Tuesday, May 25, 2010

Energia Solar

Energia Solar para um mundo sustentável versus o colosso dos Bicombustíveis no Brasil

Pesquisando dados sobre a matriz energética Brasileira percebemos que a energia solar não foi considerada como uma fonte de energia importante. Da mesma maneira, não se encontra na literatura ou nas intenções do governo um impulso relevante para a geração deste tipo de energia no Brasil comparando com o incentivo dado a outras formas de fontes energéticas como o petróleo (pré-sal) e os bicombustíveis (ver tabela 1).

Tabela 1. Energia: Brasil x Mundo.

----------------------Brasil(%)-- Mundo (%)
Petróleo e Derivados--43,2--------34,9
Biomassa--------------27,---------11,5
Eletricidade----------13,6--------2,3
Gás Natural-----------7,5---------21,0
Carvão----------------6,6---------23,5
Urânio----------------1,9---------6,8

Tabela comparativa da matriz energética brasileira e mundial, segundo Flavio Fernandes e Edmilson Moutinho dos Santos. BEN (2004):

Esta é uma tendência contraria ao que acontece na Europa, Ásia e nos Estados Unidos onde se está subsidiando a produção e as pesquisas de energia de emissores de baixo carbono como a solar, eólica e nuclear. A questão ultrapassa o âmbito tecnológico do desenvolvimento de fontes de energia limpa, trata-se de uma opção estratégica associado às estruturas do poder econômico deste país. Se analisarmos com atenção, veremos que podemos mais uma vez estar permanecendo numa posição terceiro mundista ao descartar o avanço de novas formas limpas de energia e ao contrario imobilizar a criatividade e sonhos de tantos jovens pesquisadores que poderiam focar suas pesquisas em novas soluções energéticas para o país.

Para entender melhor esta situação é essencial considerarmos os cenários futuros próximos ao esgotamento do petróleo e da destruição de floresta amazônica e cerrado, nas ditas novas fronteiras da cana de açúcar, soja e pastos. Não precisamos ser nenhum vidente para perceber que as ações focadas nos bio-combustíveis que, utilizam grandes área de plantio terão conseqüências irreversíveis para nosso ambiente e sociedade. Segundo Frei Betto no seu texto necro-combustiveis "vamos nutrir carros e desnutrir pessoas"; certamente a situação mudou desde a publicação do texto em 2006 até os nossos dias com a implementação de técnicas de mecanização e o maior controle no uso de mão de obra escrava nas lavouras de cana de açúcar. Porém o ponto fundamental não se alterou: a expansão da cana de açúcar avança no país, segundo frei Betto "O governo brasileiro precisa livrar-se da sua síndrome de Colosso (a famosa tela de Goya). Antes de transformar o país num imenso canavial e sonhar com a energia atômica, deveria priorizar fontes de energia alternativa abundantes no Brasil, como hidráulica, solar e eólica. E cuidar de alimentar os sofridos famintos, antes de enriquecer os "heróicos" usineiros".

Infelizmente esta percepção, no atual momento da conjuntura do país, é irrelevante e as conseqüências serão vista num futuro próximo. A destruição e esgotamento do nosso ambiente serão considerados como um mal necessário para o desenvolvimento do país, da mesma forma que é considerado a construção das centrais hidroelétricas em plena floresta amazônica, um mal necessário. A pergunta que propomos é a seguinte: Este quadro é irreversível? Politicamente o movimento ruralista atua buscando desarticular o código florestal, justificando a incapacidade do código em atender as necessidades dos grandes e pequenos produtores rurais. O resultado pode ser a destruição da Amazônia e a degradação de outros biomas. Será preciso que os jovens e cidadãos conscientes do país façam uma grande campanha de mobilização para mudar este quadro de destruição de nossas riquezas florestais e combate ao aquecimento global.

Importância da energia solar no mundo:

Levantamos a seguir alguns pontos de interesse referentes à energia solar neste momento no mundo:

1. O presidente Obama visitou Fremont, California para apoiar o departamento de Energia que financiou US$ 535 milhões a Solyndra, Inc. para a construção de uma planta industrial de energia solar com capacidade e escala comercial.

2. O Secretario de Comercio dos Estados Unidos visitou no dia 21 de maio de 2010 a United Solar Ovonic’s Manufacturing Facility em Tianjin, China uma joint venture entre Tianjin, China e Auburn Hills, Mich. USA. Esta Fabrica manufatura laminas muito finas de um filme que converte a luz solar em energia com um potencial de produzir 15 MW de capacidade e espaço suficiente para expandir até 60 MW. Esta solução vai apoiar a oferta de energia renovável para a China do século XXI. A referida viagem fez parte da missão comercial do primeiro escalão da Administração Obama.

As altas esferas das administrações dos dois países China e USA consideram estratégico criar postos de trabalho e reduzir a emissão de carbono na atmosfera nos dois países.

3. O Dr. Jeffrey Sachs Diretor, The Earth Institute de Columbia University e considerado uma das 100 personalidades mais influentes do mundo, em uma vídeo conferencia, diz o seguinte:

“Existem muitas opções para o futuro da energia mundial. Penso que olhando o futuro próximo, a energia solar será uma promessa fenomenal especialmente para os lugares mais pobres. Geralmente, nos trópicos, existe muito brilho solar e paralelamente muito pouco mais em termos de energia existente. Mas com os avanços em energia concentrada termo-solar, fotovoltaicas solares concentradas, o mundo tem oportunidades tremendas, tremendas. Depois de tudo, os desertos do mundo, o Saara, O Atacama, o Mohave, o Gobi podem proporcionar suficiente eletricidade para vastas e populosas regiões do mundo e fazer isto em forma limpa e sustentável, ao menos, por 5 bilhões de anos de acordo com os Físicos. Teríamos energia por um bom, longo tempo, limpa e com um sistema seguro que seria realmente o ponto de despegue para muitas das mais pobres regiões do mundo. ver os seguintes vídeos:

http://bigthink.com/jeffreysachs e a iniciativa na produção de energia limpa para 2050 destinada a Europa e Oriente Medio a partir de uma combinação de tecnologias: a Desertec Foundation.




Tecnologias limpas contra o aquecimento global.

Novamente Jeffrey Sachs nos indica que as tecnologias atualmente consideradas de baixa emissão de carbono, uma das mais adequadas é a geração de eletricidade termo-solar. Para isto se requer mais pesquisa cientifica aplicada, mudanças regulatórias, infra-estrutura apropriada, aceitação do público e grandes investimentos que promovam a diminuição de custos a longo prazo.

Com relação à energia solar existem três tipos de tecnologias a serem melhoradas:

1.A geração de eletricidade fotovoltaica-solar mediante um sistema que concentra a luz solar em superfícies fotovoltaicas com electrons como condutores.

2.A geração de energia termo-solar, concentra grandes áreas de luz solar numa área menor. Produz calor renovável ou eletricidade especialmente com o vapor produzindo eficiência termo dinâmica.


Alguns dos principais aparelhos Dish Stirling engine e Fresnel Solar One em Nevada instalada em 1981 produzem 10MW. Notemos a diferença entre estas tecnologias já instaladas com a que se estão sendo implementada em Tianjin, China de 60 MW. Vejam as fotos a seguir:

3.A conversão de luz solar para o combustível.

Segundo um estudo da Greenpeace estima-se que em 2050 25% da energia mundial será extraída da concentração da luz solar em função da redução dos custos por MW produzido. A NSTC nos EE UU estima que para 2012, 10% da energia gerada deve vir de fontes renováveis e para 2025 isto passará para 25%. Isto porque será constantemente disponível, livre de tensões geopolíticas e sem ameaças ao meio ambiente. As pesquisas estão sendo aperfeiçoadas com a inclusão da nanotecnologia.

Os indicadores de sucesso estipulados nos EE UU pela NSCT através da sua comissão de Nano tecnologia, indicam o que se espera das pesquisas e dos novos investimentos:

Para a geração de eletricidade fotovoltaica-solar:

A próxima geração de aparelhos fotovoltaicos solares terá uma eficiência de 60%,
A síntese e medição da infra-estrutura para fabricação dos aparelhos da próxima geração estará completada, acontecerá um incremento no mercado destes aparelhos. Estima-se que o mercado mundial chegará a US$ 51 bilhões.

Para A geração de energia termo-solar:

A incorporação de nano partículas na transferência de fluídos para conseguir uma coleção, deposito e transporte do calor gerado por meio do sol, desenvolvimento de novos materiais nano estruturados com alta condutividade elétrica e baixa condutividade de calor para lograr uma alta eficiência de conversão termoelétrica de calor para eletricidade.

Para a conversão luz solar para combustível:

Nova tecnologia que permita estratégias avançadas de produção de biocombustíveis,

Reatores robustos movidos por luz solar que convertam a água e o dióxido de carbono em combustível de alta densidade energética,

Aumento na eficiência de produção de biomassa – por um fator de 10 – de tal maneira que se possa requerer menores espaços de terra para produzir biocombustiveis celulósicos.

Sobre as outras formas de energia para o Brasil

O físico José Goldemberg, professor da USP e especialista em recursos energéticos argumenta “Não podemos tratar esse recurso de forma exclusivista. Apostar todas as fichas no pré-sal é perigoso...O que está se esgotando é o petróleo ‘fácil’, restará o de difícil acesso, que exige tecnologia de vanguarda....A perfuração de um poço no pré-sal pode consumir entre US$ 100 e US$ 500 milhões, e a taxa de sucesso pode não ser tão alta.” Cedo ou tarde o petróleo deve acabar, o clima deve ter mudado e os governantes terão que justificar-se perante a sociedade.

Por outra parte, as mudanças climáticas e o aumento da concentração de CO² aliados aos avanços tecnológicos poderão proporcionar um aumento significativo na produção de cana-de-açúcar no país, nos próximos 70 anos. Cientistas da USP estimam que a produção poderá atingir 120 toneladas por hectare em 2080. A estimativa é feita no estudo “Mudanças climáticas e a expectativa de seus impactos na cultura da cana-de-açúcar na região de Piracicaba”, apresentado pela engenheira ambiental Júlia Ribeiro Ferreira Gouvea, como dissertação de mestrado .

No documento da G8+5 , em maio de 2009, declara que há uma estreita relação entre as mudanças climáticas e a transformação das tecnologias para um futuro livre de carbono. Segundo o relatório a oferta de energias sustentáveis são um dos grandes desafios cruciais para o futuro da humanidade. E sinaliza ainda, que os serviços de energia básica deveriam ficar disponíveis para todas as populações do mundo.

A transição deve ser para uma economia eficiente em energia de baixo carbono ampliando pesquisas e desenvolvimento para mitigar e adaptar as tecnologias existentes. Isto quer dizer que as novas fontes de energia só poderão ser aplicadas com mudanças e adaptação das tecnologias atuais. Por tanto, são necessários investimentos em tecnologias com energias renováveis como energia solar, eólica, geotermais, bicombustíveis e o poder das ondas marinhas. Ao mesmo tempo será necessário assegurar a adequada oferta de gás natural assim como o desenvolvimento de usinas seguras de energia nuclear.

“Os desafios para realizar uma economia sustentável de energia solar são significativos; as metas só podem ser atingidas mediante ciência e tecnologia transformacional que será alcançada mediante um esforço inter agencial concertado.

8 comments:

José Carlos said...
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José Carlos said...

A energia solar é uma das bases de uma matriz energética mais sustentável. O texto foi muito coerente ao citar as vantagens da energia solar e, também, alertar que apenas este tipo de energia não é a solução dos problemas energéticos. Mais uma vez, é fundamental a conciliação entre a energia solar e as outras formas de energia (eólica, hidráulica, das marés). O que me chamou a atenção foi a pergunta estabelecida no texto: quando nós e os governantes começaremos a investir e apoiar estas energias renováveis? Até quando pagaremos para a exploração do petróleo e do meio ambiente? Como retratado na Matriz Energética Brasileira, em 2030 ainda estaremos investindo no petróleo e nos combustíveis fósseis. Está na hora de tomarmos uma decisão...

Brasil said...

A energia proveniente do sol é uma das alternativas energéticas mais promissoras no novo milênio. Fonte inesgotável que deve ser explorada em alta escala como forma de diversificar os modos de geração de energia
No início, na implantação do projeto energético, o investimento era altíssimo mas atualmente com as novas tecnologias o custo barateou tornando-se viável do ponto de vista econômico sem falar nas inúmeras vantagens do ponto de vista de impacto ambiental.
Os prédios, residências (casas e apartamentos) deveriam apostar cada vez mais em geração de energia (calor o elétricidade) oriunda da fonte de energia solar. Leis deveriam ser aprovadas no sentido de proporcionar incentivos fiscais para aqueles que adotarem essa forma de energia alternativa.

Luciano Fonseca said...

A energia solar é fonte inesgotável, pelo menos teoricamente.Porém se faz necessário mais investimentos por parte do setor público e também privado na busca de desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias para sua utilização de maneira racional e sustentável.O texto trata a energia solar de maneira coerente apontando vantagens e também,não as desvantagens, mas as deficências em termos de desenvolvimento tecnológico. No Brasil, esta fonte de energia deveria fazer parte de maneira mais expressiva na nossa Matriz Energética,principalmente por ser considerada a fonte mais limpa para a produção de energia.

Marcelo Wolter said...

Novamente vemos a importancia de se utilizar a energia solar como complementar a outros tipos de energia. Ainda há muito a ser estudado e aprimorado nesse tipo de fonte energética. O Brasil caminha a passos curtos, porém esá caminhando , e isso é o mais importante.

Nanci Ambiental said...

As tecnologias mais limpas com certeza serão a nova fatia do bolo, hoje estão com custos elevados, mas em um futuro próximo serão exploradas com mais afinco devido a todas problematicas que o planeta vem sofrendo. Suas vantagens para o campo ambiental é imensurável, assim, os áreas de pesquisa e desenvolvimento terão que obter financiamentos maiores para implantarmos efetivamente as fontes de energia mais limpa.

Eric said...

Embora seja uma energia muito limpa a coleta de energia solar é muito cara para atender as necessidades.

Ivan Freitas said...

A utilização da energia solar, nas forma térmica ou fotovoltaica, deve ser estimulada pelo governo federal.
Deve-se buscar reduzir os custos de implantação de sistemas de captação e armazenamento da energia.
A elaboração de mapas detalhados do potencial de insolação regional deve ser estimulada.