Wednesday, October 22, 2008

Semana 12 - Biocombustíveis - Ciclo de Vida e o papel na sociedade

Semana 12

Tópico: Biocombustíveis.
Questão Principal: O Ciclo de vida e o papel na sociedade.

Por Itacir João Piasson

Referências:1. Reis, Lineu B. dos; Fadigas, Elaine A. Amaral; Carvalho, Cláudio E. 2005.Energia, Recursos Naturais e a Prática do Desenvolvimento Sustentável. Monole. São Paulo.

2.Matriz Energética Brasileira
https://supra.ucb.br/exchweb/bin/redir.asp?URL=http://www.iar-pole.com/presentationbresil/MME%2520Biocombust%25EDveis%2520-%2520Encontro%2520Franco-Brasileiro%2520-%252027-nov-2006%2520RIcardo.pdf

3. Plano Nacional de Energia – 2030
https://supra.ucb.br/exchweb/bin/redir.asp?URL=http://www.mme.gov.br/site/menu/select_main_menu_item.do?channelId=8213

4. Relatório da CPT.pdf
Notícias da Terra e da Água, Edição nº 8 de 23 de abril a 7 de maio de 2008.

5. Energia na indústria de Açúcar e Álcool
http://www.cenbio.org.br/
http://www.nest.unifei.edu.br/portugues/Novidades/curso%20CYTED/PDF/Tema%205%20-%20Producao%20e%20Uso%20do%20Etanol%20como%20Combustivel/Externalidades.PDF

6. Situação atual e perspectiva do etanol – Isaias Carvalho Macedo
http://www.mre.gov.br/dc/temas/Biocombustiveis_05-situacaoatualetanol.pdf

7. NUGOBIO Mesa redonda 2008.


Conceito de biocombustíveis

Segundo Lineu os biocombustíveis são os provenientes da biomassa que podem ser classificados em três grupos diferentes: “Biomassa oriunda das florestas nativas e plantadas; Biocombustíveis não-florestais-agroindústria e resíduos urbanos.” (Lineu, 2005, p. 255).

Biocombustíveis na Matriz Energética Brasileira

Ricardo Borges Gomes do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, apresenta em 27 de novembro de 2006, gráficos e dados da Matriz Energética Brasileira para incentivar a expansão dos biocombustíveis.
Entre os dados apresentados destaca-se o mapa que indica a área tropical adequada para produção de biocombustível. No contexto energético mundial o Brasil é pressionado a investir em biocombustíveis pelos seguintes fatores:
“Avanço da economia Mundial; crescimento da demanda; condições climáticas em alteração; preços altos dos energéticos; capacidade de refino no limite; instabilidade geopolítica e conflitos bélicos em importantes países supridores de energia; forte dependência em energéticos não-renováveis”.(MEB, p. 4).
O contexto é crítico e exige alguns desafios em longo prazo. Entre os desafios assumidos destacam-se: “Segurança no suprimento energético de longo prazo; Modicidade dos preços dos energéticos; manutenção da competitividade da indústria local; mudança climática e meio ambiente” ”.(MEB, p. 5).
Para garantir que tais objetivos sejam alcançados sem comprometer o meio ambiente e o desenvolvimento socioeconômico, criou-se a lei nº 9478/97 que estabeleceu os seguinte objetivos: “ Incrementar a participação dos Biocombustíveis na Matriz Energética Nacional; proteger o Meio ambiente; Proteger a segurança energética com menor dependência externa; proteger os interesses do consumidor através de regulação e fiscalização do órgão regulador e promover a livre concorrência. ”.(MEB, p. 6).
Os dados gerais mostram que a produção de biocombustíveis em 2005 gerou 3.6 milhões de empregos diretos e indiretos na produção de 16 bilhões de litros. Além dos dados sociais, a economia efetiva acumulada de 7 anos e 9 meses de consumo de gasolina chegou a US$ 61 bilhões. Segundo Especialistas, neste mesmo período foi evitada a emissão de 644 milhões de toneladas de CO2 somando mais US$ 16 bilhões. As perspectivas futuras sobre o biocumbustível são otimistas prevendo: “demanda crescente no mundo; preocupações ambientais mais rigorosa; aumento do comércio internacional e avanço na produtividade e no balanço energético dos Biocombustíveis” (MEB, p. 27).

Biocombustíveis no Plano Nacional de Energia - 2030

O Plano Nacional de Energia – 2030, elaborado pela Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, prevê um quadro otimista sobre a oferta interna de energia entre 2005 e 2030.
Os gráficos da página 76 do PNE 2030 demonstram a seguinte evolução na oferta de energia da cana-de-açúcar nos próximos 30 anos:
Figura 2- Oferta interna de energia – 2000 (103 tep)
Derivados de cana-de-açucar 20761; 10,9%

Figura 3 - Oferta interna de energia – 2030 (103 tep)
Derivados de cana-de-açucar 101. 373; 17,9%

Quanto à participação dos biocombustíveis e consumo no setor de transporte de 2005 para 2030 passa de 52,5 milhões tep para 139.0 milhões tep. Um aumento percentual de 13% para 24% em 25 anos. (PNE 2030 p. 90)
A evolução dos preços do litro do álcool produzido no mercado nacional passa de 0,80 em 2005 para 0,60 em 2030, (PNE 2030 p.84).
O quadro da expansão energética não está pautado em avaliações rígidas do Ciclo de Vida do produto pois demonstra mudança pouco expressiva diante do quadro de mudanças climáticas que acontecerão nestes próximos anos. A preocupação parece estar centrada na autonomia energética e na viabilidade econômica sem medir os impactos reais do Plano.

Ciclo de Vida e o papel da sociedade

Segundo Lineu (2005, p.342 apud Consoli et al,1993 e Lindfords, 1995, a Análise de Ciclo de Vida pode ser definida como:
“ Um processo para avaliar a carga ambiental associada com um sistema ou atividade, através da identificação e descrição qualitativa da energia e materiais usados e resíduos lançados ao meio ambiente, além de avaliar os impactos do uso da energia e materiais e das liberações para o meio ambiente. A avaliação inclui o ciclo de vida completo do produto ou atividade, considerando a extração e processamento de matérias-primas, fabricação, distribuição, uso, re-uso, reciclagem e descarte final e todos os transportes envolvidos”. (Lineu, 2005, p. 342).

Sem dúvida esta avaliação é necessária para garantir um desenvolvimento sustentável com responsabilidade ambiental e social.
Segundo Lineu (2005, p. 337) “seu objetivo é a avaliação comparativa de sistemas, sob o aspecto ambiental. Essas informações, quando incorporadas no planejamento energético, podem resultar em internalizações futuras”.

Mesmo que se utilize o métodos ACV para garantir a sustentabilidade do produto, a relação entre os representantes do Governo, as empresas e os trabalhadores envolvidos na produção de biocombustíveis nem sempre é de parceria e de respeito à dignidade dos trabalhadores. Vejamos uma das reportagens que denunciam esta dicotomia de interesses:
“Segundo dados da CPT, a expansão das lavouras da canas-de-açúcar foi a principal causa para o crescimento do trabalho escravo no Brasil, durante o ano de 2007. Para o ministro Reinhold Stephanes, a expansão acontece paralelamente à mecanização da produção, o que dispensaria a mão-de-obra. Na região Sudeste se deu o maior crescimento no número de trabalhadores submetidos a condições análogas à de escravidão. A região também concentra as maiores plantações de cana-de-açúcar do país. Dos quase seis mil trabalhadores libertados em 2007, mais da metade foram retirados de usinas do setor sucroalcooleiro.” (Fonte:CPT e Agência Brasil)

Se a ACV é uma técnica capaz de avaliar o desempenho ambiental de um produto ao longo de todo o seu ciclo de vida compreendendo a extração do produto, a manufatura o uso e a disposição final mais o transporte, deve ser feita em conjunto com todos os envolvidos no processo. Não basta as empresas e o governo apresentarem a Avaliação do Ciclo de Vida dos biocombustíveis justificando a viabilidade econômica e ambiental sem levar em conta a qualidade de vida de seus trabalhadores. Se a sociedade quer uma produção de energia sustentável e ambientalmente responsável deve acompanhar a avaliação e participar das mudanças.

Avaliação de Ciclo de Vida

A Vice-secretária da Secretaria de Meio Ambiente do São Paulo Dr. Suani Teixeira Coelho em Curso de Energia na Indústria de Açúcar e Álcool, realizado na Universidade Federal de Itajubá , de 12 a 16 de junho de 2004, trata da Avaliação de Ciclo de Vida dos biocombustíveis. Segundo a autora a ACV é definida pela ISSO 14.040 que avalia as entradas, saídas e impacto ambiental potencial de um sistema de produção ao longo de seu ciclo de vida. Segundo Suani uma ACV deve incluir: Definição dos objetivos e escopo, análise e inventário, avaliação de impactos e interpretação dos resultados.
Segundo depoimento da autora a avaliação de impactos no Ciclo de Vida tem como propósito avaliar um sistema de produto para entender sua importância ambiental porém, a interpretação destes dados devem identificar e qualificar, verificar e avaliar as informações geradas para tomar decisões acertadas com responsabilidade social e ambiental. (Coelho, 2004, p.12)

Situação e perspectiva do Etanol

Segundo DOSSIE sobre Situação atual e Perspectivas do Etanol apresentado por Isaias Carvalho Macedo em 2006 foram processadas 425 milhões de tonelada de cana demonstrando caracterizando uma tendência de crescimento do consumo de etanol nos próximos anos. Neste mesmo dossiê apresenta dados em que o Brasil é o maior produtor mundial de cana com 33,9%. Deste total 18,5% são de produção de açúcar e 36,4% na produção de etanol. Estes dados demonstram que existe uma tendência de crescimento na produção de bioconbustíveis porém, é preciso avançar precisa continuar avançando para obter um uso mais eficiente da energia provinda da biomassa. Neste processo a cana-de-açúcar é apontada como o melhor investimento com melhore retorno financeiro. (Macedo, 2006 p.1)

ISSO 14025

Segundo depoimento de Armando caldas na mesa redonda do Nucobio, a ISO 14025, traça os princípios e procedimentos que orientam os programas de rotulagem o qual pretendem padronizar o Ciclo de Vida e certificar o padrão de Ciclo de Vida, garantindo dados coretos sobre os impactos causados. Facilitando assim um controle maior sobre a sustentabilidade do produto (NUGOBIO Mesa redonda 2008

Conclusão

Não se pode buscar o lucro sem medir os impactos sociais e ambientais de todo o processo de produção dos biocombustíveis.
Acompanhando a expansão do etanol pelo estado de Goiás no ano de 2007, constatou-se investimentos milionários em novas tecnologias, em compra de propriedades, na preparação do terreno e no plantio e cultivo da cana. Porém os problemas sociais se agravaram e o governo procura encobrir os fatos em nome de expansão energética.
Entre os problemas sociais ligados à expansão dos biocombustíveis destaca-se a mão de obra escrava, o inchaço das pequenas cidades próximas às usinas, a vida ociosa de trabalhadores contratados por empreitada, as condições precárias de saúde dos trabalhadores braçais na coleta de cana e outros tantos problemas denunciados pelos sindicatos rurais e pela Comissão Pastoral da Terra.
Nestes casos a Avaliação do Ciclo de Vida dos biocombustíveis deve ir além do Marqueting e incorporar os custos sociais propiciando um desenvolvimento ético econômico e ambientalmente sustentável.
No momento o Brasil sofre a pressão de grandes potências econômicas que buscam o lucro na exploração do biocombustível sem incorporas os custos ambientais e sociais do processo de exploração.
Não se pode permitir uma segunda colonização com degradação das terras, contaminação das águas e mão de obra escrava em nome do crescimento econômico e da autonomia energética.

7 comments:

Paulo Ichikawa said...

Atualmente, um dos temas mais relevantes que envolvem a produção de biocombustíveis é seu contraste com a escassez de alimentos. Em outras palavras, o debate sobre a concorrência entre a produção do biocombustível e a produção de alimentos têm sido intenso. A crise mundial de alimentos foi intensificante para que não apenas os produtores mundiais, tanto de alimentos como de combustíveis colocassem em questão o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar, que até então recebia não pucos elogios pela sua pouca polutividade.
A escassez dos alimentos é exercida por vários fatores. Segundo o Banco Mundial, o preço dos alimentos com cotação internacional subiu mais de 83% nos últimos três anos. Para os críticos, isso seria o reflexo da produção dos biocombustíveis em detrimento da produção de alimentos, o que estaria provocando uma diminuição na curva de oferta, que por sua vez estaria provocando o aumento dos preços.
Um dos exemplos que mais evidenciaram esse debate recaiu sobre a produção do etanol americano a partir do milho e o fato de que, no caso brasileiro, segundo o estudo A Sustentabilidade da Expansão da Cultura Canavieria publicado pelo Centro Nacional de Referência em Biomassa – Cenbio – em 2007, as lavouras de cana estariam efetivamente avançando sobre áreas que outrora estariam sendo usadas para a produção de alimentos.
Do lado defensor da produção do etanol está o coordenador dos Programas de Mudança Climática e de Biocomércio da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento – Unctad –, Lucas Assunção. Segundo ele, a falta de apoio aos produtores dos países em desenvolvimento, os correntes choques climáticos, a alta demanda de grãos e até mesmo a alta do preço de petróleo seriam os primeiros responsáveis pela crise alimentar atual, e não a produção de biocombustiveis. Ele coloca ainda que a produção de grãos ainda é muito maior que a produção de biocombustíveis. Como comparação, Assunção indica o trigo e o arroz como exemplos. O trigo foi utilizado como biocombustível em apena 8% de sua produção mundial. O arroz, mesmo sendo pouca sua utilização na produção de biocombustível, teve um aumento de 165% em seu preço entre abril de 2007 a abril de 2008.
O professor da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais da França, Ignacy Sachs, defende a tese de que a produção de biocombustível pouco impactaria no acesso a alimentos. Para Sachs, a produção de biocombustível seria até um instrumento essencial para tirar os países em desenvolvimento da insegurança alimentar e energética, pois o principal problema da escassez alimentar seria o poder aquisitivo,insuficiente para muitos países.
O Brasil parece rumar por esse mesmo caminho. Está para ser aprovado pelo Legislativo o Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar, elaborada pelo Ministério da Agricultura e Ministério do Meio Ambiente. Isso é reflexo de um insumo que parece render ao país quantidades consideráveis de divisas no futuro.

bibliografia adicional:
BIOENERGIA. Etanol x Alimentos: O que há por trás da polêmica do Etanol. São Paulo: CENBIO. Ano 2. n 3. Agosto de 2008.

Maria da Glória said...

A apresentação da avaliação do ciclo de vida dos biocombustíveis feita pelos empresários e governo justificando sua viabilidade econômica e ambiental não é suficiente para se produzir uma energia ambientalmente “limpa” e socialmente justa. Uma das grandes discussões mundiais atuais sobre os biocombustíveis é a questão alimentar, pois a transformação de alimentos em combustível tem elevado o preço de alguns produtos alimentícios, de forma direta e outras vezes de uma forma indireta, por meio do encarecimento da ração e dos produtos de origem animal.
Segundo dados da FAO (Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) no último ano, o preço dos cereais --especialmente o trigo-- aumentou 130%; o do arroz, 74%; o da soja, 87%; e o do milho, 53%.
De acordo com o Banco Mundial, enquanto uma família européia gasta de 10% a 12% de seu orçamento com a alimentação, nos países do terceiro mundo a proporção é de 85% a 90%, pois cerca de 2,2 bilhões de pessoas nesses países vivem em extrema pobreza.
No Brasil, segundo Scalambrini, a grande discussão é sobre o modelo de desenvolvimento a ser adotado pelo País. Portanto, o que acontece no Brasil é a expansão do agronegócio, organizado no sistema de monocultura, onde são usadas grandes quantidades de terra na produção agrícola. Desta forma, o País tem terra, água, sol e mão-de-obra barata, os empresários estrangeiros compram nossas terras, colhem, vendem e exportam o produto, investindo os lucros lá fora. Segundo o autor, eles “ficam com o verde da cana e dos dólares e nós com o amarelo da fome”.
Dessa forma, sem negar a importância dos bioscombustíveis no combate e diminuição das mudanças climáticas, é preciso antes de tudo, priorizar a vida e o direito à alimentação, e isso se faz com posturas políticas sérias, modelos de desenvolvimento que gerem trabalho e renda para as populações mais pobres, de uma maneira ambientalmente sustentável. Além do mais, é necessário que os compromissos internacionais sejam respeitados e cumpridos, a fim de se evitar a exploração dos países do terceiro mundo pelos países desenvolvidos

Helsio Azevedo said...

A busca de novas fontes de energia para mudarem-se as matrizes energéticas de diversos países com elevados índices de poluição é eminente; este fato ajudou no aparecimento do biocombustível. Três pontos deixam muito a desejar na sua aplicação, onde o primeiro esta relacionado com a necessidade de investimentos financeiros gigantescos para transformar alimentos em combustível, enquanto uma boa parte da população mundial carece de fome; o segundo ponto esta relacionado com a necessidade de ocupação de grandes áreas de cultivo para produção e conseqüentemente a degradação dos solos pelo tipo que plantas e químicos que são usados na produção e o terceiro ponto esta relacionado com a mão-de-obra “escrava” que em países menos desenvolvidos é recrutada para trabalhar nas plantações. A sua aplicação apesar de ser demonstrada por alguns estudos como viável; o uso de biocombustíveis como fonte de energia precisa ainda de ser bem estudados, pois muitos países poderão estar a sair da situação de poluidores da atmosfera para poluidores de solos e fomentadores da fome no mundo.

Por fim, acredito que se um país deseja mudar sua matriz energética e estimular bastante a subida percentual do uso de biocombustíveis; o mesmo deverá estimular a produção em sua área de jurisdição e não exportar essas praticas para continentes (como o africano, por exemplo) mais carenciados e despreparados na questão de bicombustíveis, onde atualmente se verifica uma crescente procura por parte de países como o Brasil e os EUA de espaços para sua produção, contribuindo para a degradação de solos, trabalho escravo, mudanças de plantação de culturas agrícolas, pois os incentivos destes países levam as populações a alterarem seus hábitos de cultivo que permitem a sua subsistência e conseqüentemente originam a fome e miséria em prol do enriquecimento de um grupo de pessoas ou empresas. Há que avaliar na sua implantação,não só os aspectos econômicos que a mesma vai causar mas bem como os sociais e ambientais.

Patrícia said...

Os biocombustíveis são fontes de energias renováveis, fabricados a partir de vegetais, tais como, milho, soja, cana-de-açúcar, mamona, canola, babaçu, cânhamo, entre outros. O lixo orgânico também pode ser usado para a fabricação de biocombustível. Em alguns casos eles podem ser usados tanto isoladamente, como adicionados aos combustíveis convencionais. No Brasil, por exemplo, o diesel é misturado com biocombustível. Na gasolina também é adicionado o etanol.
Os principais biocombustíveis são: etanol, produzido a partir da cana-de-açúcar e milho, biogás produzido a partir da biomassa, bioetanol, bioéter, biodiesel e outros.
Os biocombustíveis têm sido amplamente difundidos no Brasil. São usados em substituição aos derivados do petróleo e objetivam converter em ferramentas capazes de deter o aquecimento global.
Um dos grandes problemas relacionados à produção dos biocombustíveis é a geração de impactos ambientais, naturais e sociais causados pela profunda alteração a que diversas regiões brasileiras vêm sendo submetidas. Desmatamentos, pressão sobre ecossistemas, competição com áreas de plantio de alimentos, deslocamentos de populações indígenas e rurais.
Para a especialista em genética e bioquímica, a professora Mãe-Wan - Ho, da Universidade de Hong Kong, "os biocombustíveis têm sido propagandeados e considerados erroneamente como “neutros em carbono”, como se não contribuíssem para o efeito estufa na atmosfera; quando são queimados, o dióxido de carbono que as plantas absorvem quando se desenvolvem nos campos é devolvido à atmosfera. Ignoram-se assim os custos das emissões de CO2 e de energia de fertilizantes e pesticidas utilizados nas colheitas, dos utensílios agrícolas, do processamento e refinação, do transporte e da infra-estrutura para distribuição". Para a pesquisadora, os custos extras de energia e das emissões de carbono são ainda maiores quando os biocombustíveis são produzidos em um país e exportados para outro.
Fonte: www.brasildefato.com.br

Marta Eliza de Oliveira said...

Biocombustíveis abrem oportunidades:

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa é esperada uma duplicação do consumo do etanol em 10 anos e uma demanda de 2 bilhões de litros de biodiesel por ano, no Brasil, até 2013.

Com relação à demanda de outros países, a Embrapa ressalta:
- a Alemanha é o maior produtor de biodiesel do mundo e toda a sua matéria-prima é importada;
- nos Estados Unidos, espera-se a substituição de 20% do consumo de gasolina por álcool em dez anos;
- o Japão pretende misturar 5% do produto nos tanques, a partir de 2010;
- a Índia deverá adicionar, até 2017, 20% de biocombustíveis à gasolina e ao diesel.

São grandes as vantagens competitivas do Brasil no cenário mundial, principalmente porque há diversidade de matéria-prima para o etanol (cana-de-açúcar, sorgo sacarino e mandioca), e para o biodiesel (mamona, soja, palmácea e girassol).

Na visão da Embrapa, “as oportunidades para o pequeno negócio na área de biocombustíveis começam no plantio, passam pelo processamento industrial, o que inclui moagem e fermentação do material, e chegam à produção do biodiesel.”

De acordo com informações da coordenação do Pólo Nacional de Biocombustíveis da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo-Esalq/USP, até 2020, serão investidos US$ 15 bilhões, em todo o mundo, na pesquisa e produção de biocombustíveis.

Fonte: Valor Econômico - 29/09/2008

Lorena Cristine said...

Alguns autores, como Heitor Costa reforçam a teoria de que seria necessário introduzir na matriz energética brasileira fontes renováveis, tais como: eólica, solar-térmica, fotovoltaica, aproveitamento das ondas, biomassa gasosa, sólida, líquida e as pequenas centrais hidroelétricas.
Costa explica que, muitas vezes, a questão da energia renovável, vem sendo analisada de forma indevida, deixando de lado os efeitos negativos desta produção, como por exemplo:
- modelo baseado no agronegócio, isto é, há uma migração do cultivo alimentício rumo aos agro-combustíveis;
- priorização na monocultura em grandes extensões de terra, o que provoca a destruição da biodiversidade.
Este modelo tem se intensificado diante da união e aplicação de investimentos de grandes organizações petrolíferas, automobilísticas e de agronegócios.
Outro grande efeito negativo apontando por Costa é a influência dos bicombustíveis no preço dos alimentos. No caso dos EUA, a produção do milho para o etanol, que como conseqüência, aumenta o preço da ração e como efeito dominó, aumenta o preço dos alimentos de origem animal. No caso do Brasil é o aumento do preço dos derivados da cana-de-açúcar.
Como conseqüência negativa, exemplifica também, a questão da própria insegurança alimentar, já que uma grande parcela da população mundial sofre com a desnutrição alimentar.
O autor conclui que o Brasil por ser um país rico em terras, sol e água pode e deve concentrar esforços na produção de energias renováveis, entretanto, de forma sustentável, isto é, através do zoneamento agro-ecológico, do uso da agro-tecnologia, bem como na diversificação da produção.

Apresentação de Heitor Scalambrini Costa realizada no 1º seminário do Centro-Oeste de Energias Renováveis.
Tema: Produção de Energia X Produção de Alimentos

Wanda Isabel Melo said...

O engenheiro químico André Moreira de Camargo, da Escola Politécnica da USP, menciona que ainda é precipitado considerar que o biodiesel, nas condiçõs brasileiras, é um combustível mais limpo que o petrodiesel uma vez que o metanol, álcool usado como reagente na produção do biodiesel, pode ser um problema a ser contabilizado nesse processo.

Camargo realizou um inventário sobre o ciclo de vida do metanol e detectou que, dadas as especificidades da malha de transporte brasileira, essencialmente rodoviária, a energia gasta no transporte e na poluição gerada por esse meio devem ser levadas em consideração nos cálculos do ACV.

O pesquisador ressalta que necessário se faz realizar uma comparação do metanol com o etanol utilizando-se a mesma técnica do ciclo de vida sob as mesmas condições para se obter a carga ambiental do combustível diante da realidade brasileira.

Esclarece, ainda, que o ACV do metanol pode ser aperfeiçoado, modificando-se e ampliando-se o escopo contemplado nos cálculos. Reforça também a importância dessa ferramenta ao permitir a comparação de produtos e serviços sob o ponto de vista ambiental e a de identificar "gargalos de processos" que podem diminuir os impactos ambientais afetos aos produtos.


Fonte: http://www2.usp.br/index.php/meio-ambiente/