas em conjunto, constituindo assim, o elemento combustível para o uso no reator nuclear.

O urânio que foi usado no reator torna-se combustível queimado e passa por uma série de etapas adicionais:
- estocagem: o combustível queimado torna-se muito radioativo quando retirado do núcleo do reator, portanto, são armazenados em piscinas especiais para diminuição da temperatura e radioatividade.
- reprocessamento e disposição dos resíduos: 96% do combustível queimado contém urânio fissionável que pode ser reutilizado no reator, após sua recuperação, o urânio pode ser retornado à usina de conversão, onde será feita a reconversão em hexafluoreto de urânio, e todo o processo se repete.
- Vitrificaçao: como todo processo de produção de energia gera vários resíduos, a parte líquida resultante é calcinada produzindo um pó seco que será incorporado em vidro para imobilização desses mesmos resíduos.
- Disposição final: após vitrificação os resíduos são selados em contêineres de aço inoxidável e as varetas de combustível queimado encapsulados em metais resistentes e enterrados em profundidade no subsolo em estruturas rochosas estáveis.

Energia nuclear no mundo e no Brasil:

Existe grande quantidade de urânio disponível tanto nas rochas quanto na água do mar, para a produção de energia e outras atividades, bem como tecnologia avançada para o seu uso.

As reservas são medidas em função das quantidades recuperáveis a custos atrativos, Lineu et al (2005). Austrália, Kasaquistão e Canadá possuem 57% das reservas mundiais recuperáveis com custo abaixo de US$80/kg U, e são capazes de suprir as necessidades atuais por mais cinqüenta anos.

Da análise de custos da geração nuclear nos Estados Unidos, infere-se que a energia nuclear tende a ser competitiva com a gerada a partir do gás natural se os preços do petróleo (que servem de referência para o gás) se mantiverem em um patamar superior a US$40/barril, o preço do barril está por volta de U$80 atualmente). Na medida em que os preços brasileiros se aproximem dos internacionais, o quadro daqui deve refletir o internacional. Alvim et al. (2007).



Brasil:

Segundo análise de prospecção para demanda de energia até 2030 (Estudos Avançados: energia nuclear em um cenário de trinta anos, p. 2), o aumento da produção de energia, como a nuclear, está intrinsecamente relacionado a disponibilidade de fontes de urânio e ao PIB dos países que investem na produção.

O custo para produção de energia nuclear é alto, tanto para construção das instalações, quanto para mão-de-obra especializada, por não haver pessoal qualificado para a atividade. Mas há compensações no que concerne aos passivos ambientais, como a falta de emissão de CO2, resultantes de outras formas de produção energética, como a geração a carvão por exemplo.

Em uma análise, a energia hídrica ainda leva vantagem do ponto de vista de custo de geração sobre as demais. No entanto, as dificuldades impostas pelos entraves ambientais limitam o potencial a ser utilizado. As grandes usinas hidrelétricas planejadas encontram-se na Amazônia onde as dificuldades ambientais ainda são maiores. Foram incluídos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) as usinas de Belo Monte e as do Rio Madeira. Para tornar os projetos aceitáveis pela sociedade, as áreas inundadas foram consideravelmente reduzidas nos dois projetos. No caso do Rio Madeira, houve ainda a necessidade de evitar que o reservatório incluísse o território boliviano, o que tornaria o empreendimento ainda mais complexo. Portanto, com todas essas limitações, a produção de energia nuclear deixa de ter um papel complementar na geração de energia, podendo vir a ter uma maior participação na matriz energética nacional.

No planejamento oficial (Plano 2030) o potencial nuclear em 2030 será de 7,2 GW, que abrangeria mais quatro unidades de 1 GW além de Angra 3.

Riscos Ambientais: angra 3

A retomada da construção da usina nuclear Angra 3, tem gerado muita discussão, no que tange os interesses políticos, econômicos, sociais e ambientais. Projeto concebido originalmente na década de 1970, no auge da ditadura militar, e desde então ressuscitado ou engavetado ciclicamente ao sabor dos ventos políticos. Persistem, no entanto, grandes questionamentos relacionados ao projeto, que incluem desde dúvidas quanto à racionalidade econômica do investimento nesse tipo de energia até às conhecidas críticas sobre seus problemas ambientais - ainda que alguns dos principais defensores da energia atômica da atualidade tenham "berço" ambiental. Além disso, a própria estrutura do programa nuclear nacional desperta freqüentes suspeitas em relação à falta de transparência e fiscalização.

Os riscos ambientais da energia nuclear abrangem quatros aspectos:
1. Riscos na operação normal da usina;
2. Riscos em casos de acidentes;
3. Risco no ciclo do combustível (processo de produção);
4. Riscos no armazenamento dos rejeitos (disposição final).

No modelo de reator tipo PWR (Pressurized Water Reactor) utilizado nas usinas no Brasil, não foi registrado nenhum acidente com danos ambientais e sociais significativos. Mas ainda temos insuficiência de recursos financeiros e humanos para o licenciamento e fiscalização da atividade. Tendo ainda um problema de incompatibilidade de interesses em que o mesmo organismo regulatório nuclear (Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEM) tem responsabilidade na gestão das Indústrias Nucleares Brasileiras (INB).
Quanto aos rejeitos de baixa e média atividades, atualmente armazenados no próprio local da Usina Angra, terão uma solução definitiva, antes da expansão do Programa Nuclear. A solução do problema não apresenta dificuldades tecnológicas, e sim entraves nas políticas voltadas para a atividade e aceitação pública.

Em entrevista à revista Estudos Avançados (2007), o cientista e professor Carley Martins analisa a questão dos acidentes nucleares, elucidando algumas dúvidas.

Segundo fala do cientista, a população de Angra dos Reis não corre riscos significativos decorrentes da construção de uma nova usina no Complexo Nuclear Almirante Álvaro Alberto. Ainda segundo Carley, a tecnologia existente, permite reduzir a valores desprezíveis a probabilidade de ocorrência de falhas graves no núcleo. Os sistemas de controle de segurança são desenvolvidos utilizando todos os recursos tecnológicos disponíveis à época de sua concepção e obedecem a normas rígidas de fabricação e certificação.

Fazendo uma rápida consulta à história da energia nuclear (Estudos avançados: controle e segurança dos reatores nucleares, p.3), observamos que os acidentes mais significativos que ocorreram com reatores nucleares foram decorrentes de falhas de operação, com intervenções equivocadas e erros em procedimentos de teste do reator. Foi assim com Three Mile Island, nos Estados Unidos , em 1979 e com Chernobyl, na Rússia, em 1986.
Carley diz que não vê nenhuma entrave na questão da fiscalização e gestão da energia nuclear, uma vez que a operadora dos reatores da central nuclear de Angra é a Eletronuclear vinculada ao MME, e o órgão licenciador, regulador e fiscalizador de toda atividade nuclear no Brasil é a Comissão Nacional de Energia Nuclear, vinculada ao MCT. São empresas vinculadas a ministérios distintos, então, podemos entendê-las como empresas independentes.

Conclusão
Concluímos que a energia nuclear pode ser usada para o desenvolvimento, produzindo energia com tecnologia limpa em relação a emissão de gases do efeito estufa e diminuição nos impactos negativos ao meio ambiente, entretanto, pode causar várias acidentes graves devido a erros de operação.
Conclui-se também, que ainda há controvérsias relativas a fiscalização e gestão do setor nuclear, uma vez que os próprios especialistas do setor divergem sobre que fiscaliza e quem gere o setor de energia nuclear no Brasil.



Símbolo da presença de radiação*.
Deve ser respeitado, e não temido.

Referências Bibliográficas

REIS, Lineu Belico dos.; FADIGAS, Eliane A. Amaral.; CARVALHO,Elias.Cláudio:
Energia, recursos naturais e a prática do desenvolvimento sustentável. São Paulo:
Manole, 2005. P.218-228.
ALVIM, Carlos Feu; EILDEMAN, Frida; MAFRA, Olga; FERREIRA, Omar Campos:
Energia nuclear em um cenário de trinta anos. Estudos avançados. Vol.21 nº 59.
São Paulo Jan./Abr.2007
MARTINS, Carle: Controle e segurança dos reatores nucleares. Estudos avançados.
Vol.21 nº 59. São Paulo Jan./Abr.2007

Na internet:

www.cnen.gov.br/cnen_99/educar/energia.htm
www.comciencia.br/reportagens/nuclear/nuclear02.htm
www.projectpioneer.com/mars/how/energiapt.htm
Comissão Nacional de Energia Nuclear: http://www.cnen.gov/
http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=1241
http://www.opalc.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1041&Itemid=2

12 comments:

Lorena Cristine said...

Encontra-se , na literatura, diferentes definições para a energia nuclear, entre elas podemos citar :
 É a energia liberada quando ocorre a fissão dos átomos. Num reator nuclear ocorre em uma seqüência multiplicadora conhecida como "reação em cadeia".
 Energia de um sistema derivada de forças coesivas que contêm protons e neutrons juntos como o núcleo atômico.
 É a quebra, a divisão do átomo, tendo por matéria prima minerais altamente radioativos, como o urânio.
 Os prótons têm a tendência de se repelirem, porque têm a mesma carga (positiva). Como eles estão juntos no núcleo, comprova-se a realização de um trabalho para manter essa estrutura, implicando, em conseqüência, na existência de energia no núcleo dos átomos com mais de uma partícula. A energia que mantém os prótons e nêutrons juntos no núcleo é a ENERGIA NUCLEAR.
 Alguns isótopos de certos elementos apresentam a capacidade de, através de reações nucleares, emitirem energia durante o processo. Baseia-se no princípio que nas reações nucleares ocorre uma transformação de massa em energia. A reação nuclear é a modificação da composição do núcleo atômico de um elemento podendo transformar-se em outro ou outros elementos. Esse processo ocorre espontaneamente em alguns elementos; em outros deve-se provocar a reação mediante técnicas de bombardeamento de neutrons ou outras.
 A energia que o núcleo do átomo possui, mantendo prótons e nêutrons juntos, denomina-se energia nuclear. Quando um nêutron atinge o núcleo de um átomo de urânio-235, dividindo-o com emissão de 2 a 3 nêutrons, parte da energia que ligava os prótons e os nêutrons é liberada em forma de calor. Este processo é denominado fissão nuclear.
O elemento utilizado para a geração de energia nuclear nas usinas atômicas é o urânio pois tem em sua composição algumas características químicas. Esta energia é considerada limpa, pois não polui o meio ambiente, porém o lixo radioativo deve ser armazenado em locais adequados, seguindo diversas normas rígidas de segurança. No Brasil há três usinas nucleares (uma está inativa) na cidade de Angra dos Reis (Rio de Janeiro). Há necessidade de um grande esquema de segurança nestas usinas nucleares, tendo em vista que em caso de acidente, as conseqüências para o homem e meio ambiente poderão ser desastrosas.

Referências: site biodiesel.br/com

Marta Eliza de Oliveira said...

Sobre a energia nuclear, ressalto a opinião do físico, ex-Secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e professor da USP, José Goldemberg, em publicação na revista eletrônica ComCiência, de 26/08/2008, na qual destaca que o contexto atual do aquecimento global é muito diferente do contexto da década de 70, quando a crise do petróleo estimulou a primeira expansão da energia nuclear no mundo e que a a tecnologia atômica é uma opção de combate ao aquecimento global, mas não é a única.

Segundo Goldemberg: “Países como França, Alemanha e Japão procuraram na energia nuclear uma alternativa para garantir sua segurança energética, isto é, para deixar de depender da importação de petróleo e gás. Estes países não tinham outra opção a não ser os reatores”.

E ainda: “A grande maioria dos países em desenvolvimento não precisa de energia nuclear porque tem outras alternativas. O que está havendo é uma ofensiva comercial para abrir mercados nos países pobres, já que em alguns países ricos a energia nuclear foi proibida (como na Alemanha e Itália) ou deixou de crescer, como na França e Japão”

Goldemberg descarta a energia nuclear como uma fonte energética limpa e ambientalmente sustentável.

Wanda Isabel Melo said...

Uma questão de ordem legal que envolve a retomada para a construção da usina de Angra 3 merece ser destacada e se refere à necessidade de se ter uma nova autorização do Poder Executivo e aprovação pelo Congresso Nacional visto que o decreto nr.75.850/75, que autorizou a sua construção à época foi revogado em 1991, no governo Fernando Collor e, desde então, não mais foi reeditado.

A Constituição Federal de 1988 impõe restrições e condicionantes para qualquer atividade nuclear no território brasileiro como se pode constatar pela leitura de seus artigos 21 (inciso XXIII), 49 (inciso XIV)e 225 (parágrafo 6º).

No entanto, em junho de 2007, o governo Lula anunciou o reinício das obras com base em uma resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão consultivo da Presidência da República. O CNPE se referenciou no decreto 75.850/75, revogado sob o ponto de vista legal, para autorizar a obra. Segundo parecer do professor José Afonso da Silva, solicitado pelo Greenpeace e pelo Partido Verde,a obra não pode ser respaldada em norma que se encontra revogada. O parecer é conclusivo no sentido de considerar ilegal os procedimentos de construção da obra tanto no que se refere ao ato autorizativo do Poder Executivo quanto pela consulta e aprovação pelo Congresso Nacional conforme prevê a Constituição Federal de 1988.

Ainda em relação à Angra 3, o TCU emitiu relatório na semana passada apontando irregularidades na condução das obras da usina mediante indícios de superfaturamento na alocação de recursos.

Medidas legais já foram interpostas mas não obtiveram êxito, contudo, o TCU que investiga a aplicação dos recursos alocados nas obras da usina deverá revisar, além dos recursos financeiros nela aplicados, também os contratos firmados para a sua construção.

Mais detalhamento sobre o assunto poderão ser obtidos no site www.greenpeace.org, inclusive a íntegra do parecer elaborado pelo professor José Afonso da Silva, profissional dos mais gabaritados no âmbito do direito ambiental brasileiro.

Maria da Glória said...

A preocupação mundial em buscar fontes alternativas de energia, leva alguns países a optarem por energia nuclear na geração de energia elétrica, pelo fato da mesma poluir menos, não colaborando com a emissão de gases que provocam o efeito estufa. Contudo, a opção pela energia nuclear é a de maior custo, devido à necessidade de investimentos em segurança dos sistemas de emergência, do armazenamento de resíduos e desmontagem definitiva e descontaminação das instalações de usinas que alcançaram suas vidas úteis.
No Brasil, o fato de termos a sexta maior reserva mundial de urânio, favorece a opção pela energia nuclear, o que asseguraria a independência no suprimento combustível por um bom tempo. Contudo, o demorado e caro processo de implantação de usinas nucleares no Brasil demonstra o gerenciamento inadequado dessa alternativa. Além do mais, embora haja tecnologia laboratorial para enriquecimento do urânio no Brasil, o urânio necessário para fazer o elemento combustível ainda é importado.
Segundo dados da Agência Internacional de Energia Atômica, no mundo a produção de energia nuclear para geração de energia elétrica saltou de 0,1% para 17% em 30 anos. Em 1998 eram 434 usinas nucleares em 32 países e 36 unidades sendo construídas em mais 15 países. Tais dados comprovam que nas últimas décadas houve um crescimento do uso de energia nuclear no mundo, o que aumentou a preocupação com o risco de acidentes radioativos, provocando protestos de grupos como Greenpeace.
Dessa forma, apesar da energia nuclear possuir algumas vantagens na geração “limpa” de energia, acidentes radioativos ressentes como o de Tokaimura, demonstram que o risco de acidentes ainda é um fantasma que ameaça essa alternativa de energia, o que causa certo receio por parte da sociedade.

Paulo Ichikawa said...

O urânio representa 1% da matriz energética no País, respondendo por 2,6 % de participação na geração de energia elétrica. O urânio no Brasil é usado para suprir as usinas nucleares de Angra dos Reis I e II. Em continuidade do Plano Decenal de Energia Elétrica (2006-2015), está previsto o funcionamento de Angra III em 2013. Sua construção já estava prevista há trinta anos e, apesar de não ter ainda saído do papel, já consumiu mais de 750 milhões de dólares, principalmente na compra de equipamentos, e a manutenção está custando 20 milhões de dólares ano. Estima serem necessários mais 1,8 bilhões de dólares para a conclusão da obra.
A despeito disso, o ministro de Minas e Energia, Edilson Lobão disse no início de setembro que o Brasil irá construir uma usina nuclear por ano ao longo dos próximos 50 anos, o que produziria, estima-se, 60 mil megawatts. Após a construção de Angra III, já se encontra em disputa por investimento quatro usinas, a serem implantadas também no nordeste brasileiro. Apesar das críticas quanto ao que será destinado o lixo nuclear, um grupo de ministros do governo afirma que houve evolução nos métodos de depósito do lixo atômico q que não apresenta o perigo que foi no passado (RESK. 2007).
Estima-se que o Brasil detenha 6% das reservas mundiais de recursos recuperáveis conhecidos de urânio. Apesar de baixa, a referida quantidade coloca o Brasil em sexta posição em termos de reserva geológica de urânio no mundo (REIS, FADIGA & CARVALHO, 2005. p.226). 79 % dessa reserva está concentrado nos Estados da Bahia e Ceará, além de Paraná, Goiás, Minas Gerais e Paraíba.

REIS, Lineu Belico dos; FADIGA, Eliane A. Amaral; CARVALHO, Cláudio Elias. Energia, Recursos Naturais e a Prática do Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Manole. 2005
RESK, Sucena Shkrada. A opção atômica. Desafios do Desenvolvimento.IPEA/PNUD, Brasília, n. 30, p. 16-23, janeiro 2007.
BRASIL irá construir 50 usinas. Correio Braziliense, Brasília, 13 de setembro de 2008. Caderno Economia, p. 20.

Claudia Franco said...

A primeira reflexão que a maioria dos indivíduos leigos faz ao ouvir algo sobre Energia Nuclear é sobre seu potencial de contaminação radioativa. Por um lado, o senso comum é alimentado, cada vez mais, por casos ocorridos com populações despreparadas e largamente divulgados na mídia, e por outro, o enriquecimento do urânio atrai a atenção de cientistas, políticos e investidores, os quais visam diversificar a matriz energética brasileira, tendo em vista que o país conta com a sexta maior reserva de urânio do planeta.
Para alguns especialistas a energia nuclear é tida como uma fonte energética limpa e ambientalmente sustentável.Mas, ao contrário do que almeja a maioria dos defesores dessa fonte de energia, a população, incentivada pelos movimentos das ONG´s têm se posicionado contra esse "avanço".
Em Caetité, interior da Bahia, por exemplo, a exploração de urânio tem contaminado os trabalhadores e a população com o pó radioativo. “É crescente o número de mortes por câncer naquela região”, denuncia Zoraide Vilasboas, da Associação Paulo Jackson. O movimento passou a acompanhar a instalação da empresa em Caetité e trava uma batalha judicial contra a exploração do urânio na justiça.
Ref.: http://www.justicaambiental.org.br/_justicaambiental/pagina.php?id=1929

gmson said...

"Energia nuclear", é de fato um tema muito delicado e complexo. É necessário que seja posto em discussão pelos diversos setores e atores envolvidos, tais como, o político, cientistas, sociedade civil e outros, referente aos benefícios e malefícios que esta matriz energética é capaz de proporcionar para o meio ambiente e para a qualidade de vida das comunidades.
Não basta que o mundo saia por aí testando as mais diversas possibidades de geração de energia, isto poderá causar consequências irreversíveis, como por exemplo, acidentes em usinas nucleares, que todos nós temos conhecimento.

stragliotto said...

A polêmica ambiental em torno da energia nuclear a cada dia se torna mais atual. Na busca por fontes energéticas alternativas ao petróleo, as nações passaram a repensar seus planos nucleares. O Brasil, que possui uma capacidade instalada de geração muito pequena frente a outros países, também pretende aumentar sua participação com a usina de Angra III. Os problemas relacionados com a geração de energia nuclear são os mesmos já evidenciados no passado. Porém a confiabilidade das novas tecnologias tem aumentado, minimizando muito os riscos de vazamentos e fornecendo uma segurança aparente. O grande vilão ainda é o rejeito nuclear, que além da sua periculosidade elevada é de difícil alocação final. Alguns países já dominam interessantes tecnologias, reciclando o urânio enriquecido. É a constante busca pelo progresso e pela sustentabilidade ambiental, imposta pelas pessoas que visam o bem comum em uma sociedade igualitária.

Patrícia said...

Vejo que a adoção de uma energia cara e altamente perigosa, como a nuclear em um país como Brasil, com tantas diversidades de recursos, é absolutamente dispensável em sua matriz energética. Muitos problemas podem ser ocasionados tais como: o armazenamento do lixo radioativo, riscos de acidentes de grande vulto como Chernobyl e problemas referentes à proliferação de produtos que podem permitir a produção de armas nucleares.
Investimentos em alternativas menos impactantes, como a eólica e a solar seriam mais viáveis. Segundo Guilherme Leonardi, do Greenpeace, o parque eólico geraria a mesma potência em 2010, de 1.309 MW que a energia pretendida com a construção de Angra III.
Segundo o professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP) Célio Berman, o país deve levar em conta os riscos que o aumento da produção da energia nuclear pode causar. É bom lembrar que o armazenamento dos resíduos das usinas de Angra I e II são até hoje feitos de forma provisória, em piscinas. “O problema é que aqui no Brasil muitas vezes o provisório torna-se definitivo”.

itacir said...

Bem o título já me incomoda: Energia Nuclear desafios de uma tecnologia quase perfeita e limpa. Em se tratando de Energia nuclear a expressão quase pode esconder uma margem grande de falhas como as que já ocorreram em países que enfrentaram catástrofes provocadas por vazamento de produto radioativo.
Um dos maiores problemas na liberação de ANGRA 3 é o atendimento das 60 prioridades apresentadas pelo ibama na segurança da obra. Mesmo que o Ibama tenha permitido a continuação da obra é preciso uma vigilância permanente para que as futuras gerações sofram as conseqüências deste ato.Todo cuidado é pouco quando se instala uma usina deste porte com um grau elevado de periculosidade. Basta observar as conseqüências de vazamentos em outras partes do mundo. Quem mais sofre as conseqüências desses atos são as crianças que no momento não podem emitir sua vontade sobre o assunto.

Helsio Azevedo said...

A energia nuclear tem gerado diversos debates a nível mundial devido à segurança que os seus locais/áreas de produção representam para a humanidade no geral e nas populações locais em particular, pois este tipo de energia já criou em algumas sociedades impactos sócio-econômicos drásticos. Apesar de suas múltiplas aplicações, apresentadas por Lineu (2005, p.219) esta energia tem sido questionada devido ao custo-benefício e aos impactos que causam na saúde das pessoas. De salientar que a sua produção degrada muitos os solos, isto é, para cada 10 a 30 kg extraídos uma tonelada de rocha é processada. A crescente onda de ataques terroristas e a segurança das centrais nucleares devem constituir preocupação para os organismos que regulam este tipo de energia no mundo, devido ao grande poder de destruição que os centros nucleares podem causar. Chernobyl é atualmente um dos maiores exemplos da insegurança deste tipo de energia, onde matou cerca de 2000 pessoas e contaminou por radiação cerca de 270000 pessoas (DUPUY, p.244). Há que se repensar neste tipo de energia, principalmente, no perigo ambiental que representa para as sociedades que residem próximo as regiões de produção da energia.

azevedowj said...

Energia nuclear é como qualque outro tipo de energia, assim como uma barragem pode romper uma usina nuclear tambem pode ter um vazamento. O que não podemos é ficar com discussão onde a maioria delas são conduzidas por entidades que não tem nenhuma ligação conosco. Se não tem energia não tem emprego, se não tem emprego temos fome e seremos criticados por deixar ocorrer fome em um pais rico de recursos naturais. Ai temos um impasse... Portanto devemos sim construir centrais nucleares para produzir energia, o que devemos é fortalecer a sociedade para fiscalizar os rejeitos para que eles não sejam utilizados para outros fins.
Neste momento acontece o que aconteceu durante a implantação do pro-alcool, que foi criticado mas hoje é elogiado.
Ou será que devemos esperar acontecer uma convulsão politica nos paises vizinhos e ter o fornecimento de gas cortado para depois agirmos. Não faz parte de nossa politica invadir país para garantir nosso suprimento de energia.