Saturday, March 13, 2010

Energia e Sociedade – Um breve Histórico

Energia e Sociedade – Um breve Histórico

João Batista de Freitas Brasil – Engº. Mecânico e de Segurança do Trabalho
Nanci Gharib Shehata – Bióloga


A energia configura-se em uma estratégia para o alcance do desenvolvimento. Nas sociedades primitivas, que usavam energia conseguida por meio de lenhas das florestas, não apresentavam praticamente nenhum custo. Devido o crescimento populacional sobretudo nas cidades foi necessário aumentar e diversificar as fontes de energia.
A era do aumento do consumo energético pode ser delimitada em 9 décadas, entre 1882 – 1973, a partir do ousado descobrimento da “lâmpada” com Thomas Edson até o primeiro aumento no preço de óleo pela OPEP – Organizações dos Países Exportadores de Petróleo.
Neste período ocorreram algumas transformações significativas no setor energético e mudanças de comportamento social, tais como:
- A substituição no processo de produção agrícola da tração animal por grandes máquinas movidas a combustível fóssil – energia não – renovável;
- No transporte, as locomotivas movidas a carvão ficaram obsoletas e foram substituídas por trens transcontinentais;
- Na I Guerra Mundial não ocorreram mudanças significativas no setor energético, entretanto, a fissão nuclear foi desenvolvida a partir da II Guerra Mundial;
- A população mundial que no início do século XIX era de 1,6 bilhões quadriplicou no século XX para 6,1 bilhões, aumentando exponencialmente o consumo de energia;
- Ocorreram investimentos no setor hidroelétrico;
- Introdução da utilização da biomassa;
- A crise mundial provocada pelas guerras do Golfo, e entre o Iran e o Iraque, dispararam o preço do barril de petróleo, gerando mudanças nos comportamentos sociais, e por conseguinte, incentivou os países dependentes de combustível fóssil às pesquisas e o desenvolvimento de novas tecnologias em energias alternativas.
Segundo Goldenberg & Lucon (2007), após a Revolução Industrial, foi necessário aumentar o uso de carvão, petróleo e gás para atender as demandas de energia nos centros consumidores (cidades e industrias), e isso gerou um alto custo. Com o aumento de uso da água, neste período, iniciou-se a sua cobrança para custear despesas de purificação e transporte. A partir deste período a energia passou a estar intimamente ligada ao desenvolvimento da sociedade, tornando-se um fator chave do desenvolvimento socioeconômico e determinando o destino dos países.
No Brasil de 1940 a 1980 os governos federal e estaduais eram responsáveis pela grande produção e distribuição das fontes de energia elétrica, gás e petróleo. Foi criada a Petrobras, Eletrobrás e outras empresas estaduais para os fins citados e realizar o planejamento energético.
Neste período, as tarifas eram artificialmente baixas para a eletricidade, assim como as demais tarifas de serviços públicos na tentativa de conter a inflação.
Para enfrentar distorções referentes à gestão energética brasileira, em 1990, foi realizada a desestatização parcial do sistema energético (70% da capacidade de distribuição e 30% da geração) tendo como referência procedimento adotado pela Europa.
Goldemberg & Lucon (2007), informam que as características desta mudança foram:
a) desverticalização da produção/ geração, transmissão e distribuição de energia;
b) introdução da competição na produção/ geração, transmissão e distribuição de energia com livre acesso à rede;
c) adoção de agências reguladoras independentes (ANEEL E ANP) e privatização de empresas públicas.
Foi constituída, em 2002, a Empresa de Planejamento Energético (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia. A EPE colocou em leilão os empreendimentos que considera necessário para atender as demandas dos próximos 5 anos. As projeções de consumo de energia são feitas em hipóteses simplistas baseadas no crescimento do PIB e a elasticidade da demanda.
Os leilões são amplamente discutidos na imprensa e tem como um dos resultados perversos foi que a maioria da energia comercializada é de usinas térmicas que encarecerá a energia e aumentará os problemas ambientais. Infelizmente construir usinas de carvão tornou-se um bom negocio no país. A EPE habilitou, em 2006, a construção de 43 usinas, a diesel e a óleo combustível e ainda, 2 térmicas a carvão. Esta mudança fica na contramão do movimento internacional na busca da utilização de energias renováveis, em que o Brasil tem um potencial grande para liderar e implantar em larga escala o emprego da energia limpa.
Conforme descreve o Atlas do Sistema Elétrico Brasileiro (2008), 95% da população tinha acesso a energia elétrica, representando mais de 61.5 milhões de unidades consumidoras, em 99% dos municípios brasileiros, destes 85% eram utilizados em residências e é considerado o serviço mais universalizado.
A distribuição de energia elétrica era realizada por empresas de grande porte e cooperativas de eletrificação rural. Este mercado é formado por 63 concessionárias e a transmissão era composta por mais de 90 mil quilômetros de linhas e operadas por 64 concessionárias (adquiridas em leilões).
No que concerne a geração de energia elétrica o Brasil conta com 1.768 usinas em operação, que correspondem a uma capacidade instalada de 104.816 MW (mega watts). Sendo 159 hidrelétricas, 1.048 termelétricas (gás, biomassa, óleo diesel e combustível), 320 pequenas hidrelétricas (PCHS), 2 usinas nucleares, 227 centrais hidrelétricas e 1 solar.
Em se tratando da questão do Petróleo em 2006, o Brasil alcançou a auto-suficiência na sua produção.
Goldemberg & Lucon (2007), consideram que a auto - suficiência é física, não econômica, pois o nosso petróleo não é de boa qualidade e ainda são necessários importações. A Petrobras, que controla 98% do petróleo refinado no Brasil, tem que importar óleo leve (mais caro) para processar nas suas refinarias. A auto-suficiência poderia ser alcançada com a substituição da gasolina pelo álcool.
Com a crescente demanda energética do século XX, grandes acidentes ambientais, comprometeram a biosfera como um todo, como o que ocorreu no Alasca, com navio da Exxon Valdez e o desastre nuclear de Chernobyl na Ucrânia, levando o homem a repensar as questões de segurança, meio ambiente, econômica e na área social.
É inevitável a utilização de todas as formas de energia para a sobrevivência e desenvolvimento do homem na terra. A sociedade tem como desafio a árdua tarefa de repensar sua matriz energética buscando estratégias para aumentar a utilização de fontes limpas e renováveis. Desta forma, os impactos ambientais poderão ser minimizados, mas não eliminados por completo, pois o modelo de economia adotado pelo mundo impede a geração de um ciclo virtuoso para as futuras gerações ter oportunidade de viver em um mundo mais harmonioso, em que todos possam usufruir do bem estar obtido por este comportamento.

DADOS DE REFERÊNCIA

Goldeberg, J. & Lucon, O. 2007. Energia e meio ambiente no Brasil. Disponível no site: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142007000100003&lng=en&nrm=iso&tlng=pt , acessado em 13.03.2010.


Reis, L. B. dos. et al. 2005. Energia, Recursos Naturais e a Prática do Desenvolvimento Sustentável, São Paulo, Ed. Manole, p. 16-23


Smill, V. 2000. Energy In The Twentieth Centry: Resources, Conversions, Costs, Uses, and Consequences. University of California. Annu. Rev. Energy. Environ.


Atlas da Energia Elétrica no Brasil, 2008. ANEEL. 3ª Edição. 236p. il.

22 comments:

Ivan Freitas said...

Sobre o tema “Como a energia molda a sociedade”, não custa lembrar que sem a energia do fogo, não teria sido possível passar da idade da pedra para os metais; sem o domínio dos cursos d’água, convertidos em canais e aquedutos, o ambiente urbano não seria viável; sem o domínio dos ventos e dos mares, não existiria transporte marítimo, novo mundo, etc. Ou seja, sem a contribuição da energia, talvez houvesse sociedade, mas não civilização.

Sobre o tema “Como a sociedade molda a energia”, caberia citar o exemplo da energia nuclear: originalmente não disponível na natureza em concentração suficiente para gerar energia, foi inicialmente desenvolvida para atender a uma demanda da sociedade por energia elétrica, em seguida foi condenada internacionalmente por riscos de acidentes e resíduos, para novamente reaparecer como alternativa ambientalmente correta, por não emitir gases de efeito estufa.

Ivan Freitas said...
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Ivan Freitas said...

Cabe lembrar que as informações do artigo sobre a qualidade do petróleo brasileiro são anteriores à descoberta do Pré-Sal, onde predominam óleos leves.

Repetindo o link anterior, que saiu partido:
http://www.guiafloripa.com.br/energia

José Carlos said...

É realmente interessante observar os paradigmas que foram estabelecidos no decorrer do histórico da energia. Concordo plenamente com a opinião do Ivan, não teríamos chegado ao que somos hoje sem a energia. Vou além, sem todas estas mudanças energéticas, não teríamos a consciência e preocupação atual com nossa cadeia energética. O que me revolta é todo o conhecimento que temos hoje sobre os males que a dependência do combustível fóssil causa na sociedade e mesmo assim relutamos em mudar este paradigma. Os interesses econômicos ainda "cegam" os governantes. O texto cita esta questão ao dizer que "construir usinas de carvão tornou-se um bom negócio no país". Parece que todo aquele discurso da adoção da energia sustentável foi por água abaixo com a descoberta do Pré-Sal, gancho novamente para o comentário do Ivan. Além do histórico, o texto me passou a idéia dos interesses por trás da cadeia energética atual. O que não pode acontecer é o planejamento e a gestão energética andar para trás por causa de interesses unicamente econômicos.

Dilma Bowen said...

Certamente a sociedade em desenvolvimento necessita passar por vários processos de amadurecimento e é por isso que a matriz energética brasileira precisa ser repensada, estamos na onda nos nanotubos de carbono. A sociedade do conhecimento - a que vivemos atualmente - preconiza um desenvolvimento contínuo e ainda preocupada com as questões ambientais.

WJr. said...

Após a leitura da postagem e dos comentários(que por sinal, ficaram excelentes), fundamentou-se mais ainda a forma como eu vejo as fases do processo de evolução energética. Primeiramente, o objetivo era de evolução energética, podemos dizer, que "exclusivamente". Após algum tempo, na segunda fase, acrescentou-se o viés da energia "limpa" à evolução energética. Por fim, podemos caracterizar que a terceira fase é a hora de colocar em prática. É o momento de passar pelos obstáculos políticos, econômicos, ..., e adotar efetivamente os novos sistemas de energia.

Arm.Juni said...
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Debora said...

Nos dia de hoje não há como se ter a ideia de mundo sem eletricidade. Com a Revolução Industrial inicia a associação do controle de energia com o progresso, onde se considera que a energia seja um fator determinante no desenvolvimento da sociedade. Atualmente a preocupação deve estar em saber por quanto tempo o mundo poderá crescer, já que os recursos energeticos são finitos e limitantes...Enfim são necessarias medidads importantes diversificadas e racionais para o uso pleno e inteligentes dos recursos energeticos para que não se sofra com ameças de blecautes.

Arm.Juni said...

Energia e sociedade.

É indiscutível a necessidade do uso da energia pelas espécies do planeta, desde sua forma mais “natural” via fotossíntese, respiração, cadeia alimentar, contudo o homem desenvolveu ao longo de sua existência a necessidade do uso de outras formas energéticas para alterar o meio e permitir a manutenção e crescimento das população. Sobre essa ultima espécie é notável os avanços nas formas de geração e utilização que o texto exemplifica tão bem.
Domingo no período da tarde assisti a um programa que narrava a construção de um arranha-céu em Dubai composto por duas torres que são capazes de canalizar os ventos aumentar sua potência e entre os dois prédios foram instalados três usinas eólicas que gerarão 100% da energia necessária as instalações de cada um deles. O texto ressalta muito bem a contra-mão que o Brasil adotou por meio da EPE com a aprovação e certo incentivo, quando se tornou um bom negócio, a construção de usinas “sujas”
Contudo a idéia de que a utilização de toda e qualquer forma de geração energética é inevitável é errada e deve ser combatida. O mundo tem discutido a tema de forma eficiente e desenvolvido novas tecnologias muito eficazes. O que falta a aplicação é o incentivo governamental e conscientização da população. Mas acima de tudo o crescimento desordenado da população humana além de ser contrário às pressões ecológicas coloca a própria espécie na linha de frente a ameaça de extinção.

Nanci Ambiental said...

Desde os primórdios o homem vem inventando formas de criar, modificar e transformar a energia, seja esta primitiva ou secundária. Hoje a sociedade praticamente não vive sem energia, não nos imaginamos sem o café, leite ou achocolatado aquecido em um microondas; pegando um telefone e ligando para um disque pizza; saindo do seu serviço para o mestrado ou de sua casa para o supermercado, exemplos estes que são nosso cotidiano. As crises que o mundo vem sofrendo ou já sofreu ,em algum momento de sua economia é quem molda as diferentes formas de avanços tecnológicos, como assim? Se buscarmos no texto do autor Vaclav Smil, que soube relatar com grande propriedade a questão energética no século XX, onde cita a crise mundial ocorrida com o disparo dos preços por barril de petróleo dos seis grandes exportadores (Arábia Saudita, Iran, Rússia, Noruega, Kuwait e Emirados Árabes), já ocorria uma mudança significativa na economia do mundo, isto é, uma injeção de verba para pesquisas voltadas para novas formas de transformar energia que não fosse pelo petróleo. Assim, verificamos como existe um forte elo entre a economia com toda sua valoração ambiental, e o direcionamento do mercado para moldar conforme sua necessidade a administração da matriz energética. A sociedade deve buscar não um “crescimento zero” ou “desenvolvimento limitado”, mas sim, utilizar de forma criativa a exploração de energia mais limpas, unindo políticas públicas, setor da indústria, sociedade civil, enfim, mudar e quebrar seus paradigmas, construindo uma nova era a “ambientalmente correta e consciente”.

Marcelo Wolter said...

A primeira frase do texto nada mais é que "A energia configura-se em uma estratégia para o alcance do desenvolvimento..." nós nos esquecemos do primordial uso da energia, que é a manutenção da vida e já passamos para um estágio consumista e capitalista de desenvolvimento. No mundo atual, ao se falar em energia lembramos de grandes usinas hidrelétricas, o avanço da ciência que proporcionou a fissão nuclear, os mais diversos usos do petróleo e acabamos por esquecer do principal uso, que foi lembrado pelo Armando, que é a sua forma natural, como fonte de alimento, de calor e de vida. Mas fazendo uma análise voltada para esse pensamento atual de energia e, unindo os comentários do Armando e do José Carlos, que falam sobre o crescimento desordenado das populações e dos interesses políticos e econômicos que se sobressaem aos interesses ambientais, verificamos a inviabilidade de uma mudança de paradigma na matriz energética mundial. A meu ver, ao darmos um passo à frente com a descoberta de novas fontes de energia, renovável e limpa, damos dois passos para trás com a falta de “interesse” e morosidade daqueles que tem o poder da decisão, como é o caso exposto no texto da EPE, praticamente afirmando que a construção de usinas de carvão seja um bom negócio. Outro retrocesso para a mudança de paradigma energético foi a descoberta do Pré-sal, lembrada pelo Ivan, que retardou as conversas sobre utilização de energia não poluente e retomou o desenfreado uso de combustível fóssil. Termino meu comentário com uma outra citação do texto: “A sociedade tem como desafio a árdua tarefa de repensar sua matriz energética buscando estratégias para aumentar a utilização de fontes limpas e renováveis.”

Cilma Azevedo said...

Na história da civilização a energia ocupa um papel de destaque, pois configura-se como um dos vetores básico para o desenvolvimento humano. O grande desafio é fazer com que a eficiência energética seja vivenciada em todos os processos. E, ainda, que as políticas públicas fortaleçam o desenvolvimento e uso, em larga escala, da energia renovável. Ressalta-se que o fator econômico tem um peso muito forte na definição da matriz energética a ser utilizada pelas nações e não o impacto ambiental.

O governo federal poderia adotar o projeto lançado no dia 15.03 em São Paulo, denominado linha de crédito Economia Verde para que medias e pequenas empresas possam, com juros de 6% ao ano, investir na redução das emissões de carbono de suas atividades produtivas. Os projetos poderão ser da agroindústria, mudança de combustíveis, saneamento, tratamento e aproveitamento de resíduos, energias renováveis, eficiência energética, transporte, processos industriais, recuperação florestal em áreas urbanas e rurais e manejo de resíduos. Veja mais no link http://welbi.blogspot.com/2010/03/serra-lanca-linha-de-credito-para.html

É interessante seguir este exemplo, pois segundo CNI (no Anuário 2010 - Análise Energia) a indústria consome 40,7% da energia no Brasil e mesmo assim, o governo brasileiro não tem política de eficiência energética de longo prazo para a indústria. A prioridade dos programas federais de eficiência energética é para os setores residenciais, comercial e público que consomem 15,8% da energia.

Emanuele Abreu said...

Sabemos que o padrão de produção e consumo de energia é baseado no modelo de desenvolvimento econômico estabelecido para o país. O perfil industrial atual no Brasil demanda intensivo consumo de energia. A preocupação maior está em saber por quanto tempo o mundo vai poder crescer considerando que os recursos energéticos são finitos.
Estamos diante de um cenário preocupante com relação à sustentabilidade dos recursos necessários para produção dos bens básicos para a sobrevivência, portanto, os setores públicos e privados devem repensar quais critérios devem ser adotados para a utilização dessas fontes sustentáveis de energia.

Andréa Bartonelli said...

A energia é um ato em potência. Daí, dizer que seja inevitável a utilização de todas as formas de energia para a sobrevivência e o desenvolvimento do homem sobre a terra, extrapola a razoabilidade e mitifica a discussão. Acredito, pelo contrário, que a intensificação de alguns desses modelos já exauridos, subtraem, aos poucos, a própria possibilidade de sobrevivência e o desenvolvimento do homem sobre a terra. Além disso, a generalização de potencialidades energéticas é outro erro que se deve evitar. Trazendo o debate para o nosso universo mais próximo – o Brasil – acredito que, uma das ações fundamentais para mitigar o processo corrosivo que este modelo generalista impulsiona, seria intensificar o uso e promover a produção/geração em pequena escala, através da agricultura familiar, por exemplo, de modo a diminuir o impacto ecológico e social, trazendo maior capilaridade ao sistema, a baixo custo e de modo sustentável, em contraposição ao modelo já implantado que, no médio prazo, torna-se insustentável ambiental e socialmente

Adilson said...

É inevitável pensar que todo o discurso do governo brasileiro promovendo os biocombustíveis, por exemplo, não passa de uma estratégia de marketing para tirar os olhos do mundo para o que estamos fazendo de fato em nossas terras, para tanto basta volver os olhos para os projetos de produção de biocombustiveis no coração do pantanal sul-mato-grossense. Talvez, o que precisamos, não seja uma nova matriz energética, mas uma nova matriz socioeconômica, isto é, o bem-estar e a felicidade não podem ser medidos pelo nível de consumo que, como sabemos, demanda cada vez mais recursos e ‘energia’. Por fim, como a resenha do colega apontou, se for trocada a matriz energética ‘suja’ por uma ‘limpa’, os danos socioambientais serão minimizados, contudo se o consumo não for reduzido, esses ‘ganhos’ perderam o significado em pouco tempo.

Paulo Silva said...

Desde o aparecimento do homem sobre a terra, sua evolução esta correlacionada com o domínio do conhecimento e controle de algum tipo de energia. No princípio era o fogo e suas mais diversas aplicações: cozinhamento, aquecimento, defesa, vapor e com ele a revolução industrial.
Mudanças radicais ocorreram com a corrente alternada, resultante de experimentos revolucionários de Nicolas Tesla e Thomas Edson, que transformaram exponencialmente o comportamento social.
A partir desse importante marco, a sociedade humana foi induzida a uma frenética busca pelas descobertas de novas e mais eficientes formas de energia, pois a geração de riquezas, o crescimento, a qualidade de vida e o poder, estão vinculadas as suas aplicabilidades.

Adilson said...

Apenas para corrobora o que disse antes. Folch em seu artigo intitulado “Ambiente e Desenvolvimento sustentável” afirma que nós precisamos de 150 watts para existir como seres humanos do ponto de vista energético, ou seja, para nos manter vivos. No entanto, países como o nosso requerem uma demanda de energia per capita de 8000 watts e países como o Estados Unidos 25000 watts. Deve-se ressaltar que essa demanda não diz respeito as nossas necessidades somáticas, mas “extra-somáticas” que o autor nomeia de “metabolismo cultural”. Portanto, entre 150 watts e 25000 watts há uma amplitude muito grande, não precisamos reduzir nosso consumo de energia ao estritamente necessário e volta à ‘Idade da pedra’, todavia consumir como um americano é possivelmente projetar viver em uma “Idade da terra arrasada”. Por fim, a questão é: precisamos realmente de toda energia que consumimos ou gastamos muito mais do que o necessário?

Hélio Vitor said...

A discussão sobre energia na atualidade chega a ser até uma briga de quem tem muito poder, e quem tem pouco. Pegando por exemplo o que o Adilson falou, quem vai falar para os EUA que eles tem que diminuir o consumo de energia em prol da humanidade? (Com certeza eles não aceitarão tal imposição, como já foi feito na época do Protocolo de Kyoto). No entanto, essa é uma discussão que tem crescido muito nos últimos anos, e por isso cada vez mais os países tem buscado a criação de novas formas de energia. Um simples exemplo pode ser sobre o texto que nosso colega José Carlos nos mandou, que fala sobre o carro a bateria. Tudo bem que isso não vai ser uma mudança repentina e nem vai abranger toda a população, mas com certeza já irá diminuir e muito a utilização de carros a biocombustíves, o que impactará positivamente em todo o meio ambiente por conta da diminuição da utilizção de petróleo e do etanol.

Rogério de Souza Leitão said...

A energia é a forma bruta necessária para a subsistência do ser humano, no entanto percebemos que o avanço tecnológico nos fez dislumbrar novas formas de captação e transformação de energia. A inovação tecnológica se faz necessária para que as novas formas de energia limpa representem um ativo interessante para as grandes corporações centenárias que exploram os nossos recursos de forma predatória. O papel do Estado como agente regulador deve se voltar para o interesse de sociedade civil, para o desenvolvimento sustentável e preservação ambiental, punir com rigor e proporcionalmente os atos criminosos que afetam não apenas a nação mas o globo terrestre.
Na última década do século passado começou a segunda grande reforma administrativa no Brasil chamada Reforma Gerencial e ainda estamos vivenciando esta reforma, a sociedade clama por políticas públicas que contemplem a defesa do meio ambiente, o texto "Energia e Sociedade - Um breve Histórico nos mostra o quanto devemos ficar atento a estas mudanças.

Seilert said...

A proposito de contribuir com dados de ultima hora, veja o que li na Folha de Sâo paulo do dia 03/03/2010:
Brasil fica para trás na corrida pela nova economia "verde"

Na corrida global por desenvolvimento científico e ampliação de investimentos ligados à economia de baixo carbono, o Brasil começa a ficar para trás.
Enquanto potências como EUA e China investem centenas de bilhões de dólares na área, vista como a nova fronteira do desenvolvimento mundial, o Brasil nem sequer tem um modelo nacional, afirmam acadêmicos e ambientalistas. No setor privado, negócios verdes esbarram em gargalos como estrutura tributária inadequada, falta de marco regulatório e ausência de incentivo.
Nessa corrida, o país tem as vantagens da biodiversidade e de escolhas feitas no passado (como a aposta no álcool e na hidroeletricidade). No entanto, desperdiça o enorme potencial de fontes de energia, como solar, eólica e de biomassa, e avança lentamente em áreas-chave, como etanol celulósico, segundo especialistas.
Levantamento do Ministério do Meio Ambiente, feito em todas as pastas a pedido da Folha, em 2009 o governo gastou R$ 2,5 bilhões em ações verdes (R$ 380 milhões diretamente ligados à pesquisa, sem contar atividade espacial).
O montante, fatia de 0,36% do Orçamento executado (descontadas estatais e transferências), é considerado baixo e "questionável" por especialistas, por contar programas que não teriam relação com a área, como Luz para Todos (que leva energia a locais isolados) e Pronaf (de agricultura familiar).

Etanol e solar
Justamente devido a baixos investimentos em pesquisa, o Brasil põe em risco sua liderança em etanol ante seu maior concorrente, os EUA, que investem mais para desenvolver o etanol celulósico (feito do bagaço de cana, por exemplo), o futuro dos biocombustíveis.

Apesar de a cana ser muito mais eficiente e "limpa" do que o milho desenvolvido nos Estados Unidos, caso a tecnologia da segunda geração seja desenvolvida lá, e não haja progressos aqui, os americanos tomariam a dianteira. No Brasil, investimentos públicos e privados em pesquisa de etanol somam R$ 150 milhões ao ano, segundo estima o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira); nos EUA, US$ 1 bilhão ao ano vai só para a pesquisa celulósica.

A energia solar, por exemplo, segue vista como cara e sem escala. "É a visão de quem não conhece o setor. Indústrias chinesas já têm escala, porque começaram em 2002 com muito incentivo do governo", diz Izete Zanesco, do Núcleo Tecnológico de Energia Solar da PUC-RS.

(Fonte: Folha de S.Paulo)

Dilma Bowen said...

O Brasil tem investido menos em avanços tecnológicos mas tem uma situação privilegiada em um mundo ameaçado pelas mudanças climáticas. É um dos poucos países que concentra a sua matriz energética em fontes limpas, quando comparamos com as matrizes dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Mais de 45% de nossa matriz é renovável e o mundo não chega a 14%, mesmo que tenhamos muito a fazer para alcançarmos a eficiência energética este é o nosso diferencial. Temos muito pouca inovação tecnológica para utilização do carvão mineral e a IN do IBAMA precisa de um marco legislatório maior mas não deixa de ser uma iniciativa impar de proteção ao meio ambiente. Bravo!Temos mesmo que continuar nessa linha para atrairmos investidores sérios e rejeitarmos estes que só querem lucros.

Luciano Fonseca said...

A energia é a força que move a sociedade, que dá contonos a mesma desde o início da civilização.Portanto é fundamental que o governo brasileiro adote matrizes energéticas de baixo carbono e discuta o futuro da nossa fonte de energia ao invéz de ficar discutindo a distribuição dos royalts na exploração do Pré-Sal!