Tuesday, March 23, 2010

Desenvolvimento, Energia e Meio Ambiente

Autor:

Ivan Araripe de Paula Freitas, Engo

Revisores (GT3):

Débora Freitas

Hélio Vitor

Marcelo Wolter

O objetivo do texto que se segue é apresentar os princípios básicos do relacionamento entre desenvolvimento econômico e social, consumo de energia e o impacto resultante sobre o meio ambiente.

Desenvolvimento

O desenvolvimento econômico de países ou regiões geográficas é medido por intermédio do PIB (Produto Interno Bruto), somatório de todas as despesas privadas, dos gastos do governo, dos investimentos e do saldo da balança comercial, ao longo de um ano-fiscal.

O índice PIB/capita, resultante da divisão dessa renda total pelo número de habitantes do país, representa a renda média por habitante e permite comparações entre o grau de desenvolvimento econômico de diferentes países, que geralmente é função da precocidade de seu processo de industrialização.

Assim, países precursores no processo de industrialização tendem a apresentar os maiores índices de PIB/cap. e são considerados países desenvolvidos; países de industrialização mais recente apresentam índices intermediários de PIB/cap. e constituem o grupo de países em desenvolvimento; etc.

Economistas clássicos já representavam o desenvolvimento econômico de um país pela soma contábil de seus consumos e produtos, originalmente na forma de produto nacional bruto, mas a presente forma de cálculo do PIB, destacando os gastos do governo, foi uma contribuição de Keynes[i], adotada internacionalmente desde 1930.

Para representar como a riqueza disponível é dividida internamente a cada país, utiliza-se internacionalmente o índice proposto por Gini[ii] em 1912, que varia entre zero (desigualdade total: toda a renda cabe a um único habitante) e um (igualdade total: toda a renda é igualmente dividida entre todos).

Utilizados em conjunto, os índices PIB/cap. e Gini permitem estudar e comparar o estágio de desenvolvimento econômico e social dos diversos países, sendo amplamente empregados mundo afora na formulação e avaliação de políticas públicas.

Mais recentemente, vem sendo empregado o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), proposto em 1990 por dois economistas, professores da universidade britânica de Cambridge: o indiano Amartya Sem e o paquistanês Mahbub ul Haq.

O IDH incorpora ao conceito do produto per capita (PIB/cap.) avaliações complementares sobre o sistema de educação e sobre a esperança média de vida, sendo considerado um indicador da medida de bem-estar de uma determinada população.

Energia

O consumo de energia nunca é um fim em si próprio: ninguém consome energia diretamente, mas sempre para exercer determinada função ou atividade. Por outro lado, energia é um insumo estratégico e vital a qualquer tipo de ação: nada ocorre sem o dispêndio de energia, inclusive o desenvolvimento, econômico e/ou social. Todo consumo de energia adicional, por sua vez, representa maior demanda sobre os recursos naturais e maior impacto sobre o meio ambiente.

Da mesma forma como ocorre no cálculo do PIB, pode-se contabilizar o consumo total de energia de um país, ao longo do período de um ano, por intermédio da elaboração de Balanços Energéticos, tratando de converter diversas unidades de energia para um denominador comum, geralmente tEP (tonelada equivalente de petróleo) ou kwh (kilowatt hora).

Da mesma forma como ocorre no PIB, o consumo total de energia deve ser dividido pelo número de habitantes do país, resultando no consumo médio de energia (em toneladas equivalentes de petróleo por habitante – tEP/cap., por exemplo), de forma a permitir sua utilização em comparações internacionais.

Previsivelmente, os países com maior grau de desenvolvimento, aqueles que apresentam maior renda per capita (PIB/cap.), também apresentam os maiores índices de consumo energético por habitante, confirmando a relação direta entre desenvolvimento e consumo de energia.

Curva de Kuznets

Em 1971, Kuznets[iii] sugeriu que, ao longo do processo de desenvolvimento econômico, todos os países passam por estágios semelhantes no tratamento da desigualdade, conforme exposto a seguir.

Kuznets representou a evolução da renda per capita de um país no eixo horizontal, enquanto no eixo vertical registrou o nível de desigualdade verificado em cada estágio do desenvolvimento, argumentando que a curva assim obtida (conhecida como Curva de Kuznets) teria o formato de um U invertido.

Na primeira fase do processo de industrialização, haveria tendência de aumentar o nível de desigualdade, face às necessidades de investimentos em capital para máquinas e infraestrutura, em detrimento de despesas com questões sociais.

Na fase seguinte, após atingido um determinado nível de desenvolvimento econômico, haveria inversão dessa tendência inicial, resultando em estabilização do nível de desigualdade.

Após completado o processo de industrialização, a ênfase do crescimento da produção passaria ao setor terciário, com menor demanda de investimentos em capital e, consequentemente, maior disponibilidade do estado para investimentos sociais, em setores como educação, saúde, etc.

O mesmo raciocínio adotado na Curva de Kuznets, em forma de U invertido, pode ser aplicado substituindo-se o nível de desigualdade (eixo vertical) pelo consumo médio de energia por habitante (em tEP/cap., por exemplo), ou, com cuidados especiais, pelo nível de impacto ambiental.

Assim, nas primeiras fases de desenvolvimento de um país, com o início do processo de industrialização, com atividades altamente demandantes de energia, o consumo médio de energia (medido em tEP/cap.) tenderia a crescer.

Ao se atingir um determinado patamar de consumo médio de energia, correspondente à conclusão do processo de industrialização, a dinâmica do crescimento da economia passaria para o setor terciário, menor consumidor de energia, resultando em redução progressiva do consumo médio de energia deste ponto em diante.

O conceito da Curva de Kuznets abre espaço também para a teoria do leapfrogging (ou salto de etapas): estudando a experiência de terceiros e aprendendo com os erros alheios, países de industrialização mais tardia poderiam vir a estabelecer atalhos nos processos de desenvolvimento econômico e social, de distribuição de renda, de redução do consumo médio de energia e de seu consequente impacto ambiental.

Intensidade Energética

O índice de Intensidade Energética é obtido dividindo-se a energia total consumida por um país, em determinado período (medido em tEP, por exemplo), pelo produto econômico (PIB) calculado para aquele período (Fórmula: I = E/P).

Países mais desenvolvidos conseguiram, ao longo do tempo, obter uma menor intensidade energética direcionando sua estrutura produtiva para setores energeticamente menos intensivos (como o setor de serviços, o desenvolvimento de software, etc.).

Países em desenvolvimento geralmente apresentam maior intensidade energética: suas indústrias de bens primários para exportação, como minérios e metais, por exemplo, contribuem significativamente para a elevação do consumo de energia do país e de sua intensidade energética, pois gera produto de baixo valor agregado.

Tal fato define alguns países como exportadores de energia indireta, considerada como aquela embutida em produtos energeticamente intensivos, tais como o alumínio, por exemplo.

Na medida em que o processo de industrialização avança, compreendendo as indústrias de bens de capital e de petroquímica, por exemplo, o produto econômico gerado passa a ter um valor crescente (produtos de maior valor agregado), com relação ao consumo energético de tendência declinante.

A adoção de processos produtivos energeticamente mais eficientes também contribui para reduzir a intensidade energética dos setores beneficiados, ao exigir menor consumo de energia para produzir o mesmo valor de produto.

Pegada Ecológica e Biocapacidade

O conceito da Pegada Ecológica (Ecological Footprint) foi proposto em 1992 por William Rees, professor da universidade canadense de British Columbia, como contribuição para medir a demanda da humanidade sobre a biosfera, em termos da área de terra produtiva (e de oceanos) necessária para prover os recursos que nós utilizamos e para absorver nossos resíduos.

O conceito derivado de Biocapacidade representa então a capacidade de cada país prover o atendimento de sua própria Pegada Ecológica, dentro de suas próprias fronteiras. Estima-se que a biocapacidade do planeta tenha sido ultrapassada em 2005.

Referências Bibliográficas:

Energia, Desenvolvimento e Meio Ambiente. José Goldemberg e Oswaldo Lucon, Editora da USP, 2008, pags. 83-106.

Living Planet Report 2008. WWF World Wildlife Fund, 2008, pags. 2-16.

D. Hemery, J. C. Debier e J. P. Deléage. Uma História da Energia. Editora da UnB, Brasília, 1993.



[i] John Maynard Keynes (1883–1946), economista britânico cujos ideais serviram de influência para a macroeconomia moderna. Defendeu uma política econômica de estado intervencionista, através da qual os governos usariam medidas fiscais e monetárias para mitigar os efeitos adversos dos ciclos econômicos: recessão, depressão e booms.

[ii] Corrado Gini (18841965), estatístico, demógrafo e sociólogo italiano. Desenvolveu uma forma de medir a desigualdade de renda numa sociedade, conhecido como índice Gini.

[iii] Simon Smith Kuznets (1901–1985), russo naturalizado americano, professor de economia nas universidades Johns Hopkins e Harvard. Recebeu o Prêmio Nobel em ciências econômicas, em 1971, por sua contribuição ao entendimento do processo de desenvolvimento econômico e social, obtido por intermédio de estudos empíricos.

16 comments:

Debora said...

As nações têm a arte e a capacidade de criar índices para desenvolvimentos econômicos, em nome de políticas industriais ou competitivadades comerciais. Mas esquecem de contabilizar a biocapacidade necessária a uma continuação de vida sustentavel. Ou até, avaliar até que ponto o nosso impacto já ultrapassou o limite de vivermos de uma forma sustentável...

José Carlos said...

Mais uma vez chegamos naquela velha relação entre desenvolvimento e energia, ou melhor, na relação PIB e consumo de energia. Vale lembrar que o PIB é um indicador tradicional que, por consenso de economistas, não reflete integralmente o bem-estar econômico e muito menos avalia a sustentabilidade do desenvolvimento. Com isso, já podemos ter conclusões que não condizem inteiramente com a verdade. Foi interessante saber que os países desenvolvidos direcionam sua produção para setores que consomem menos energia, enquanto que países em desenvolvimento (Brasil, principalmente) ainda possuem sua produção em setores com alta utilização energética. Sabemos, ainda, que os produtos exportados não possuem taxas extras que contabilizam este consumo de energia não só elétrica, mas também energia solar, dos solos e da água utilizada. No final, nossos produtos acabam saindo quase de graça.

WJr. said...

É fundamental o conhecimento dos conceitos sobre: desenvolvimento, PIB, IDH, intensidade energética e outros. Com essas informações de um deterinado país, estado ou município, pode-se fundamentar um planejamento energético eficaz e sustentável, conforme cada realidade.

Ivan Freitas said...

Como se fosse uma resposta ao comentário do José Carlos:

“A eterna discussão sobre o papel do Estado no processo de desenvolvimento não é uma questão de princípio ou de "filosofia". Trata-se de um problema empírico que só pode ser resolvido por cuidadoso estudo da história, auxiliado por modelos muito gerais.

O desenvolvimento é, essencialmente, um processo termodinâmico: a sociedade captura a energia dispersa em seu "habitat" e a dissipa no consumo e na produção de bens e serviços. Esse modelo é tão geral que "explica", de um lado, a organização social de pequenos bandos sob o comando de sobas no período neolítico, quando o homem caçava e recolhia alimentos e o mundo econômico era inteiramente "verde".

E, de outro, o comportamento dos imensos conglomerados nacionais que, em 250 anos, graças à organização dos Estados e ao uso da ciência, da tecnologia e da energia fóssil (carvão e depois petróleo), transformaram-no em quase "vermelho", ameaçando a sobrevivência da própria espécie humana.

A história escrita dos últimos 4.000 anos revela como a organização econômica das sociedades para atender a mais elementar de suas funções (suprir um nível de alimentação razoável) foi adquirindo imensa complexidade.

O homem só ganha "humanidade" quando -alimentado- pode exercer sua imaginação criativa.

Quando pode se apropriar, livremente, dos resultados de sua atividade natural: o trabalho. Ao longo do processo evolutivo, ele foi procurando uma organização que lhe propiciasse, simultaneamente, eficácia produtiva (para satisfazer seu estômago) e liberdade individual (para alimentar sua imaginação criadora). Essa organização é o que se chama "economia de mercado" ou, de uma forma difusa, de "capitalismo".

Ele não é uma coisa, mas um processo. Tem duas vantagens: não é eterno e não foi inventado. E um problema: precisa de um Estado constitucionalmente forte para garantir o funcionamento da instituição a que se dá o nome de "mercados".

A "humanidade" do homem não lhe sugere apenas a "liberdade individual" e a "eficácia" produtiva.

Ela lhe dá um sentimento difuso de moralidade: ele se sente mais confortável num ambiente de relativa igualdade. É isso que os "mercados" por si mesmos não podem garantir. Aqui, de novo, é o mesmo Estado forte, controlado por um freio constitucional seguro, que deve satisfazê-lo.

A "humanidade" do homem não é produto do Estado. Este é que é produto dela.”

Força constitucional
Antônio Delfim Netto, Jornal Folha de São Paulo, 24.Mar.2010, pag. A2.

Brasil said...

Com muita propriedade, a contribuição do texto muito elucida o assunto “Desenvolvimento, Energia e Meio Ambiente”.
Com o surgimento da revolução industrial, as pessoas passaram ter a relação direta entre o uso da energia com o progresso, bem–estar social e prosperidade. Ficaria difícil associar o mundo atual com o seu estágio de desenvolvimento sem a energia. Daí o surgimento da relação entre indicadores como a Energia Total Consumida e o PIB (Intensidade Energética) calculado em determinado período, para determinar o grau de desenvolvimento de um país associado ao seu consumo de energia.
É evidente que os países lançam mão da melhor forma de energia que é mais conveniente, pois não existe uma fórmula mágica que prescreve qual é a fonte mais apropriada. Sabemos que a preocupação maior consiste no fato de saber quanto tempo haverá crescimento econômico no mundo considerando que os recursos mais utilizados no planeta são finitos (combustíveis fósseis e carvão mineral, por exemplo).
Atualmente, com a tendência do peso do petróleo e de seus derivados, torna-se quase que obrigatório que as nações passam a investir muito mais em formas alternativas de energia, principalmente as limpas reduzindo assim os danos ambientais relacionados á produção, ao transporte e ao consumo final. Um dos propulsores que auxiliaram os países do mundo na busca de energia limpa foi o Protocolo de Kioto que visa implementar a Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climáticas, pois a obrigatoriedade de cumprir com as regulamentações fazem com que os países como o Brasil, por exemplo, passem a produzir outros tipos de energia limpa (produção de álcool etílico, energia elétrica proveniente de fontes hidráulicas, energia eólica e outras) que causam menos impactos ao meio ambiente.
Concluindo:
Os países que tem como meta o desenvolvimento econômico, devem investir em infra-estrutura baseados diretamente na contribuição das diversas formas de energia, mas, acima de tudo, de forma sustentada, associada evidentemente a outros fatores que também contribuem para o crescimento econômico tais como, o nível de educação, os investimentos sociais na saúde, saneamento, moradia e qualidade de vida.

Marcelo Wolter said...
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Marcelo Wolter said...

A aplicação da Curva de Kuznets para o estudo do consumo de energia e do nível de impacto ambiental é extremamente interessante. A semelhança de comportamentamento entre essas duas variáveis com a variável do nível de desigualdade no permite perceber que nível de desigualdade, nível de impactos ambientais e consumo de energia são diretamente proporcionais e, como o próprio texto afirma, os países com maior grau de desenvolvimento apresemtam maior renda per capita e os maiores índices de consumo de energia. Fazendo uma analogia entre as variáveis apresentadas acima, fica fácil concluir também que esse países mais desenvolvidos são os que apresentam quadros mais alarmantes no nível de desigualdade e nível de impacto ambiental.

Nanci Ambiental said...

O texto apresenta de forma bem clara e dinâmica toda a trajetória de desenvolvimento sócio-econômico voltado à matriz energética. Uma forma clássica de avaliar a economia do país é a adoção do índice do PIB, que avalia diferentes formas de desenvolvimento econômico, com relação a sua capacidade de produção. Os impactos ambientais e sociais deste processo de desenvolvimento correlacionado ao PIB deixam de ter importância, uma vez que, o crescimento econômico é colocado em primeiro lugar. A economia de um país atravessa fronteiras e recebe maiores incentivos para seu crescimento, comparando as questões de meio ambiente e da área social, temos um desequilíbrio drástico. Na maioria das vezes, se dá prioridade a construção de uma indústria bem conceituada, mas se esquece de colocar mais uma escola no município. A educação, saúde, transporte, infra-estrutura básica, entre outros são deixados para trás. Uma forma de sensibilizar no que diz respeito à área ambiental é a pegada ecológica, que aponta os possíveis impactos negativos deste modelo de desenvolvimento. Assim é preciso repensar, avaliar, propor idéias, agir e modificar esse meio que na maioria das vezes só assistimos.

Adilson said...
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Adilson said...
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Adilson said...

Não há dúvidas que exista uma relação entre o consumo de energia e o desenvolvimento econômico, contudo essa relação não pode ser analisada de ponto de vista estritamente econômico, pois isso pode acobertar os custos ambientais e/ou sociais de tal desenvolvimento. Vejamos alguns dados para se fazer uma breve análise.

PIB

Estados Unidos: 14,204 trilhões (1ª)
Noruega: 277, 275 bilhões (40ª) (World Development Indicators database, World Bank, 2009)

IDH

Estados Unidos: 0,956 (13ª)
Noruega: 0,971(1ª) (Relatório de Desenvolvimento Humano 2009)

PIB per capita

Estados Unidos: 47,439.926 (13ª)
Noruega: 94,386.508 (2ª) (Fundo Monetário Internacional, 2009)

Por exemplo, os EUA com um PIB de 14,204 trilhões e com um consumo de energia elétrica acima de seis tep/per capita (Atlas de Energia Elétrica do Brasil) da, ocupa a 13ª posição do ranking do Relatório de desenvolvimento humano de 2009 (IDH) e ocupa o 2º lugar entre as nações mais insustentáveis do planeta (Anbio, 2002), ou seja, mesmo sendo a nação mais rica e a maior consumidora de energia do planeta, isso não representou melhor qualidade de vida social e ambiental para todos seus cidadãos, pois há mais de 39,8 milhões de americanos pobres (13,2%) (Folha, 2009) com um enorme custo ambiental ao mundo. No caso da Noruega que tem o melhor IDH do planeta e o 2º melhor PIB/ per capita, tem um consumo de energia elétrica acima de seis tep/per capita (Atlas de Energia Elétrica do Brasil) e é a 6ª nação mais insustentável do mundo (Anbio, 2002). Em outras palavras, para esse país ser a nação com a melhor qualidade de vida do mundo, o meio ambiente paga um enorme ônus. Assim, não podemos defender a todo custo que o Brasil aumente seu patamar de consumo tep/per capita de energia sem avaliar todas as variáveis implicadas, pois nesse sentido nem os EUA e nem a Noruega seriam paradigmas a serem seguidos em um planeta o qual os recursos ambientais são limitados. Talvez, seria o caso de se pensar outro índice para medir o desenvolvimento social como aquele proposto por um ministro Butanense em visita ao Brasil em 2008, o FIB, isto é, Felicidade Interna Bruta.

Rogério de Souza Leitão said...

Desenvolvimento, energia e meio ambiente na verdade, tendo em mente a mais elementar definição de energia como sendo a capacidade de produzir trabalho, até recentemente era óbvio considerar o progresso material e social da humanidade como resultado direto do aumento da intensidade do uso de energia, começando pela muscular (humana e animal), de água, vento e, mais tarde, de energias termais, sucessivamente de biomassa e combustíveis fósseis.

Toda a textura e estrutura da sociedade humana, de fato, atesta o aumento de um milhão de vezes na intensidade de fontes de energia primária – começando com cerca de algumas centenas de eletrovolts, característica das fontes mencionadas, passando por alguns eletrovolts típicos de energia química (combustão), para chegar a centenas e assim a milhões de eletrovolts associados à fissão de urânio.

Poderiamos afirmar de imediato que a energia como fator limite para o desenvolvimento sustentável é a combinação de quatro fatores:

- desigual distribuição geográfica e, portanto, geopolítica, do consumo de energia;

- crescimento da população;

- aceleração na intensidade da utilização de energia;

- crescimento constante de 2 ou 3% do uso de energia, predominante nos últimos 120 anos; apesar do considerável e por vezes espetacular aumento na eficiência da produção e do uso de energia, que estabeleceu os limites para um desenvolvimento sustentável.

Arm.Juni said...

O consumo energético, apesar de não ser direto, e sim para realizar um trabalho, é tão importante que até é utilizado como forma de se avaliar se o país é desenvolvido ou não. O resumo feito pelo grupo me fez pensar nas nossas primeiras aulas em que professores insistiam em dizer que a população mais pobre, no caso países, consomem mais recursos naturais que os ricos e que o mundo deve lutar contra a pobreza para preservar os recursos, mas o texto refuta essa idéia errônea. Contudo deve se ter cuidado pois a afirmativa trazida no texto em que os países desenvolvidos concentram suas atividades industriais em formas de produção mais econômicas pode na verdade ser simplesmente o uso de tecnologias mais avançadas que os países mais humildes não tem acesso.
Na verdade o desenvolvimento humano é igual ao desenvolvimento de qualquer espécies, obviamente observando as necessidades de cada espécie, o homem retira do meio suas necessidades energéticas, como qualquer outra espécie faz. Porem a população humana causa uma sobrecarga no meio o que causa os problemas ecológicos.

Cilma Azevedo said...

Acredito que a busca do equilíbrio entre as questões relacionadas com aspectos ambientais, sociais e econômicas deve ser a meta dos países. Os indicadores configuram-se como uma ferramenta interessante para contribuir na tangibilização dos dados referentes ao desenvolvimento das nações, mas é necessário criar mecanismos para, constantemente, aperfeiçoar tais indicadores focando no desenvolvimento sustentável.

Hélio Vitor said...

Após a leitura do texto, entramos em uma discussão que é: Quem consome mais energia e recursos naturais? Países desenvolvidos ou em desenvolvimento?
Tanto é que isso está bem colocado tanto no post do nosso amigo José Carlo como do Armando.
E nesse aspecto, concordo em parte com os dois, pois com certeza são os países desenvolvidos que utilizam mais recursos naturais e energia, mas são eles também que utilizam em sua produção setores com menor consumo de energia. Mas não tenhamos dúvidas que essa produção com menos consumo se deve (como disse o Armando) pela tecnologia empregada por cada país.

Andréa Bartonelli said...

Todo o inventário analítico desenvolvido para fazer relação entre desenvolvimento e consumo energético culminou em um viés catastrofista, a meu ver, sem alternativa, que não seja “a vingança de Gaia”.