Tuesday, October 14, 2008

Semana 11 - Biomassa

Por Ana Cláudia


Referência analisadas:
1. Reis, Lineu B. dos; Fadigas, Eliane A. Amaral; Carvalho, Cláudio E. 2005. Energia, Recursos Naturais e a Prática do Desenvolvimento Sustentável. Monole. São Paulo.
2. HTTP://www.aneel.gov.br/aplicações/Atlas/index.html
3. Implicações Jurídicas da Bioenergia - Luiz Antônio Sanches
4. O Uso Energético da Madeira José Otávio Brito
5. Perspectivas da Agroenergia no Centro- Oeste - Ângelo Bressan


principal questão analisada:

O tema biomassa abordado sob diferentes aspectos.

pequena introdução ao tema:

Para definir biomassa, usarei o conceito de Lineu, 2005 que a define como uma série de vegetais presentes na natureza e formados através do processo de fotossíntese como também resíduos gerados a partir da utilização dos mesmos. A classifica como uma das formas em que a energia solar se manifesta. A energia armazenada nas plantas é reciclada naturalmente por uma série de processos físicos e químicos de conversão. A importância desse processo cíclico é que se pode aproveitar, na forma de combustível, a energia química armazenada.



resenha crítica do texto 1,

Lineu inicia seu texto definindo biomassa, citado acima, e segue explicando como esse processo ocorre: “as plantas absorvem a energia solar, a água e o dióxido de carbono do ar transformando todo esse potencial em energia química. Esta energia química pode ser liberada por combustão ou outro processo de conversão em diversos derivados energéticos.” A seguir faz uma análise da participação da biomassa na oferta total de energia no mundo em torno de 13%, destacando sua importância nos países em desenvolvidos devido a preocupação com o Meio Ambiente e o uso de fontes renováveis de energia. Cita Johamsson TB et al, que estima que a biomassa poderá oferecer 17% da eletricidade e de 38% do consumo direto de combustíveis no mundo em 2050. E fala ainda da dificuldade de se levantar esses dados devido as dificuldades encontradas para contabilizar esse uso em transações não comerciais. Cita: a oferta de energia e o consumo final da biomassa por setores no Brasil em 2000 segundo o BEN 2001:

Petróleo e derivados – 47%
Hidráulica e eletricidade – 15%
Lenha e carvão vegetal – 12%
Derivados da cana de açúcar – 10%
Carvão mineral e derivados – 8%
Gás natural - 5%
Outros renováveis – 2%
Urânio e derivados – 1%
Totalizando 22% do consumo energético brasileiro.
Industrial – 51%
Residencial 17,9%
Setor energético – 14%
Transporte – 12,4%
Agropecuário 4,3 %
Comercial e Público 0,4 %

O Brasil tem utilizado as formas mais modernas de aproveitamento da biomassa, com o uso do álcool etílico no setor de transporte e queima do bagaço da cana de açúcar nas usinas de cogeração.
Comenta sobre a criação do Pró-alcool em 1975, com o objetivo de substituir a gasolina em veículos leves, como iniciativa para reduzir os impactos da elevação dos preço internacionais do petróleo. O programa começou a declinar na década de 90, tendo como um dos motivos a diminuição da oferta deste combustível pelos produtores em função dos preços mais atrativos do açúcar no mercado internacional.
Levanta ainda a potencialidade do aproveitamento eficiente do bagaço de cana, onde, hoje, apenas 4,8% é utilizado para gerar eletricidade. Cita a existência do interesse do Ministério das Mina se Energia em criar condições para ouso do bagaço em processos de cogeração eficiente e viabilizara a comercialização da energia excedente para o sistema elétrico brasileiro, o que poderia produzir uma quantidade de energia adicional de 12.00MW, utilizando-se apenas de tecnologia disponível.
Finaliza seu texto levantando as iniciativas implantadas no Brasil no que diz respeito ao aproveitamento dos resíduos agrícolas. Fala das pequenas unidades gerando energia elétrica pela queima de casca de arroz que visam a produção de energia elétrica e ao aumento da produtividade (com o fornecimento contínuo de energia elétrica com maior qualidade) ao invés de queima dos dejetos e o conseqüente impacto negativo sobre o ambiente. Lembrar ainda que o Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade, possui uma variedade muito grande de oleaginosas que podem ser utilizadas na produção do chamado “biodisel”. O biodisel pode substituir inteiramente o diesel derivado do petróleo ou pode ser adicionado ao mesmo. Por fim levanta a questão do lixo, cuja destinação hoje, constitui-se em um dos maiores problemas dos grandes conglomerados urbanos. A não utilização dessa espécie de biomassa como fonte de energia renovável já é, em si, um grave problema ambiental, existe um custo financeiro e ecológico do gerenciamento do lixo urbano.

resenha crítica do texto 2:

Esse texto também é iniciado com o conceito de biomassa o qual o faz sob o ponto de vista energético, para fim de outorga de empreendimentos do setor elétrico, definindo biomassa como sendo todo recurso renovável oriundo de matéria orgânica (de origem animal ou vegetal) que pode ser utilizada na produção de energia. É uma forma indireta de energia solar, esta é convertida em energia química, através da fotossíntese, base dos processos biológicos de todos os seres vivos. Segue levantando que a quantidade de biomassa existente na terra é da ordem de dois trilhões de toneladas; o que significa cerca de 400 toneladas per capita (oito vezes o consumo mundial de energia primária). Cita Estimativas da Agência Internacional de Energia (AIE) que indicam que, futuramente, a biomassa ocupará uma menor proporção na matriz energética mundial – cerca de 11% em 2020 (AIE, 1998). Fala do bagaço de cana-de-açúcar como sendo o recurso de maior potencial para geração de energia elétrica no País e suas vantagens pois o período de colheita da cana-de-açúcar coincide com o de estiagem das principais bacias hidrográficas do parque hidrelétrico brasileiro. Fala da produção de etanol, onde cerca de 28% da cana é transformada em bagaço, equivalendo este, em termos energéticos, a 49,5%, o etanol a 43,2% e o vinhoto a 7,3%. O autor segue falando sobre as tecnologias de aprimoramento do uso da biomassa, onde conceitua cada uma delas, e finaliza seu texto falando dos aspectos sócios-ambientais, onde destaca os entraves do uso da biomassa na geração de energia elétrica, baixa eficiência termodinâmica e custo alto de produção e transporte, e o uso e ocupação do solo, criação de monoculturas, a perda da biodiversidade e o uso intensivo de defensivos agrícolas.
Resenha do texto 3

Esse texto fala sobre as implicações jurídicas da bioenergia e destaca que a energia elétrica virou sinônimo de desenvolvimento e que o desenvolvimento nos países é, hoje, medido por meio de energia. Afirma que a bioenergia deixou de ser um subproduto e passou a ser produto determinante das políticas ou das estratégias empresariais de cada um dos investidores nesses segmentos. Fala do conceito de Monopólio Natural do fornecimento de energia elétrica, originado em 1904 por Rui Barbosa, então consultor jurídico do consorcio que hoje viria ser a Light, afirmou que era impossível defender a livre concorrência para o setor de distribuição de energia elétrica, por que a exploração desse setor econômico só poderia ser realizado mediante monopólio de fato, criando implicações jurídica que influenciam nossas relações até os dias de hj. Somente a concessionária do estado poderia distribuir energia elétrica. Fala sobre a taxação do ICMS porque muitos Estados têm cobrado o tributo em cima da energia elétrica pelo teto, 30%, e não pela base, 18%. Ou seja, um bem essencial está sendo taxado pelo teto, quando deveria ser pelo piso. Finaliza levantando os desafios jurídicos da Cogeração com biomassa, onde cita: os aspectos ambientais como EIA-RIMA, LP, LI e LO; o relacionamento com os órgãos ambientais e regulatórios; os aspectos regulatórios, tributários, societários e cíveis.

Resenha do texto 4

Nesse texto o autor destaca que apenas parte da energia da cana é aproveitada, a biomassa é descartada ou queimada. Que o potencial energético da biomassa corresponde a aproximadamente 2/3 da energia acumulada na cana. Afirma ainda que o Brasil poderá dobrar a produção de etanol , sem aumento da área plantada, se todo o bagaço for convertido em etanol, usando variedades da cana hoje existentes. Refere-se ao aproveitamento dos ponteiros e folhas (1/3 do carbono fixado) que hoje são deixados no campo e do bagaço (1/3 do carbono fixado) disponíveis nas usinas. Afirma ainda que outro aumento correspondente a duas vezes ao aproveitamento atual, poderia ser obtido se fossem usadas variedades de cana selecionadas para produzir biomassa ao invés de apenas sacarose. Conclui dizendo que a tecnologia para a produção de etanol a partir de celulose e hemicelulose do bagaço e da palha da cana, associada ao uso da “cana biomassa” ou da “cana energia”, tem a capacidade de quadruplicar a produção de álcool por hectare, havendo uma grande redução da necessidade da disponibilidade de terras para plantio.

Resenha to texto 5

Esse último texto fala sobre as perspectivas da agroenergia no Centro-oeste, a autora inicia conceituando agroenergia como sendo toda energia proveniente da biomassa ou seja de atividades agropecuárias. Cita o etanol e o biodiesel, caracteriza o biodiesel como sendo um éster extraído a partir de material graxo, que também pode ser produzido de resíduos agropecuários como o sebo bovino. Fala de outras agroenergias como a co-geração de energia elétrica a partir da queima de resíduos vegetais como o bagaço da cana e a produção do gás metano gerado a partir de resíduos de suinocultura.
Fala ainda que se o Brasil quiser lançar um programa consistente de uso de biomassa para produzir combustível é preciso que a liderança do processo seja, no primeiro momento, do governo para que este crie as regras para que o setor privado tenha seguranças suficiente para fazer os investimentos. Defende a idéia de um estado parceiro, inteligente, que discuta o assunto.
Fala do álcool combustível como sendo um produto consolidado no mundo inteiro.
Fala ainda dos problemas e benefícios que a implantação de uma indústria de produção de etanol e toda sua cadeia de produção, trazem para uma pequena população.
Discute sobre o mercado interno e possíveis mercados exportadores do etanol brasileiro, fala do carro com uso de combustível flexível, das vantagens deste e da importância da tecnologia nacional do álcool hidratado como combustível. Classifica os Estados Unidos como o segundo pais, após o Brasil, em produção e consumo do álcool combustível. Fala da preocupação européia com o meio ambiente e suas indagação quanto ao plantio de cana na Amazônia, explica as desvantagens do plantio de cana nessa região devido ao excesso de umidade que faz com que a cana cresça bonita, mas sem concentrar a sacarose dando uma baixa produção por hectare. Fala do programa de uso crescente de biodiesel na Europa onde se espera em 2010 estar com 5,75% de participação de biocombustíveis na matriz de combustíveis líquidos. Fala ainda da possibilidade de exportação do Brasil para o Japão de álcool e questiona se o Brasil terá condições de garantir essa exportação, pois 85% do nosso álcool é consumido domesticamente e 90% dos nossos veículos novos, são flex, destaca a grande quantidade de usinas em fase de implantação no Brasil. São 47 usinas em montagem e mais 56 em fase de projeto. Finaliza questionando como se constrói um mundo novo, e sugere que sejam necessários conceitos novos e idéias novas onde é preciso pensar diferente, não só pensar no álcool mas também na cogeração da energia elétrica para vender para a rede e nos créditos de carbono que estão aí, além do açúcar.


conclusão: A produção e o consumo de energia proveniente da biomassa cresce em todo o mundo. Seu custo de produção ainda é considerado alto, mas se os gastos provenientes dos custos relacionados aos impactos sócio-ambientais forem computados, essa fonte de energia pode se tornar bem mais atrativa. Também deve se levar em conta que essa fonte pode ser uma boa opção de fonte energética para comunidades isoladas e que a mesma ainda pode contribuir de forma significativa para diminuir a dependência dos países importadores de combustíveis fosseis, dos exportadores.
Acredito que outra questão que deva ser levantada é sobre a racionalização do uso energético em todo o mundo. A questão a ser levantada não seria a de como aumentar a produção energética no mundo, mas sim a de racionalização da produção atual.


Por Ana Claudia

12 comments:

Patrícia said...

Da biomassa resultam vários combustíveis diretos ou derivados. Desde a lenha tradicionalmente usada para cozinhar, até os combustíveis líquidos que substituem os derivados de petróleo.
Uma das vantagens da biomassa é a variedade de formas de sua utilização. Pode-se usar biomassa como combustíveis na forma de gases, líquidos ou sólidos. É um material versátil e provavelmente o único combustível primário que, na forma de álcool ou óleo, pode substituir a gasolina e o diesel nos veículos automotores.
Qualquer forma de produção de energia ocasiona em implicações ao meio ambiente. A biomassa é uma fonte de nergia renovável e não difere das demais formas de produção de energia, sua produção em larga escala pode ocasionar impactos positivos e negativos no ambiente, na sociedade e na economia.
Como exemplo de energia oriunda de biomassa por florestas plantas tem-se o eucalipto, uma espécie exótica muito utilizada no reflorestamento. No entanto a viabilidade em se reflorestar com esse tipo de cultura é relativa, visto que, a monocultura dessa espécie acarreta em impactos negativos ao meio ambiente, tais como o empobrecimento do solo, dos recursos biológicos e maior suscetibilidade ao ataque de pragas. Como impacto positivo ao meio ambiente pode-se considerar a capacidade de seqüestrar carbono da atmosfera, a capacidade de frenagem de vento, efeito “Quebra Vento”, função de uma área coberta por floresta, assim como a contenção da erosão e proteção do solo pela cobertura vegetal.
Economicamente investir no plantio de florestas de eucalipto, (primeiro corte cinco anos) é mais rentável que as culturas de ciclo curto, como arroz, cana, soja. Segundo Reolon (20001) in Tissiani, é mais viável investir em uma floresta plantada que investir em poupança, aposentadoria privada e outros fundos de investimento.
Fontes: 1. Biomassa – Energia Alternativa a Partir das Florestas Plnatadas de Eucalipto, no Município de Chapecó (SC): Impactos Positivos e Negativos” - Ana Luiza Tissiani.
2. Biomassa – Energia dos Trópicos em Minas Gerais – Marcello Guimarães Mello.

Marta Eliza de Oliveira said...

Foi divulgado um relatório, em setembro de 2008, pela Organização Mundial do Trabalho – OIT, intitulado Green Jobs: Towards Decent Work in a Sustainable, Low-Carbon World ("Empregos Verdes: Rumo a um Emprego Decente em um Mundo Sustentável e com Baixas Emissões de Carbono"), que analisa os impactos do desenvolvimento das fontes de energia renováveis sobre o mercado de trabalho.
Dentre as projeções citadas no relatório, destaca-se: a indicação de que, até 2030, o desenvolvimento de alternativas limpas de energia irá criar mais de 20 milhões de empregos em todo o mundo.
Relativamente a empregos relacionados à produção de energia a partir de biomassa, o relatório cita que, atualmente, em âmbito mundial, cerca de 2,3 milhões de pessoas ocupam empregos diretamente ligados a fontes renováveis de energia, sendo que a maioria (1,174 milhão), trabalha com biomassa.
Conforme dados apresentados, o Brasil é um dos líderes mundiais no número de vagas de trabalho na produção de energia derivada de biomassa. Estima-se que 500 mil pessoas trabalhem diretamente com biomassa só no Brasil, o que inclui o processamento de cana-de-açúcar para produzir álcool.
A integra do relatório está disponível no endereço: http://www.oitbrasil.org.br/download/green_joobs.pdf

Fontes:
- BBC Brasil – 24/09/2008 disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u448560.shtml
- Notícias da OIT – 24/09/2008 disponível em: http://www.oitbrasil.org.br/

Maria da Glória said...

O Brasil tem usado a biomassa para a produção de energia, tanto para a produção de energia elétrica, como para a produção de energia em forma de vapor, o que o coloca atualmente em uma posição privilegiada em relação às fontes primárias de energia. No entanto, apesar das muitas vantagens oferecidas pela geração de energia elétrica por meio da biomassa, ela também trás algumas desvantagens. Dessa forma, apesar da Biomassa apresentar uma alta densidade energética e ser de fácil armazenamento, conversão e transporte, é preciso que se tome cuidado sobre o controle das áreas desmatadas, pois no Brasil com a expansão da indústria do álcool algumas áreas de florestas foram destruídas para que a cana-de-açúcar fosse plantada. Portanto, cientes da importância da biomassa e dos benefícios que a mesma trás para o desenvolvimento do País, a preocupação ambiental deve ser prioridade no processo de utilização da energia gerada por meio da biomassa.

Wanda Isabel Melo said...

A energia de biomassa é a energia derivada de matéria viva como os grãos, as árvores e as plantas aquáticas, esta matéria viva também é encontrada nos resíduos agrícolas e florestais e nos resíduos sólidos (Hinrichs e Kleinbach, 2008). Os autores lançam o questionamento acerca de quanto alimento deve ser utilizado para produzir combustível ao se considerar a subnutrição de cerca da metade da população mundial.

É uma questão que se encontra na centralidade da discussão mundial: a produção de grãos direcionada à energia compete com a produção de grãos destinada a matar a fome das populações pobres?

Nesse sentido, vale mencionar a evolução histórica do conceito de segurança alimentar e nutricional, tanto no âmbito internacional quanto nacional. É um conceito que se encontra em construção e evolui na medida em que avança a história da humanidade e alteram-se a organização social e as relações de poder em uma sociedade.

Após a segunda guerra, a segurança alimentar foi hegemonicamente tratada como uma questão de insuficiente disponibilidade de alimentos. Havia o entendimento de que a insegurança alimentar decorria da produção insuficiente de alimentos nos países pobres. Nesse contexto, foi lançada uma experiência para aumentar a produtividade de alguns alimentos, associado ao uso de novas variedades genéticas, fortemente dependentes de insumos químicos, chamada de Revolução Verde.

No início da década de 70, a crise mundial de produção de alimentos levou a Conferência Mundial de Alimentação, de 1974, a identificar que a garantia da segurança alimentar teria que passar por uma política de armazenamento estratégico e de oferta de alimentos, associada à proposta de aumento da produção de alimentos. Ou seja, não era suficiente só produzir alimentos, mas também garantir a regularidade do abastecimento. Foi nesse contexto, com ênfase no produto e não no ser humano, que a Revolução Verde foi intensificada, inclusive no Brasil, com um enorme impulso na produção de soja.

Essa estratégia aumentou a produção de alimentos, mas, paradoxalmente, fez crescer o número de famintos e de excluídos, pois o aumento da produção não implicou aumento da garantia de acesso aos alimentos.

Na década de 80, os ganhos contínuos de produtividade na agricultura continuaram gerando excedentes de produção e aumento de estoques, resultando na queda dos preços dos alimentos, sem que houvesse a eliminação da fome. Assim, o conceito de segurança alimentar passou a ser relacionado com a garantia de acesso físico e econômico de todos – e de forma permanente – a quantidades suficientes de alimentos.

O final da década de 80 e início de 90, o conceito passou a incorporar também a noção de acesso a alimentos seguros (não contaminados biologicamente ou quimicamente); de qualidade (nutricional, biológica, sanitária e tecnológica), produzidos de forma sustentável, equilibrada, culturalmente aceitáveis e também incorporando a idéia de acesso à informação.

A partir de 90 consolida-se um forte movimento em direção à reafirmação do Direito Humano à Alimentação Adequada, conforme várias conferências e pactos realizados. No Brasil, o conceito vem sendo debatido há 20 anos e da mesma forma sofre alterações graduais em seu conteúdo.

A promoção da garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada passa pela promoção da reforma agrária, da agricultura familiar, de políticas de abastecimento, de vigilância sanitária dos alimentos, de abastecimento de água e saneamento básico, da não discriminação de povos, etnia e gênero, entre outros. Claramente se verifica a necessidade de políticas e programas públicos que garantam a segurança alimentar e nutricional de seu povo, e que incluam o direito à preservação de práticas de produção e alimentares tradicionais de cada cultura.

Fontes:

Hinrichs, Roger A, Kleinbach, Merlin. Energia e meio ambiente. Tradução da 3. Ed. norte-americana. São Paulo: Cengage Learning, 2008.

Curso Formação em Direito Humano à Alimentação Adequada – No contexto da segurança alimentar e nutricional. Coordenado pela Ágere – Cooperação em Advocacy -em parceria com a Secretaria Especial de Direitos Humanos, 2007.

karina said...

Biomassa e Energia

Do ponto de vista energético, para fim de outorga de empreendimentos do setor elétrico, biomassa é todo recurso renovável oriundo de matéria orgânica (de origem animal ou vegetal) que pode ser utilizada na produção de energia.

Embora grande parte do planeta esteja desprovida de florestas, a quantidade de biomassa existente na terra é da ordem de dois trilhões de toneladas; o que significa cerca de 400 toneladas per capita. Em termos energéticos, isso corresponde a mais ou menos 3.000 EJ por ano ou seja, oito vezes o consumo mundial de energia primária (da ordem de 400 EJ por ano)

Uma das principais vantagens da biomassa é que, embora de eficiência reduzida, seu aproveitamento pode ser feito diretamente, por intermédio da combustão em fornos, caldeiras etc.

A médio e longo prazo, a exaustão de fontes não-renováveis e as pressões ambientalistas poderão acarretar maior aproveitamento energético da biomassa.

Atualmente, várias tecnologias de aproveitamento estão em fase de desenvolvimento e aplicação. Mesmo assim, estimativas da Agência Internacional de Energia (AIE) indicam que, futuramente, a biomassa ocupará uma menor proporção na matriz energética mundial – cerca de 11% em 2020 (AIE, 1998). Outros estudos indicam que, ao contrário da visão geral que se tem, o uso da biomassa deverá se manter estável ou até mesmo aumentar, por duas razões, a saber: i) crescimento populacional; ii) urbanização e melhoria nos padrões de vida. Um aumento nos padrões de vida faz com que pessoas de áreas rurais e urbanas de países em desenvolvimento passem a usar mais carvão vegetal e lenha, em lugar de resíduos (pequenos galhos de árvore, restos de materiais de construção etc.).

As novas fontes de energia talvez não sejam ainda capazes de substituir totalmente as fontes mais tradicionalmente utilizadas, mas representam uma saída econômica significativa, que certamente poderá contribuir para evitar o esgotamento das fontes de energia não-renováveis.




Referências Bibliográficas:

http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/05-Biomassa(2).pdf

http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1694u392.jhtm

Claudia Panizzi said...

A energia vinda da biomassa, ou seja, derivada de restos de matéria viva como folhas, galhos, grãos, resíduos agrícolas e florestais. Pode vir a ser uma fonte alternativa de energia que é mais limpa comparada a outras fontes, porém , uma questão a ser discutida é : até que ponto a biomassa pode ser usada? Todas as formas de energial, de uma maneira ou de outra afetam o meio ambiente, e trazem consequências para o mesmo que devem ser muito bem pesadas. Por exemplo a biomassa derivada de florestas, será que desmatar florestas é uma boa solução para produção de energia? Ou até mesmo as áreas de reflorestamento, será que vale a pena substituir a vegetação nativa por imenssas áreas de reflorestamento? Ou mesmo o uso de grãos; a produção de energia é mais importante que a fome no mundo? A verdade é que a produção de energia deve ser muito bem pensada e que exisem muitas fontes alternativas que devem ser consideradas, pois, com certeza todas são válidas em determinados momentos e diferentes condições.

gmson said...

O grande desafio mundial e principalmente nosso, futuros Gestores Ambientais, é desenvolver novas fontes energéticas e explorar as que degradam menos os recursos naturais. Dentro deste desafio, está a necessidade de agirmos imediatamente do ponto de vista local, considerando que o tema está sendo debatido e ações estão sendo tomadas, estive em uma feira de ciência da EMBRAPA, onde pude perceber que o Brasil vem desenvolvendo várias tecnologias no setor energético, explorando de forma concisa as fontes derivadas de biomassa e biogás.
Diante dos textos debatidos, estas fontes são de grande importância para a redução do consumo das fontes degradantes.
Portanto, as comunidades, juntamente com o setor público e privado devem conhecer e colocar em prática as experiências pesquisadas por instituições como a citada acima, de forma que boas idéias não fiquem somente nos laboratórios.

Lorena Cristine said...

Alguns autores como Heitor S. Costa afirmam que, muitas vezes, a questão da energia renovável, vem sendo analisada de forma indevida, deixando de lado os efeitos negativos desta produção, como por exemplo:
- modelo baseado no agronegócio, isto é, há uma migração do cultivo alimentício rumo aos agro-combustíveis;
- priorização na monocultura em grandes extensões de terra, o que provoca a destruição da biodiversidade.
Este modelo tem se intensificado diante da união e aplicação de investimentos de grandes organizações petrolíferas, automobilísticas e de agronegócios.
Outro grande efeito negativo apontando por Costa é a influência dos bicombustíveis no preço dos alimentos. No caso dos EUA, a produção do milho para o etanol, que como conseqüência, aumenta o preço da ração e como efeito dominó, aumenta o preço dos alimentos de origem animal. No caso do Brasil é o aumento do preço dos derivados da cana-de-açúcar.
Como conseqüência negativa, exemplifica também, a questão da própria insegurança alimentar, já que uma grande parcela da população mundial sofre com a desnutrição alimentar.
O autor conclui que o Brasil por ser um país rico em terras, sol e água pode e deve concentrar esforços na produção de energias renováveis, entretanto, de forma sustentável, isto é, através do zoneamento agro-ecológico, do uso da agro-tecnologia, bem como na diversificação da produção

Referência: palestra proferida por Heitor S. Costa no 1º seminário do Centro-Oeste de energias renováveis

Helsio Azevedo said...

Grande parte da biomassa (biocombustível) que se usa esta ligada a biomassa oriunda das florestas nativas e plantadas e não-florestais agroindústrias. Esta energia é consumida grandiosamente em países em desenvolvimento, basicamente, nas atividades domesticas e no aquecimento de ambiente em países não tropicais. Sua transformação de matéria orgânica para combustível tem gerado polemica a nível mundial, pois alguns países tendem a transformar alimentos em álcool enquanto em muitos países a fome é eminente. De igual modo a energia gerada através da biomassa tem contribuído para a devastação de florestas que ajudam a manter o equilíbrio climático na terra. Com vista a contornar esta situação, a meu ver, deve-se incentivar que as populações dos países mais pobres a reaproveitar os resíduos urbanos para geração de energia e a utilizarem fontes de energia renováveis como a solar e a eólica; porém para que isso aconteça os países mais desenvolvidos e contribuem muito para a poluição do meio ambiente devem pensar em transferir estas tecnologias de geração de energia através de fontes renováveis a custos baixos para que as populações mais carentes possam adquirir e conseqüentemente reduzir a sua dependência em relação a biomassa.

Lorena Cristine said...

O seguinte texto refere-se à semana 11 – biomassa e o anterior escrito por mim e colocado, indevidamente, nesta mesma semana será colocado na semana 12 por referir-se à bicombustíveis.
A biomassa é constituída de vários recursos de vários recursos energéticos, desde culturas nativas até resíduos de várias origens. O que leva à sua pequena utilização é o desconhecimento do seu efetivo potencial, conforme afirma artigo de Celso Roberto Silva.
È ressaltado que historicamente até a metade do século XIX, mais de 85% do total de energia usada no mundo era biomassa, na forma de lenha, resíduos da agricultura e de animais.
O que referendou o século XX como século dos combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás) foi o desenvolvimento e otimização de tecnologias para estes combustíveis, fato que não se verificou, à época, com as tecnologias de biomassa O renascimento da biomassa se deve, principalmente, à conscientização mundial de que os combustíveis fósseis são finitos, além da percepção de um boa parcela da população de que seu uso indiscriminado tem provocado enormes agressões ao meio ambiente. Paralelo a isto, hoje, já se tem tecnologias avançadas no que se refere à biomassa. No caso brasileiro, pode-se exemplificar a expansão do etanol, proveniente da cana-de-açúcar como alternativa ao uso da gasolina.
A biomassa representa cerca de 14% de todo o consumo mundial de energia primária, o que equivale ao gás natural e ao da eletricidade, sendo superior ao do carvão mineral.
Segundo o mesmo autor, o Brasil tem condições de se tornar uma grande potencia no que se refere à fontes renováveis de energia, sobretudo a biomassa, devido aos seguintes fatores:
- condições bioclimáticas;
- existência de grande quantidade de biomassa disponível;
- aprimoramento de tecnologias
Como conseqüência terá:
- incentivo à produção agrícola e florestal;
- geração de energia descentralizada;
- geração de empregos na zona rural
- desenvolvimento sustentável;
- menor emissão de poluentes na atmosfera.

Referência: Artigo de Celso Roberto A. da Silva - Biomassa como alternativa energética para o Brasil

itacir said...

Alguns autores consideram a energia provinda da biomassa como a energia do Ciclo de Vida. Uma energia renovável que permite a avaliação do processo de produção com responsabilidade ambiental. As fontes são as mais diversas como excremento de animais, álcool, óleos animais, madeiras, óleos vegetais e outros apontados pelos colegas. Vendo desta forma temos a impressão de termos uma fonte inesgotável de energia. Porém devemos evitar a exploração predatória e irresponsável de empresas focadas apenas no lucro. É necessário estabelecer limites de exploração para que se garanta a preservação das espécies, a qualidade da água, o respeito à diversidade e o equilíbrio dos ecossistemas. Ao mesmo tempo em que se descobre nova fonte de energia, corre-se o risco de enfrentar um colapso no abastecimento de alimentos necessários à sobrevivência do ser humano. O segredo é usar a biomassa de forma responsável sem se deixar levar pelo modelo de mercado consumista.

Paulo Ichikawa said...

A biomassa foi o primeiro recurso energético utilizado pela humanidade. A queima da lenha já fornecia energia desde os primórdios das civilizações e, atualmente, estima-se que 10% dos fogões existentes no planeta ainda sejam a lenha. De lá para cá, é bem verdade que houve mudanças na forma de utilização de recursos. Atualmente, os combustíveis fósseis se tornaram as principais fontes de energia no mundo. Hoje, com a questão ambiental em pauta, a biomassa se torna uma promissora fonte energética em termos de planejamento e gestão ambiental.
O Brasil, nesse quesito, é um dos países que vem se destacado na utilização desse tipo de recurso. Curiosamente, o País é tradicional: o Proálcool foi seguramente um programa que teve como resultado o avanço na tecnologia de produção de energia pela biomassa, embora o objetivo do programa para aquela época não se centrava na questão ambiental, e sim, na amenização econômica provinda de dificuldades propulsionadas pela crise do Petróleo, da década de 1970.
O Proálcool foi criado em 1975 e o país, longe ainda de se tornar um país auto-suficiente de Petróleo, importava o óleo (que, assim, impactava de forma negativa a Balança Comercial). A mobilização em prol de se atenuar a crise energética e de otimizar a Balança Comercial vieram tanto do lado produtor como do lado consumidor, vide a indústria de automotivos, que se viu com a tarefa de desenvolver a tecnologia de motores que funcionassem a partir de combustíveis senão dos derivados do petróleo. Em 1985, aproximadamente 96% dos automóveis novos eram movidos exclusivamente do álcool.
A partir de 1986, os preços do petróleo começaram a cair e a produção de álcool combustível começou a perder a competitividade. A produção caiu e retomou depois com a demanda por novas alternativas de recursos energéticos, agora, imbuída também da questão ambiental.
A tecnologia se expande. Atualmente, há no País tecnologia para produção de diesel a partir da cana-de-açúcar. Em termos de custos, a produção é estimado promissor e competitivo. Para se ter uma idéia, se o barril do Petróleo estivesse na casa dos 60 dólares, o barril do biodiesel de cana seria equivalente a 200 litros do óleo.

Referência adicional:
ELO Informativo Dow AgroScience. Diesel de cana-de-açúcar. São Paulo: Dow AgroScience, 1º semestre de 2008.